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O medo na hora do pênalti

(Este tecnicamente é o primeiro editorial do Jornal PANROTAS em 2012… Mas como escrevi em 2011 seria o último do “ano velho?” De qualquer forma, segue em primeira mão…)

O empresário X acorda em uma bela manhã (talvez uma manhã chuvosa e fria… talvez depois de um sonho premonitório… talvez uma manhã como outra qualquer), toma seu café, vai para o escritório e anuncia: vendi a empresa.

O empresário Y, que nunca havia pensado em se juntar a ninguém, almoça tranquilamente no centro da cidade, quando vê um concorrente seu passar e o chama: “Fulano, vamos unir forças e criar uma só empresa?”. E assim nasce uma poderosa holding.

Já o empresário W, daqueles que podemos dizer que está com o boi na sombra, quase entediado, coloca um anúncio no jornal: “vendo-me”. No dia seguinte, os gringos chegam e ele sai, feliz, com dinheiro no bolso.

Esses três cenários, obviamente, nem em novela das nove seriam reais ou aceitáveis. Muito menos em nosso setor, bastante tradicional, familiar, sempre com um pé atrás e até reticente a mudanças. “Sempre deu certo, para que mudar?”. “A Coca-Cola nunca mudou”. “Isso é bom lá pros americanos”. Pois é, ainda hoje ouvimos essas frases em empresas de turismo.

Mas eis que, um ano depois de a CVC “abrir a porteira” e ser vendida para um fundo estrangeiro, outras empresas de turismo resolvem se mexer também. De olho nessas tendências (das grandes se unirem para aproveitarem melhor o crescimento do mercado consumidor, para negociarem com fornecedores de outra forma, para liderarem uma indústria que só crescerá nos próximos anos), os mais ágeis saíram na frente e deixaram muita gente pensando para que lado correr.

E não são decisões fáceis. Não é como trocar a roupa escolhida momentos antes de sair para a festa. Empresários e executivos têm passado noites em claro pensando nesse movimento de uniões, parcerias, aquisições e formação de grupos. E o tempo veloz e as mudanças instantâneas os forçam a se decidir. Não dá mais para ficar vendo a banda passar ou observando tudo de cima do muro. É preciso decidir-se e o não também serve de resposta.

Antes de decidir-se (pelo sim ou pelo não) é normal sentir uma certa insegurança, um medo natural como o do jogador antes de bater o pênalti e o do goleiro, pronto para se jogar na bola. Aliás, apesar do medo, isso é sempre certo: o jogador vai chutar (bem ou mal) e o goleiro se jogar (na direção certa ou na errada). Se o goleiro ficar parado, é gol do adversário. Se o chute for displicente, a outra torcida irá comemorar.

Quantas noites sem dormir (e a pensar no escuro), quantas teorias e cenários diferentes esses executivos, que tiveram de tomar decisões estratégicas em 2011, construíram em suas cabeças antes de aderirem a um grupo, venderem suas empresas, dizerem não a uma proposta tentadora?

Fácil, isso é certo, não foi para ninguém. A responsabilidade, o peso e as dificuldades de ser empresário no Brasil somam-se a temas como sucessão familiar, os funcionários e suas famílias, os resultados da própria empresa, a história de uma vida, os passos dos concorrentes, prognósticos, achismos e até o feeling sobre o que vem por aí.

Quando a notícia chega a nosso portal e nossas páginas já teve inúmeras versões. Idas e vindas. Dúvidas e precauções que são normais em negócios tão decisivos. Fazia tempo que as empresas de turismo não mudavam suas estratégias de forma tão corajosa. E a coragem só vem com um certo medo. O medo que empurra e não o que paralisa. E na hora do salto, é preciso estar preparado. Ou o grito não será de vitória.

Que todos vocês, que todos nós domemos nossos medos em 2012 e que eles sirvam de combustível para nossa criatividade, sucesso e passos vitoriosos.

Feliz Ano Novo. Felizes Decisões Corajosas.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Artur,

    Como voce mesmo coloca – sao sempre decisões difíceis, algumas sao acertadas e outras nem tanto, mas todas elas inevitavelmente levam à uma renascimento dos protagonistas…. e essa é a melhor parte.

    que 2012 seja um ano DUCA pra todo mundo. bjoooo

    Daniel

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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