A pergunta acima (acrescida da expressão “com uma moeda”) é feita para quem vai comprar um sorvetinho no McDonalds. Já pensou você dizendo em alto e bom som: “NÃO”. Vão te linchar ali mesmo. Vai ser chamado de monstro. Ou se você diz: “Não tenho moedas”, sendo que o atendente acabou de despejar umas três moedinhas na sua mão. Eu preferi responder: “acho que o McDonalds ganha muito dinheiro cobrando o que cobra pelos sanduíches, então pode pagar sozinho”.
Essa rede de cumprimentar com o chapéu alheio é irritante, por mais nobre que seja a sua causa. O McDonalds tem uma instituição que ajuda as crianças com câncer? Nobre, muito nobre, elogiável e comovente. É uma instituição séria, que salva vidas ou ampara nos momentos difíceis de aproximação da morte. Mas por que fazer marketing em cima e envolver, com culpa, os clientes? Os lucros já não são suficientes? Sim, poderia haver um site e uma conta para doações, mas perguntar dessa forma na fila do caixa na hora do almoço chega a beirar o assédio moral. E o McDonalds tem dinheiro suficiente pra não precisar constranger os clientes.
Cada um que faça suas ações sociais e de preferência não divulgue como sendo a salvação da pátria ou a ação humanitária mais brilhantes dos últimos tempos. Agir localmente, ajudar quem está a seu redor…acho isso mais impactante que comer um Big Mac e ajudar o McDonalds a fazer caridade com o dinheiro alheiro.
Idem para o Criança Esperança. A gente já dá audiência pra Globo, assiste àquele show horrível e cafona e ainda temd e doar dinheiro? A audiência já não é suficiente para que a Globo doe parte do que arrecadou nos intervalos comerciais para o Unicef? Fora que são projetos (independentemente de serem bons ou ruins) qúe servem ao marketing solidários durante um mês. Tome reportagem, tome crianças sorrindo nos intervalos… Uma vez eu e Marluce, fotógrafa no Rio, fomos visitar uma obra do Criança Esperança no Morro do Cantagalo, e quando a viram com máquina, quase a escorraçaram, pois só a Globo podia usar imagens do projeto… Entenderam? E eu vou ligar pra fazer doações? Nem a pau…
Entro em rifa de colegas que estão precisando, dou dinheiro, doo roupas para quem conheço, compro coisas…mas ajudar essas megaempresas a parecerem boazinhas, nem a pau. Da próxima vez eu devolvo a compra… E claro, não assisto ao show de horrores que é o Criança Esperança (do ponto de vista de show para TV)… Ainda bem que é sábado à noite, desde John Travolta dia de ferveção…
Espero que tenha me feito entender… Esse marketing solidário cheira a só marketing…e constrange quem não quer ter sua imagem vinculada a essas bondades…
O turismo tem diversas ações solidárias e a maioria das pessoas não divulga, pois ficam até constrangidas. Ajudar é humano e não uma peça de marketing…
Idem para a sustentabilidade…mas esse é outro assunto.
Baita Post Artur.
Tem uma expressão bem bagaceira que exemplifica isso, que eu jamais vou escrever aqui.
Mas em resumo, é lindo ser o LEGAL E SOCIAL com o dinheiro dos outros.
Quer ser socialmente correto, quer ajudar o mundo a virar um lugar melhor?
Faça isso para quem você está ajudando e não para os outros acharem que você é melhor que os outros.
Mas confesso que não vejo a menor diferença entre os dois casos que você citou e a sacolinha que os comissários da American Airlines passam no final do voo.
Abs
Oi Artur,
Não poderia esperar outra postura diferente desta vinda de você. Marketing Social possui muitas nuances e abre margem para diversas interpretações, como os demais braços. Sobretudo, o social requer delicadeza num olhar especial. Sou a favor das empresas desenvolverem e estimularem o Marketing Social, mas não fazerem desta condição seus cartões de acesso ao paraíso, “caído”. Leia-se: negligência na ação e falta de estratégia. Deixe que seus clientes descubram suas ações por outros meios e faça a diferença silenciosamente. Esta comunicação precisa ser espontânea e zero mandatória, do contrário, irrita mesmo.
Também já fui vítima destes ataques e, na mesma proporção devolvi o ataque fazendo comício, é claro! “Meu bem, se você soubesse o quanto sou ativista nesta causa, não me pediria algumas moedas! Se eu não me contento com pouco, porque cargas d´água faria o mínimo por alguém? Faz o seguinte, guarda esse seu script para o próximo que não faz nada e que são muitos.” Sei do objetivo, 1mi de Reais de 1mi de pessoas. Desculpa, também escolhi não me alimentar deste senso comum e deveras sazonal.
bjão =)
Artur,
A questão é baseada no Amor e Generosidade, dar sem querer algo em troca, ou sem dúvidas os desconfianças. Porem isto vem do sentir, do coração, e não da mente.
Cabe a cada um respeitar a opnião do outro, mas o foco é nas Crianças, poderia ser um filho meu..seu…
A distancia entre a “obrigação” do Instituto Mc.Donalds e você, eu, o Panrotas, é a mesma.
Existem pessoas e empresas com principios de generosidade e assistencia social.
Um abraço
Tiago
Tiago, acho que vc não entendeu. Globo e McDonalds pedirem dinheiro nosso para ajudarem e ficarem bem na foto é um absurso. Eles ajudam e podem ajudar sem o nosso dinheiro (que aliás eles já têm). O Instituto do McDonalds é muito bom, mas não precisa constranger os clientes. Não sou contra campanhas, afinal participa quem quer. Pelo menos sabemos (sabemos?) que esse dinheiro não é desviado. Generosidade tem de existir e se fosse maior salvaria o mundo. Mas o marketing do “eu ajudo com o seu dinheiro” acho delicado, pois o que eles arrecadam é bem menos do que ganham com publicidade e venda de produtos… Enfim, continue ajudando aquilo em que você acredita. Eu faço o mesmo. Mas cada dia gosto menos de Big Macs e cia… E a audiência da Globo vem despencando…então, daqui a pouco o Criança Esperança vai ser na internet…
Abração
Artur, só penso nas crianças, só isso.
Como eu disse, respeito a todas as opniões!
Boa semana.
Sem maiores comentários sö digo: apoiado Artur. Mandou muito bem.
Artur, tudo bem?
Acompanho muito o seu blog, adoro alias! Acompanhei o Encontro Panrotas pelo twitter, mas querendo muito estar lá com voces.
Não posso concordar com voce, pela primeira vez! Pois conheço uma criança que foi ajudada pela Casa do Ronald http://www.rmhcleveland.org/. Hoje ele vive bem Graças a Deus, com o seu marcapasso tamanho mini, pois era recem nascido. O dia que a gente passa a precisar, nossa visão muda. Eu pensava igual voce, ficava indignada, até ver esse caso! O menino e a mãe viveram em Cleveland na casa do Ronald por quase 01 ano, e não pagaram um centavo sequer. E a casa é lotada de mães e crianças do mundo todo, tanto que nosso menino estava lá. Geralmente os tratamentos de câncer são os mais caros, por que uma bolsa de quimioterapia é carissssssssiiiimo. E alguns raros não são tratados no Brasil. Lá ja deu pra perceber, existe todo tipo de tratamento. Eu sei que dá raiva na hora, parece apelação pra aumentar o caixa no final do dia, mas não é não.
Bj
Clau
PS: Adoro suas polemicas, eu sempre aprendo com elas! hahahahahaahahahahahahahahahahahah
Artur,
Sabe o que eu “gosto” mais dessas doações? Você não pode deduzir no seu IR! Ora, claro, alguém o fará!
Então se não bastasse a dentadura da sua risada ser a minha, você vai dizer pelos quatro cantos do mundo que ela nasceu ali?
Já, já, vou doar tudinho!
Cansa!
Abração,
Rodrigo
Artur, querido.
Amei este assunto de hoje. Como você e algumas pessoas do trade sabem, sou envolvida em questões sociais. Meu grupo de dança, leva carinho , alegria e esperança a quem já perdeu.
Qualquer pessoa que queira realmente ajudar a um semelhante pode fazê-lo sem necessariamente dispor de dinheiro. Quer ver?
1- Uma cabelereira pode por exemplo, doar 1 dia, do seu trabalho a um asilo. Cortar e pintar cabelos de quem lá está.
2- Uma manicure pode doar 1 dia do seu trabalho também, a hospitais, asilos.
3-Um professor de língua estrangeira, pode doar 1 dia, para uma comunidade que precise. Uma das minhas amigas de dança, que é guatemalteca, ensina espanhol, na Rôcinha (como ela mesmo pronuncia com ^ no o) e é muito feliz.
4- Uma cozinheira, ou uma doceira, pode um dia do seu trabalho, ir a uma creche cozinhar coisas diferentes para as crianças.
Como você vê, em nenhum dos pontos acima, há dinheiro envolvido. Há doação. Sem retorno midiático.
A pergunta é: As instituições acima, mencionadas por você, querem realmente doar algo de diferente ? Ou querem receber exposição de mídia?
Isabel
Artur, lhe mandei um email. Transcrevo aqui minha opinião e apelo.
“Artur,
Boa tarde.
Tenho sempre lido os “posts” no Pan Rotas. Lí o seu sobre o McDonalds e o constrangimento de ser “cobrado” na boca do caixa e ainda sobre o “Criança Esperança”.
Fiquei refletindo e, de fato, a maneira como o McDonalds “pede” a sua colaboração pode ser constrangedora. Também acredito que a GLOBO fatura milhões
em veiculações e poderia contribuir e não fazer marketing encima de ações humanitárias. Mesmo com a pecha de oportunistas, penso que estas campanhas sempre são válidas. Mas podem ser constrangedoras.
Mas há casos e casos.
Por exemplo: quem é que olha pelos coitados dos famintos da Somália? Não dá Ibope, não dá aumento de market share, não tem o
charme da sustentabilidade, é um dos países mais pobres do mundo (senão o mais pobre de fato), de maioria nômade, negra e islamita… Tribal. Não têm petróleo, nem diamantes, nem nada…
Então, que tal o Pan Rotas divulgar no seu site e no seu jornal uma campanha humanitária que é da Cruz Vermelha Internacional? Em apoio à Cruz Vermelha que é, sabida e comprovadamente, uma organização séria e ativa?
Obrigado pela sua ajuda.
Um abraço,
Rodolpho Gerstner
RCA”
Aqui vai o link da Cruz Vermelha Internacional:
http://www.icrc.org/web/por/sitepor0.nsf/iwpList2/Help_the_ICRC?OpenDocument