Passei alguns dias no Rio para conferir o clima olímpico da cidade e o balanço geral foi bastante positivo, tanto do ponto de vista afetivo, pois sou um carioca que sempre torce pela cidade, quanto do profissional, pois estou sempre vendo como o Turismo irá se beneficiar das mais diversas situações. Sim, o trânsito está um pouco caótico em alguns pontos, a organização vacila em questões como a água da piscina e a alimentação… mas o todo está fantástico.
O Rio já é uma cidade acostumada a essa mistura de nacionalidades, mas durante a Olimpíada isso está sendo exercitado ao extremo. Viramos uma ONU da alegria e da confraternização. A torcida é barulhenta e apaixonada (e não é violenta, como vimos recentemente na França, durante a Eurocopa, para ficarmos em exemplo recente), o carioca e o brasileiro são receptivos, há táxi, Uber e metrô para todos, tem até VLT. O centro da cidade ganha um impulso definitivo, a hotelaria está reformada e com novos ícones, muitos profissionais conseguiram mostrar seu valor ao mundo e a paisagem é um luxo que só engrandece as competições.
Para chegar e sair dos eventos esportivos há uma boa organização, tanto a oficial quanto das empresas privadas. Experimentei uma operação com a Latam Travel, saindo do Prodigy Santos Dumont e foi excelente a experiência. O lounge deles e o atendimento foi excepcional. Assim como o trabalho da inglesa Cosport, que recebeu o grupo convidado pela United Airlines. O acesso de metrô até a Barra é um achado e a faixa especial para carros “olímpicos” idem.
A exposição é enorme para a cidade, mas a experiência que os milhares de turistas estão tendo vai ser muito mais benéfica para o Rio e o Brasil. Ainda há falhas, como o Aeroporto Santos Dumont, mal climatizado e com todos (vou repetir, todos) os banheiros do embarque entupidos e sem descarga quando retornei a São Paulo, mas no geral a infraestrutura melhorou e o cenário natural mais a hospitalidade carioca se encarregam do resto.
As casas dos países são uma atração das Olimpíadas e no Rio todas souberam se beneficiar de estruturas criativas e fantásticas. Mesmo as que são somente para convidados proporcionam experiências únicas com a cara de suas delegações, mas com o astral carioca. Catar, França, Grã-Bretanha, Dinamarca, Suíça, Áustria… até a NBA bombou com uma casa no Boulevard Olímpico, onde o Brasil abriu as portas em diversas ocasiões para o Turismo. Nossa indústria, aliás, só ganhou (até o momento) com os jogos: da exposição das paisagens a essa diversidade de meios de hospedagem e transporte, das múltiplas línguas faladas às opções gastronômicas de todo o País… o Rio se mostrou único e revigorado.
O que será do Rio pós-Olimpíada, com tantos quartos de hotel, carros no Uber, apartamentos na Airbnb? Uma cidade mais diversa e completa do que nunca foi, e tão linda e receptiva como sempre. Mais que a Copa do Mundo, a Olimpíada, por reunir tantos esportes e tanta gente diferente e apaixonada (no evento da Fifa os torcedores de futebol meio que se igualam) e por celebrar a diversidade e o intercâmbio (sim, pelo Tinder e Grindr também), é uma vitrine que marcará o Rio para sempre. É preciso manter essa imagem em alta e consertar falhas históricas, como em nossa promoção ou na questão dos vistos. Mas mais da metade do caminho já foi trilhada.
Por fim, em um momento de crise econômica a Olimpíada foi um respiro para a cidade, com muitos empregos, receita e impostos gerados. Um evento que vai gerar muitos outros negócios. E ainda temos a Paralimpíada pela frente. Que venham outros grandes encontros… Será que não conseguimos sediar o mundial de rúgbi? Ou tênis de mesa? Quem sabe um encontro mundial do Tinder? Ou dos órfãos olímpicos, que começam a sentir um vazio difícil de ser preenchido a partir de segunda-feira. E mais uma vez não estou falando das competições e sim do clima que se instaurou no belo cenário do Rio de Janeiro.
Está difícil falar mal da Rio 2016, mesmo com as falhas pontuais que não escapam à imprensa. E nós do Turismo vamos aproveitar essa onda… outra de nossas especialidades e esporte olímpico a partir de 2020.
PS1: sou a favor das vaias. Cultura do futebol? Pode ser. Mas duvido que seria diferente na França (caso do salto com vara). Afinal, na Europa a cultural do futebol é tão forte como aqui e em bom português a porrada come solta nos estádios. Isso pode ser mudado? Pode. Mas não no meio do jogo.
PS2: o Uber vai ter que adotar um teto de adesões. Já há carros bem estropiados e motoristas que deixam a desejar. Mas se não fosse por isso, continuaríamos nas mãos dos táxis bandalha e não haveria tanta luz verde (LIVRE) em cima dos carros amarelos em plena Olimpíada. Durante o evento, tem pra todos. Mas… e depois?
Comentar