O Ministério do Turismo continua com sua árdua tarefa de mostrar que é realmente necessário e não apenas um cabide de empregos e, recentemente descobrimos, também de falcatruas. Lamentável.
Hoje leio que o ministro Pedro Novais pediu demissão. Saiu do cargo depois vários escândalos envolvendo seu nome e de diretores e afins. Saiu, mas na verdade nunca chegou. Nunca falou ou fez algo de impacto para o setor. O ministério nas suas mão regrediu. Nem sua experiência na Câmara lhe serviu.
OK, aceito que o cargo de ministro seja entregue sim a um político. Mas esse tem de mergulhar fundo na pasta e ser assessorado por gente do setor, capaz, que entende do negócio. Eu, jornalista, especializado em turismo, me sentiria envergonhado, para dizer o mínimo, se de repente um amigo meu que virasse ministro da Saúde me convidasse para ser secretário de qualquer coisa lá dentro. Mas não é o que ocorre hoje. Do segundo ao trilionésimo escalão caem de paraquedas tudo que é tipo de amigos de amigos. Não à toa os técnicos que o MTur havia amealhado no começo do governo se mandaram de mala e cuia para a iniciativa privada. Que é quem toca o turismo nesse País.
O MTur ainda não disse a que veio. Teve um começo promissor, com Mares Guia, mas completamente perdido, basta ver as metas fora da realidade que foram desenhadas por ele e por sua equipe. Ok, isso é comum, primeiro ministério. Lembro de ter brigado bastante, em alto nível, com o Caio Luiz de Carvalho, que era contra a existência do ministério exclusivo para o Turismo.
Apesar de ele quase ter se convencido, no final da gestão Mares Guia, quando as coisas pareciam que iam dar certo, hoje vejo que desse jeito ele tem razão. Responda rápido: que medida do MTur, que ação do ministério teve um impacto positivo no seu negócio desde 2003? Cite apenas uma. Com meia eu já fico satisfeito.
Temos projetos de lei importantes parados na Câmara, um receptivo internacional empacado e com o empresariado EXTREMAMENTE (ou seja, não é pouco) insatisfeito, uma política interna de turismo confusa, muito projeto para pouco resultado, e um descaso com a pasta, basta ver que o MTur está alijado das principais decisões da Copa e Olimpíada e que quase não tem dinheiro. E quando tem a gente vê o que ocorre…
O ministro foi sem nunca ter entrado e era motivo de chacota e vergonha no setor.
Flávio Dino é uma boa promessa e poderia ser testado no comando da pasta.
Mário Moysés, que eu achava muito bom, nos surpreendeu com essa suspeita, que tomara seja falsa.
O Turismo precisa de um nome forte e alguém com vontade de fazer a diferença. Entre Marta Suplicy e Barretto, por exemplo, fico com Marta, pois tinha mais exposição política e fez pelo menos um programa que deu resultados, o Viaja Mais Melhor Idade.
O PMDB está se mexendo para ter o novo nome. E o trade? Continua omisso, calado, com medo de ter um nome envolvido em escândalos, esperando a verba para seu evento ou feira, falando mal pelas costas mas oferecendo jantares amigos para homenagear ministros, secretários e qualquer autoridade, simplesmente por estarem no cargo e não por fazerem algo por nosso setor.
O trade deveria ter gritado na nomeação de Novais – ou logo quando ele mostrou que de onde menos se espera é que não sai nada mesmo.
Ou o Ministério do Turismo servirá apenas para termos uma autoridade que em nada impacta o negócio do turismo. Não é o que queremos. Ainda mais em um momento que outros estão aproveitando as oportunidades de nossa economia e dos eventos que virão, mas não o turismo.
Que venha o próximo, mas acredite que não temos a menor expectativa com relação ao futuro do MTur. Ou seja, seu desafio será maior ainda.
Muito boa a sua análise Artur, e complementando a informação, o Programa Viaja Mais Melhor Idade, cheio de resultados excepcionais, foi cancelado.
Daniela Bitencourt – Diretora Instituto Marca Brasil
É Artur, de novo a falta de mobilização de um setor, que, apesar dos grandes avanços das entidades, união de algumas em prol de maior força e voz, se cala em temas tão vitais. E olha que o turismo sempre foi reconhecido em todos os discursos oficiais como o GRANDE EMPREGADOR E GERADOR DE RECEITAS PARA O BRASIL…! Imagine se assim não fosse. Vide Lei Geral do Turismo. Enfim, defendo que as pastas ministeriais sejam ocupadas por técnicos nos respectivos temas. Só assim teriamos Gestão, profissional e comprometida com resultados…e talvez ai, caminhassemos mais rapidamente de encontro ao tal PAIS DO FUTURO! abração
É amigo Arthur, logo de manhã fiquei imaginando o que voce iria comentar sobre o momento que vivemos, e parece que temos opiniões muito semelhantes, e onde o foco do debate deveria permanecer por muito tempo.
Talvez discorde um pouco da análise sobre o Walfrido, pois acho que ele cumpriu brilhantemente o papel de lider e mobilizador. No mais assino embaixo e complemento. O Governo Federal nunca priorizou o turismo e digo mesmo que so alguns poucos governos fizeram assim.
Na verdade se isto é uma realidade nacional podemos avaliar se é causa ou conseqüência. Acho que é conseqüência de duas coisas. Da total falta de trade do trade e da inadmissível compreensão da atividade por parte dos responsáveis pela gestão publica nacional.
Vejo que algumas coisas poderiam ser feitas:
1 – O trade se manifestar com coordenação sob pena de ser atropelado pelo time do Governo (foi atropelado de novo)
2 – As entidades terem opinião sobre políticas públicas e usar do Conselho para debater o turismo, mesmo que o Ministro não queira (parece que debater o turismo virou coisa de amadores, a maioria dos “lideres” querem debater somente quem será o próximo presidente de sua entidade)
3 – Retirar as obras do Ministério do Turismo e enfraquece-lo do ponto de vista orçamentário para não despertar o interesse dos políticos do PMDB e correlatos,
4 – Focar o Ministério na qualificação e promoção, e exigir da Presidente que se o Ministro não for do ramo, que pelo menos os secretários e diretores sejam.
Sou menos radical sobre a pergunta do que efetivamente melhorou, acho que algumas coisas ajudaram o mercado e o desenvolvimento do turismo, mas foram todas descontinuadas. A regionalização foi uma estratégia que permitiu a organização de alguns destinos e foi uma espécie de segunda etapa da municipalização.
O Salão do Turismo também é um case no desenvolvimento do mercado interno.
A promoção internacional na época do Eduardo também mudou a cara do Brasil la fora. O grande problema foi a descontinuidade dos programas e projetos.
No mais é ver o que vai acontecer, pois neste caso o silencio dos inocentes os torna cumplices…
Artur,
Perfeita sua análise. Também acho que o ministro não precisa ser do ramo. Não sejamos ingênuos: ministro é cargo político e não técnico, e temos diversos exemplos em outras pastas, de ministros sem experiência ou formação na área e com bom desempenho (Serra na Saúde, só para citar um). Em Sergipe, por exemplo, temos um novo Secretário de Turismo, Elber Batalha Filho, que é político, vereador eleito e atuante, e que está sendo uma grata surpresa para o turismo do Estado. Criativo, articulado, interessado, inteligente, busca cercar-se de bons profissionais e trabalhar ouvindo o trade. Resultado: o mercado está feliz e ninguém se lembra que ele não é do ramo. No Ministério do Turismo as coisas têm sido bem diferentes. O desfile de políticos fisiológicos e sem nenhum compromisso com nada que não seja o próprio bolso ou o bem estar dos amigos, a pasta está amargando seu pior período desde que foi criada. Precisamos reconhecer o acerto da era Sanovicz, quando o papel da Embratur foi redefinido, e a contratação de dezenas de bons profissionais do mercado para ocupar postos chave na estatal. O próprio Mares Guia, ainda que não tivesse sido perfeito, pelo menos era um sedutor, e conseguia, com sua fala mansa e sua oratória perfeita, encantar-nos com suas idéias, projetos e promessas. Éramos felizes e não sabíamos, essa é que é a verdade! Resta-nos agora torcer para que a presidente entenda que os eventos internacionais que virão não permitem ensaios, tentativas, experiências. É preciso ter um ministério forte, coeso, entendendo a força da atividade e respeitando as lideranças do trade trabalhando em conjunto com elas. Se assim não for, estaremos flertando com o fracasso na Copa e na Olimpíada, o que seria uma verdadeira insanidade. Quanto ao “trade”, infelizmente concordo com você quando diz que está calado apenas esperando as migalhas para seus eventos. Já passou da hora dos empresários e líderes emitirem um comunicado conjunto fazendo valer sua opinião e pressionando as autoridades, inclusive a presidente Dilma, no sentido de moralizar a pasta e dar ouvidos (e assento) às lideranças do mercado. Só nos restam duas alternativas: esperar os acontecimentos como meros espectadores, ou articularmo-nos para que nossas vozes sejam ouvidas e entendidas. Qual opção vamos escolher?
Um abraço.
Caro Artur,
Nada a acrescentar a sua analise…
Mas, para homenagea-la, principalmente em relacao a omissao e ‘adesao’, causa e consequencia, ou vice e versa, daqueles que poderiam fazer a diferenca no trade e suas liderancas, segue um exemplo vivido na pele, enquanto servidor publico.
Ao concordar com a nomeacao de alguem para determinado cargo, usou-se a expressao duro (de rijo, correto etc) em relacao a sua conduta etica — o qual foi escarnecido, pelos mesmos de sempre: duro como o macarrao, ate entra na panela…
Penso que um dia a pressao dessa panela nao contera a voz aprisionada daqueles que ainda podem fazer um Brasil melhor. Infelizmente, isso ainda nao esta no radar pelas razoes que, educadamente, voce expoe no texto acima.
Te parabenizo com tristeza, brasileiro (expatriado!) que sou…
Bencaos do Senhor e meu abraco amigo,
Artur
Adorei o post e também dos comentários
Nada a acrescentar só a minha tristeza.
Caro Artur,
Reitero o comentário da Valeria, inclusive a tristeza.
Cabe apenas destacar que o Eduardo só pode realizar alguma coisa porque um ministro político lhe deu condições técnicas. Os exemplos se multiplicam, Milton Zuanazzi, Jeanine Pires, Walter Carvalho Ferreira, para citar alguns que conheço pessoalmente.
No mais, parabéns pelo post!
Caro Artur,
Considero muito importante termos pessoas de nível técnico no governo para que possam ser feitas políticas públicas por pessoas que entendem de cada tema.
Seria uma análise parcial comparar o início da criação do Ministério quando o Ministro Walfrido assumiu com a atual situação. E não estou falando porque fiz parte do Governo Lula, estou falando porque mais do que nomes e pessoas honestas e equipes técnicas, precisamos de programas de governo, de políticas, de metas ( mesmo que elas sejam revistas ou até não alcançadas!), mas precisamos de um rumo.
Acredito que as lideranças do setor precisam ser mais enfáticas para conhecer o Plano Nacional de Turismo para a atual gestão, saber o que avançou e o que precisa ir além. Inovar, ver uma realidade muito diferente daquela de 2003 ou 2007 e aí sim, ser ousado na busca de resultados e na cobrança que deve ser feita ao Governo, aliás, aos governos.
O setor privado precisa ter suas posições, defendê-las, procurar as lideranças públicas. Afinal, as pessoas passam, e as instituições ficam.
Seu último parágrafo foi o resumo da ópera: Profissionais do turismo, entreguem para Cristo, pois o cenário NÃO vai mudar.
Bom dia Artur e a dos os amigos que postaram seus comentários – é muito bom ver esta união em torno de um assunto importante para todos nós. Afinal nosso turismo cresceu muito – mas sem um rumo forte e mais profissional. Muito dependente do vento político e do que seus mentores desejam fazer com a verba que é grande.
Acredito que o mais importante agora é a união de todos nós que fazemos o dia a dia e exigir uma postura mais correta dos nossos presidentes de várias associações, para que apresentem uma real posição, forte e digna de uma indústria que não deve nada aos outros setores.
Sem um trabalho nas diferentes associaçoes que nos representam vai ficar muito dificil e mais uma vez “empurraremos com nossas barrigas” e pagaremos o tkt de entrada lá na frente com nosso bolso.
[…] SAIU SEM TER CHEGADO […]