Blogs andam movimentados ultimamente e gosto de ver os blogueiros PANROTAS dialogando, debatendo, trocando ideias e experiências. Repercutindo e sendo compartilhados. Uma boa discussão é sempre válida e produtiva, mesmo que cada um esteja defendendo apenas “o seu peixe” (o que na maioria das vezes não é o caso, mas pode acontecer, pois a nossa visão é limitada por nossos negócios e parceiros em certas ocasiões e nossa experiência tenta a toda hora puxar nossa neutralidade para os lados).
Continuem afiados, afinal vocês são blogueiros PANROTAS… Poucos e bons. E com boa reputação e repercussão. Algo mais raro ainda, basta ver o que há no nosso mercado.
Mas esse post é para falar de outro tipo de notícia. A dos bastidores, da rádio peão, dos boatos, até. Sempre falo que quando a tragédia chega em mim é que a coisa já está feia, muito feia. Mas a coisa pode ser um boato maledicente, algo exagerado, uma falsa notícia plantada. Por isso raramente damos notícias que invadam as empresas comercialmente. Na maioria das vezes, já damos o fato consumado. A tragédia anunciada em ação. Sem a menor alegria, claro, pois um setor ruim é ruim também para nós.
Em momentos difíceis como esse, um dos temas preferidos são as dívidas a fornecedores, especialmente empresas aéreas. Dever não é problema, pois dizem que quem deve é rico — pobre paga em dia, como nas mensalidade do Baú, das Casas Bahia, Magazine Luiza… Pobre zela por sua imagem enquanto consumidor. Já os milionários estão sempre rolando dívidas e fazendo a alegria dos bancos. Até que a bola de neve estoure…
O problema de termos casos vultosos de dívida com fornecedores é a rede de notícias negativas em um setor que já está pessimista e, mais ainda, que isso afete todo o mercado, ao se negociar com fornecedores internacionais. Já pensou entrar em uma feira, marcar reunião e o primeiro assunto com o fornecedor ser sobre problemas financeiros do mercado brasileiro? Vão exigir que se ande com a famosa capivara a tira colo, mostrando que não há dívidas penduradas? Desnecessários, pois o boca a boca fala mais alto e se você deve para um, isso se espalha rapidamente. Ainda mais agora em que fornecedores estrangeiros não saem do País, nos visitando com uma frequência jamais vista.
Voltando à questão do dever. Dever não é problema. Não negociar, negar, sumir, enrolar, sim. Pois isso vai criar uma imagem ruim para todo o mercado e o empresário ou executivo brasileiro já vai chegar ao fornecedor sendo recebido com o pé atrás. É igual à história dos taxistas no Rio. Há vários honestos, mas por causa de alguns maus profissionais, a imagem é de que todo motorista de táxi quer levar vantagens. Já vimos isso no turismo. Gente que deveu e ninguém soube. Gente que faliu e até voltou ao mercado. Gente que sumiu e até hoje ninguém sabe ninguém viu. Gente que diz “devo não nego pago quando puder”. Gente de todos os tipos. Afinal, gente.
Pelo menos três fornecedores internacionais já me questionaram formalmente sobre problemas de dívidas de algumas empresas brasileiras. Na WTM ou na Aviesp, só se falava nisso. E pior: perguntavam sobre algo que já sabiam…
As entidades podem fazer pouco desta vez, pois o ano não está bom para quase ninguém, com queda de vendas, excesso de promoções e demissões em diversos setores. O que as associações podem fazer é aconselhar, apontar caminhos, fazer levantamentos… e pensar, além dos associados, nos passageiros dos mesmos, no setor. Grandes líderes e estrategistas se destacam nesses momentos e não quando tudo tá lindo e maravilhoso.
A reputação de uma empresa é um problema dela e os atos de sua diretoria vão ditar o impacto no mercado, nos clientes, na imprensa. A reputação de um setor sério, com empresas com décadas de experiência e luta pelo turismo, não pode ser balizada por casos isolados. Esse é o ponto.
Quantas crises já vimos? Quantas empresas foram substituídas? Quantas vezes o dólar não subiu ou desceu mais que o previsto? O que fica é se o mercado tem ética, se as panelinhas servem ao mercado e não a seus integrantes, se o passageiro é bem atendido, se uma empresa tem direito à recuperação transparente, se o trade se importa com o todo ou com si mesmo, se a verdade está sendo dita a clientes e parceiros.
Acabei de ouvir de um empresário: “se fechar uma empresa não é o problema e sim como o mercado age em meio a esse momento de instabilidade, se há players sendo éticos, pois cada um tem o poder de decidir o que quer fazer em seu negócio”.
A nós, cabe torcer para que essa crise, que é do País e não do turismo (obrigado, presidenta e cia.), passe logo e que possamos lembrar dela como mais um obstáculo desse Brasil que mais toma que dá a seus cidadãos.
Estimado Artur, sabias essas suas palavras, o que tenho visto no trade reclamação é algo que já está chegando em Marte (se é que já chegou) a falta de ética no profissional é isso que vemos, sem estrutura, sem investimento do empresario, falta de parceria, e o pior, muitos querendo ganhar muito de uma unica vez, toma como exemplo o Natal e Ano Novo com valores nas alturas e nas vésperas com valos “na chão”, o turismo no Brasil precisa tomar um choque de 1000 volts para ficar ligado, com presidenta ou sem presidenta o que resta?….oremos…forte abraço, sucesso!!
Artur,
Muito me estranha seu blog dizer que existe uma boataria, sinceramente lembro de ter lido noticias suas sobre fusões, intenções, previsões e direito de respostas para boatos que partiram deste canal. Acho realmente que é um momento delicado para o mercado e muitas notícias ou opiniões podem ser mais nocivos que a realidade que está por vir ou que se supõe que venha.
“Cardoso”, no começo do texto falo em “boatos até”, mas a maioria não é boato não, não disse isso em momento algum. Crises já aconteceram e acontecerão. O que estou levantando é a má gestão da crise, a má fé, a falta de ética (ou de gerenciamento mesmo) e deixar chegar a um ponto que todo mundo pague o pato, simplesmente por ser brasileiro e estar no mesmo país da crise, da Petrobras, da roubalheira e das empresas mal pagadoras… Só isso. E quem está cobrando uma dívida, sabemos, não faz questão de manter segredo. Estou do lado daqueles que dizem que crise é oportunidade. Só que há mortes pelo caminho, infelizmente. Gerenciar uma empresa no Brasil não é fácil, é quase um milagre e vejo grandes empresários estressados, tendo que matar um leão por dia por conta da incompetência do governo, de parceiros ou de seus pares. Agora, a notícia, seja ela boa ou ruim, é reflexo do mercado. Já falei: quando a tragédia chega a meus ouvidos, Nelson Rodrigues já revirou no túmulo algumas vezes. Abraços
E no final sempre sobra para os agentes de viagem pagar a conta e embarcar seus passageiros.
Saudações
Nome aos bois isto nao muda nada no nosso setor sempre vai estourar no pobre do passageiro visto TIME BRAZIL ja esta em novo endereço e nova razao social.
De minha parte, sempre levo em conta o que é noticiado por este veiculo (Panrotas), pois desde que ingressei no turismo (ha 24 anos) tem sido imparcial e um canal confiablissimo.
Artur,
muito bem colocado!
Em época de crises onde o tempo é ocioso, a cabeça e a boca de muitos começam a trabalhar. E infelizmente sem conhecimento ou conteúdo, ou seja, aqueles repassadores da informação despejam informações no mercado interno e externo, é isso se torna o cancer de qualquer negócio.
Em tempos tempestuosos como esses deveriam colocar suas mentes para pensar em possibilidades de formar novos negócios, planejar o futuro etc..Mas como todo mercado, seja farmaceutica, turismo, moda… falar do problema do outro é mais importante do que cuidar dos seus!
Sobreviveremos a + esta crise, só que, cuidado, aquele que hoje fala, pode ser o assunto da próxima crise!..
abraço.