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Dia a dia

Sobre crises e lobos

A crise hoje explicitada da Nascimento Turismo deixou o mercado assustado e temendo um mergulho do turismo em uma crise ainda maior.

 

Não acredito nisso. É um ano difícil, mas tem gente agindo, tem empresa crescendo, tem promoção, tem viagem na agenda dos brasileiros. A promoção de passagens da American Airlines esta semana vendeu milhares de passagens em dois dias e movimentou o mercado. Quem voa barato também precisa de hotel, carro, ingresso, comida, compras… Quem pode faz, quem não pode acha uma saída, como a recuperação judicial. Uma saída legal e com Eduardo Nascimento explicitando a situação. Ainda virão novas etapas, mas não houve fuga. Um avanço, perto do que já passamos.

 

Também não acho que seja um efeito direto da crise de 2015. A Nascimento começou a negociar com a CVC no começo de 2014, mas já na época da Brasil Travel (quem se lembra? Era 2011 o ano), diretores da operadora diziam procurar um investidor (ou estarem sendo procurados por um).

 

Ou seja, a alta do dólar (que subiu de R$ 2,34, em média, em 2014, para R$ 3,20, no primeiro trimestre deste ano) pode ter agravado a crise e gerado a decisão da recuperação judicial. O efeito cascata da dívida, afetando fornecedores de todas as áreas, tornou a operação inviável.

 

Pode haver outras empresas em situação difícil? Pode haver não, há. Como em anos bons também. Calcos, Fênix, Bessitur, Shangri-lá, entre outras, fecharam bem antes dessa crise. A Time Brazil fechou por outros motivos. E por aí vai.

 

Achei o máximo o desabafo de Martin Jensen, da Queensberry, alvo de boatos de dívidas. Venham e provem! Parem de plantar boatos para prejudicar quem está bem. E as companhias aéreas sabem da produção da empresa. E fornecedor fala com fornecedor. Um cala a boca às vezes é necessário. O tiro podia sair pela culatra? Podia. Mas ninguém veio a público contestar.

 

E dever, já disse isso, não é pecado. Há formas legais de negociar uma dívida. E já vimos caso de donos de empresa que simplesmente desapareceram…

 

O caso também expõe onde as entidades realmente são necessárias. Parem de focar em feiras, eventos, feiras, eventos, feiras, eventos… Olhem a repercussão de um caso como esse. Nada pode ser feito? Se a resposta for sim, que sejam claros.

 

Falei com Eduardo Nascimento, com o Dado, e senti na voz deles a dor e a dificuldade desse momento. E eles sabem que, noves fora, todos torcem pela recuperação. Mas que já tem gente pronta para conquistar esses 110 mil passageiros da operadora. É uma crise grave, pode acabar mal, mas pode ser um dos casos de volta por cima que sempre gostamos de ver e que nos emociona em filmes, palestras, apresentações.

 

Mais triste, e lamentável, e vou ter de mudar de assunto brevemente, é a situação do Rio de Janeiro, às vésperas da Olimpíada de 2016. Como deixar esse nível de violência e barbárie voltar à cidade? Tem prefeito ou ele só vai aparecer ano que vem pra eleger seu sucessor? Tem governador ou ele só apareceu na última eleição para suceder seu padrinho? Vergonha e absurdo os casos de esfaqueamento, morte por roubos ridículos, execuções… Voltamos à década de 1990 quando os hotéis cinco estrelas eram vendidos a US$ 100 no Exterior? A cidade vai desabar depois da Rio 2016? O presidente da ABIH e do Rio CVB, Alfredo Lopes, já viu esse filme, e veio a público, sem medo, pedir providências. Uma crise intolerável. Desumana. Isso sim acaba com o País, já no meio de uma comédia dramática política que pode nos valer anos de crescimento.

 

Crises, recuperação judicial, discursos, mercado mata-mata, um Rio que mata… Não vamos entrar nesse poço de água turva!!!! Sejamos criativos… Sejamos o que sempre fomos, mas ainda mais exigentes e intolerantes com o que precisa ser feito de forma correta.

 

 

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • É sempre muito triste ver uma empresa como a Nascimento chegar a este fim.
    Este fim já estava anunciado…onde há fumaça…
    O que sempre me incomoda nesses casos é que mais uma vez uma tradicional operadora vendeu seus produtos até o apagar das luzes, sem dar satisfação a ninguém e deixando a conta, provavelmente enorme dessa vez, nas mãos das agências de viagem.
    E mais uma vez as entidades nada fizeram e nada farão.
    Como as agências podem confiar? Qual operadora realmente pode garantir que não fechará as portas amanha? Como não se preocupar com boatos?

    Saudações.

    • Concordo 100% com você, e o que acho ainda pior é que a Nascimento é uma empresa que já enfrentou muitas crises, situação de câmbio difícil, não começou ontem…acho bem estranho uma empresa dizer que embarcou 110.000 passageiros ano passado e agora não tem dinheiro suficiente para para hotel de 300 pessoas.
      Conheço o Eduardo Nascimento, por isso a situação é uma grande e inesperada surpresa.

  • É muito triste ver a situação atual da Nascimento, infelizmente não creio que há como recuperar uma empresa nesta situação, pois para mim chega a ser uma irresponsabilidade uma agencia comprar de uma operadora nesta situação, ou alias o agente de viagens neste momento tem que analisar muito bem em qual Operadora comprar.

  • CHAMA A POLICIAAAAAAAA PRA NASCIMENTO… TRISTEZA DO POBRE AGENTE QUE CONFIOU NESTA GENTE SAFADA… A TAL DO NASTUR FEZ AGUA…

  • Estava escrito nas estrelas… Modelo de atendimento falido. Enquanto a Trend, Visual entre outras criaram plataformas de atendimento self service com voucher instantâneo… a Nascimento vivia aquele esquema de voucher contra contrato assinado. Toda vez que ia pagar com cartão da agencia… aquele chororô que não pode por isto…aquilo, e enfim porque a Nascimento era uma empresa correta… imaginem quantos os processos internos administrativos e financeiros eram executados. Estive nos três últimos Nastur, ( Foz, Comandatuba e Cancun ) e adorava a empresa. De um tempo para cá passei a brigar pela forma JURASSICA do atendimento incoerente com a agilidade da INTERNET. Um absurdo! Esperar 3 dias por respostas em meio … vou falar com meu aéreo …vou falar com meu fornecedor… Cansei de esperar pelo MEU AEREO,… e hoje eu falo com aéreo direto na consolidadora… cansei de espera o fornecedor … e hoje abri negociação direta com os operadores internacionais…

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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