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Nhemnhemnhem, mimimi ou resultados?

Uma das maiores críticas que o mercado fez e faz ao Ministério do Turismo é a falta de impacto de suas ações no dia a dia de nossa indústria. Nem mais turistas vieram ao Brasil, nem os empresários são menos taxados, nem os aeroportos estão melhores, nem os municípios estão com infraestrutura melhor, por causa de alguma ação do MTur.

Claro que as afirmações acima são claramente exageradas, mas completamente justificadas: depois dos escândalos da gestão de Pedro Novais, o trade estava querendo é distância do MTur. Quem tinha convênio, então, estava meio que apavorado. Outra visão exagerada, mas também justificável.

Em resumo, criou-se um abismo entre os dois lados e com isso a ajuda mútua cessou e ações que um poderia tomar para melhorar o outro ficaram sem uma ponta. Isso em um momento crítico do turismo e do País, às vésperas dos tão falados, festejados e temidos (por alguns) grandes eventos esportivos.

A gente sabe que política é importante, até porque, no final das contas, é no nosso bolso que vai parar a conta. Qualquer que seja ela.

Outro dia um instituto de pesquisa me ligou, queria saber da minha opinião sobre várias ações do MTur. Acho que fui bem realista na minha avaliação, mas sobre a atual gestão ainda não podia analisar, criticar ou elogiar, pois está no começo, colocando a casa em ordem após um vendaval.

Mas eu sabia que dali alguns dias eu teria uma entrevista com o ministro Gastão Vieira, e acabaria colhendo dados para uma primeira avaliação. Chegamos em Brasília na sexta-feira passada, eu, o presidente da PANROTAS, Guillermo Alcorta, e Ana Donato, da Imaginadora, por conta de um projeto que já estamos alinhavando para o Fórum PANROTAS 2013.

Enquanto o ministro Gastão Vieira conversava a sós em sua sala com o seu Guillermo, a sala de reuniões foi enchendo, enchendo, e quando vimos, estava a cúpula do ministério e seus principais assessores ali em nossa frente. Equipe formada. Uma ótima oportunidade para eu me atualizar sobre o que estava ocorrendo. Na verdade, dias antes, já havia tido uma reunião com dois assessores do MTur e as perspectivas eram boas.

Fui decidido a ouvir (sempre) para analisar possibilidades de resultados concretos, o tal do impacto no setor. Pois a política tem de servir para isso: abrir caminhos, facilitar, ajudar a se chegar a resultados. E não para discursos (o nhemnhemnhem do título) ou desculpas empurrando a “culpa” para circunstâncias e outras instâncias (o tal do mimimi choroso).

Primeira surpresa, que tem a ver com o nosso bolso: o MTur criou um sistema de monitoramento de obras pagas com dinheiro que passa pelo ministério (oriundo das emendas parlamentares) ou que sai da pasta. Lá pude ver, por exemplo, a importância da bancada do Ceará na Câmara. Apesar de menor que muitos Estados, é a segunda em verbas para o turismo, perdendo apenas para São Paulo, que tem maior número de parlamentares. A iniciativa do sistema partiu do próprio ministério, com o secretário Valdir Simão à frente, serviu de modelo para outras pastas e recebeu elogios da Presidência da República, que quer o mesmo em todos os ministérios.

Sem entrar nos detalhes outros resultados concretos que descobri e que servirão de pauta no Jornal PANROTAS com maior profundidade:

O ministério está fazendo diversos levantamentos (de necessidade de obras, de eventos…) para apresentar as demandas aos deputados e assim casar oportunidade com a verba dos parlamentares. Hoje, a emenda é decidida pelo deputado sem uma consulta prévia do que é mais importante para o turismo da região. Com a pré-lista, o MTur quer priorizar o que é mais urgente, sendo que quem decide é o parlamentar. Apresentado o projeto (pelo deputado), o MTur analisa se trará benefício para o turismo e aprova ou não que a emenda passe pela pasta. Calçamento de ruas, por exemplo, não são mais aceitos.

A falta de projetos é uma dificuldade no MTur, que liberou R$ 30 milhões para que os Estados produzam e apresentem projetos, que vão ajudar na questão acima e nos investimentos do próprio ministério.

O Pronatec Copa, que substituiu o Bem Receber Copa, que está suspenso, recebeu mais de 300 mil inscrições para capacitação, incluindo línguas e cursos dados em empresas. O case da rede Othon foi citado como exemplo de sucesso e de parceria com a iniciativa privada. E o Ceará mais uma vez foi exemplo em gestão pública: o interesse nos treinamentos chegou à polícia turística, taxistas e diversos outros setores.

O Programa de Regionalização será relançado. Estados, MTur e sociedade poderão mexer na lista anterior de destinos indutores e a nova política terá foco nas regiões turísticas e no posicionamento dos destinos.

O MTur está negociando com a Infraero a colocação de um time de universitários para ajudar os turistas que chegam ao País. Também deve financiar a colocação de placas em outras línguas nos aeroportos.

Alguns setores do turismo foram incluídos em medida para desoneração da folha de pagamento. Segundo o ministério, os resorts serão alguns dos beneficiados, com uma economia de 2% do faturamento bruto.

É meta do MTur, aliás, colocar o turismo em todas as medidas do governo que beneficiem a indústria. Por exemplo, Gastão Vieira está falando diretamente com o ministro Edison Lobão para que o turismo esteja entre os beneficiados de uma diminuição em contas de consumo de energia. Os parques temáticos já conseguiram isenção total na importação de equipamentos.

A inclusão do turismo no novo Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio (Siscoserv) é, segundo Gastão Vieira, o primeiro passo para que seja considerado atividade de exportação, e se beneficiar disso, assim como outras indústrias. Com o Siscoserv pela primeira vez o setor e o governo saberão quanto o turismo movimenta daqui para fora e do Exterior para cá.

Gastão Vieira quer, ainda, que os recursos do FAT possam ser usados para compra de viagens. Está conversando com os Estados para que diminuam impostos sobre querosene de aviação nas baixas temporadas.

Vai reabilitar o Viaja Mais Melhor Idade, um dos projetos mais bem sucedidos do MTur, e dos que mais produziram impacto no setor. E ainda criar um para estimular as viagens de jovens e dos trabalhadores em geral.

Começa em novembro a instalar o registro eletrônico de hóspedes nas seis cidades da Copa das Confederações da Fifa, aumentando em seguida para as 12 cidades-sede. A hotelaria terá estatísticas em tempo real.

Ou seja, são ações que pela primeira vez vejo mais concretas que apenas discursos e projeções.

Ainda há calcanhares de Aquiles, como a promoção internacional, o Cadastur, a classificação hoteleira, o inchaço do Conselho Nacional de Turismo, maior desoneração para o setor… Mas o MTur está sabendo disso. E nós acompanhando. E vocês, o trade, cobrando. É assim que funciona. Ou deveria.

Uma hora boa para quem quer colaborar. No mínimo, será ouvido.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Excelente análise Artur. Só se pode criticar quando se está por dentro dos fatos. Acredito que há, sim, muita coisa boa sendo feita, embora ainda estejamos longe do ideal. O caminho está apontado, como você mesmo constatou. A fera, quando olhada de perto, sempre parece mais mansa!

    Abraço.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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