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Já é grave a crise?

Para alguns, a crise maior é política (e também moral, ética). Para outros, o problema é o dólar instável. Há quem ache o dólar alto um bom negócio, pois atrai mais estrangeiros. Já a inflação, é um mal para todos e a negociação política para tirar o Brasil da crise, uma novela lamentável.

 

As companhias aéreas nacionais passaram uma mensagem pessimista no Fórum PANROTAS, e se chegou a dizer que havia voos que decolavam sem que 50% dos custos estivessem cobertos. Mas Gol mantém sua expectativa de margem operacional positiva, a Azul confirmou voos extras para Miami…

 

As tarifas aéreas internacionais nunca estiveram tão baixas. Por menos de US$ 500 chega-se a Los Angeles, Europa e até além… Mas em reais, fica tudo parecido.

 

Segundo dados de vendas de bilhetes internacionais no País (relatório eSmash), a queda em faturamento (em dólar americano) foi de 22% em janeiro e fevereiro (nos consolidadores a média é mais alta, cerca de 30%). Em número de bilhetes o baque foi de 9%. E a tarifa média caiu 16% (na Decolar.com, por exemplo, foi de 20%). Em reais, pode ser que dê empate, pode ser que ainda caia um pouco o total de vendas, pode ser que se mantenha acesa a luz no fim do túnel.

 

Os finais de semana voltaram a ser de mega promos. O mercado de venda indireta se ressente e acha que é um tiro no pé, acostumando o cliente a algo temporário e contaminando segmentos fora do lazer. Mas avião que sobe vazio…

 

Ou seja, a crise chegou, mas tem saída. Entre altos e baixos, o planejamento agora é diários e o rapaz do yield nunca foi tão generoso.

 

Outro termômetro são os eventos (continuam a mil no trade, apesar de menores – em expositores e em público). Alguns foram cancelados, mas antes da crise.

 

O termômetro demissões também anda aquecido. Mas pelo que se vê, elas afetam mais alguns setores, como o de operadoras, e oscilam de 10% a 25% do quadro. Vale lembrar, porém, que o setor viveu um boom de contratações há alguns anos e muita gente foi contratada sem as devidas qualificações. Era urgência mesmo. Esse ajuste deve estar atingindo essa massa extra. Ou não – precisaríamos analisar a fundo.

 

Um operador me disse que a crise tem feito as operadoras voltarem a focar nos seus produtos mais fortes, os carros-chefes e especialidades, os diferenciais.

 

A hotelaria se ressente do corporativo de 10% a 12% menor (até março), mas o receptivo internacional é um alento e uma aposta a médio e longo prazos. Mas não compensa a queda de viagem dos executivos. Se a crise for longa, a maior receio é em relação ao Rio de Janeiro, que ainda vai ganhar muitos e muitos quartos até a Olimpíada. Vale lembrar que o mercado imobiliário já está sentindo os efeitos do boom de anos atrás – enquanto o mundo sofria, o Brasil de Lula nadava de braçada e gastava, investia, construía…

 

A crise, sim, já chegou. O empresariado se mostra mais rápido que o governo, inclusive para cortar na carne. Vítimas virão. Oportunidades e vencedores idem. E o mérito mais uma vez ficará com a iniciativa privada. Que, por enquanto, ainda não vê o fim da turbulência e faz ajustes na rota a todo instante.

 

Boa pilotagem para todos.

 

 

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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