Duas fotos do Jean-Talon Market (Marché Jean Talon). A primeira, as famosas berries de Quebec (50% da produção mundial estão na província, onde está Montreal). E o melhor da patisserie francesa, ou melhor, quebequiana. Juro que não fui eu quem pegou a cestinha de berries (frutas vermelhas) que está faltando…
A primeiríssima impressão que tive de Montreal guardei bem guardada, pois podia estar errado, equivocado e depois ter de me desmentir. Mas eis que hoje, no segundo dia na cidade, nossa guia, Ruby, moradora e fã ardorosa de Montreal, deu a deixa que eu queria e confirmou minhas primeiras impressões. Montreal não é uma “wow city”. Não é o Rio, que já do alto te conquista com as belas paisagens e grandes ícones turísticos. Não é Roma, Nova York, Sydney, Cape Town, que te abraçam ou envolvem ou te dominam de um jeito que não dá para escapar. Montreal é um bem guardado segredo que tem de ser descoberto aos poucos. Melhor, degustado, pois a cidade tem na gastronomia, não apenas francesa, um de seus pontos altos.
Viajada e experiente, a guia Ruby já listou do que os quebequianos mais gostam de fazer e comentar: o time de hóquei no gelo Montreal Canadiens (o que mais ganhou a Stanley Cup na história do torneio, apesar de já não ganhar há algum tempo – desde 1992/93) é uma religião e vem em primeiríssimo lugar; seguido de gastronomia; bicicleta (as famosas velos, em francês); dança…e em quinto, talvez, sexo. Bom, isso é piada interna de Ruby, mas nos outros quatro acredito.
Os moradores falam francês o tempo todo e nas placas é a língua oficial, mas todo mundo entende e fala inglês. Além da língua dos país (muitos imigrantes) e ainda uma quarta, que pode ser italiano, japonês, português (de Portugal) e espanhol, a que mais cresceu nos últimos dez anos.
Sem grandes ícones como a Torre Eiffel, o Cristo Redentor, o Big Bem ou a Table Mountain, Montreal conquista nos detalhes. Em cada uma de suas neighborhoods (como os nossos bairros), há uma especificidade, uma vida própria e atrações únicas. É por aí que precisamos descobrir a cidade. Não no macro e sim no micro.
E se for de bicicleta, melhor ainda.
DEZ COISAS QUE ME CHAMARAM ATENÇÃO
1 – O francês é apenas a mais externa expressão de quão européia é a cidade. Há locais muito charmosos e as pessoas não têm pressa, como nas grandes cidades.
2 – Os bairros possuem suas individualidades como pequenas cidades dentro da cidade. Como sabemos que passamos de um bairro para o outro? Os postes são diferentes. Além dos sabores, lojas, estilo de vida…
3 – Apesar do Parque Mount Royal, da Biosfera (na foto, que foi o pavilhão americano na Exposição Universal de 1967), da Igreja de St. Joseph e de outros prédios serem famosos e apontados pelos guias, a cidade não tem um grande ícone. A atmosfera é o que nos conquista.
4 – Como São Paulo, Toronto, Nova York…come-se de tudo aqui. Mas vale lembrar que estamos na América do Norte, nos sentindo na Europa, com o sotaque quebequiano.
5 – Não há bairros GLS e sim ruas e áreas que se tornaram famosas, como a da rua St. Catherine, ou certos trechos do Plateau. Mas é um segmento dos mais fortes, com muitas opções do que fazer. Mesmo.
Essa foto mostra bem vários aspectos da cidade: 1) é a parte GLS da Rue St. Catherine 2) no verão é fechada para carros e vira uma rua de pedestres apenas 3) veja um quebequiano em sua vélo 4) cachorros são bem populares por aqui 5) a cidade, ao menos no verão, tem essa cara: jovem e alegre
6 – A bicicleta é tão popular (e só é guardada ao sinal da primeira neve do inverno) que a prefeitura criou a bixi – bicicleta táxi. Em vez de usar um táxi, vá de bicicleta, chama de vélo (velô) pelos moradores. Por US$ 5 usa-se por um dia todo, mas as “corridas”, como em um táxi, têm de durar menos de meia hora. E há 500 pontos para se pegar ou devolver a bixi. Quem passa desse tempo, que está incluso no preço por 24 horas, paga um extra, como no taxímetro…
7 – Definitivamente nós não aproveitamos bem nossa generosidade de sol. O verão por aqui tem até excesso de eventos. Tem desde campeonato de fogos de artifício em uma das pontes da cidade até festivais de todos os tipos de música. De esporte a moda. As ruas ficam cheias até tarde e a programação é intensa todos os dias.
8 – Cultura é vital em Montreal. Há desde exposições sobre Miles Davis e os figurinos do Cirque Du Soleil, cuja sede é aqui, até arqueologia, história, pintura, esportes… arte tradicional ou moderna, contemporânea ou experimental. Só de andar pela rua St. Paul já conseguimos apreciar ótimas galerias.
9 – Os Jogos Olímpicos de 1976 e a Expo 67 mudaram a cara de Montreal. Segundo a guia Ruby, foram as últimas vezes em que se mexeu na infraestrutura da cidade. Agora, estão mudando algumas ruas pela primeira vez. O metrô, construído para a Expo 67, mantém os mesmos trens, que usam pneus de borracha, que evitam rachaduras em alguns prédios. Houve elefantes brancos? Sim. Mas a cidade ganhou uma bela arrumada.
10 – Ainda não é um destino final para brasileiros. É obrigatória combinar com Quebec City, meu próximo destino, Toronto ou mesmo Nova York e Boston.
Um dos 500 pontos de retirada ou devolução da bixi, a bicicleta táxi de Montreal
Atmosfera europeia
Artur,
Que post maravilhoso ! Fazem “hundreds of days”, como diz a Isabella, que eu estive em Montreal, e deu uma vontade de ir de novo, amanhã…. Você levantou uma questão interessantíssima sobre aproveitar o verão, eles aqui no hemisfério norte, principalmente nesta parte “bem norte”, sabem curtir cada solzinho, cada grama verde nos parques, o vento para velejar, não deixam escapar nada ! Aproveite bem Quebec. Beijos
Artur
O Canadá é muito legal mesmo! Uma pena o frio rigoroso!
Essa é a melhor época para ir! Aproveite!
Abs
Vabo Jr
PS: Em Montréal, não deixe de conhecer o maior shopping subterrâneo do mundo! Eles fazem de tudo para se proteger do frio! 🙂
Artur, seus posts sempre 10, mas esse aqui mesmo foi primoroso. Vc descreveu de tal forma que até para quem não conhece pareceu já ter curtido esse lugar. Essa comparação que v fez só nos comprova mais ainda o quanto precisamos evoluir como ser, como povo. Aproveite e mate as minhas saudades desse país. Sds
Parabens Artur, me senti lendo um romance de tão rico de detalhes.
O lugar é o máximo. Me fez sentir uma invejinha… (saudável).
Bjs.
Boa tarde Artur!
Parabéns pelo post.
Aproveite as “nuances” das guloseimas Canadenses! rsrs
Abraços e ótima viagem!!