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VERÃO SURREAL 1

Adorei a ideia, a criatividade, a ousadia, o grito, o desabafo de alguns cariocas, que criaram o movimento pró-surreal, onde surreal é a nova moeda do Brasil e o movimento um protesto contra os preços abusivos. E não estamos falando de passagem aérea e hotel, como gosta o governo de desviar o assunto para a parte que lhe cabe nesse latifúndio. Também não estamos falando dos itens de luxo, onde quem tem paga, quem não tem baba. São preços abusivos no dia a dia.

É a comida na rua, é o plano de saúde, a água de coco na praia, o aluguel, a venda de imóveis, as roupas, o material escolar, a mensalidade da escola, o dentista, o oculista… Preços abusivos viraram mania nacional. Não por causa da Copa ou da Olimpíada, mas porque se o consumo aumentou os impostos saíram na frente e são os mais altos do planeta.

É surreal o que pagamos aqui frente ao que vemos em viagens para os Estados Unidos, por exemplo. A coisa chegou a um ponto de “surrealidade” que brasileiros que vão a Londres enchem malas e malas e malas e malas… Parece Miami. E estamos falando em libras. Não é real. Não é dólar. Não é euro. É moeda fortíssima. E o brasileiro não está nem aí, já que no Brasil tudo sai muito mais caro.

Claro que, aproveitando a temperatura surreal do verão atual, os comerciantes aproveitam e inflacionam os produtos. Aí o governo aperta mais nos impostos. E aumentam as viagens para o Exterior. E vem mais imposto nas viagens. E o comerciante continua olhando somente para o presente e cobra R$ 90 a pizza de muçarela. Aí o governo cobra mais imposto (sem oferecer a contrapartida em infraestrutura e serviços).

Essa bolha vai explodir. E não vai adiantar chorar e lembrar do tempo em que a pizza era R$ 45, pois o povo não vai pagar nem R$ 20.

Comer fora virou turismo de luxo no Brasil. A Gap e a Sephora são luxo, altíssimo luxo no Brasil. O que será a Armani e a Dior? Sonho impossível…

Aderi ao movimento surreal e prometo divulgar algumas surrealidades que encontrar pelo caminho. Quem passar por Congonhas e Guarulhos fará a festa… Outro dia, comi nuggets e uma coca-cola e paguei quase R$ 30 em uma fast-fooderia nova. E estava tudo muito ruim. Surreal.

Mas não aumentem o preço da hospedagem e da passagem aérea. O governo está de olho.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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