No editorial desta semana do Jornal PANROTAS, abordo como não sabemos fazer política no País e no Turismo. Recentes decisões de prefeituras em não mais fornecer diretamente “incentivos”, “verba” ou “infraestrutura” para eventos como a Parada Gay de São Paulo e o Carnaval do Rio mostram claramente isso.
Seria ótimo se todos os eventos fossem geridos pela iniciativa privada, afinal, já falei sobre isso e não mudei de opinião, é o empresário que toca esse País. O prefeito de São Paulo, João Dória, sabe disso, pois cresceu em meio aos maiores empresários do Brasil e incentivando sua aproximação e troca de negócios e experiências, e deve estar “cortando um dobrado” em uma função pública.
Há, porém, um limite, em alguns casos, para até onde o governo pode passar sua parte para a iniciativa privada. No caso do Turismo, falta o entendimento de tudo o que o setor gera para a cidade: do ISS aos empregos, da promoção dos destinos à ocupação hoteleira, da venda do ambulante à do comércio…e por aí vai. Colocar em risco a realização de alguns eventos significa, em dúvida, economia para os cofres públicos; mas a não realização dos mesmos trará prejuízos maiores a um País com eterno potencial turístico e dados pífios de visitação internacional e uso de meios tradicionais, como hotelaria e aviação regular.
Em São Paulo, com certeza a Parada Gay conseguirá atrair patrocinadores em um evento mais bem organizado e em novo local, talvez o Sambódromo, a ser cedido pela Prefeitura. O Carnaval do Rio idem. Mas as prefeituras não podem dar as costas para esses eventos e nem usar da demagogia de que o dinheiro irá para as criancinhas. Isso não se faz.
Se o dinheiro dos impostos gerados pelo Réveillon, Carnaval, Marcha de Jesus, Parada Gay, Congresso de Supermercados, Salão do Automóvel ou qualquer outro evento, pequeno que seja, ou de grandes proporções, não estiver sendo usado para as criancinhas ou para o dever do Estado (saúde, educação, segurança, cultura, saneamento, transportes…) é apenas sinal de que os governos não estão bem organizados, não veem o Turismo como gerador de receitas (e sim como festa de quem não tem o que fazer) e estão usando mal o dinheiro público.
As prefeituras e governos estaduais precisam tirar o melhor da receita gerada pelo Turismo. Aumentar essa receita.
Em um País de delações, em que corruptos devolvem R$ 100 milhões aos cofres públicos como quem dá troca de bala ou amendoim na lanchonete, e ao mesmo tempo vemos hospitais fecharem as portas por causa de R$ 1 milhão ou menos, é de se lamentar que o Turismo não seja visto como negócio. Saída. Solução. Por que todo o imposto gerado pelo Carnaval não é direcionado para as criancinhas e suas merendas? Por que os que roubam das criancinhas e suas merendas, e são vários os exemplos pelo Brasil, não são condenados à pena máxima, pois com certeza muitas morreram ao serem mal alimentadas e não terem tido oportunidades.
É o País das regras enviesadas.
E do Turismo visto como supérfluo.
Repito: as parcerias com a iniciativa privada são sim a saída e o prefeito de São Paulo conhece o caminho das pedras (inclusive nas chamadas áreas essenciais). Mas os governos precisam olhar os eventos, o Turismo, as viagens como aliados… Armas de desenvolvimento. E não oba-oba, quando não “pecado mortal”.
PS: Tenho uma opinião polêmica sobre a Parada Gay, mas deixo isso para outro post. E também sobre o Carnaval do Rio… Mas são eventos importantes, e não quero que minhas opiniões tirem o foco dessa importância nesse momento do debate.
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