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PAES, RIO E A PROMOÇÃO DO BRASIL

Ainda acho que o grande problema da promoção do Brasil no Exterior, além da lentidão das decisões da Embratur, devido a seu modelo de gestão, é a falta de dinheiro. Não dá para comparar com o que gastam grandes destinos.

De qualquer forma, acho louvável, corajoso e muito pertinente que o prefeito da cidade que é o símbolo do Brasil no Exterior venha a público falar de forma crítica sobre o turismo. A tendência é que em seus discursos, os prefeitos e governadores leiam textos preparados por seus assessores baseados em “dados oficiais”. Assim sendo, ele enalteceria o trabalho do governo federal, o crescimento no número de turistas estrangeiros, da receita… sem se atentar para fatos como a queda do turista europeu e americano, o encarecimento do produto Brasil e os parcos recursos para divulgar o Brasil lá fora. Além do fato de termos inimigos políticos ocupando os dois cargos principais do turismo em nível federal, o que, discursos à parte, não funciona.

Paes mostra que se preocupa com o turismo, o que é óbvio para o alcaide de uma cidade como o Rio, mas também que conhece (já foi secretário estadual de Turismo) e que sabe onde está falhando também. A situação do Corcovado é um exemplo. O Rio melhorou e muito sob sua administração, teve grandes conquistas, vai brilhar na Copa e na Olimpíada, e o governo federal tem de estar alinhado não apenas com ele mas com outros ícones do turismo, como a Bahia, Foz do Iguaçu, Fortaleza, Amazonas…

Em dez anos da “nova” Embratur, desculpem os que lá estão ou estiveram, não vi avanços. Vi boa vontade, mas não vi dinheiro. Vi números de turistas tímidos (comemorar 5,7 milhões?), o encarecimento do Brasil (o que ajuda em mais receita), por culpa do governo e dos empresários de receptivo de alguns destinos, vi escândalos, vi falta de recursos (o que já justifica muito da falta de resultados), falta de continuidade e participações tímidas em ações no Exterior. Vi também boas ações (em Londres, Nova York), mas também a falência do modelo de EBTs, vi presidentes justificando os números pelas crises diversas (mas sempre haverá crise em algum lugar do mundo), vi muita boa vontade, vi presidentes preparados (acho que não conheci um presidente de Embratur que não soubesse se articular, que não fosse inteligente e interessado… o que não podemos dizer do MTur, não é mesmo?), mas só boa vontade não adianta.

Muitos podem questionar se é a melhor maneira de criticar a escolhida pelo prefeito Eduardo Paes. Mas há uma hora que tapinhas nas costas cansam e é preciso usar megafones sim.

No mínimo a Embratur tem de aceitar as críticas do prefeito Paes. Não acredito que um bate boca irá resolver. Mas é ela quem decide o que fazer e há um plano a ser seguido. Pode escolher continuar com o que acredita ser o correto (dentro de suas limitações) ou aprofundar-se na opinião do prefeito. Pode escolher dizer: mas ele não tem nada com isso e quem decide somos nós aqui em Brasília, ou responder criticando o Rio em seus muitos defeitos. Há vários caminhos a seguir. Ignorar Paes não seria bom. Mas ele não está falando sozinho… Basta conversar com a hotelaria, com operadoras e agências, com empresas aéreas, para ver que a gente espera mais. Todos esperamos mais.

Vamos começar pedindo mais recursos para promover o Brasil lá fora. Mais rapidez para a Embratur (desde Jeanine Pires há a tentativa de transformá-la em fundação). Mais parceiros sérios no trade para suas ações (os escândalos mostraram também falhas do lado de cá). Boa vontade e talentos, já disse, não há dúvidas de que há. E Copa e Olimpíada não farão o que queremos por si só. Nós temos de tirar o proveito que queremos: mais receita, mais empregos, mais infraestrutura, mais qualidade nos produtos, mais profissionais capacitados, mais diversidade de turistas e turismo, mais transparência… Mais… Mais… Mais… O Brasil e a indústria do turismo merecem.

Dizem alguns especialistas que estamos uns 50 anos atrasados em relação aos Estados Unidos no tamanho de nossa indústria… Vamos acelerar. É preciso. E será bom para todos.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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  • Prezado Artur,

    gostei do seu texto; bem oportuno. Particularmente, o final, onde enfatiza os vários “mais” que a cidade, e o país precisam, em termos de divulgaçãoe acertos nas estratégias do turismo tupiniquim. Porém, coincidentemente, hoje, foi noticiada mais uma grnade “pizza” no nosso legislativo, onde o Caso Cachoeira termina sem NENHUM mísero indiciado… ZERO! Os (sic) digníssimos deputados gastaram meses discutindo, “investigando”, comprovando e, principalmente, RECEBENDO remuneração extra, por participarem desta CPI, para no fim, chegarem à conclusão de que a contravenção nem era essa coisa toda, que os milhões que transitaram entre contas, contratos de empreiteiras e demais serviços públicos e outra infinidade de escândalos, devem ser jogados para debaixo do tapete, aproveitando as festas de fim de ano, que o brasileiro não tem memória, vai reclamar que é tudo assim mesmo, e após os fogos de 2013 em Copacabana, nem se irá mais falar no assunto, pois o interesse será Copa das Confederações, e quem será o candidato dos partidos, para as eleições de 2014… “Mais, mais, mais, …” você escreveu; na minha cabeça, imagino que os Srs. do legislativo devam pensar exatamente como você, ou seja, mais, mais, mais… Aonde mais eu posso ganhar um extra, sem que eu possa ser descobeerto, ou pôr em risco o meu mandato, e continuar nas tetas do povão que me sustenta, com a MAIOR CARGA TRIBUTÁRIA do planeta?…
    O pensamento é o mesmo; já o foco? Isso é outra história.

    • Olá Luiz
      E você acha que nossos políticos estão preocupados em não serem descobertos ? O que você colocou acima é fato, absurdamente fato, mas como nunca são punidos, continuam roubando descaradamente. E ainda são premiados pela presidência da república, do senado, da câmara, legislativo, judiciário e executivo … como que podemos acreditar em mudanças ?!? Abraços.

  • Olá Artur.
    Bom texto, boas colocações do Paes, e muito infeliz a resposta da Embratur. Se a embratur fosse tão rápida e competente nas ações mínimas que deveria fazer como foi pra dar a resposta ao Paes, no mínimo já teríamos caminhado uns 10 anos dos 50 atrasados. Saudações.

  • oi Artur

    adorei o seu texto (como sempre).
    o fato não é so promover o destino Brasil la fora + aqui dentro tambem, vejo poucas ações ou quase nenhuma (peço desculpas se estou errada).
    sera que não aprendemos nada com as palestras oferecida no forum panrotas do Mexico,Chile, Barcelona e etc.

  • Ontem, um casal de Colombianos desembarcou no Santos Dummont. Pediram ao taxista que cobrasse a corrida no taxímetro. Depois de muita discussão o taxista aceitou e ao chegar no destino, não quis dar R$ 4 reais de troco. Quando o marido saiu do carro e a esposa se preparava para sair, o motorista acelerou o taxi e arrastou a mulher, ferindo-a levemente.

    Eles registraram BO e disseram que não voltarão ao Brasil.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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