Em primeira mão, o editorial do Jornal PANROTAS 978
Um sonho para o próximo Congresso da Abav: uma abertura de evento sem discursos. De ninguém. Nenhuma autoridade. Seriam convidados pela entidade apenas aqueles que ela julga importantes (independentemente de cargos, patrocínios e apadrinhamentos) para anunciarem resultados relevantes para o turismo brasileiro. O presidente da Embratur, por exemplo, seria chamado para mostrar números, dados objetivos e práticos. Se é para explicar pela nonagésima vez o Plano Aquarela, falar que o Brasil ficou sem voos depois do fechamento da Varig e dizer que o foco é trazer mais sul-americanos, melhor indicar reportagens passadas à disposição na internet. Queremos resultados. De preferência condizentes com a realidade do mercado, do empresariado.
Os presidentes de empresas aéreas, que pagam a festa mas entram mudos e saem calados, poderiam, por exemplo, ser convidados a dizer o que têm feito para melhorar a relação com o canal indireto de distribuição, que facilidades foram lançadas e as que virão, como está o mercado de aviação, que atualizações virão…
E que tal a Infraero ou o secretário de Aviação Civil para falarem de infraestrutura? Ou o Cade para analisar a concorrência do setor?
Em seu “discurso”, o presidente da Abav, Carlos Alberto Amorim Ferreira, o Kaká, tem um prato cheio pela frente. Kaká teve a coragem de fazer importantes mudanças na Abav e na feira. Algumas, como a mudança no tamanho do Conselho da Abav, só terão resultados na próxima gestão, que não o terá como líder dos agentes (não pode ser reeleito). Outras, como a mudança na Feira das Américas, já podem ser avaliadas por ele. Levar resultados transparentes para participantes, expositores e a imprensa seria um grande feito. Dizer, a essa altura, que o agente de viagens tem de mudar, que a feira está atraindo expositores diferentes (na verdade há um rodízio que não é o ideal) ou falar da interdependência com empresas aéreas, é chover no molhado.
A Abav precisa mostrar, uma vez mais, liderança e vanguarda. Kaká tem de passar o bastão ao próximo presidente com coragem e ousadia.
Governadores (sempre há mais de um na abertura) e o prefeito do Rio também têm de partir para resultados,s e convidados forem a discursar. Ou então apenas sorriem e acenem, não nos façam perder tempo.
Os congressistas precisam ver o outro lado do Rio, como os grandes eventos estão mudando a cidade. A imagem que se tem do destino depois de uma participação na Feira das Américas é a de uma cidade cara e com o centro de convenções longe e com acesso difícil. Pode até ser, mas o Rio é muito mais que isso e deveriam existir oportunidades para que os participantes degustassem a cidade e vissem as transformações, o bom serviço, as belezas, as coisas que “só no Rio”. Apresentar um pouco desse Rio na abertura seria algo oportuno, no lugar de buscar um estado patrono e ficar mostrando vídeos que estamos cansados de ver.
Para quem não tem o que dizer mas é uma autoridade, a menção e o agradecimento da Abav são mais que suficientes. E durante a feira haverá oportunidades para divulgar aqueles comunicados cheios de lugar-comum e falsas prestações de conta.
Aos que vão levar as mesmas estatísticas (duvidosas), os mesmos discursos, os mesmos pedidos e textos que bastaria substituir nomes, lugares e setores para fazerem o mesmo efeito (nenhum), vale o conselho de que o tempo de todos, incluindo o deles, tem de ser mais bem aproveitado, valorizado e respeitado. Especialmente por quem é pago pelo dinheiro público.
Ainda um sonho, como dissemos na abertura. Mas, como nos lembra o samba enredo da carioquíssima Mocidade Independente de Padre Miguel, “deixe a sua mente vagar, não custa nada sonhar, viajar nos braços do infinito, onde tudo é mais bonito, nesse mundo de ilusão, transformar o sonho em realidade, e sonhar com a mocidade é sonhar com o pé no chão”.
Meu caro, quem sabe todos os que passarão pelo “pulpito” na abertura do Congresso sejam avisados e tenham tempo de ler este brilhante roteiro….!!!!! By the way, o Rio de Janeiro está ou já entrou num ciclo virtuoso que com certeza o reconduzirá ao posto de cartão postal para o mundo, como cidade para lazer e negócios.
Artur,
É um sonho, mas diz o poeta que “quem pode sonhar, pode realizar”! Quem sabe os “citados” sintam-se tocados por este poema e tenhamos uma grata surpresa na abertura da Feira das Américas? Se não for neste ano, um dia será!
Abraço.
Artur,
Gostei deste editorial, mas (infelizmente) terminaria com aquele outro samba: “sonho meu, sonho meu…”
Mas e como já bem disse o Rui Carvalho, “Se não for neste ano, um dia será!”
Oxalá!
Abraços,