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VOCÊ VENDE SIP CUP? OU A BROADWAY AOS GOLINHOS

Garrafa de refrigerante não entra no teatro… Já a sip cup…

Programa para hoje à noite

Estou há cinco dias em uma imersão na Broadway, a convite da Broadway Inbound/Broadway Collection, que já explico o que faz. Imersão que vai continuar pela semana, mas por outros motivos. Quem quer ter aula de vendas, saber como as engrenagens funcionam (algumas delas ao menos) e passear um pouco pelos bastidores de qualquer negócio tem nos Estados Unidos um modelo e tanto. Na Broadway também é assim.

Um bom exemplo são as chamadas “sip cups”. Aqueles copos de plástico duro que viram souvenir e que podem ganhar refil posteriormente (às vezes de graça, mas geralmente o refil custa menos que o copo na primeira compra). São chamadas de sip cups pois têm o material resistente das canecas (cups) e buraquinhos para os usuários beberem ao goles (sip).

Pois bem, bebida em shows e peças da Broadway, só antes do espetáculo ou no intervalo. Era proibido levá-las para dentro. Porque iam causar sujeira, o líquido derrama, o barulho atrapalha o vizinho… Era contra a tradição.

As sip cups entraram na Broadway há cerca de dois anos e se mostraram um sucesso: os espectadores compram pois também são um souvenir, podem ser levadas para o teatro, pois não derramam, e os teatros ganham mais dinheiro, pois de antes uma Coca-Cola custava US$ 4 no intervalo, hoje custa US$ 10 com a sip cup. E a caneca souvenir pode ser cheia com vinho, cerveja, café… You choose it. Resultado: todos felizes e os teatros arrumaram receita extra, muito bem vinda em qualquer negócio.

Mas não é qualquer musical que merece ou pode ter sip cups em seus bares. Sim… o negócio é profissional. Como requer um investimento maior em sua confecção, a maioria das vezes com o logo do musical escolhido, a sip cup precisa de uma garantia de que o musical ficará pelo menos um ano em cartaz. Ou acontece como vemos o Cinemark fazendo no Brasil: vamos assistis a Jogos Vorazes e há promoção de copos de Kung Fu Panda 2 ou Piratas do Caribe 4. Ou quantas sacolas ou brindes você já não teve encalhados em uma promoção ou venda? É preciso um planejamento cuidadoso.
Mas quem decide se um show é sip cup worthy? Se vale o investimento? O dono do teatro, claro. E essa foi mais uma de minhas descobertas, eles são poucos e poderosos. O grupo Shubert Organization, dono da Broadway Inbound, por exemplo, tem nada menos que 18 teatros na Broadway. Imagine os pitis de alguns produtores ao saber que seus musicais não merecem a sip cup? Ou seja, são vistos como fracasso ou shows de pernas curtas… Alguns, é verdade, duram um dia. Mas vejam exemplos como Chicago, Fantasma da Ópera, Mamma Mia, O Rei Leão… Vão vender ainda muita sip cup.

A história da sip cup, profissional, cruel, fria e boa para todos, serve de exemplo para o trabalho do agente de viagens… Estou viajando? Acho que não. Vender ingressos para a Broadway é algo que pouíssimos agentes de viagens fazem.

Há diversas maneiras de se comprar um ingresso, dependendo do passageiro. Na porta do teatro, o que muitos fazem (mas nem sempre há lugares juntos ou para a seção e a sessão desejadas). No concierge do hotel, o que é o método mais caro. Na internet, prática que vem crescendo, mas que alguns ainda temem pela questão do cartão de crédito e do cadastro a ser feito. No TKTs, na Times Square, central de ingressos com descontos para o mesmo dia (e três horas de fila pelo menos). Com o receptivo local, como extra da programação. Mas não em um pacote de turismo. O que a Broadway quer é educar o mercado brasileiro a fazer com o musical o mesmo que faz com os parques da Disney, Universal e Sea World: a pré-venda, que é como a sip cup, boa para todos – o cliente garante o ingresso e um bom lugar, o agente ganha sua comissão e presta melhor serviço, o operador melhora seu pacote e suas receitas, e os shows garantem uma pré-venda que pode lhes garantir o status de musical sip cup. Isso depende de educação, conscientização, mudança de cultura.

A Broadway Inbound vende ingressos de 18 shows da Broadway (que juntou no que chama de Broadway Collection) para operadores. No Brasil é representada pela BEB, de Silvia Hackmann e Julienne Gananian, que já cadastraram 25 operadoras aptas a vender ingressos para a Broadway. E pertence ao poderoso grupo Shubert, que ainda é dono da Telecharge, de venda direta ao consumidor final. E é na pré-venda ao cliente internacional, via agentes e operadores que eles veem maior chance de crescimento no momento.

Segundo estudos de dez anos atrás, o turista chegava a Nova York dizendo querer ver um show da Broadway, mas acabava perdido em tantas coisas a fazer e não assista a nada. Daí se viu o potencial para a Broadway Inbound. E a importância do profissional de turismo para conscientizá-lo de por que é melhor chegar à cidade programado, planejado e com ingressos na mão. Ele pode acabar assistindo a um show que não quer, pois seu favorito está lotado ou com preços altos. Ou por não saber que naquele dia específico não havia espetáculo. Ou pegar um lugar atrás de uma pilastra. Os lugares vendidos pela Broadway Inbound são todos premium, portanto, quem quer preço é melhor enfrentar a fila do TKTs. Trata-se aqui de um serviço, valor agregado a uma viagem, tudo o que um bom agente precisa atualmente. E essa é apenas uma das oportunidades… E quanto às refeições, passeios e outros extras? Que tal sair com tudo isso pré-agendado do Brasil?

Ainda tenho muito a contar de minhas descobertas pela Broadway, esse primeiro post foi inspirado na sip cup, para que todos descubram novas oportunidades em seu negócio. Com planejamento, criatividade e a frieza que os negócios exigem em determinadas situações.

Bom, já assisti a cinco musicais (incluindo a remontagem de RENT, um dos meus favoritos musicais). Hoje à noite tem Ghost, versão do famoso filme com Patrick Swayze, Whoopi Goldberg e Demi Moore, Depois conto.

O Sem Reserva viaja a convite da Broadway Inbound, com proteção GTA

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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