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OS FATOS MAIS IMPORTANTES DO TURISMO EM 2012 (para mim)

Cada um tem sua leitura do ano, sua visão do que foi mais ou menos importante em 2012. Para sua vida, sua empresa, para o turismo em geral. Como eu gosto muito de listas, aqui vai uma em que tento listar, na minha opinião (NA MINHA OPINIÃO, bom frisar), quais os acontecimentos mais importantes do ano. E só vou colocar dez. É Top 10. Mais que isso já é retrospectiva e já publicamos a nossa, oficial, na semana passada.

Mas convido os blogueiros e os leitores a também realizarem suas listas e publicarem aqui. Convidei a Izabel Reigada para fazer um Top 10 seu logo após a minha lista. Para verem coincidências e divergências. Tomara que sejam todas diferentes. Afinal, ninguém quer ser igual ao outro. Ou quer?

Começo do décimo até chegar ao que (NA MINHA OPINIÃO) foi o acontecimento mais significativo do ano.

Ah sim, não incluí fatos ligados ao PANROTAS, por questões éticas, mas vale lembrar que este ano o Jornal PANROTAS completou 20 anos e ainda é o único semanal de informações sobre turismo do País; que o Fórum PANROTAS chegou à décima edição e levou, entre outros, o presidente da Tui, Peter Long; que elegemos os melhores promotores de vendas do mercado; e que o Suplemento PANROTAS na Abav publicou sua segunda lista dos 50 mais poderosos do turismo, encabeçada por Guilherme Paulus e Goiaci Guimarães. Entre outros fatos e eventos.

Agora, a lista:

10 ABAV REAGE

A Feira da Abav estava no caminho da extinção. Diminuindo a cada ano, apesar dos números fantasiosos divulgados (tipo 20 mil agentes de viagens… onde, cara pálida?). Eis que Antonio Azevedo resolveu chacoalhar o evento, já pensando na edição 2013, em São Paulo, quando se espera uma virada. A entidade também entrou na Justiça contra a Reed, que organiza a WTM Latin America. Com a feira encaminhada, falta rearrumar a própria associação, o que está na agenda de Azevedo.

9 BYE BYE, CRUZEIROS

Continuamos a sofrer com os custos do País para o turismo e com a infraestrutura capenga. Prova disso é o número de cruzeiros na costa brasileira que diminui a cada temporada. Em 2013/2014 haverá o maior corte, com pelo menos quatro navios dizendo “bye bye, Brasil”. Ásia e Oriente Médio estão dando mais dinheiro, especialmente por causa dos custos menores. O sonho de sermos um Caribe alternativo naufragou. E a recuperação, se for de interesse do País, será demorada, pois trata-se de uma indústria que se programa com alguns anos de antecedência.

8 NÃO DEU DE NOVO, BRASIL TRAVEL

A ideia é ótima: uma holding com empresas de turismo, e capital aberto na bolsa. Mas depois de duas tentativas e debandada de empresas-âncoras, a Brasil Travel está se reestruturando. O trade acompanhou, nos bastidores, o a dificuldade da Copastur e da Costa Brava para saírem da holding. Desde então nenhuma empresa de turismo se arriscou na bolsa. Mas em 2013, o mercado espera empresas como CVC e Smiles dando o ar de sua graça na bolsa.

7 CVC E SUA REDE FRANQUEADA

2012 foi o ano em que a CVC mostrou sua nova cara. Reformulação total, novas ferramentas e processos, valorização dos fornecedores preferenciais, adesão total à causa multicanais… A nova CVC recomeçou o jogo. Mas a principal jogada, sem dúvida, foi o acordo com os proprietários de suas lojas pelo Brasil, agora franquias, com novo contrato. A aproximação com os agentes de viagens também deu frutos: a filial 900, que só cuida de agências em São Paulo, depois de anos de vendas decrescentes, registrou aumento de 5%.

6 EXPLOSÃO HOTELEIRA

Há quem esteja com medo da ressaca da boa fase da hotelaria nacional. A maioria voltada ao corporativo e ao público de luxo, pois as tarifas nunca estiveram tão altas. Muitos apostam em um ciclo mais realista depois dos grandes eventos esportivos. O Rio de Janeiro é citado como exemplo máximo de uma hotelaria cara, mas vale ressaltar que, ao contrário de outras praças, o Rio não estimulou a construção de flats e a superoferta. Portanto, soube gerenciar seu inventário hoteleiro. A destacar, ainda, na hotelaria, a compra da Posadas pela Accor na América do Sul.

5 FAVORECIMENTO

O Turismo de novo nas páginas policiais. Depois das prisões no MTur e Embratur, desta vez o alvo foi um diretor da Anac, Rubens Vieira, acusado de ser um dos cabeças de um grupo que usava seu poder para influenciar decisões no governo. Muitos executivos de aviação lembram, com certo ar de vingança, dos chás de cadeira que tomaram do diretor da Anac. Surpreendente foi a frase de seu irmão, Paulo, que também abordou a “importância do turismo”: “lembre-se (dirigindo-se ao irmão) que o Turismo pode ser um lugar muito bom para o nossos planos de poder na Bahia e em São Paulo no tocante à liberação de recursos. Mas a prioridade no momento é a diretoria da Anac”. O salário de Rubens na Anac era de R$ 23.757,36. E tudo passava, segundo a PF, pela chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha.

Enquanto isso, vamos mencionar o esforço do ministro Gastão Vieira, do Turismo, que moralizou no MTur e agora tenta acelerar processos e voltar à parceria com o trade e os Estados.

4 PREJUÍZOS NA AVIAÇÃO

Troca de comando na Gol e na Tam, sendo que na primeira entra o ex-presidente da Audi, Paulo Kakinoff. Prejuízos gigantescos de ambas e a reclamação em relação ao custo Brasil. O setor decide criar a Abear, para tentar se comunicar melhor com o público e o governo, mas o difícil ano de 2012 vai ecoar por muito tempo ainda na história da aviação brasileira. União de Azul e Trip, fim da Webjet, demissões na Gol, encolhimento das malhas de Tam e Gol, obras insuficientes nos aeroportos, taxas aeroportuárias galopantes… para parte do governo, o problema é falta de concorrência. Situação é delicada e preocupante.

3 É MULTICANAL

Os passageiros estão viajando e gastando no Exterior. No Brasil, tudo depende do preço, das promoções. Mais que nunca, porém, foi o ano do multicanal para o passageiro, que pesquisa, compara e acha que sabe mais que todos, por causa da internet. Resultado: todos têm de rever seus modelos. Nem as OTAs vão viver esse mar perfeito por muito tempo. O mercado mudou, e rápido. E a sua empresa? Quem ainda não acredita nos múltiplos canais (e quem quer vender tem de traçar sua estratégia pensando nisso) pode ficar esperando tempo demais o cliente bater na porta.

2 REXTUR/ADVANCE

Profissionalismo, visão de mercado, estratégia, planejamento e… sorte. Claro, sorte também foi importante para que a fusão da Rextur com a Advance desse mais que certo. Nasceu, assim, o maior grupo de consolidação aérea do País. E ainda com uma parceria estratégica com a Trend, consolidadora hoteleira. Ou seja, foi o primeiro projeto de união de gigantes que vingou e todos agora têm a megaempresa como referência. A Esferatur, por exemplo, já criou seu grupo, fundindo-se com a Mix Tour. Mas não se sabe o que ocorrerá em relação a algum acordo com outras empresas. Flytour e Gapnet estão próximas da Esferatur, mas nada mais substancioso foi anunciado. O mercado aguarda… A consolidação ainda vai dar o que falar em 2013.

1 TURISMO WEEK

Escolhi esse tema como o mais importante do ano, independentemente dos resultados. O que me chamou a atenção foi uma entidade, no caso a Braztoa, olhando além do próprio umbigo (ou além de sua própria feira). Claro, foi motivada pela fraca temporada de julho e pelas reclamações de seus associados (em relação às vendas). Mas buscou uma solução que envolveu todo o mercado, uma campanha que falou com o público final e os agentes de viagens, e esses acabaram valorizados, ao ajudar no atendimento dos clientes. A Braztoa mostrou estar preocupada com os associados e o modelo que representa e tratou de inventar algo (muito usado lá fora) para movimentar a baixa estação. A entidade não tem medo de pensar em coisas novas e diferentes, tanto que provavelmente não terá mais seus encontros realizados de forma independente e sim dentro da WTM (já fechado) e da Abav (em negociação – claro, com a Abav tudo é um pouco mais lento). Ainda acho que o turismo brasileiro precisa de uma versão verde e amarela da US Travel Association, que trate o mercado como mercado e não apenas de olho em um ou outro interesse. Muito menos apenas em feiras. Foi um bom exemplo (não estou analisando resultados, repito), que me surpreendeu (pois já estava desacreditado), mas nem tanto pois Marco Ferraz, presidente da Braztoa, tem se mostrado no mínimo mais aberto e interessado que os demais. O senão fica por conta de uma questão eterna: quando a entidade sabe que uma de suas associadas vai mal (digo, devendo na praça, não pagando a fornecedores), o que ela deve fazer? Expulsar e ajudar a matar ou se fingir de morta? Assunto para 2013.

UMA SEGUNDA OPINIÃO (por Maria Izabel Reigada)

1 – Conquista de um bilhão de chegadas internacionais (Enquanto o Brasil comemora ultrapassar 5,7 milhões de turistas estrangeiros)

2 – Fusão Rextur Advance (A união de duas grandes concorrentes no mercado da consolidação, um dos setores com concorrência mais acirrada no turismo, impactou o mercado, que reagiu com outras fusões, parcerias, novos modelos de associação etc)

3 – Fusão Azul e Trip (Embora tendência na aviação, a fusão da tradicional Trip com a novata Azul deu início a uma companhia aérea com cerca de 15% de market-share)

4 – Falência do modelo inicial da Brasil Travel (A união de operadoras e agências de viagens com características diferentes e espalhadas geograficamente pelo País movimentou o trade no final do ano passado. A proposta de abertura de capital, no entanto, não se concretizou, mostrando que o setor talvez não esteja preparado para esse tipo de consolidação. Em muitas empresas, ainda impera a informalidade)

5 – Expedia no Brasil (A chegada da maior OTA do mundo ao Brasil demorou mas, segundo seus representantes, ocorreu na hora certa. O segundo semestre foi marcado por notícias de empresas de diferentes segmentos criando OTAs, como o Walmart e a livraria La Selva. A previsão é de que as vendas on-line de viagens e turismo somem R$ 13 bilhões no País neste ano)

6 – Fim da Pluna e da Webjet (A falência da companhia aérea de bandeira do Uruguai surpreendeu o mercado e causou sensíveis prejuízos no Brasil, deixando passageiros nos terminais dos aeroportos e agências de viagens com passagens vendidas. No caso da Webjet, o prejuízo foi para os funcionários da empresa, uma vez que a Gol anunciou a demissão de 850 colaboradores com o fim da aérea)

7 – Realização da Turismo Week (A iniciativa da Braztoa ressaltou a importância dos agentes de viagens na cadeia produtiva do turismo. Com promoções e descontos, as operadoras não deram conta de atender toda a demanda de passageiros, mostrando, também, que a classe média está ávida por viagens e turismo, especialmente com preços promocionais)

8 – Fim da Tia Augusta Turismo (A notícia não foi exatamente uma novidade, porque há tempos o mercado comentava sobre a débil saúde financeira da operadora. Mas o fim das atividades surpreendeu o mercado especialmente diante da informação de que a empresa já não vendia pacotes próprios desde outubro. Ainda assim, cerca de 500 clientes tinham pacotes comprados com a operadora até o carnaval de 2013)

9 – Saída da Abav do Rio de Janeiro e briga com Reed Exhibitions (Foram dez edições da principal feira de turismo do Brasil realizada no Rio de Janeiro até a mudança do evento para São Paulo, a partir de 2013. O presidente da entidade anunciou a mudança em janeiro e, ao longo do ano, foi mostrando algumas das novidades – para a edição deste ano e para a próxima)

10 – Naufrágio do Costa Concordia (Acidentes acontecem, mas há muito não se via um naufrágio de navio como foi o do Costa Concordia. Apesar da proximidade com a ilha de Giglio, na costa da Itália, o acidente foi responsável pela morte de mais de 30 pessoas)

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Artur, faltou a falta de estrutura aeroportuária, começando com o avião cargueiro em CPQ, e terminando ontem com a falta de geradores no blecaute no Santos Dummont.

    Feliz 2013.

    • Viracopos foi uma vergonha mesmo. E surpreendente como demorou a ser resolvido o problema. Apagão no Galeão (se sou eu na fila do estacionamento, tinha passado na marra), Santos Dumont mais quente que rodoviária… Vamos pedir a volta da Rosemary assim…

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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