Home do Blog » Dia a dia » REVERBERAÇÕES DO RIO
Dia a dia

REVERBERAÇÕES DO RIO

Ainda no Canadá, acompanho a cobertura e repercussão do assalto no Rio de Janeiro, que culminou com a invasão do hotel Intercontinental Rio, em São Conrado. Até o momento, nenhum estrangeiro comentou ou veio me perguntar do caso, e há mais de 200 aqui no evento em Toronto.

O fato de a invasão ter sido em um hotel ajudou a dar mais repercussão ao assalto, mas os bandidos poderiam ter invadido uma igreja, um clube, um prédio do governo, um salão de beleza, uma loja… mas foi um hotel de luxo, que fica em frente à maior favela da cidade.

Este ano fui bastante ao Rio e tenho notado a cidade mais segura, mais organizada, mais limpa, mais atraente e preparada para o turista, seja ele nacional ou estrangeiro. Segurança para os moradores deve ser prioridade em qualquer governo fluminense e carioca, assim como saúde, transporte, educação… Pois se os moradores estão seguros, os visitantes também estarão. Se eles vivem bem, a cidade estará boa também para o turista.

Não quero arriscar que seja um caso isolado, pois não é; ainda há violência em cidades como o Rio, Recife, São Paulo e tantas outras. Até vejo mais ações no Rio que em algumas delas, aliás. Mas tudo no Rio repercute mais. Então a atenção das autoridades deve ser maior. Em São Paulo, lemos todos os dias sobre roubos a bancos, a shoppings de luxo (essa modalidade virou moda, aliás), a condomínios fechados… Mas a notícia fica na cidade, a não ser que seja algo espetaculoso. C omo invadir um hotel e fazer reféns.

Descontos à parte, pois acho que há um exagero em sempre quererem crucificar o Rio, o governo do Estado e a prefeitura precisam mostrar mais energia, mais força. O governo federal precisa se comprometer a ajudar na segurança, seja com recursos ou com um plano macro para as grandes cidades. Mostrar a mesma eficácia com os bandidos que têm com o controle da lei seca, com as multas de trânsito… O cidadão comum está, ao que parece, mais na mira que os bandidos. E tambémn na mira desses últimos.

Faz tempo que o Brasil precisa de um tolerância zero. Discurso tucano nos tucanos ou tucano nos petistas não funciona mais. Os eleitores mais pobres, os analfabetos, os sem estudo sáo maioria e vão eleger o novo presidente. Que ele (ou ela) mostrem-se dignos desses votos. Que não retribua apenas com bolsa família e obras paliativas. Que não os faça apenas sobreviver e sim que os mantenham seguros, saudáveis, bem educados, cultos, felizes e em paz.

Há muito dinheiro desviado no País para que o problema da segurança não seja resolvido. Há muita corrupção para que hospitais não sejam suficientes.

Basta querer. Os bandidos, quando querem, invadem hotéis e as nossas casas. Se tudo isso é no Rio, perde o Brasil todo. Essa discussão sobre a cidade, aliás, é velha e ultrapassada. O Rio somos todos nós. E todos nós, de Norte a Sul, queremos segurança. E respeito. Chega de discursos.

Deixe sua Avaliação

Votos: 0 / 5. Total de votos: 0

Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Em terra muito rica, que tem o suficiente para todos meterem a mão e a terra continuar produzindo e sendo rica, é coisa rara de ver.
    Há que se lembrar que para termos um estado de segurança com caráter definitivo, é necessário um compromisso de longo prazo, sem a esperança de que se vá terminar um ou dois mandatos, em tempo hábil de se inaugurar a obra ou placa, é o investimento massiço, em saúde e educação.
    Tem-se que parar de se dar peixe, para garantir os votos que irão assegurar no cargos públicos. É de premente urgência começar a ensinar a pescar. Já vai longe que ter um plano de saúde privada, era a garantia de um bom atendimento, rápido e com qualidade. Cada vez mais, estes estão se rivalizando com os falidos da SUS. O Bom Estado apoia-se no tripé “Segurança – Educação – Saúde. Um falha, todos falham, com sérias repercussões no futuro. Lembram-se doas anos 80, da Política “Brizola na Cabeça” e a garantia de que a Polícia não suba nos morros? Então, ainda hoje colhemos os frutos dessa funesta ausência do Estado nas comunidades mais carentes. O mesmo estado do RJ, teve em seu passado recente, durante alguns vários anos, a política da “Aprovação Automática” no ensino público; Em breve veremos os frutos que colheremos, desses alunos. Hoje, temos outro problema, que são as racistas, mal-formuladas, elaboradas, que são as políticas de Cotas, no ensino superior. Que tipo de profissionais se pretende formar para o nosso futuro, daqui à 10 anos? Estranhos serão esses dias…

  • Prezado Artur, vc consegue descrever muito bem a situação do Rio. Cariocas e residentes percebem claramente a repercussão e o preço de ser uma vitrine no cenário brasileiro e mundial. Educação, educação, educação. Qualquer solução sempre terá como base o investimento na formação do futuro cidadão. Cada um de nós pode também participar amparando o próximo, esteja ele dentro de casa, no ambiente do trabalho ou cruzando numa esquina em busca de um pouco de atenção, muitas vezes mais necessária do que a ajuda financeira. A instalação das UPP’s nas áreas de influência da criminalidade tem efeitos muito positivos para as comunidades e seu entorno. Vamos torcer para que o atual e próximo governos tenham foco na tolerância zero, afinal, como vc bem diz, o Rio somos todos nós.

  • Não é sem motivo que sou seu fã. Texto impecável, claro, simples e completo, digno de estampar também jornais de circulação nacional. Pena Artur, que apesar da consciência que temos da situação, como bem colocado no seu texto, estamos na mira das duas turmas de bandidos, e estão fazendo de tudo para manter a bandidagem, todas. Ser bandido está dando muito lucro, enquanto isso o povo leva tiros, de revólver e de impostos e de desvios … Sds

  • Concordo com a contribuição dos amigos acima e digo mais, para até contradizer um pouco, uma frase apenas, do Artur.

    Aqui em São Paulo a LEI SECA não tem nenhuma eficácia, a LEI DE TRÂNSITO idem. A LEI ANTI FUMO vale MUITO mais do que as anteriores.

    Dai já se analisa quanto vale uma vida, ou qual o peso de vida, nesta balança tripla.

  • Artur,

    Concordo com você como (quase) sempre. Como estrangeiro há 34 anos no Brasil costumo dizer aos brasileiros que brigam para saber se é melhor o Rio ou São Paulo, que feliz é o país que pode se orgulhar de ter essas duas maravilhas em seu território. Punto e Basta.

    abraço e boa viagem.

  • Discordo do articulista ao por no mesmo saco São paulo e Rio. Apesar de ainda haver violência em SP, a situação é completamente diferente e bem melhor que a do Rio: em SP os crimes em geral diminuiram substancialmente nos últimos 10 anos – 70% menos assassinatos, cerca de 9 por 100.000 habitantes! No Rio diminuiu um pouco e os assassinatos ainda são 35 por 100.000 habitantes. Em SP não temos regiões da cidade onde as autoridades não entram e não controlam. Há bairros do Rio em que tiroteio é coisa banal, acontece toda hora. Em SP tiroteio na rua é algo incomum. Já houve tempo em que SP e Rio podiam ser citadas juntas como exemplos de cidades violentas. Hoje não mais, SP descolou do Rio nessa matéria, graças a Deus.

Clique para comentar

Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

O conteúdo dos blogs é de inteira responsabilidade dos blogueiros convidados, não representando a posição da PANROTAS Editora.

Instagram

Connection error. Connection fail between instagram and your server. Please try again

Posts Recentes