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Novos tempos no turismo

A impressão que dá é que o turista evolui muito mais rapidamente do que a indústria do turismo, que resiste, que se prende a padrões passados e ultrapassados. “Mas era assim até pouco tempo”, dizem alguns. Pouco tempo hoje é muito.

Mas o que pode estar acontecendo também é que uma nova indústria, que entende os novos tempos, os novos turistas e os novos canais, esteja em seu início e daqui a alguns anos reine soberana. Uma substituição. Não uma extinção. Incluindo transformações e evoluções de alguns que se achavam consolidados (sem trocadilhos aqui, faço questão de frisar).

A indústria entrou na era em que se sabe quanto ganham os altos executivos (ou se estima). Quanto as empresas (obrigadas à transparência) são eficientes. Estamos na era em que todos querem vender, mas não chegam a um acordo sobre quanto valem tantas décadas de dedicação… Mas essa não é uma prioridade para quem compra: o que vale é o resultado no bolso dos donos, dos acionistas. Infelizmente as décadas passadas… reverenciadas e exitosas… ficaram na história.

O “novo” mundo se acostumou a isso. Estrelas que somem ou perdem brilho de repente. Foi e está sendo assim com o Orkut, com a Blackberry e a Nextel (que ensaiam voltas por cimas, mas que não brilham mais como antes), Blockbuster (quem se lembra da febre de aluguel de filmes?)… a Microsoft e a Dell já sentem a migração dos PCs para o mundo mobile… a Kodak perdeu o trem-bala da nova história… os whatsapps da vida já consomem mais tempo de muitos do que o Facebook…

Na nossa indústria, a saudade e a dor da perda parecem eternas. Viúvas e viúvos da Varig, Pan Am, Eastern, TWA, Soletur, Vasp, Transbrasil, do Hotel Nacional ou do Rio Palace, da Belair ou da Chanteclair, de inúmeras operadoras e tantas empresas… parecem comemorar estar sempre olhando com lágrimas para o passado. Rezando para o tempo voltar para trás em vez de achar felicidade nos novos tempos. O passado não volta. Não há compensações e sim sensações e conquistas novas.

Muitos conseguem e sabemos que é uma luta diária. Manter-se à frente ou juntos dos que estão mudando o jogo.

Quem está mudando o jogo do turismo brasileiro? Pensando nesses game changers é que começamos a fazer a lista dos 50 Poderosos do Turismo Brasileiro. Em setembro, na Abav. Não é uma disputa para ver quem coloca mais dinheiro na mesa nem um tributo ao passado. Um retrato do presente pensando em quem está levando o turismo a novos patamares.

Sugestões são sempre bem-vindas, afinal o comitê que bate o martelo só se reúne em meados de setembro… Até lá, compras e vendas, blá-blá-blá e bastidores. O novo turismo e o que trouxe a indústria até aqui (aplausos) se enfrentam, se tocam, se comem, se casam, se separam… até que, juntos, formem um novo ambiente, onde as viagens continuarão sendo essenciais, geradoras de riquezas e patrocinadoras de uma indústria que ainda tem muito, mas muito mesmo a nos oferecer e surpreender.

P.S. eu tenho saudade do cinema de rua, da fila enorme antes da estreia tão esperada… Uma saudade sentimental. Mas sou muito feliz comprando meu ingresso na internet, sem fila (e pagando taxa extra por isso) e reservando meu assento nas confortáveis poltronas do Cinépolis JK, ou nas impressionantes telas Imax da cidade. Novos tempos. Felicidades diferentes. Histórias para contar.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • É óbvio que trabalhar como agente de viagens hoje é muito melhor e mais rentável do que antigamente, o problema é que alguns agentes de viagens ainda estão presos ao modelo antigo de se comercializar viagens, hoje vc tem vários canais de distribuição, quem ficar preso ao modelo antigo está morto.

    • Popis é, Roberto, a diversidade de opções e canais, de tecnologia e preços já nos deixa malucos no dia a dia pessoal, imagine no trabalho. É natural que alguns se percam no caminho. Pena que as entidades do turismo brasileiro não tenham sabido (e não sabem) orientar. Obrigado pelo comentário

  • Artur, que postagem sensacional!

    Não há o que tirar nem por!

    Nos faz refletir com clareza.

    Parabéns e obrigado por compartilhar.

  • Os tempos mudaram e percebo que no universo de algumas Operadoras vc solicita alguma coisa e eles demoram um tempo enorme na resposta, em muitos casos nem respondem. Tal como ir ao shopping com tantas lojas vendendo o mesmo produto, temos tantos fornecedores oferecendo o mesmo serviço e em alguns casos em valores muito competitivos. Eu percebo que alem de agts temos tambem Fornecedores presos a esse passado e relutam em sair dele nao treinando e se tornando eficientes para que toda a cadeia venha a ganhar. A mudança de mentalidade é essencial.

    • Pois é, Godinho
      atendimento bom sempre foi, independentemente de tecnologia, pré-requisito para conquistar cliente. A não ser quando não há opção… Quando há monopólio. Foi assim com a Infraero, em alguns momentos da aviação (em que uma ou duas ditavam as regras)… quando há concorrência, há serviço melhor

  • Para finalizar temos um exemplo classico com a seleção brasileira de futebol, presa ao passado de vitorias e glorias, o mundo mudou, o futebol mudou e ficar preso ao passado deu no que deu. e pelo jeito continuara do mesmo jeito.

  • Primeiro : adoro seu blog
    Segundo : sugestão de post sobre cpf x Abav no que se parecem? Depois de tudo que falamos sobre a Abav ser para o trade … O que o decolar de novo vai fazer na próxima Abav ????

    • Caro amigo, o Decolar anda de olho nos clientes das operadoras e consolidadoras que somos nós os (agts de viagem), hoje ja se pode ser uma agencia afiliada decolar e por no site da agencia todo conteudo do portal decolar, a comissao é menor mas é tambem uma forma de nao ficar assim tao fora dessa concorrencia toda. como o autor do blog fala de novos tempos no turismo, mais um exemplo onde os consolidadores e operadoras nao se movem achando que todos os agts irao viver presos a eles até o fim, sem que nada seja oferecido. os que se movem vao na contramao da etica atendendo passageiros direto.

      • Prezado Godinho,

        Como as operadoras e consolidadores demoram para perceber isto, não é só a decolar que está de olho no cliente deles não, é a Expedia, Booking.com, Viator, várias outras, e eles continuam com o modelo antigão deles.

  • Excelente post Artur! Infelizmente muitos do trade se prendem a idéias que não funcionam mais e continuam achando que o caminho é demozinar a internet.

    Minha sugestão para colocar na lista dos 50 é o pessoal do Melhores Destinos. Recentemente fiquei sabendo que já são mais acessados que gigantes como CVC e Submarino Viagens. Eles fazem um trabalho muito diferente e que tem funcionado.

    • Obrigado Mansur
      pelo que pesquisei o Melhores Destino está atrelado a venda na Submarino Viagens… e saiu na frente. Com certeza um player importante. Mas já vejo gente mais inovadora no mercado…

  • Artur,

    Excelente a reflexão que seu texto propõe, mesmo não sendo nova. Sem dúvida agregou o mais importante ao que já discutimos anteriormente: ATUALIDADE.

    Importante lembrar que inovação depende de foma fundamental de muita pesquisa,no caso dos serviços muita observação e análise de mercado também, e isto muitas vezes obriga o observador a um distanciamento daquilo que se observa, coisa nem sempre possível para quem está “envolvido até o pescoço”…risos!

    O que resulta que as grandes inovações acabam vindo através de novos (e na maiorias das vezes) pequenos players que, como as bactérias aeróbicas, vão “oxigenando” o meio em que estão imersas.

    E como já falava o “velho” Belchior na música Como Nossos Pais:

    “Você pode até dizer que estou por fora
    Ou então que estou inventando
    Mas é você que ama o passado e que não vê
    É você que ama o passado e que não vê
    Que o novo sempre vem”
    Forte abraço

    • Depois de desenterrar Belchior e as bactérias aeróbicas… só posso agradecer rs
      Discussões eternas do turismo
      O mais importante é que muita coisa já mudou. Enquanto outros continuam reclamando
      Abraços

      ARTUR

  • Artur, aproveitando o momento, gostaria de mais uma vez parabenizá-lo pela reflexão.

    Sem modéstia, quando sai o livro? 😀

    Abraços de Pernambuco

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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