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Também não é assim…

O post ufanista do nosso querido lobista do bem, Luís Vabo, em seu blog aqui no Portal PANROTAS, falando sobre o último evento da Abav Braztoa, é compreensível. Primeiro porque o clima e a percepção são realmente de que foi um evento vitorioso. Um evento que estava sendo criticado e até massacrado por muitos até o ano passado (tanto que estava, este ano, bem pequeno perto do que já foi um dia). Segundo porque quem está envolvido na organização de um evento (e o Vabo estava e está na diretoria da Abav) sai mesmo com esse sentimento de final de Copa do Mundo. Mas a Abav não pode nem deve se enganar. E não irá, tendo Edmar Bull à frente. Ainda há muito a ser feito.

 

A feira estava realmente muito bem frequentada e com profissionais interessados. Mas estava pequena. E faltou expositor: de destinos internacionais à CVC, de companhias aéreas a empresas médias e pequenas que fazem a interface com o trade. Sim, houve criatividade com os estandes cooperados tapando esses buracos, mas as consolidadoras, os resorts, as companhias de cruzeiros…em outras épocas tinham estandes separados e com destaque. Se a moda pega vai ser uma feira de dez estandes: Norte/Nordeste, Sul/Sudeste, Centro-Oeste, Aéreas Nacionais, Aéreas Internacionais, Resorts e Hotéis de Lazer, Consolidadoras, Cruzeiros, Destinos Internacionais e Afins.

 

Ou seja, a Abav precisa resgatar os expositores. A entidade promete uma nova montadora para 2017, o que já deve ajudar, mas é necessário um trabalho maior, que passa pelo convencimento de que o evento dá retorno. A edição de 2016 é um bom cartão de visitas. Quem não foi… perdeu uma boa oportunidade de falar com um público qualificado.

 

Público muito bom, mas ainda concentrado no Sudeste. É preciso nacionalizar a feira e a Abav sabe disso. Esse resgate se dará com o tempo. A Abav, aliás, tem na mesa convites para acontecer em Fortaleza, Rio de Janeiro e até em um resort. Nossa aposta é que volta para o Expo Center Norte no ano que vem. Mas o fator João Dória pode pender para o lado do Anhembi, que o novo prefeito promete privatizar, aliás.

 

O desenho da feira não ajudou. Enquanto a infraestrutura era realmente ótima, a parte da Braztoa, por exemplo, ficou prejudicada e até confusa. Afinal a Decolar.com estava dentro ou fora do Encontro Braztoa? Sabemos que fora, mas teve quem se confundiu. A área me pareceu, na sexta-feira, único dia em que fui, menos movimentada. Nos dois dias anteriores, soube que estava tudo lotado (ou compactado, como queiram). Mas o primeiro pavilhão foi privilegiado. Também alguns estandes precisam parar de investir tanto em decoração e música e focar em negócios. Alguns não entenderam o novo momento da Abav.

 

O esforço conjunto das entidades, com Abav e Braztoa à frente, também tem de ser ampliado e otimizado. O discurso precisa ser único e a assinatura ficar mais clara. Se é uma feira de duas entidades, talvez um novo nome seja propício (e depois se explica que é 45ª Abav e 47º Encontro Braztoa). Mas pela primeira vez, como me disse a Magda Nassar, as duas associações assinaram de fato o evento.

 

A Vila do Saber merece sim todos os elogios. Mas ainda falta o palco maior ao evento. Os grandes debates. O local em que a Abav e a Braztoa se posicionam, como havia no congresso de antigamente. Capacitação é importante, fundamental, necessária e tem até que ser aumentada. Mas os debates consistentes, políticos, com conteúdo e opinião também. Sem o ranço revanchista de anos atrás, sem ser apenas um palco de tapinhas nas costas ou críticas anônimas, mas sim um grande momento de discussão da distribuição na indústria de Viagens e Turismo. Um momento em que todos assistam calados e prestando atenção, e depois interagindo. Um momento em que os parceiros discutam as parcerias em público. Com transparência. O setor precisa dar esse passo qualitativo e o evento é propício a isso.

 

Sim, foi um ano de crise e a Abav voltou a crescer em awareness e importância, mesmo estando menor (em tamanho), mesmo sem “movimentar São Paulo”… A tendências é que as resistências diminuam nas próximas edições. Mas as inovações e mudanças precisam ser aceleradas. Ter uma versão itinerante (em outra data, por exemplo) não é algo que deva ser descartado.

 

Enfim, foi sim um evento produtivo, que merece todos os elogios. Mas para quem entende de Turismo, sabemos que estamos na metade do caminho — e andando para frente. Até chegarmos em um novo ciclo de renovação, como acontece em tudo na vida.

 

Parabéns à Abav e à Braztoa, a todos que participaram, aos parceiros PANROTAS em nosso estande, no portal e nos suplementos diários (feitos há 40 anos!!!) e aos que ergueram o grande evento.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Querido chefe,

    Belo texto, comento por parágrafo…

    Sua frase (e não minha): “…o clima e a percepção são realmente de que foi um evento vitorioso” é uma conquista importante.

    A ABAV não se engana, tanto por Edmar estar à frente como pela diretoria e equipe que ele montou, todos muito conscientes de que esta edição foi apenas um passo no sentido da ABAV Expo que o mercado deseja.

    Como eu afirmei no final do post a respeito da próxima edição: Quem vier, verá…

    Penso que uma feira pequena com qualidade é uma grande feira, o contrário não…

    Os expositores ausentes fizeram falta, sem dúvida, e coube à ABAV produzir uma feira que os faça repensar esta decisão ano que vem, reconfirmando a máxima de que “não dá para ficar fora da ABAV Expo”.

    Sua frase (e não minha): “Quem não foi… perdeu uma boa oportunidade de falar com um público qualificado” é outra grande conquista.

    Coloco fichas na sua aposta no Expo Center Norte, mas quem sabe…?

    É verdade, a Decolar.com estava tão colada que parecia estar dentro do Espaço Braztoa. Ano que vem poderá estar, quem sabe?

    O novo momento do mercado, que a ABAV entendeu e refletirá cada vez mais na ABAV Expo é este mesmo: foco nos negócios !

    ABAV, Braztoa, Abracorp, Air-TKT, quem sabe outras entidades no futuro? A ABAV Expo é igual a coração de mãe, amamos todas as congêneres.

    O painel geral este ano procurou mostrar a opinião de um especialista sobre a economia, um tema do interesse do país, mas também senti falta de uma sessão geral para debater os grandes temas do nosso mercado. Anotado para 2017 !

    Ano de crise, Artur… “Movimentar São Paulo” carece uma economia em crescimento. Este ano conseguimos “movimentar o mercado de turismo” e mostrar que a ABAV Expo está mudando.

    Sua frase (e não minha): “Enfim, foi sim um evento produtivo, que merece todos os elogios” é mais uma incrível conquista.

    Parabéns ao PANROTAS, que faz a cobertura e apoia a ABAV Expo (Feira da ABAV no passado ou ABAV Expo Business no futuro) há incríveis 40 anos, o que por si só é prova da qualidade do maior evento de viagens e turismo da America Latina.

    Muito obrigado pelas dicas e parceria !

    [ ]’s

    Luís Vabo

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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