Muito cuidado com esse post… meu chefe é argentino. Passei quatro dias em Buenos Aires e o destino continua muito bom: boa comida, bons hotéis, atrações únicas que só vemos por lá.
O melhor café da manhã da cidade deve ser o do Sofitel Buenos Aires, um hotel impecável. Pena que foi apenas uma noite. Agora entendi porque o Sofitel São Paulo virou Grand Mercure… estava um pouco distante do padrão argentino, por exemplo. A reunião da Alagev no hotel foi em um belíssimo salão, sobre o suntuoso e de bom gosto lobby do hotel. Acho que não temos hotéis como os argentinos, nesse nível cinco estrelas plus, vamos dizer assim. Talvez o prédio do Copa, o charme do Fasano Rio… e o Glória que vem por aí. Mas alto padrão ainda está difícil por aqui. Na categoria cinco e quatro estrelas aí sim, estamos bem, além de termos alguns três estrelas muito bons, melhores que os de lá.
A hotelaria, portanto, vai bem, obrigada. Visitamos, ainda, o Pestana Buenos Aires, com quartos renovados, um spa e piscina coberta deslumbrantes e comida também sensacional. As novas TVs nos quartos agora também têm DirectTV, o que significa Globo Internacional, para os brasileiros (cerca de 50% da ocupação) matarem saudade. E a localização, aí sim, melhor impossível, na Nove de Julho, pertinho do Obelisco.
Ainda passamos pelo tradicional Alvear, onde mais uma vez comprovamos (eu e o grupo da Alagev) a excelência da gastronomia argentina. No final de semana, nos hospedamos no Esplendor Palermo Hollywood, um dos dez hotéis da rede Fen em Buenos Aires. Palermo Hollywood é a Vila Madalena local, com muitos bares e restaurantes all night long. Ao lado, está Palermo Soho, a Oscar Freire argentina, com lojas, ateliês, bistrôs e muita gente andando pelas ruas. O hotel é butique, bem pequeno e bem decorado, sem tumultos, e uma boa opção para quem não conhece esse lado da cidade. Fica distante, porém, da Recoleta e das áreas mais turísticas. Mas a Fen tem endereços, com as marcas Esplendor e Dazzler, por toda a cidade, incluindo a Recoleta.
Não fez frio, portanto, guardamos a maioria dos casacos que levamos, e conseguimos descansar, passear, comer bem e descobrir esse outro lado de Buenos Aires. Se tivéssemos mais noites, acho que escolheríamos outra localização.
Agora, o outro lado de Buenos Aires, ou da Argentina em geral.
O câmbio está maluco. Houve gente trocando um dólar por 5,5 pesos, mas também quem o fizesse a quatro pesos, 4,2 pesos e outras frações. Quem trocou reais no aeroporto vendeu a moeda brasileira por 1,7 peso, quando em lojas ou hotéis esse valor podia chegar a 2,5. A maioria dos restaurantes e lojas, porém, aceita dólares (por um câmbio bom para o lojista), mas não reais. E como está havendo diversos problemas de abastecimento na cidade, caixas eletrônicos sem dinheiro são uma constante. O ideal é trocar pesos no Brasil ou em bancos e levar uma boa quantidade para toda a viagem. Trocar no meio do caminho pode ser um problema, ainda mais em um final de semana. Boa parte dos restaurantes não aceita cartão de crédito. Em diversos momentos tivemos de fazer contas, juntar dólar com pesos e juntar pesos de quem tinha na mesa para podermos pagar a conta. É grave a crise de moedas na Argentina.
Outro problema: serviço. Os restaurantes têm menos funcionários e o serviço está lento e desleixado.
Mais um: preços altíssimos. Paga-se, em quase tudo, o preço de São Paulo, a cidade mais cara do Brasil. Foi-se o tempo em que fazíamos a festa em shoppings e restaurantes. A dica é comprar apenas o que for exclusivo da Argentina e pesquisar e comparar preços. Também escolher a dedo o restaurante, para não pagar muito por uma comida mediana. E hospedar-se perto de onde tem interesse em visitar/passear, pois os taxistas são piores que os do Rio (tentam enganar os turistas, vão por caminhos errados, nunca têm troco, só aceitam pesos), nos horários de pico são escassos e a corrida está mais cara.
Uma unanimidade: a cidade está suja. Não há limpeza urbana eficiente, nem conscientização dos moradores. As calçadas estão cobertas por cocô de cachorro. Solange Vabo, do Reserve, ficou horrorizada e mal conseguia caminhar sem olhar para o chão e desviar dos torpedos.
Outro comentário: o astral não está dos melhores. Quando a política vai mal, os cidadãos acusam imediatamente. Faltam produtos importados, a compra de dólar é limitada (daí a aceitação nas lojas e restaurantes), a economia está instável (a não aceitação de cartão de crédito revela altas taxas que os empreendimentos não conseguem absorver), há greves (a última foi no dia do jogo do Corinthians contra o Boca), a cidade está descuidada… Vemos muitos mendigos e pedintes nas ruas.
No aeroporto de Ezeiza, um contraste: a ala nova moderna e exemplar; e a área velha (de onde sai a maioria dos voos) deixando muito a desejar. Comer no aeroporto? Caro e ruim. Wi-fi grátis? Só na área nova. No Aeroparque, estrutura precária (faltou luz quando cheguei) e trânsito e locais feios no trajeto.
Pontos positivos de que me esqueci: todos os hotéis têm wi-fi gratuito em todas as dependências e os restaurantes também oferecem o serviço aos clientes. Estamos bem longe dessa fartura de wi-fi por aqui. O duty free-shop de Buenos Aires também dá de dez a zero no de Guarulhos. Os preços aqui estão abusivos, e lá há preços honestos e mais variedade. O mesmo joguinho Nintendo DS, por exemplo, lá fica entre US$ 29 e US$ 49; em Guarulhos, de US$ 89 a US$ 99. Só pode ser deboche. Um suéter da Tommy Hilfiger, que nos Estados Unidos custa de US$ 35 a US$ 49, aqui sai por US$ 98!!! Sem impostos quem? O free shop brasileiro só serve para bebidas e perfumes. E olhe lá.
Ou seja, Buenos Aires que era um destino só alegria se igualou ao Brasil em preços e infraestrutura precária alguns momentos. Ainda vale pela unicidade de sua gastronomia e atrativos. Mas está um destino caro. A passagem aérea pode até estar barata, a hotelaria tem bons preços, mas se gasta bastante por lá. E a instabilidade gera um mal-estar que o turista não precisa vivenciar. Viva a América Latina.
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