Se em “anos normais”, o fechamento de empresas no Turismo já é algo que está na rotina, pois há desde problemas de sucessão até as tão constatadas “má gestão e má adaptação aos novos tempos”, em ano de crise, então, é esperado um número maior de bancarrotas, especialmente em empresas pouco versáteis, ou seja, que só atuam em um segmento, mercado, canal… Claro que há também quem diga “basta” e mude de vida, quem não veja a avalanche chegando, quem ingenuamente acha que tudo vai dar certo… Enfim, faz parte do jogo empresas abrirem e fecharem. E os sobreviventes acabam por se fortalecer, se estiverem adaptados, bem geridos etc e tal. A lei da selva é cruel… Uns morrem para alimentar outros, mas há de se ter cuidado com indigestões.
A forma como isso (fechamento de uma empresa) acontece pode acarretar desastres financeiros à cadeia produtiva do turismo ou aos consumidores. Ou não. Pode ser um escândalo, ou apenas um suspiro de alívio. Pode ter polícia na porta, cartazes em punho, xingamentos na internet ou apenas lamentos e um “até breve”.
Desde que entrei no turismo, há 24 anos, já vi caso de empresário que fecha uma empresa aqui e depois abre ou vira sócio de outra acolá, gente que fugiu do País, outros que acusaram terceiros por sua queda, mas que continuam com seu patrimônio garantido… e estou falando desde uma pequena agência a uma empresa aérea. Há maus empresários em todas as esferas.
No último ano, pelo menos o que nos tem chegado, são as operadoras que têm sofrido mais com a crise (e os motivos são os mesmos citados acima: falta de sucessão, fadiga empresarial, má gestão, não adaptação aos novos tempos, que requerem novo papel dessas empresas, estupidez, cegueira, ingenuidade, tudo isso junto…) e sobre isso muito já se falou aqui, desde a quebra da Nascimento Turismo, um ícone de nossa indústria… até então. Quando entrei no turismo, aliás, foi o ano da queda de um grande ícone, a Pan Am. Depois dessa, nada me espanta mais. Ou melhor, ainda me espanta o discurso de alguns que só querem defender suas empresas e seus peixes e dizem estar olhando o bem de todos. Quem são todos? Pelo bem de todos, diga ao povo… a verdade.
Como identificar a má gestão de uma empresa? Como não confiar em quem nos atende há anos? Entrevistados diversos deram dicas a nossas publicações, como não ceder à tentação de 1% a mais (ou 5% a mais, ou 20% a mais) de comissão, pois isso pode indicar desespero e a conta não vai fechar; fidelização para conhecer bem e de perto os processos e suspeitar quando algo sair do usual; atenção para as ferramentas disponíveis no mercado (da consulta a órgãos de proteção do consumidor ou que mostram a saúde financeira das empresas à compra de produtos que garantam um prejuízo menor, como os seguros); troca de informação; leitura de notícias mas também do que está por trás delas (a entrevista da Nascimento Turismo ao Jornal PANROTAS, afirmando que seguiria sem ser vendida pela CVC, era um claro indício que algo havia dado errado e precisava ser consertado); e ciência dos riscos e direitos envolvidos. Quem está na chuva pode se molhar, mas guarda-chuva, galochas, capa ou uma boa marquise podem salvar a chapinha ou a roupa transparente…
Se o empresário quiser sumir e não pagar ninguém, vai fazer isso e continuar tomando seu uisquinho em qualquer paraíso fiscal do planeta. Não tem jeito. Ou só deputados têm contas secretas no Exterior? Ou seja, quem está mal intencionado, não será pego. Mas muitos têm ficado no País (acho que todos deste ano, pegos “de surpresa” pelo fechamento de suas empresas) e colocado advogados para intermediar a diminuição das inevitáveis perdas dos envolvidos. Infelizmente, não há muito o que fazer e a pedalada vira calote mesmo e muitos sequer vêm à imprensa dizer o que está realmente acontecendo, assim como fazem em outras ocasiões, como quando querem dizer que “está tudo bem”.
Dito tudo isso, o que falta ao mercado é transparência, cartas na mesa, maturidade… De todos os lados. Ser infiel a um parceiro por 1% a mais de comissão pode ser prejudicial para todos: para quem compra, para quem vende (pois não conseguirá honrar) e para quem perdeu a venda, sem falar no passageiro, que aparece se lamentando nos telejornais e indiretamente dizendo que melhor é comprar diretamente na internet. Quando isso pode ou não ser verdade. Cada caso é um caso. Agências também estão negociando diretamente com fornecedores… e há riscos e benefícios nisso. E as operadoras usam estratégias diversas, do pagamento à vista, exigido por muitos suppliers, ao encolhimento estratégico. É um período de cautela, mesmo ganhando mercado deixado pelos que morreram.
No dia a dia do setor, não há números com credibilidade para sabermos quem é quem, quem vende o quê… Todo mundo cresce 10% em ano mediano, 5% na crise e 20% ou mais nos anos de vacas gordas. Ninguém encolhe. Ninguém quer dizer que ganha dinheiro ou que perde em alguns momentos.
Um caso que me chocou foi em relação à WT Operadora, de Ribeirão Preto, que foi anunciada pela Braztoa e pelo Ifaseg como uma das empresas aprovadas para o Trip Protector. Quando a empresa mandou e-mail a alguns agentes (evitando a imprensa a qualquer custo) dizendo que encerraria as atividades, foi explicado que não era bem assim e que a WT tinha sido pré-aprovada, mas depois recusada. E por que essa informação não foi retificada então?
Acho sim que o seguro da Braztoa e do Ifaseg foi uma das melhores notícias do ano e merece apoio e aplausos, mas precisa também de transparência. Nunca nos falaram, por exemplo, quanto custa.
Ter o seguro não é obrigatório (nem para a operadora nem para o cliente, que tem de saber que é opcional) nem garantia 100%. Os pacotes da WT Tours foram vendidos em julho, antes do seguro, não tinham como ser cobertos. Mas de certa forma ficou a imagem de que se fora aprovada, é porque estava com as contas em dia.
Mas não ter o seguro não significa que uma operadora está mal financeiramente. É uma opção. E isso também não foi explicado ao mercado. Há várias estratégias nas empresas. A CVC lançou o seu próprio e tem números abertos na bolsa. Outras buscam alternativas diferentes. Há o seguro de responsabilidade civil disponível para as agências… O seguro foi lançado apressadamente e mal explicado. É uma boa ideia que precisa do entendimento e da adesão de muitos. É papel da entidade, nesse caso, ser transparente e didática. OK, não quer divulgar que uma operadora comunicou estar com problemas, há base legal para isso… Mas retificar uma informação é algo importante e manter um canal aberto e transparente com a indústria também.
Não que a Braztoa não tenha sido bem intencionada ou transparente, mas na estratégia de lançamento muitas perguntas ficaram sem resposta. Repito que é uma das entidades mais sérias do setor, acredito que fará ótimo trabalho com a nova Abav Nacional (e aposto muitas fichas na gestão do Edmar Bull, um cara que tem minha admiração). As entidades também precisam passar por uma profissionalização, e comunicação faz parte disso.
Passei alguns dias no hospital em dezembro (pneumonia brava – e obrigado às diversas mensagens carinhosas, ligações, e-mails, visitas – já estou bem, ufa!!), e com dois dias assistindo aos programas de TV de manhã, de tarde e de noite, já estava deprimido. Um hospital com dívida de R$ 12 milhões ameaçava fechar as portas e um dos acusados da Lava-Jato devolvia centenas de milhões aos cofres públicos… Uma menina morta supostamente pelo pai. O zika vírus atacando as comunidades mais pobres e prometendo causar o terror geral. Terror real na França. Donald Trump perigando ser presidente dos EUA… Me tira o tubo…
Não queremos ser um veículo apenas de más notícias, como as que me assustaram (por que quero saber que um pai matou a filha de quatro anos e assistir à reconstituição do crime?), mas não vamos fechar os olhos para o lado negro da força (estou obcecado por Star Wars ultimamente…). Somado a isso, porém, vamos trazer mais análises, mais conteúdos exclusivos (como os cases da seção ORIGINAIS no Portal PANROTAS, ou as notas do PANROTAS Destinos), mais estatísticas, mais estudos, mais perfis de empresários e empresas, mais eleições de melhores profissionais (a nossa enquete de promotores faz justiça a uma das classes mais batalhadoras de nossa indústria), mais tecnologia, mais plataformas de informação, mais produtos detalhados para a indústria vender e conhecer…e prometemos ir atrás de posicionamentos dos líderes ou dos que dizem ser líderes. Em vídeos (como a excelente mesa redonda que produzimos com quatro ótimas lideranças da indústria em novembro), em texto, em fotos (incluindo as de momentos felizes e sociais, sorry, haters), em opiniões (novos blogueiros serão anunciados em 2016), em eventos (o sucesso dos PANROTAS Next mostra que o setor ainda carece de debates regionais e dicas práticas do que vem por aí), no Fórum PANROTAS, em nossas presenças cada vez mais originais em feiras e encontros do trade… Temos uma superequipe, da Redação à Informática, do Comercial à Administração, para isso. Contem com a gente.
Fazemos parte da indústria e queremos mostrar todos os lados saudáveis. Uma pena quem não quiser falar com a gente em momentos delicados. Estamos à disposição, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença… Um casamento com a informação. Portanto, usem-nos, mas não abusem. Nossos leitores já sabem quando o discurso está querendo apenas defender causas comerciais. Nossos leitores já formam uma comunidade ativa, participativa e que nos cobra com muito carinho, rapidez, respeito e firmeza. E é isso que queremos.
Feliz 2016 para todos. Apesar dos políticos que de uma forma ou de outra elegemos. Salva-se alguém? Que venham as eleições de 2016, a Olimpíada (estrutura pronta no Rio, mas a saúde em crise – lamentável), um novo velho Turismo que se recicla a cada movimento a favor ou contra. Não se cale e continuemos juntos, independentemente de nossas opiniões, em favor da indústria, uma nova indústria do Turismo. Que é feita da soma de todos nós e de novos curiosos que estão chegando com boas e/ou diferentes ideias…
Sem palavras, disse tudo! Feliz velho ano, feliz 2016
Feliz Ano Velho, mas com grandes e boas novidades.
Abraços e tudo de bom, Egídio
Obrigado
ARTUR
Oi Artur , você sabe que gosto muito da sua pessoa , sua opinião , esse ano foi um ano que aconteceu de tudo mais finalizamos ele felizes , agradecidos …..e isso que importa …
você faz parte do nosso dia dia , quando vc falta , nos sentimentos sua falta …. sua opinao e importante para nos ….
sobre seu post , sensacional …. amigo , vou te fazer uma pergunta ” se a operadora e aprovada seguro trip protector e o cliente nao compra o seguro ” e depois a operadora quebra , e o cliente corre a justica , isso protege o agente ? o agente ta ferrado do mesmo jeito
concordo com vc… faltou informação …porem precisamos completar esse seguro – ajuda-los pra melhorar …proteger o agente , mesmo que compra com o concorrente , não e bom pra min eu ver um cliente meu quebrando pq meu concorrente quebrou pois esse cliente compra de min outros produtos também!
a questão da Ifaseg “tudo bem que o cliente não tem o seguro ifaseg ” mais a empresa e segura? niumguem vai comprar com empresa sabendo que depois vai passar dor de cabeça e vergonha com seu cliente pedindo reembolso e cancelamento de viagem ….foi isso que pegou… ” e falar que foi aprovado e não era isso ”
esses dias um agente me perguntou se eu tenho seguro trip protector , eu disse não , mostrei pro cliente os e-mails trocados com ifaseg que por enquanto são da braztoa e mesmo assim o agente não deixou de comprar comigo pois sentiu transparência
cara desculpa nao e seguro que vai deixar o cliente feliz caso o cara planeja o ano inteiro pra viajar pra no final a operadora quebra? isso não dah ….
não vou criticar a Braztoa porque hoje prefiro ajudar e colocar a mão na massa do que ficar reclamando por ai.. quero ajudar..
feliz ano novo , que seja 2016 cheio de noticias positivas e que venha com muito carinho esse novo ano
Feliz 2016, Mohammed. Que voltemos aos trilhos… em todos os sentidos
obrigado e abraços
ARTUR
Artur, parabéns pelo texto, pra variar, sensacional!! Espero que sua saúde não lhe pregue mais peças! Um feliz ano novo com muito saúde!
Também espero, Maurício rs Obrigado pela mensagem e um Feliz 2016 pra você
abraços
Muito bom tê-lo de volta !
Feliz Ano Novo, Artur
[]’s
Luís Vabo
Feliz Ano Novo…
Que venha um ano como a gente gosta: produtivo e cheio de boas notícias
Beijos na patroa
Abraços, obrigado
ARTUR
BOAS FESTAS
E Tudo de bom sempre. Abraços e obrigado, ARTUR
Oi Artur,
Você sempre lúcido em suas colocações.
Eu sigo igual ao Cazuza: ” eu vejo um museu de grandes novidades.”
Que 2016 tenhamos um mercado mais profissional e transparente.
Abraços,
Carol
Cazuza sempre atual, Carol. Obrigado pelos votos e concordo com você. Feliz Ano Novo… beijos
Uma vez ouvi alguém dizer: “O vento bate igual para todos, o que diferencia um barco do outro é a posição das velas” .
Verdade, Alexandre. Todos estão sentindo a crise e os efeitos do País desgovernado. Posicionar as velas vem de antes da crise, mas uma gestão de crise de última hora sempre ajuda… Não dá é para ficar parado olhando a tempestade… Abraços e Feliz 2016
Artur, que seu 2016 seja muito produtivo e repleto de boas histórias!
Abraços,
Valeu, Flávio. Tudo de bom sempre pra você. Que venham as boas histórias… e que o País encontre seu rumo novamente, o Turismo vai junto rs. Abraços Feliz Ano Novo, ARTUR
Artur, parabéns pelo texto! Sempre muito real, coerente e muito esclarecedor! Feliz 2016 a esta linda família Panrotas! Grande abraço!
Obrigado, Telma. Feliz 2016, obrigado por estarmos juntos sempre, e que nosso setor tenha mais coerência, parcerias e transparência. Beijos e tudo de bom
Caro Artur
Como sempre excelente texto, me faz lembrar uma clássica frase de um dos meus gurus, Otávio Gouveia de Bulhões: “a falência purifica”, no sentido de que, num mercado em constante transformação, somente os mais eficientes/eficazes/competentes sobrevivem, seguindo a lógica darwiniana de que, para sobreviver, é necessário se adaptar permanentemente ao meio ambiente; para uma empresa significa se reinventar o tempo todo, mudar para continuar sendo relevante e continuar encantando o cliente, que é a sua única razão de existir, o que sem sempre é fácil, mas, vai exatamente na direção de que somente os mais capazes sobrevivem. Uma das coisas fundamentais para isto, é entender que, a sobrevivência depende exclusivamente dos gestores da empresa; o ambiente economico, é o que é, e não temos nenhum controle sobre ele, e ele é o mesmo para todos os competidores, mas alguns sobrevivem e se fortalecem, enquanto outros, infelizmente, ficam pelo caminho.
É isso !
Feliz Ano Novo, Darci
[]’s
Luís Vabo
Boa reflexão, Darci… Saber sair fortalecido da crise também é uma arte. Não basta sobreviver hoje em dia… Feliz 2016, beijos na Helô, que deve estar com muito frio aí rs, e vamos pra frente… Abraços e obrigado, ARTUR
Prezado Artur,
Feliz ao novo e boa recuperação.
Espero que no ano que incia, tenhamos mais trabalho, mais empenho em se atualizar e mais participação por parte do agente de viagens para a melhora de nosso trade, do que perda de tempo em reclamar dos outros. Depende de nós uma realidade melhor que a atual.
Abraços
Caro Artur, feliz 2016! Espero que sua saúde esteja 100%! Meu caro, gostei muito deste post e acho que cabe uma matéria mais “investigativa” sobre o tema do TRIP PROTECTION da BRAZTOA por parte do Panrotas. Eu fiz várias consultas com operadores e também liguei para o Mario Gasparini e não estou convencido que o seguro é uma proteção viável e de ampla utilização. Existem vários “buracos” na sua contratação, na seleção de risco e, principalmente, nos limites de indenização previstos. Creio que o seguro pode se tornar uma arma temporária de vendas por operadoras, mas não garante de forma eficiente a tranquilidade de passageiros e agências. Seria interessante conseguir uma cópia da apólice master do seguro junto à SUSEP e fazer uma avaliação bem criteriosa, algo que bons jornalistas com certeza conseguem destrinchar. Abraços!