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Dia a dia

Pode desapegar, Barbosa. Agora temos Mineirazo

O folclórico Galvão Bueno e a papagaio Patrícia Poeta (que só repete o que ele fala) usaram diversas vezes a palavra tristeza para identificar o resultado do jogo Brasil X Alemanha pela semifinal da Copa das Copas, a Copa do Brasil, a Copa em que a Fifa, as TVs, as mídias especializadas em esporte, as empresas ligadas ao evento e ao futebol e cia. mais ganharam dinheiro na história. Como evento, para o Brasil, ótimo. Para os organizadores, melhor ainda. Se o Catar cair fora, voltem para o Brasil em 2022. Que tal 24 sedes?

Agora, tristeza? Será isso mesmo? Fico com perplexidade diante da burrice. A seleção empresa sabe ganhar dinheiro (Felipão, Neymar e companhia nunca fizeram tantos anúncios, nunca nos assombraram tanto com produtos diversos), mas não sabe reagir a um gol de uma seleção mais forte ou mais esperta? A Alemanha, dizem, não entendo de futebol, jogou friamente, cientificamente… Mas com vontade.

A segunda burrice dos brasileiros foi essa falta de garra. Hoje o dinheiro sobra, a fama é compensatória… Mas quando os anos se passarem e só ficar a história… terá valido a pena? O dinheiro curará esse fantasma? Triste foi a tragédia de 1950 e o goleiro Barbosa finalmente se livra de um peso que carregou enquanto viveu. Há 50 outros agora para carregá-lo, entre dirigentes e jogadores. Mas apenas um ou dois (no máximo 11) entrarão para a história como vilões. Os demais serão esquecidos. E isso é normal. A vida segue. É só futebol. E nos ensina, diverte, irrita… Há tempos não vejo uma Copa em que o Brasil jogue com vontade de ganhar. É o excesso de “estrangeiros”?

Mas o futebol é sempre uma caixinha de surpresas e a glória pode vir ainda. Para muitos deles. E até superar a vergonha desse dia 8 de julho. Vejam o caso de Ronaldo, Fenômeno, que, aliás, disse na transmissão que os jogadores estavam apáticos, sem vontade de vencer. Ah, Ronaldão… falamos o mesmo de você quando perdemos de 3 a 0 para a França naquela famosa final. Você não lembra?

Naquela Copa dos ingressos falsos (e olha que a máfia dos ingressos continua firme e forte hein… e os trouxas tentando comprar pela internet), a Copa em que a França mostrou como não organizar um evento, a Copa em que Ronaldo teria amarelado (foram os boatos e opiniões da época, não?), a Copa da loirinha casada hoje com o Júlio César… Como é mesmo o nome dela? Tinha até o Pedro Bial, né…? Copa é assim. Cheia de teorias da conspiração. É como a política: lembro de um boato em que Glória Maria teria presenciado a morte de Tancredo Neves e desaparecido por um bom tempo. O que seriam das Copas sem os boatos e as opiniões apaixonadas, como se isso, o futebol, fosse algo decisivo em nossas vidas (para nós meros mortais e espectadores, claro)… Aliás, muitos técnicos disseram que esta Copa estava comprada para o Brasil. Devolvam o dinheiro então. E se as teorias fossem certeiras, o Brasil seria hexa na Rússia. Não? Pausa para parabenizar a criatividade e o bom humor crítico dos brasileiros na internet. Neymar com atestado médico, Fred imobilizado, o chope vencendo a caipirinha…

Já que falei de política, acho que qualquer coisa que se misture com política (esportiva, associativa, sindicalista ou a mais pura política governamental) acaba se desvirtuando. A política é vista como poder, ganância, se dar bem, ganhar dinheiro e não como algo para o bem coletivo de quem os elegeu (mas isso é outro post).

Ou o futebol brasileiro encontra um caminho, ou mais vexames grandes virão (mas dinheiro também). Ou o futebol brasileiro se moderniza (e Felipão, uma simpatia dando palestra, mostrou-se ultrapassado e teimoso, como muitos líderes o são), ou outras empresas tomarão seu ligar. Ou os jogadores estrangeiros aprendem o que é ser brasileiro… ou… ou nada. É só futebol. Ou tudo fica como está e na próxima Copa estamos de novo cantando a música do Itaú, da Coca-Cola, da Globo… Mas em qualquer deslize, e em qualquer confronto com a Alemanha, os dados históricos voltarão à tona: a derrota histórica por 7 a 1 (e acho que os alemães receberam ordem para parar. Passar de 10 seria uma agressão e motivo de deportação).

E agora? Torcemos para quem? Melhor a Argentina passar para a final? Já pensaram perder de 8 a 0? 10 a 1? Não vai ser mais tão surpreendente. A gente sabe que a vida segue, e alguns, às vezes, estão apenas aprendendo com a vida.

Um jogo que ficou para a história. Uma Copa idem. O saldo é positivo. Deixem os podres embaixo do tapete. A vida se encarrega de dar lições, nem que seja no mundinho particular de cada um. Na TV, para bilhões, tem de ser show. Como fez a Alemanha e, de certa forma, nossa seleção. Sem aquelas caras parvas olhando os alemães jogando, não teríamos do que falar com tanta perplexidade agora.

Daqui a pouco recomeça o Brasileirão. E meu Mengão ainda na zona do rebaixamento. Ano longo… Com eleições no meio.

P.S.: Termino a Copa com raiva e vergonha alheia da mania dos jogadores brasileiros se jogarem no chão para cavar pênaltis e falta. É o estilo malandro de ganhar pela via mais fácil e menos ética. O personagem título desse filme: Fred. Mas Marcelo, Maicon e cia. também fizeram muito. Admiro o Neymar que vai pra cima e não tem medo da falta. Já o Bernard… quem?

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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