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Dia a dia

Tio Sam chama

Os americanos nos querem. Querem nosso dinheiro. Nossa alegria. Nossos turistas. Nossos grupos outrora desprezados por serem barulhentos, bagunceiros e mal educados. Nós aprendemos a viajar, já respeitamos filas, mas ainda longe do padrão europeu ou asiático, com sua disciplina silenciosa. O que nos diferencia mesmo atualmente é o poder de compra, a economia forte e o volume crescente de turistas que enviamos aos Estados Unidos.

Nossos bilhões de dólares, mais o lobby da US Travel Association, de Estados como a Flórida, Nova York, Nevada e Califórnia, e o trabalho dos operadores e fornecedores brasileiros e americanos surtiram efeito e o presidente Barack Obama citou nominalmente o Brasil e a China como países prioritários para a melhoria dos processos de emissão de visto. É um passo largo para que entremos no programa Visa Waiver, o que dobraria o número de brasileiros no país. Talvez por isso, com o consequente aumento dos gastos de brasileiros no Exterior, o governo brasileiro, incluindo o MTur, se fez de morto quanto ao assunto.

Mas e a tão alardeada Lei da Reciprocidade? O que vamos fazer para facilitar a emissão de vistos para americanos? Ou para aliviar as horas que ficam nas filas da Imigração? Parece que não estamos interessados em trazer mais americanos. Ao menos não como os americanos querem nossos visitantes.

Ainda é um sonho o dia em que teremos um presidente da República, em um ponto turístico de apelo universal, fazendo um discurso a favor de uma indústria que só faz crescer e gerar riquezas, empregos, integração… Por enquanto, turismo no Brasil é algo à parte para o governo. Sim, há um ministério, com pouco dinheiro, com pouco prestígio, pois sequer é chamado para as principais discussões sobre Copa e Olimpíada, com pouca visibilidade.

Somos otimistas, sim, isso há de melhorar. Pois o turismo daqui até 2016 se fará ser notado, seja pelo lado bom (turistas, riquezas, empregos, a imagem do País mundo afora) ou pelo ruim (apagões, falta de infraestrutura, desvios de verbas). Que imagem queremos após 2014 e 2016?

O que estamos fazendo agora por nossa indústria? Sim, queremos mais sul-americanos. Mas também os viajantes que gastam mais. Sim, a Europa está em crise. Mas a Alemanha não. Sim, os Estados Unidos exigem vistos dos brasileiros. Mas não tem, mesmo com crise, americano algum querendo morar no Brasil.

Tio Sam nos chama e nos seduz. Mas o Zé Carioca está mais para Macunaíma e faz manha. Afinal, turismo pra quê?

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Artur,

    Não me surpreendi com a perfomance do Obama na Disney. Achei bem compreensível para o momento econômico dos EUA.

    Ah, já tem americano querendo morar no Brasil sim, desde que com um emprego melhor do que ele consegue lá.

    Em nossa empresa, já empregamos argentino, espanhol, mexicano e recebemos frequentemente CVs de portugueses, italianos e, agora, também de norteamericanos…

    A onda favorável ao Brasil continua crescendo e ganhando velocidade.

    []’s

    Luís Vabo

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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