Correr “fora de casa” é a forma de aliar a vontade de conhecer um destino e de quebra, ter uma experiência esportiva única. E o chamado “maraturismo”, caminha a passos largos para se tornar um importante segmento do setor.
Um estudo da New York World Runners (NYWR), entidade que reúne corredores do mundo inteiro, mostra que a maratona de Nova Iorque, tem um impacto de mais de US$340 milhões na economia local. Em adição, a Universidade de Illinois, afirma que esse efeito em Chicago, é de US$280 milhões. Isso porque, os atletas amadores corredores de rua lotam hotéis e restaurantes, visitam pontos turísticos durante sua estada, e, costumam esticar sua viagem, à cidades vizinhas.
No final de semana de 03 e 04 de junho, deste ano, participei da Maratona Internacional de Porto Alegre, uma das mais importantes do Brasil. No evento, 16 mil pessoas inscritas. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Local, a estimativa era receber 40 mil turistas na capital do Rio Grande do Sul durante este período. Como resultado, em um ganho de R$23 milhões para o Turismo.
Da mesma forma, organizadores de provas de corrida de rua, como a TFSports, abrem cada vez mais o leque de distâncias e percursos. Assim, atraem cada vez mais, novos corredores-turistas (ou diria: turistas-corredores?). Somado à isso, itinerários para as crianças também estão sendo criados.
Como resultado, provas de corrida de rua para toda a família, estão acontecendo em todos os cantos do Brasil, quase que todos os finais de semana do ano. O que acontece em outros países Também.
Corredores brasileiros pelo mundo
As corridas estão por todas as partes do mundo e têm atraído cada vez mais brasileiros.
A assessoria esportiva que faço parte como aluna, MPR, leva o nome do seu fundador, Marcos Paulo Reis e é considerada a maior assessoria brasileira de corrida. Com sede em São Paulo, o ex-técnico da seleção brasileira de Triatlo, seus sócios e instrutores, treinam corredores de todos os estados do Brasil, de modo presencial e á distância.
Conhecidos não apenas por fazer o planejamento estratégico de treinos, os instrutores da MPR também dão suporte em provas nacionais e internacionais à seus alunos.
Em 2022, a assessoria acompanhou 591 alunos que se distribuíram nas provas de Boston, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Berlim, Londres, Chicago, Nova Iorque e Valência. E neste ano, já acompanharam 551 “amarelinhos” (como são chamados os alunos MPR, em alusão á cor da camiseta) em Tóquio, Paris, Mendonza, Boston, Londres, Porto Alegre e Rio de Janeiro. E ainda terão pela frente, o segundo semestre de 2023 com pelo menos, 5 outros destinos para “Maraturistar”.
Por conseguinte, outras assessorias esportivas também acompanham seus alunos, o que só aumenta o número de brasileiros que praticam o maratuirsmo. Isso sem contar aqueles, que assim como eu, correm destinos sem o suporte do seu treinador ou “clube de corrida”.
Maraturistei na cidade antiga
De modo a “maraturistar”, em março desse ano, parti rumo à Terra Santa, Israel em uma viagem de 7 dias. Durante esse período, me dividi entre conhecer a Cidade Antiga e refazer os últimos passos de Jesus Cristo, participar da Maratona de Jerusalém, relaxar no Mar Morto e comemorar com a medalha no peito, em Tel-Aviv.
Só para essa edição da corrida de rua considerada difícil, por causa da altimetria (elevação), foram 40 mil inscritos. Sendo 3 mil estrangeiros, onde 109, eram brasileiros (a maior delegação do evento), que optaram em correr 10k, 21k ou 42k.
Em suma, costumo dizer que quando você faz o maraturismo, você conhece a cidade correndo, passa por pontos turísticos, vê novas paisagens e cria uma memória. Depois, você volta aos lugares que chamaram sua atenção e vive uma outra experiência no mesmo lugar em que correu.
Assim, se correr é uma atividade que alivia a tensão e faz com que você cuide mais de si, viajar, só vem pra somar.
oportunidade
Como “maraturista” experiente, ao correr Brasil a fora, tenho observações não favoráveis ao setor.
Recentemente, estive em Aracaju, Sergipe para correr a Meia Maratona do local (21km). Apesar de o evento não ser internacional, o setor estava pouco preparado para receber e lidar com a demanda. Desde a hotelaria, os restaurantes e até o sistema de transporte, não pareciam preparados para receber aquela quantidade de pessoas. E esse é apenas um exemplo.
De acordo com os últimos anos, temos visto cada vez mais, que o corredor que viaja para correr, quer comer bem, estar hospedado próximo ao local de largada ou chegada, e se sente bem assistido por receptivos que “descompliquem” sua estada e criem roteiros que não conflitem com a atividade principal, que é correr os 42km_195m de uma maratona.
Dicas para o trade
Abaixo, listei algumas ações que podem ajudar o setor a tirar o máximo de proveito econômico do Maraturismo:
- Crie pacotes turísticos especiais que incluam a participação na maratona, oferecendo aos corredores acomodação, transporte e outras comodidades. Isso atrairá também seus acompanhantes.
- Estabeleça parcerias com hotéis e restaurantes locais para oferecer descontos e promoções exclusivas para os participantes da maratona. Isso incentivará os corredores a escolherem esses estabelecimentos para sua estadia e refeições.
- Organize eventos paralelos, que possam ocorrer antes ou após a maratona principal.
- Utilize as redes sociais e estratégias de marketing digital para promover a maratona e o destino. Crie conteúdo relevante e engajador, como vídeos, fotos e depoimentos de corredores que participaram de edições anteriores. Isso ajudará a criar um buzz em torno do evento e a atrair mais corredores e entusiastas para a região.
- Lembre-se de adaptar essas estratégias às características e demandas específicas do seu destino e da maratona em questão. Com planejamento adequado e promoção eficaz, o setor de turismo pode capitalizar a realização de uma maratona para impulsionar o turismo e atrair visitantes interessados em esportes e eventos relacionados.
Por fim, a pesquisa “Why we run” feita pelo APP de corrida Strava, que tem mais de 50 milhões de atletas cadastrados, aponta que o corredor brasileiro se destaca positivamente, em diversos aspectos em relação à média global. Atualmente, estima-se que 24,6% dos brasileiros, praticam corrida de rua. Número esse que vem crescendo a cada ano. E que AINDA não é visto como um potencial turista em nosso país. Mas que é bem vindo e bem acolhido, nos países que visita e que já entenderam a representação em “cifra” para o setor.
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