Lamento, lei e luta

(foto do Dreamsitime)

Simplesmente indignado e descrente e lamentando bastante a declaração de uma funcionária pública de West Virginia que disse que a classe voltaria à Casa Branca (com a eleição de Trump) e que está cansada de ver uma macaca de salto alto como primeira dama (referindo-se a Michelle Obama). Estava em sua rede social e uma amiga sua, prefeita da cidade de Clay, elogiou o comentário. Comentário?

Sim, as pessoas têm o direito de comentar e pensar o que quiserem, mas nesse caso não acho que tenha sido um comentário e sim uma ofensa gravíssima e um crime que fala mais sobre a personalidade da tal funcionária (já demitida) e da prefeita (eleita sabe-se lá por quem) e que coloca em pauta o medo do que se esconde por trás de sorrisos e tapinhas nas costas. O que realmente se pensa sobre tolerância, respeito, igualdade… Se uma cidadã vai às redes sociais com esse tipo de afirmação… o mundo está perdido e andando sobre o fio da navalha.

Inevitavelmente os conflitos por causa desse e de outros tipos de preconceito se intensificarão (nos EUA e no mundo), mas o foco é: quando teremos uma sociedade que não julga por cores e sexo, aparências e pensamentos diferentes, modos de viver, nível social… Há preconceitos de todos os tipos, porque as pessoas são diferentes, pensam de forma diferente, agem de forma diferente e que isso continue assim. Mas não os julgamentos. Não as teorias de superioridade.

Fatalmente essas mulheres educaram seus filhos da mesma forma. Pode ser que eles pensem diferente e tomara que sim. Pois se por ora temos a lei (e que ela seja cumprida, não importa o partido ou a cor da pele) e a luta, só a educação mudará tudo isso. Educação que não existe para as minorias ou para os oprimidos, mas educação que pode fazer os filhos das elites pensarem de forma diferente. Educação que pode incluir. Educação que vai acabar com a desigualdade. Educação que dará voz a quem hoje não tem.

Não adianta votar no menos pior, no que rouba menos… Adianta criarmos uma geração para, daqui a décadas, se mundo ainda existir, termos uma sociedade melhor. Não em que todos pensem de forma diferente, mas em que todos se respeitem e não tolerem agressões, crimes e pensamentos daninhos e crueis.

Eduque. A gente não tem mais jeito ou salvação. Mas os que estão nascendo ou crescendo agora sim.

Ah sim, pesquisei no nosso Google e há várias outras manifestações similares à da cidadã de West Virginia sobre os negros, os gays, os índios, os pobres (não teve um político eleito que não suporta cheiro de pobre?)… As redes sociais que teoricamente unem o mundo.

Sim, temos um vento de direita sendo eleito para comandar muitos locais do planeta (esses ciclos são naturais, ainda mais depois de decepções como a que tivemos no Brasil), mas isso não significa que ser de direita é pensar assim. Tenho certeza que não. Ainda mais os de direita que se dizem religiosos… Nem ler a Bíblia devem saber… mas essa é outra história. Por enquanto, continuo indignado e lutando. E se Michelle Obama, mulher do homem mais poderoso do mundo, é atacada assim, imagine os milhões de negros sem voz e/ou apenas sob o olhar do preconceito?

Lamentável, lamentável, lamentável. Muito triste.