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INTOLERÂNCIA, UNANIMIDADE, INCONTINÊNCIA, UMIDADE…

Quem somos nós, cada um de nós, para querer imputar a outros uma métrica para vidas que não se comparam, que não se completam, que não se tocam?

 

Quem somos nós, pseudo pensadores, para julgar com preconceito, com dois pesos e duas medidas, com ódio e rancor, com orgulho ferido por não ter conseguido comprar o último produto de desejo? Despeja sua fúria no cartão de crédito… despeja na cama… despeja analisando sua própria vida.

 

Outra noite, assistindo ao desfilar de clássicos comoventes no show de Toquinho, na Terra da Garoa, em São Paulo, fiquei realmente tocado ouvindo e relembrando aqueles versos que me conquistaram na juventude… E logo vaticinei: isso que era música, o que ouvem as novas gerações? Como salvar clássicos como esses?

 

No dia seguinte, já refeito do saudosismo, vi o tamanho da idiotice desse pensamento torto. Querer que outras gerações vivam as mesmas experiências e, pior, querer classificá-las. Querer julgar se sabem mais ou menos, se sentem mais ou menos, se têm coração ou um processador potente…

 

O que é bom e ainda diz algo a alguém… fica. Aquelas canções não são da minha dita geração. Mas chegaram a mim e me acompanham. E quantas canções do pop rock Brasil da década de 1980 eram tidas como vazias e bestas e ainda hoje as guardo no coração? Os poetas estão vivos em nós, e a poesia não é igual para todos. E se não gostamos dos mesmos poetas, que bom que há tantos poetas.

 

“Estamos criando uma geração burra”, já ouvi. Mas a da década de 1980 não é a geração perdida?. “Estão matando a língua portuguesa com as redes sociais e a comunicação via smartphone”, também já ouvi. Mas o que é “comunicação?”. Quanta bobagem em mentes a caminho da morte. Quanta necessidade de se manter no poder. Poder que é cada vez mais dividido. Pois todos vivemos ao mesmo tempo, todas as gerações. Todas as classes sociais. Todas as cores. Todos os gostos. E se me sinto velho aos 45, saudosista e fiel depositário da língua portuguesa… é sinal de que emoções eu vivi, bicho.

 

Quem somos nós para bater na mesa e dizermos: “eu tenho a razão, eu sou a razão, eu sou mais eu”? Poder todo mundo pode, mas a hashtag #vergonhaalheia há de te acompanhar por gerações. Ou não. Talvez você seja engolido pela poeira do tempo, pelos poetas sem razão, pelo que apostam no menos que vale mais.

 

E parafraseando os poetas: que os momentos felizes deixem raízes, e que o perdão não se canse de perdoar.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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