Alguns dos hotéis mais luxuosos do planeta estão no Oriente Médio, por motivos óbvios, mas às vezes a competição não é para ver quem tem o melhor serviço e sim o lobby mais espalhafatoso ou exagerado.
Já havia tido uma excelente experiência no Jumeirah at Etihad Towers, há um ano, um hotel com ambiente fantástico, staff internacional extraordinário, espaço de eventos incrível e outros adjetivos mais. As amenidades do banheiro imitavam o formato das cinco torres do complexo, uma tartaruga servia de mascote e de consciência ambiental e aparecia em vários momentos (do chocolate de boa noite a uma versão “patinho de banheira”), havia lojas excelentes, opções gastronômicas imperdíveis… Um hotel-destino muito bem frequentado.
Volto eu a Abu Dhabi, para o fenomenal lançamento dos novos produtos da Etihad Airways e o hotel escolhido para o evento e para hospedar os mais de 120 jornalistas de todo o mundo foi o Fairmont Bab Al Bahr.
Já fiquei em ícones da rede Fairmont, em Toronto, Québec City, Xangai… Minha expectativa estava lá em cima. E ainda havia a vista da Grande Mesquita Sheik Zayed, cartão postal e visita imperdível na cidade.
As decepções com o hotel foram vindo aos poucos e as exponho aqui devido ao tamanho do meu desapontamento. Como um empreendimento tão luxuoso e construído para impressionar não me impressionou positivamente? Não tem chocolate de boa noite? OK. O concierge me deu informações erradas? OK. As frutas estão apodrecendo na mesinha? OK. Não repuseram as toalhas? Mais ou menos OK. Não há luz para trabalhar? Hummm. Tudo isso junto? Não pode ser!!
O lobby do hotel é grandioso, mas confuso. A melhor vista, a mesquita, está escondida, atrás dos elevadores. O comentário de um jornalista que estava no grupo foi direto ao ponto: muita informação em um mesmo local. Para onde olhar? Tanta informação que não sabíamos onde era a recepção para o check-in. Havia dois balcões iguais, em lados opostos. Claro, fomos para o errado que era… o concierge.
A mesquita podia ser vista de vários locais e isso realmente impressiona, de dia ou à noite. Até do elevador. O café da manhã, excepcional. Nada podia dar errado…
Ledo engano.
Como sou um hóspede corporativo na maioria das minhas hospedagens (ou em quase todas, estou neste momento escrevendo esse e outros textos no Best Western Plus Sundial, em Scottsdale, Arizona), os itens que mais me chamam a atenção são a internet rápida (a Etihad providenciou wi-fi pré-pago para todo o grupo – mas como um hotel de luxo, com tarifas tão altas ainda cobra pela internet no quarto?), a mesa de trabalho, a iluminação do quarto e o serviço de quarto, que precisa ser ágil e atencioso.
Na mesa de trabalho do Fairmont de Abu Dhabi não havia luz direta. Apenas uma luminária na parede, coberta por um mosaico. Tratei fotos e li textos com a ajuda da lanterna do meu celular. Ou seja, para trabalhar, leve sua fonte de luz própria. Será que estou ficando velho e preciso mesmo viajar com um abajur portátil?
Apenas duas tomadas podiam ser usadas sem adaptador (que não havia disponível no quarto do hotel… de luxo) e em uma delas tive de usar um diretório do hotel para escorar o plugue do meu carregador, pois ele não ficava parado.
No banheiro, mais uma surpresa: a banheira e o chuveiro dividiam o mesmo cômodo, impedindo que um casal queira tomar banho ao mesmo tempo, já que o chuveiro molha todo o ambiente e ainda atinge boa parte da banheira. Não entendi a utilidade do tapetinho que havia pendurado na banheira.
Usei a pasta de dente e os xampus do hotel, mas não foram repostos pelo camareiro, que ainda se esqueceu de toalhas e panos de chão na hora de trocar o que estava usado.
Comi parte das frutas que havia de boas-vindas e o camareiro não levou o prato depois de usado (pelo que apurei a responsabilidade seria do room service, mas eu teria de pedir para retirar – algo que não fui eu que ali coloquei ou solicitei).
No concierge, mais desencontros. O atendente me garantiu que a loja do hotel já havia fechado às oito da noite. Passei por lá às nove, voltando do jantar e estava aberta. Mas não chegava perto da qualidade da que há no Jumeirah… Parecia um amontoado de quinquilharias.
O jantar no restaurantes principal, com diversas estações de comida, era bem variado, mas muitas das carnes expostas estavam passadas do ponto já. No café da manhã fui colocado em uma mesa onde já havia um hóspede (que havia ido ao bufê se servir e cuja conta se encontrava sobre a mesa… a atendente pegou a conta e levou depois que arrumou talheres para mim!!).
O ponto alto foi o ar condicionado do quarto. Com os 40 graus do lado de fora, era necessário ligá-lo. O quarto, bem bonito, tinha forma arredondada e o ar ficava exatamente nessa curva, de frente para a cama. Funcionou, mas o vento vinha direto sobre a cama, impossibilitando qualquer sono tranquilo. Será que os arquitetos, decoradores e engenheiros não testam o que projetam?
Tanto luxo e… uma experiência ruim. A soma de várias “coisinhas” que transformam a estada em algo decepcionante. A inconsistência do serviço é algo fatal para um empreendimento de luxo. Bem pior que o desenho moderno mas pouco funcional do quarto… Isso me estranhou, pois se trata de um Fairmont de alto padrão. Em uma das noites, fomos ao Ritz Carlton para um jantar e a diferença no serviço e na decoração elegante realçou ainda mais os detalhes de que não gostei no Fairmont.
Ainda bem que o evento da Etihad foi ótimo (e rápido) e que meu celular tem uma luz potente… E ainda guardo as boas recordações da rede Fairmont em Xangai, Québec, Toronto…
E para não dizer que só olhei os detalhes negativos (vale dizer que fiquei apenas três noites no hotel, sendo que na primeira cheguei perto das 21h e na saída madruguei às 5h30), o hotel tem escadas lindas, uma praia bem bonita, café da manhã bem variado…
QUANDO O LUXO NÃO DÁ CERTO http://t.co/xE3mgIez7P
Olá, Artur:
Por aqui no Brasil, na encantadora praia de Ponta Negra, podemos nos orgulhar do Majestic Natal, premiado como o melhor hotel da capital potiguar e posicionado entre os mais bem avaliados do Trip Advisor. Um case de sucesso e de comprovada qualidade nos serviços, que propicia ao hóspede excelência gastronômica, comandada pelo chef Erick Jacquin, e uma luxuosa decoração, que compõe um ambiente agradável e confortável de informalidade. Vale conferir! Abraços!
Luxo ou ostentação? O triste é que, como praga, se espalha e tem vários seguidores. Prefiro a “caretice” do Ritz.