(Editorial da edição 1.028 do Jornal PANROTAS)
De vez em quando (ou seja, todo dia) chega à Redação o famoso comunicado de imprensa (o press release) de que determinada empresa de turismo vai marcar presença em uma feira, evento, congresso do setor. É essa a função de um evento? Marcar presença? Talvez a grande maioria dos eventos do trade tenha conquistado essa posição: as empresas e profissionais vão para serem vistos e não para fazer negócios. Mas que departamento de Marketing aprova tanta participação institucional, sem foco em vendas?
Parece aqueles casos de modelos e ex-BBB que marcam presença em festas e ganham cachê para isso. Não vão para mais nada a não ser gerar mídia espontânea, mas não necessariamente qualificada, para o evento. Ou seja, daqui a pouco haverá empresas de turismo sendo chamadas de Geisy Arruda, Max BBB ou Ângela Bismarchi. Só marcando presença.
Muitas empresas e, pasmem, órgãos oficiais brasileiros de turismo já começam a selecionar os eventos baseados em resultados. Hoje não cabe mais a justificativa: “se eu não for vão dizer que eu fali”, pois, se você estiver falindo, o mercado saberá, provavelmente até antes de você, pela internet, e pelos corredores do turismo.
O press release que cita a expressão “marcar presença” é sintomático de quem não sabe porque está indo ao evento. Ao passar o briefing ao assessor, o diretor da empresa diz: “vamos marcar presença”.
O passo seguinte é enviar fotos e pedir insistentemente para que pelo menos uma saia no maior número possível de veículos. Novamente, não importa a qualidade. Quanto mais veículos, fantasma ou não, “copia e cola” ou não, picareta ou não, folclórico ou não, melhor. Afinal, se o objetivo era marcar presença, é preciso aparecer.
Só que já há um movimento das empresas que gastam de forma inteligente e sustentável, ou economicamente corretas, que estão cortando muitos eventos de sua lista. Claro, depois do excesso, e houve época em que nascia uma feira por dia no Brasil, vem a seleção natural. O mercado está dando um basta em empresas e entidades que fazem a feira apenas por fazer e para ganhar dinheiro, sem foco em negócios, sem público qualificado. E olha que tem muita gente simpática por trás disso. Simpatia não é mais cartão de visitas nesse caso.
Também há um exagero de eventos de fornecedores internacionais, ávidos pelos negócios do Brasil, que agora virou salvador de pátrias. Nem agências, nem operadoras têm tempo e profissionais suficientes para atender a todos. Nesse caso, cabe a junção de esforços. A unificação de eventos. Ou mesas vazias e no-shows virarão constantes. E os agentes não marcarão presença nessas ocasiões.
Quer marcar presença? Venda. E deixe vender.
Marcar presença é a máxima do absurdo e o mínimo de estratégia…Mas, do caos surgem estrelas…Salve, salve Travelweek! esta bebê com apenas dois anos.
Muito pertinente sua colocação.
Me permita acrescentar que o hábito de “marcar presença” é incentivado em grandes universidades. Não pelo ato de aprender, mas de apenas ir e ser visto pelos outros profissionais da área. É o também chamado “fazer um social!”.
Nada contra, fazer um social é ótimo, mas só fazer isso de nada adianta e nada agrega ao profissional.
Fazer amigos e diferente de fazer negócios!
Abraço.