Em minha recente entrevista com o presidente da Embratur, Flávio Dino, perguntei como era trabalhar com a desigualdade dos produtos turísticos brasileiros, não do ponto de vista de atrativos, mas de infraestrutura, exposição internacional, verba estadual para o turismo, melhorias para o cidadão, conscientização sobre o turismo… Uma nova discussão está em andamento no Fórum de Secretários de Turismo para tratar de uma nova divisão da verba descentralizada, que a Embratur repassa aos Estados para a promoção internacional.
Sempre me perguntei, como Rondônia se divulga no Exterior se ainda não é produto consolidado nem no Brasil? Ou como Sergipe concorre com a Bahia e Pernambuco, tão mais fortes e desenvolvidos? Ou ainda como repartir verba entre o Rio de Janeiro, principal imagem do Brasil no Exterior, e os demais destinos? Como tratar Foz e a Amzônia?
Pela regra atual, todos recebem uma parte da verba igualmente, que é complementada de acordo com o número de turistas recebidos. São Paulo e Rio, assim, se beneficiam. Mas o papel do governo federal não seria o oposto? Fomentar e preparar os destinos menos favorecidos. A discussão é longa, e um debate sobre Marketing de Destinos está em nossa pauta.
Para esse post, pedi a colaboração do jornalista Antonio Roberto Rocha, de Natal (RN), que cobre as notícias do Nordeste para o Jornal e Portal PANROTAS. Rocha, que é um expert quando o assunto é divulgação do Nordeste, pois acompanha de perto ações, planos, tentativas e fracassos dos mais diversos tipos, analisa as recentes medidas anunciadas para divulgar o Nordeste em Portugal e Espanha, mercados em crise clara, evidente e preocupante. Novamente as perguntas: que chances o Piauí tem de atrair portugueses e espanhóis, com uma malha aérea tão limitada, em comparação a Bahia e Pernambuco? Você investiria em mercados em crise nesse momento?
Com a palavra, nosso especialista. Depois queremos saber, você concorda com esse ponto de vista?
“Nordeste fora de foco
por Antonio Roberto Rocha
O Nordeste está no poder no turismo nacional. Pelo menos, o ministro Pedro Novais e o presidente da Embratur, Flávio Dino, são do Maranhão. De quebra, o presidente do Fornatur, Domingos Leonelli, é da Bahia. Mas o que isso pode gerar de dividendos para a região?
Mais promoções, marketing diferenciado, verba para divulgação? Pode ser. Mas a primeira ação, anunciada no Salão do Turismo, está meio fora de foco. Investir R$ 13,5 milhões (só em veiculação, fora a produção) em mercados como Portugal e Espanha, que atravessam momentos econômicos, digamos, delicados, não parece uma medida eficaz.
O Nordeste será divulgado em programas de televisão de 30 minutos nos próximos dois meses. Toda e qualquer divulgação da região na Europa é oportuna, sob qualquer pisma. Mas que os R$ 13,5 milhões poderiam ser mais bem aproveitados, disso não há a menor dúvida.
O que o Piauí, por exemplo, pode esperar dessa divulgação na Europa? Sergipe também não costuma receber visitantes portugueses e espanhóis. O perfil do turismo destes dois Estados é outro. O Nordeste é extenso, complexo, tem suas peculiaridades. É claro que a região deve se vender como um todo no Exterior, mas também é função do Ministério do Turismo, via Embratur, analisar as carências específicas de cada mercado e, radiografia na mão, colaborar em ações que já estejam em desenvolvimento.
Não custa lembrar que até mesmo Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará, que têm voos da Tap de Lisboa e ligações com Madri (no caso, PE e CE), via Ibéria, já não recebem mais tantos portugueses e espanhóis, como na década passada. É o europeu, em geral, quem usa a Tap e a Ibéria para chegar ao Nordeste, através de conexões em Lisboa e Madri.
O Ceará achou atalhos promissores, que merecem a atenção da Embratur. Está trabalhando mercados emergentes no Leste Europeu, em parceria com a Tap e a Iberia, que voam de Fortaleza para Lisboa e Madri, respectivamente, e dessas capitais para muitas cidades da Europa. Certamente, o Ceará está gastando bem menos do que a Embratur vai desembolsar em Portugal e na Espanha, até porque conta com o apoio das companhias aéreas. E os resultados tendem a ser mais nítidos. Rússia, Polônia, República Tcheca e até mesmo as bálticas Estônia, Lituânia e Letônia já começam a enviar grupos de turistas para o Ceará, como assegura o secretário de Turismo, Bismarck Maia. Logicamente, ainda é um fluxo reduzido. Mas são novos mercados. E toda e qualquer estratégia de marketing busca o novo. Apostar, claro, faz parte do jogo.
Alagoas, cuja infraestrutura hoteleira vem aumentando em quantidade e qualidade, tanto em Maceió como em Maragogi, também atravessa bom momento promocional, com ações pertinentes, sem muita verba (problema comum a quase todo o Nordeste) e com foco no mercado nacional. Merece atenção do poder público.
Outro forte destino do Nordeste, Porto de Galinhas também exibe excelentes ocupações e desenvolve um trabalho integrado entre hotelaria e poder público. Porto, como chamam no Nordeste, emplacou no turismo. Mas essa boa fase precisa de sustentação. Não basta criar a imagem. É preciso preservá-la.
Já no Rio Grande do Norte não se pode afirmar o mesmo. Natal é o destino do Nordeste que menos se promove. Não se vende para o consumidor final. Os números ainda não assustam, mas o futuro é incerto. Afinal, a cidade detém uma das maiores ofertas de leitos entre as capitais do Nordeste: mais de 25 mil. O produto é bom, o próprio nome da cidade tem um certo apelo de marketing embutido, mas um fato é inquestionável: se a CVC parar de vender Natal, o turismo potiguar sucumbe. Isso mesmo. O RN está nas mãos da maior operadora do Brasil, que tem Natal como uma de suas locomotivas de venda. A Embratur sabe disso?
Enfim, em meio ao festival de capacitação e qualificação que começa a envolver o Nordeste, nesta fase pré-Copa, seria fundamental, também, achar o melhor mote promocional. Trabalhar o mercado nacional? Investir em polos emissores internacionais? Tradicionais ou emergentes? É preciso falar a mesma língua. O Nordeste, por exemplo, deveria atuar mais na busca do turismo de incentivo, segmento que tem tudo para emplacar na região, mas que ainda é embrionário. Por absoluta falta de visão.
A Embratur tem que “descobrir” o Nordeste. Mapear as reais necessidades – e as virtudes – do turismo da região. Só assim poderá partir.”
Artur e Rocha,
O tema é realmente bastante complexo e não há dúvida que muitas das perguntas colocadas no post precisam de respostas urgentes. Entretanto há alguns “ajustes” que gostaria de fazer nos comentários, apenas para provocar um debate mais amplo. Por exemplo, será que o Rocha está absolutamente correto quando afirma que “toda e qualquer estratégia de marketing busca o novo”? Então onde fica a importância de manter os mercados já conquistados? Quer dizer que a estratégia deve ser jogar no ralo os milhões investidos em Portugal e Espanha (recursos que fizeram desses países, principalmente Portugal, um dos que mais turistas enviaram ao Brasil nos últimos anos, apenas 1,45% menos do que a Itália, que é o nosso principal mercado na Europa) e partir para novas aventuras deixando atrás apenas a terra arrasada? Não creio. Manter o market share não só é necessário como é uma estratégia muito acertada e prudente. Qual é o marketeiro que desconhece que é muito mais barato (além de essencial) manter o cliente atual do que investir em novos clientes? Então como é que ficamos? Simplesmente abandonamos tudo isso e vamos em busca de “novos mercados”? Está bem, Portugal e Espanha estão em crise. Mas não será essa outra razão para continuar investindo? Ou alguém acha que a crise será eterna? E onde fica o planejamento? Muda-se o foco a cada espirro que a economia de algum país der? Políticas de turismo não deveriam ser pensadas no médio e longo prazo?
Por outro lado, se a intenção é direcionar os recursos para o mercado interno, acredito que é preciso, antes, redefinir o papel da Embratur, uma vez que desde o início da gestão Sanovicz, ficou acertado que a autarquia cuidaria apenas (?) da promoção do Brasil no exterior. Se deve permanecer assim ou se está na hora de mudar o foco, é assunto que interessa debater com calma e com base em dados concretos e naõ em suposições. Não estou discutindo o montante dos recursos. Talvez os alegados 13 milhões sejam exagerados como investimento em apenas dois países! Não sei. Não tenho dados que me permitam analisar isso. Mas não tenho dúvidas de que é preciso, sim, continuar a investir nos mercados que construímos ao longo da última década, a duras penas e com excelentes resultados. Buscar novos mercados, essa sim, deve ser uma estratégia alternativa e muito bem planejada, embasada em números consistentes, e não uma aventura gerada pelo pânico de uma crise que não durará para sempre. Deveria ser uma espécie de plano B.
Com relação às características específicas dos estados do nordeste, não vejo nenhuma dificuldade em promover Sergipe, mesmo estando nosso Estado entre a gloriosa Bahia e a bela Alagoas. Basta que não briguemos tanto pelo turista de sol e mar, pois em Sergipe temos excelentes produtos para quem procura história, cultura, negócios, gastronomia, natureza, esporte e muitos outros. Costumo chamar a atenção para o fato de que Aracaju não é um cenário montado para atrair turistas. Aracaju é uma cidade pensada para os aracajuanos, com excelente qualidade de vida, livre de favelas e de lixo, com uma orla que apresenta equipamentos e atrativos frequentados por toda a população o ano inteiro. O visitante pode percorrer os bairros e o centro que não encontrará ruas sem asfalto, nem esgoto a céu aberto, nem miséria extrema. Aracaju é uma cidade equilibrada, planejada, limpa, arborizada e com excelente infra-estrutura hoteleira. Mas Aracaju também é a capital de um Estado que apresenta atrativos como o quinto maior cânion navegável do mundo, o sertão do cangaço, a serra de Itabaiana, a foz do São Francisco, a quarta cidade mais antiga do Brasil, cuja praça central é patrimônio mundial, e tudo isso a, no máximo, 200 km da capital! Pergunto: qual a dificuldade de vender esse produto mesmo tendo Bahia de um lado e Alagoas do outro? Por que motivo não podemos utilizar o fluxo turístico desses dois estados gigantes no turismo para alavancar nosso próprio fluxo? E qual o problema em nos promovermos exatamente nos dois estados vizinhos, já que eles, junto com SP, são nossos principais emissores? Quanto ainda temos a crescer no turismo interno? E os eventos que em 2008 eram 12 e em 2010 já foram 67? (considerando apenas os eventos trabalhados pelo Aracaju Convention).
Ainda há muito a fazer e as verbas serão sempre determinantes, mas creio que essa discussão não pode perder o foco e precisa ser feita de maneira desapaixonada, livre da contaminação bairrista. No mercado internacional acredito sim que um dos caminhos possíveis é promover o nordeste como um “produto único” com diferentes atrativos e oportunidades. É mais barato e mais inteligente, mas é preciso deixar de lado as veleidades e apostar no conjunto, no longo prazo.
Como prometido pelo Artur, acho que já está na hora de debatermos realidades e mitos num belo seminário sobre marketing de destinos. Até lá, que a troca de idéias proporcionada por este espaço seja o mais profícua e abrangente possível, com todo o respeito, claro.
Forte abraço
Caro Rui Carvalho
Muito inteligente e pertinente sua colocação. É a partir do debate, dos posicionamentos e das correlações claras, como foi o caso, que o Nordeste acabará achando os melhores atalhos promocionais.
Só temo que você possa não ter entendido a questão dos novos mercados. Não se trata de “jogar fora” mercados como Portugal e Espanha. Mas, sim, redirecionar focos e verbas em busca de um novo “cliente”. É prática do marketing – diria que seu grande desafio – desvendar um nicho. É a própria catarse do marqueteiro.
Como você falou em Portugal, alguns lembretes que comprovam o momento inadequado de investir maciçamente por lá (isso sem contar os problemas econômicos).
Esse país de apenas 10 milhões de habitantes tem algo em torno de 20% da população em condições financeiras ou físicas de realizar uma viagem de longo percurso. Neste percentual estão, claro, os formandos (lá chamados de finalistas), que ainda vêm ao Nordeste comemorar o diploma do curso médio. É tradição deles viajar para comemorar.
Mas os turistas, digamos, convencionais, pararam de procurar o Nordeste. Ficou caro para eles. Quase todos já vieram, mais de uma vez, à região, sobretudo na época dos voos charteres, na década passada. Natal, só para citar um exemplo, já teve cinco voos fretados semanais de Lisboa em determinadas épocas do ano.
O boom da terrinha acabou. O próprio vice-presidente da Tap, Luís da Gama-Mor, sempre ressalta nas entrevistas coletivas: os passageiros portugueses não chegam a 30% dos voos que ligam Lisboa às capitais do Nordeste. Ou seja: o voo é da Europa, com hub em Portugal.
Devemos, porém, mesmo com todas as explicações acima, continuar a investir em Portugal, tão unida por tradições históricas. Mas se você só tem R$ 13,5 milhões para divulgar o Nordeste na Europa e distribui essa verba entre Portugal e Espanha no atual momento… Convenhamos… É falta de visão, obstinação, orientação e bom senso.
Prezado Antônio Rocha,
Dando continuidade à nossa troca de idéias, temo que estejamos defendendo a mesma coisa com argumentos diferentes. O que contestei no seu argumento original foi a frase onde você afirma textualmente que “toda e qualquer estratégia de marketing busca o novo”. Repare que você foi enfático, utilizou o termo “toda e qualquer”, ou seja, em bom português, essa expressão é excludente, pois não admite outro caminho. Eu disse claramente que não entrava no mérito dos valores, pois não tinha dados para comentar o acerto ou inutilidade do investimento, já que, entre outras coisas, não sei o valor total disponível. Pode ser que a Embratur esteja investindo esses valores para, como eu defendo, garantir os mercados já conquistados, e que haja outros investimentos na busca de novos nichos, no que concordo com você, deve ser uma alternativa a ser considerada. Até aqui portanto, com exceção do “toda e qualquer” que foi a parte com a qual discordei, parece que nós estamos na mesma sintonia.
Agora deixe-me falar um pouco de Portugal, já que você apresentou alguns argumentos que também são discutíveis. Mas antes de tudo preciso dizer que conheço bem aquele país, pois foi lá que nasci e vivi até os 21 anos, e é lá que permanace minha família, a qual visito todos os anos. Portugal tem uma população de 10,5 milhões com renda per capita de US$ 23.000 (dados do Instituto Nacional de Estatística – INE). As classes Alta e Média Alta, que nós aqui conhecemos como A/B, representam 15,4% ( dados da marktest.com) da população, ou seja, um contingente de 1.617.000 consumidores de alto poder aquisitivo. Entretanto, se considerarmos a Grande Lisboa esse percentual ascende a 40,2% da população, o que já configura a região metropolitana de Lisboa como um excelente mercado para nossos produtos. Se considerarmos que em 2009 vieram ao Brasil apenas 183.697 portugueses, número que, segundo o Paulo Brehm porta voz da APAVT (Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo), deve ter sofrido um decréscimo de 2% em 2010 (Jornal Valor Econômico de 13/06/2011), ainda assim temos um mercado potencial de cerca de 1,5 milhão de portugueses com recursos para fazer viagens de longo curso. Convenhamos não é nada desprezível e justifica plenamente o investimento planejado! Ainda segundo o porta voz da APAVT, alguns estados do nordeste, entre eles o RN, perderam terreno por terem abandonado as ações de promoção e parado de investir, o que comprova minha tese de que é imperioso que continuemos aplicando recursos nos mercados que já conquistamos. O Ceará e a Bahia até tiveram leve alta no ingresso de portugueses (ainda segundo a mesma fonte) e já estão trabalhando em ações alternativas para recuperar as possíveis perdas causadas pela situação econômica desfavorável. Este ano, em Novembro, o Congresso da APAVT acontece em Fortaleza, trazendo centenas de agentes de viagens e operadores portugueses. Ora, sabendo que tanto Portugal como Espanha estão entre os Top Seven na emissão de turistas para o Brasil, sabendo que a diferençca verificada entre o primeiro lugar na Europa, a Itália, e Portugal é de apenas 1,45%, sabendo que o apelo histórico e cultural é enorme devido aos laços que nos unem, sabendo (como eu constato todos os dias) que o sonho de todo português é conhecer o Brasil, você não acha que talvez a estratégia de Embratur não esteja assim tão desfocada? Repito, esta minha defesa não exclui a necessidade e oportunidade de buscar novos mercados. O que contesto é sua afirmação peremptória de que a Embratur está agindo com “falta de visão, osbtinação, orientação e bom senso”. Acredito que devemos, ao menos, dar ao governo o benefício da dúvida, e aplaudir a visão estratégica de seus marketeiros que, ao investirem nesses dois mercados parceiros, reconhecem que é preciso proteger, ainda que com algum sacrifício, os investimentos feitos até agora naqueles mercados, principalmente em período de crise. Mudar o foco do investimento é uma idéia que me agrada. Talvez devêssemos investir no nicho de eventos e de incentivo, pode ser! Mas não acho que o investimento planejado seja um despropósito e um exagero.
Por último apenas uma correçãozinha. Ainda não se pode afirmar que os “finalistas” (formandos para nós) tenham como tradição uma viagem para o exterior, muito menos para o Brasil. Aí sim, se o nordeste depender desse fluxo, todos vamos morrer de fome! Os portugueses adotaram essa prática apenas alguns poucos anos atrás, no bojo do “enriquecimento” proporcionado pelas verbas fartas da UE, mas isso está longe de ser uma tradição num país com quase um milênio de história. Na época em que me formei isso sequer era cogitado, e, para os padrões portugueses, uma tradição precisa ter mais de um século ou não passa de modismo. Mesmo assim, apenas 50% dos estudantes viajam no final do curso, muito mais os formandos de nível superior do que os do ensino médio, e, via de regra, o destino é a vizinha Espanha, e, mais recentemente, Marrakesh, México e Caribe. Com a atual crise, é claro que esse fluxo diminuiu, mas é bom estar atento a mercados emergentes como a Tailândia e República Dominicana, nossos grandes concorrentes naquele mercado. Ao Brasil vêm uns poucos abnegados impelidos exatamente pelos laços de amizade e pela aura de “boemia e esbórnia” que algumas cidades do nordeste ainda teimam em cultivar no mercado externo, com as consequências nefastas que todos nós conhecemos. Muito ainda haveria a dizer, principalmente sobre o mercado de segunda residência, no qual os portugueses e espanhóis já investiram mais de 136 milhões de dólares no Brasil (21% do total desse mercado), mas para isso ficaríamos aqui horas a discutir. Termino pedindo que façamos todos uma reflexão sobre se é realmente a hora de redirecionarmos nossos investimentos. A crise na Europa, real e profunda, um dia acaba, e nós temos um enorme desafio de consolidar nosso país como potência turística até 2020. Copa e Olimpíada vêm aí e não me parece ser hora de aventuras e riscos excessivos. Uma política de promoção ao mesmo tempo prudente e criativa não é tarefa impossível e creio que isso está nos planos das nossas autoridades. Compete a nós, “vendedores” do nordeste, saber aproveitar as oportunidades e fazer do limão uma apetitosa limonada! Mas isso é muito mais fácil se agirmos em conjunto, desenvolvendo o nordeste brasileiro no exterior como um destino com inúmeras possibilidades e atrativos diferenciados. Está na hora de arrumarmos a casa, dar as mãos e partir para a luta de cabeça erguida e sem bairrismos.
Um abraço
Uma pergunta que eu sempre tenho quando vou viajar pelo nordeste:
Ainda existe algo novo para se “inventar”?
Sei que onde eu for, basta abrir um guia ou procurar um centro de atendimento ao Turista, terei acesso ao que existe nas cidades.
Mas ao planejar a viagem, antes de sair de casa, o que tem de novo? Um novo hotel? Uma nova praia? Um novo passeio?
Na minha opnião. Os destinos menos conhecidos precisam se re inventar.
Em relação a investir com MKT la fora, temos que reconhecer que nossa moeda passou a encarecer transportes, hotel, o valor é sim fator de decisão do europeu hoje em dia.
Até 2014, não vejo muitos incrementos, mas a partir da copa de 2014, as cidades fazendo seu melhor, teremos sim um novo cenario de turistas estrangeiros no Brasil, mas em destinos ja posicionados.
Tiago,
Desculpe mas não entendi sua lógica! Você pergunta o que os destinos têm de novidade, e logo depois, afirma que os destinos menos conhecidos precisam reinventar-se? Caramba! Não lhe parece que se algum destino é menos conhecido ele precisa é ser visitado? Por exemplo, o que você conhece de Aracaju? Como pode saber se precisamos reinventar-nos se ainda nem conheceu o que já inventamos há muito tempo? kkkkkkk Foi mal, hein?
Quanto ao exterior, o Brasil é caro sim, mas é preciso aproveitar exatamente estes anos pré-copa para preparar o terreno para os turistas que virão. Se pararmos de investir nos nossos mercados emissores e de investir em novos nichos, teremos pouco a comemorar depois da Copa, né?
Abraço
Amado Rui, você entendeu sim,temos gostos diferentes. Você vai entender mais abaixo.
Realmente não conheço Aracaju,alias não citei nenhuma cidade em específico.
É simplesmente meu perfil, assim como milhões de outros brasileiros que tambem não a conhecem.
Lembra da propaganda da Sprite? Imagem não é nada, sede é tudo? Podemos dizer que no nordeste não serve muito não é?afinal, temos muita beleza no nosso país e as imagens da internet, da tv são reais.
Espero conhecer mais de Aracaju,mas ja que vou investir nesta viagem, quero dar o tiro certo, afinal, é algo intangível, posso gostar, ou não, ja pensou minha esposa frustrada…
Este desafio é seu!
A mais nova propaganda na TV é um casal que planeja as ferias por muito tempo, escolhem um destino com neve e quando chegam, não tem mais…..faltou consultoria.
A propaganda é de uma nova agência de viagens online. Como agências, vamos procurar sim vender melhor os destinos.
Minha área de atuação é preço, se Aracaju e seus fornecedores estiverem competitivos, serei o primeiro a colaborar!
Aqui estou contribuindo com minhas impressões de alguem que investe bastante em viagens pessoais, de estudo, lazer, esportes.
Um forte abraço e obrigado pelas criticas.
Tiago,
Continuo com meu ponto de vista: não precisamos reinventar nada, precisamos é mostrar-nos. Quem precisa reinventar-se são os destinos que já esgotaram a sua fatia de market share. Nós, os (ainda) desconhecidos, temos muito caminho pela frente. Basta fazermos o beábá. Se o desafio é trazer você pra cá, não vou reinventar nada, vou apenas convidá-lo a conhecer e depois usar você como multiplicador de nossas qualidades. Aceita? rssss
Abraço
Abraço.
Adoro estes debates.
Eu acho que todos estão certo + na realidade falta comprometimento publico no geral, a 02 anos da copa e infelizmente estamos começando as obras agora (estão avaliando o custo disso)
Promoções de divulgação dos estados não pode só ser em feiras como mero distribuidores de papel, onde muitas vezes não mostramos a nossa cultura que é tão rica e criativa.
Acho que devemos cobrar estradas e segurança para viagens de carro, o regional é muito importante para nós.
O nordeste poderia fazer parceria através de suas proximidades, criando não so novos roteiros + mostrando melhor com a essência real. Me lembro que foi lançado em uma destas feira 03 estados, a campanha estava ate legal, so esqueceram de participarem aos empresários da região para prepararem o seu material com os mesmo propósito (hoteleiros, receptivos, operadores, restaurantes, artesões etc. ). Esqueceram também de pegar o carro e ver se as estradas estavam preparadas e seguras.
Falamos um monte que temos que nos profissionalizar, damos a desculpas que somos muitos novos e que os outros países saíram bem na frente, verdade + escuto isso a 20 anos.
Desde de quando brasileiro não sabe receber?
Gente temos um povo maravilhoso, uma excelente comida, temos hoteis muito bons, todos os tipos de serviços e preços, mais infelizmente não temos comprometimento no geral.
Cada governo uma política nova, uns dão priorizam o turismo outros mudam completamente e deixam de investir.
Bom, tudo isso faz parte. Vamos arregaçar as nossas mangas, trabalhar bem o mercado nacional e depois ver os + próximos, que não tenha dificuldade de vôos.
Adoro o que faço e sei que vocês também então vamos a luta
Boa sorte
Artur, estou adorando essas discussões sobre marketing de destinos. Como você sabe, é minha paixão. E o Brasil, outra paixão. Sei que falam do NE, mas acabei de voltar de Minas e há preciosidades também lá, como em todo o país, que poderiam ser melhor aproveitadas. Nosso país é de uma riqueza impressionante para o turismo. O lado bom disso tudo é que ainda temos uma atividade econômica que nem começou a apresentar todo o seu potencial. Ou seja, muita oportunidade de bons negócios e de crescimento de todo o país, já que sabemos que o turismo, quando bem trabalhado, é excelente como atividade sustentável, gerando benefícios para toda a sociedade. Mas o que queria colocar aqui é apenas uma informação. Quando a África do Sul fez a sua divulgação da copa, privilegiou os países desenvolvidos, especialmente as maiores potências europeias e os Estados Unidos. E foram exatamente estes os que mais sofreram com a crise. Essa estratégia, ainda antes da copa se realizar, foi considerada um equívoco e, no último ano, houve uma reestruturação das ações. Bem, não me cabe julgar nenhuma iniciativa, mas acredito ser fundamental observar a mudança de poder econômico que acontece no mundo atualmente.
E acho fundamentais as reflexões e debates sobre o assunto.
Tati Isler
Tati,
É preciso ter cuidado quando se fazem comparações do Brasil com o primeiro mundo. Não tenhamos ilusões, os pobres da Europa, por exemplo, ainda seriam classe média aqui. Nossos pobres (e até a classe média) ainda lutam por necessidades básicas como educação, esgoto, escola, saúde pública, transporte, etc. Já na Europa a crise está fazendo com os “coitados” tenham que adiar a troca do carro 2010 por um 2012 (descontado o exagero foi o cenário que vi em Portugal, que é o país mais pobre da Europa). É preciso não cair na tentação de acreditar que o fato de termos uma classe C (e até D) em ascendência, nos leva automaticamenbte ao patamar do primeiro mundo. Não quero com isto dizer que a estratégia que você citou está certa ou errada, apenas que é preciso entender que os conceitos de “pobre” e “remediado” variam muito conforme o continente. No mais, concordo com você que o Brasil tem muito a explorar e a lucrar com o turismo, e Minas, é sim um Estado com muitos atrativos e oportunidades.
Um abraço