Em quantos eventos chatos você foi este ano? Quantas viagens mal organizadas, com aqueles programas que te fizeram lembrar da rotina dos militares nos dramas de Hollywood? Quanto tempo perdido? O turismo precisa aprender a organizar eventos e viagens de familiarização. Quem diria, não é mesmo?
Saber passar uma mensagem sem discurso e de forma que fique sem que o “receptor” sinta é para poucos. Na maioria das vezes dói. E muito. E tempo perdido não se resgata mais. E tempo perdido significa: “não vou mais a esse evento no próximo ano”. “O que eu estou fazendo aqui”, diriam outros.
E haja placa na estante (com os mesmos dizeres, os mesmos erros de português, o mesmo metal barato), haja diploma na gaveta… O que vale é a intenção? Não. O que vale é a criatividade, o gesto com verdade, o reconhecimento que pode vir em um e-mail. O trade precisa ser mais criativo em seus eventos.
Não fui a tantas viagens quanto gostaria (ou quanto pode parecer), menos ainda a eventos… Simplesmente por falta de tempo. Por causa do trânsito (gastamos pelo menos quatro horas para ir e voltar de um evento em São Paulo). Porque fechamos pelo menos uma publicação por dia. E fechar significa: preparar para mandar para a gráfica. Deixar tudo pronto, redondo. E mais a internet, os plantões, as redes sociais… Mal sobra tempo para viagens e eventos e quando pensamos no que há por aí…
Se eu fosse uma empresa de turismo e precisasse organizar eventos, teria apenas dois focos: relevância e adequação. Ou conteúdo e criatividade. Relevância na maioria das vezes é capacitação (o que mais falta em nossa indústria), mas pode ser uma premiação, um reconhecimento em petit comité… Mas tem de ter uma história que me envolva, até que emocione. Apelar aos sentimentos e sentidos não é só tarefa da Disney. É nossa também. E a criatividade na medida certa só ajudará a fixar a tal da mensagem, pois, em outra frase famosa do setor, “não tem almoço grátis”.
Aliás, já fui a alguns eventos em que o anfitrião pedia silêncio, pois todos precisavam “pagar o almoço”. Mais um exemplo de tempo perdido. De formato inadequado (já que ninguém prestava atenção). De momento inoportuno e frase infeliz.
Quanto às viagens (e adoraria aceitar todos os convites, mas é humanamente impossível para nossa equipe), procuramos escolher as que acreditemos serem as mais proveitosas. Às vezes nos damos mal. Mas já temos certa expertise. E quando não vamos em uma viagem boa, tenha certeza de que o motivo é bom também. Dói na gente também, pois fazemos tudo com muita paixão aqui e queremos sempre contar tudo para todos. Uma vez um representante de uma empresa ficou indignado pois eu não podia aceitar seu convite pessoal e intransferível. “Como assim você não quer ir para a (nome do país)”?, bradou do outro lado da linha. Adoraria, mas não podia e ainda indiquei um dos editores para me substituir. Acho que até hoje ele acha que eu não gosto dele ou da (nome do país). Ossos do ofício. E eu aqui louco para voltar à (nome do país).
E assim, de evento ruim em evento ruim, de viagens não realizadas em viagens não realizadas, de engarrafamento em engarrafamento, a gente ainda consegue contar boas histórias. Simplesmente porque o turismo é feito de e por pessoas. E todo mundo tem uma boa história para contar. Somos todos ouvidos. É o nosso papel. Com muito prazer.
Feliz 2014, com ótimas histórias, eventos, viagens…
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Que em 2014 eu volte a ocupar minha mesa. Feliz ano novo, chefe.
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