Em reunião no estande PANROTAS, na Abav, chegamos a uma conclusão óbvia: posts devem ser escritos nos blogs com a rapidez que o tema e o timing do mercado pedem. Não adianta agora eu dizer o que achei da Abav (sim, senti falta de muitos expositores; sim, também aposto na gestão de Edmar Bull; sim, o Anhembi deixa a desejar; sim, os agentes de viagens interessados estavam lá; sim, precisa mais serviço e engajamento com o público na feira…), nem dizer que o tempo está escasso, muito escasso.
Agora o tema é outro. A Feira da Abav passou e volta só em 2016, sob novíssima direção. Mas a crise do mercado continua, assim como o desespero de uns e outros só cresce.
Alguns empresários e a Braztoa passaram a investigar mais a fundo grupos de supostos agentes de viagens no Whatsapp, listas negras do Facebook, e-mails falsos… e processos judiciais virão, de difamação a danos morais e materiais. Uma empresária chegou a ser dada como morta. Outra empresa foi alvo de um e-mail marketing falso por causa de um problema pontual que teve com um hotel.
Vamos à (tentativa de) cronologia dos fatos.
A Nascimento Turismo é alvo de suspeitas de que estava mal financeiramente, mas a possível venda para a CVC acalma o mercado. Em março deste ano anuncia que o negócio não deu certo e que partiria para voo solo.
Em abril a empresa participa da Feira da Aviesp. Um mês depois entra com pedido de recuperação judicial (para mim ainda um dos maiores traumas da história do turismo – ainda maior que o da Soletur). Inicia-se uma discussão sobre responsabilidade e irresponsabilidade na indústria, envolvendo entidades, empresas, compradores, fornecedores e a imprensa.
Agências de viagens e fornecedores arcam com o prejuízo deixado pela Nascimento, para não deixarem clientes no chão. Agências chegam a perder milhares de reais. Fornecedores milhões.
O mercado, aqui e lá fora, entra em parafuso. Em quem confiar? Fornecedores internacionais passam a cobrar adiantado ou a vista. Ou paga ou a reserva está cancelada. Outros preferem diluir o risco negociando direto com agências de viagens. Se uma agência fechar, o rombo é menor, pensam.
Agentes de viagens criam grupos para discutir a saúde financeira dos operadores. Alguns oficialmente e com propostas claras, envolvendo entidades. Outros na mais pura clandestinidade, tipo piratas da internet.
Alguns se desesperam, pois mais um golpe em suas finanças pode significar o fim. Qualquer boato inicia uma reação em cadeia, muitas vezes que não dá em nada. Só em tempo perdido (e na certeza de que o passageiro está bem – o que não é pouco).
A Braztoa cria com o Ifaseg e a QBE um seguro que protege contra a quebra de integrantes da cadeia turística envolvidos na prestação de serviço em um pacote.
Boatos, boatos, boatos… Não param e tiram o sono dos empresários. Operadoras menores fecham, agências dão golpe em algumas cidades, nada muda.
Boatos infundados irritam entidades e empresários. Parece que pegaram algumas empresas como alvo e nela focam. Agentes ligam para fornecedores 30 dias antes para saber se o hotel está pago. Desconfia-se de concorrentes mal intencionados.
Imaginem uma guerra de investigações no Serasa, uma black list de operadoras, agências, funcionários, fornecedores em geral. Ninguém mais trabalha. Ou sai na rua. É o tamanho do estrago da RJ da Nascimento. Do dia para noite? Ou definhou em dois anos e ninguém percebeu? Ninguém mesmo?
Qual a recomendação? Trabalhar com quem se conhece. “Ah, mas eu conhecia a Nascimento há 50 anos”. Trabalhar com quem se conhece e ir sempre na empresa, trocar experiências e informações, ler o Portal PANROTAS… Rezar adianta?
Agora, trocar experiência não é criar um grupo em uma rede social ou Whatsapp e começar: “tenho um passageiro daqui a 15 dias e o hotel não está pago”, “disseram que a empresa tal está mal das pernas”, “falaram que a operadora XYZ fechou. É verdade?”, “um amigo meu, íntimo de uma funcionária da empresa YZX afirma que de hoje não passa”. E a crise do País ainda prejudica vendas, planos, investimentos. Tá bom para alguém? Se está, poderia estar muiiiito melhor.
Não, não é verdade esse boato. Venha na minha empresa. Compre meu seguro. Veja minha certidão negativa. Vai jantar lá em casa.
O que todos os lados precisam entender que é prejudicial e criminoso colocar nomes em qualquer lista negra informal – de fornecedores ou compradores. As companhias aéreas têm dívidas enormes e não conseguem fechar no azul há anos. Você não vai vendê-la? E quem não tem crédito nas aéreas? Merece ser investigado e entrar em listas negras? As consolidadoras, alvos de golpes, fraudes e jeitinhos, estão preparando seu sistema. Será justo com todos?
Quem dá golpe, sim. Merece entrar na lista negra de maus pagadores do Turismo. Também quem atrasa em uma empresa e vai comprar na outra. Ou quem não cumpre seus serviços. O que prometeu. Ou quem vende gato por lebre. Quem deixa passageiro no chão. Quem não paga a comissão devida.
Mas lista é sinônimo de responsabilidade e há muita irresponsabilidade hoje no mercado. Irresponsabilidade que pode ser cobrada na Justiça. Não é difícil rastrear celulares, computadores e redes sociais…
Já ligamos umas dez vezes para empresas que continuam no mercado por causa de boatos… Isso enfraquece a empresa, estressa seus donos, é desleal e às vezes plantados por concorrentes desesperados. E sabemos os nomes deles.
Todos têm de se proteger: agentes dos clientes, clientes dos agentes, agentes dos fornecedores, fornecedores dos agentes e dos clientes desses, todos dos fraudadores, todos dos maus políticos e do desgoverno desse País.
Honestidade e responsabilidade nunca devem sair do prumo. Vejam o exemplo de empresas que decidiram fechar, pagaram funcionários, embarcaram passageiros e os donos estão felizes e sadios. Vejam as agências que se unem para melhorar a cadeia. Vejam as entidades que buscam soluções transparentes, como o seguro Trip Protector, ou as soluções técnicas da Abracorp e da Alegev. Vejam quantos bons exemplos ainda temos em nossa indústria.
Não deixemos o desespero se transformar em irresponsabilidade. Ou a falta de planejamento nos fazer “desonestos por um dia”.
O Turismo é a indústria com maior potencial de crescimento do País. Vamos crescer. E deixar as fofocas pra Fabíola Reipert… pro Nelson Rubens… pro Leo Dias, que, pelo menos, são engraçados e leves.
Parabéns pelo texto e pela reflexão. Excelente.
Obrigado, Mauricio
abraços
ARTUR
Prezado Artur, quero parabeniza-lo pelo texto, onde acredito que agora é possível separar o “joio do trigo” e mostrar que existem pessoas e grupos sérios nas redes sociais, como é o caso do grupo Agente de Viagens, onde apoiamos e temos apoio das entidades e instituições, inclusive com importantes participações de fornecedores.
Sempre o joio vai tentar contaminar o trigo… mas a indústria tem de apostar na profissionalização. menos discursos e sorrisos e mais trabalho.
Parabéns
abraços e obrigado
Parabéns!
Obrigado
abraços
Caro Arthur, muito bom seu blog. Bem oportuno. Muitos agentes tem trocado experiencias ao compartilhar com colegas os fornecedores que não pagam comissão, operadores que vendem tarifas mais baixas ao cliente direto, companhias aéreas que disponibilizam tarifas mais baixas somente nos próprios sites, etc etc, ou seja, práticas que prejudicam, e muito, o agente de viagem.
Obrigado, Bettina
os bons profissionais sempre se sobressaem. União e ética são boas armas
Abraços
Artur
Como sempre excelente. Lúcido, claro e objetivo. Entendo que buscar proteção quanto ao serviço contratado é tão importante quanto ter certeza que receberemos por ele.
Ferramentas estão em desenvolvimento e em breve devemos ter ganhos como cadastro positivo da SERASA e outros produtos parecidos.
A indústria continua trabalhando e embora ressentida da crise, todos estão investindo para vender melhor e com mais segurança.
Abraços
Isso aí, Cássio
a proteção de um não pode ser o fim do outro. Desespero se cura com tarja preta
Abraços e obrigado
muito legal Artur….AAAARRRRAAAAZZZZOOOOU….falou td…
e vc o que vai fazer?
Abraços e obrigado
ARTUR
artur
voce sabe mais do que ninguem como comentarios e fofocas fazem mal neste mercado .
e hoje com o seguro trip lancado e sendo a agaxtur a primeira operadora a incluilo em todos as vendas , temos muito que explicar ao agente de viagens que vendam sim os produtos de operadoras seguradas pela QBE.
e assim tudo sera como sempre foi, uma relacao de confianca segurada a partir de hoje.
O seguro é muito bom Aldo. Agaxtur, Schultz e Soft estão de parabéns por aderirem e serem as primeiras. Outras virão esta semana
Abraços e obrigado pelo comentário
Excelente artigo Artur, parabens !
Valeu, Loris
Sabemos que a irresponsabilidade e o corporativismo não ajudam em nada, né?
abraços
Isso ai , verdade cristalina do que acontece …Parabéns
Obrigado, Cristiane
Abraços
ARTUR
Artur ,parabéns pelo texto. Profissionalização , união é o caminho,infelizmente alguns seguem o caminho contrário..penso que tudo isto representa vendas em queda. Quando o mercado está aquecido não sobra tempo para tantas fofocas e difamações.Acredito que um dia veremos a união de todos.Nossa indústria merece, nós merecemos.forte abraço.
Oi Rosângela, obrigado pelo comentário
Já vimos várias crises, não é? Mas um setor tão desesperado e despreparado não…
Abraços e obrigado
Prezado Artur, foi um prazer revê-lo pessoalmente no jantar em Recife na semana passada.
Sobre o seu post eu quero lhe parabenizar por escrever o que muitos acreditam sobre a indústria do Turismo, mas não tem coragem, domínio da escrita e espaço jornalístico.
Como consultor especializado neste segmento eu concordo totalmente com você, quando alega que o Turismo é a maior e mais rápida saída para que o Brasil volte a crescer com sustentabilidade ambiental, social e financeira.
Com o Turismo sendo a prioridade nacional poderíamos gerar milhares de empregos rapidamente
pelo poder de consumo do negócio que cresce a cada dia e pela facilidade em criar programas de capacitação em massa de cunho técnico para a população. Hoje mesmo na crise, o brasileiro tem como primeiro sonho viajar e não mais carro, casa e eletrodomésticos. Os indicadores de viagens crescem a cada ano e estudos mostram que nos próximos 10 anos, irão dobrar. Por outro lado vemos que a cadeia produtiva está muito frágil numa crise de intermediação, governança e gestão corporativa que é o maior motivo do fechamento de empresas nos últimos tempos. A profissionalização é a única forma de manter as empresas uma vez que o Cliente está cada vez mais informado e exigente e quer ser entendido com parte mais que importante e geradora de demanda do processo.
Enfim, vamos deixar a conversa fiada, a fofoca de lado e nos profissionalizar.
Vejo todos os dias em projetos de clientes, empresários que crescem a largas taxas de lucratividade porque encontraram o caminho da gestão do negócio de forma eficiente, bem como reuniões com entidades com foco em pontos e soluções positivas para o trade.
Parabéns.
Isso mesmo, Lucio
a profissionalização no Turismo ainda é superficial. Precisa ser mais profunda.
Você com certeza está desempenhando ótimo papel
Abraços e obrigado
ARTUR
Parabéns!
Obrigado, Oldemar
abraços
E as operadoras da Braztoa, como se protegem das Agencias que começam, depois de anos no mercado, a ficar inadimplentes ou até fraudando?
Entendo todos olharem o caso da Nascimento, por ter um alto impacto, mas e as agencias que estão prejudicando outras ao não agirem corretamente.
Prezado Pato, as entidades também estão se organizando para isso até onde sei. Ver a certidão negativa de uma empresa é fácil, duro é coibir fraudes, como as que você cita. Acho que o setor terá um banco de devedores. Mas a má fé burla qualquer regra, certo?
Obrigado
Excelente texto. Parabéns!
Uma excelente reflexão que todos os agentes de viagens deveriam fazer.
Mesmo em tempo de crise não pensei e nem penso em fechar minha agência. Pelo contrário, quero lutar e melhorar a cada dia que passa, pois sei que essa crise um dia melhor e nos que sobrevivemos esse tempo iremos ficar bem.
Ótima tarde a todos.
Obrigado pelo e-mail, Rodrigo
não se fechar pras mudanças, novos rumos e inovações é fundamental. Nessas horas melhor é até ir atrás de tudo isso
Conte conosco no seu trabalho
Abraços
ARTUR
Artur, acabei lendo seu texto, pois o título me chamou atenção. E sim, com toda certeza está ótimo e muito coerente no ponto de vista dos empresários do setor. Agora se turismo é uma indústria com todo esse potencial de crescimento porque existe uma alta rotatividade nas empresas? Porque as vagas disponíveis pagam o mesmo valor de salário ou até menos do que para quem trabalha como cobrador de ônibus ou auxiliar de pedreiro? Porque não é exigida formação em turismo? Entendo que a intenção do texto é demonstrar a necessidade de honestidade e profissionalismo por parte dos empresários do setor. Só que de forma alguma este profissionalismo irá existir se não contratarem e não valorizarem os funcionários. E as vezes dá vontade sim de “xingar muito no twitter” ou fazer como diversos outros bacharéis em turismo como eu e desacreditar da profissão e mudar de área. Enfim, não vejo como as empresas teriam uma atitude diferente das citadas como incorretas no texto senão valorizam nem quem tem o poder de garantir sem sucesso: seus funcionários. E você Artur?
Abraço e parabéns.
Oi Elsa, obrigado pelo e-mail
Você está certa. No geral, o Turismo não tem programas para reter ou atrair talentos. Há exceções, claro, mas acho que isso está mudando lentamente. No geral, paga mal, não oferece horizonte (plano de carreira) e desestimula os jovens, que ficam pulando de empresa em empresa. Mas é preciso que todos façam a sua parte para isso mudar. O Turismo não ser estratégico para o país é apenas parte da culpa.
Acredite que está mudando. Quem não se profissionalizar (as empresas, os profissionais, as entidades) já ficou pra história.
Abraços
ARTUR
Vou tentar manter o pensamento positivo e torcer por isso Artur.Obrigada!