Espírito Santo: o novo destino do turismo de esporte e aventura

Sabe aquela viagem que você faz sem muita pretensão de grandes descobertas e se surpreende a cada dia no destino? Pois é … acabo de chegar de uma. Meu destino? Um Estado fronteiriço com 3 dos mais visitados Estados brasileiros – Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. De topografia montanhosa e ao mesmo tempo, com 411km de costa litorânea. Composto por 78 municípios. Com um povo hospitaleiro de origem inicialmente italiana, alemã, holandesa e suíça. Conhecido por uma moqueca feita em panela de barro, produzida pela paneleiras. E uma torta criada no século XIX, rica em frutos do mar e pescados, feita especialmente para a semana Santa.

O Estado do Espírito Santo me surpreendeu ao longo dos 6 dias de estada.

um novo olhar

Essa não foi a minha primeira vez em terras capixabas. Voltando um pouquinho no túnel do tempo, me vejo aos 13 ou 14 anos, passando férias em Vila Velha – cidade vizinha da capital – na casa de primos. Contudo, nada além de praia, uma turma de condomínio e festas em clubes locais nas minhas lembranças. Alguns bons anos se passaram até que em novembro de 2018, volto ao estado rumo ás Montanhas Capixabas, e ajusto um novo olhar ao destino.

Entretanto, voltar 5 anos depois para o Estado, não foi nem de perto fazer “mais do mesmo”. Ao contrário, foi uma sequência de “uaus” seguidas de “quero mais”. Por isso, se você planeja viajar dentro do Brasil e busca uma pitada de esporte e aventura, mas não tinha o Espírito Santo no seu mapa …. prepare-se para mudar sua “lista de lugares á visitar”!

O Estado do Espírito Santo é um prato cheio de desafios em novas e exuberantes paisagens: canoa havaiana, stand up paddle (SUP), caiaque, barco á vela, surf, navegação marítima, mergulho, corrida, ciclismo, caminhada, escalada, trekking, mountain bike, trail run, rappel, raffting, voo livre, são apenas algumas das atividades que você pode praticar enquanto visita o destino.

Cachoeiras, montanhas, rios e a temperatura amena das regiões mais distantes da praia, facilitam a prática do turismo esportivo e de aventura em terras capixabas. Um destino com os 3 elementos: água, ar e terra.

vitória: porta de entrada

Comecemos por Vitória. Com voos diretos vindos de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Porto Seguro e Recife. A capital oferece opções de praias para banho e Sol, e também, esportes aquáticos.

Imagem aérea da Capital Vitória, ES – Imagem de divulgação
  • Praia de Camburi: a mais famosa e uma das mais extensas da capital, com boa infraestrutura e opções de lazer.
  • Curva da Jurema: uma praia tranquila e familiar, com águas calmas e quiosques.
  • Ilha dos Frades: uma ilha paradisíaca com praias de águas cristalinas e natureza preservada.
  • Ilha do Boi: uma ilha nobre e exclusiva, com praias de areia branca e mar azul.
  • Praia das Castanheiras: uma praia urbana e movimentada, com sombra de castanheiras e águas limpas, situada na Ilha do Frade.
  • Praia do Canto: a mais central e badalada, com bares, restaurantes e vida noturna. Local que inclui a Praia da Guarderia, um lugar bem procurado pelo público jovem e por famílias com crianças. Que se destaca pela “guarderia”, um grande “estacionamento” de pranchas de Stand Up Paddle, caiaques, canoas havaianas e pequenos barcos á vela.

elemento 1: água

Vista aérea da Praia da Guarderia, em Vitória – ES (Imagem de divulgação)

Foi na Praia da Guarderia que euzinha, Cacá Filippini, conheci o Sr. Edmar Zouain Campos, que não tem apenas o mar no nome, como também em seu estilo de vida. Um dos responsáveis pela criação da instalação do CNC-CENTRO NÁUTICO CAPIXABA  (1998) ou simplesmente GUARDERIA. Inicialmente instalados na Praia de Camburi. Tornou-se uma associação náutica sem fins lucrativos em 2006 e em 2008, foi transferida para a Praia do Canto. No ano seguinte, o CNC passou a sediar as 2 primeiras escolas de canoa havaiana do Estado. Para se ter uma ideia, são mais de 400 equipamentos à vela, remo e canoagem, guardados na instalação. O que fez da Praia de Guarderia um point para a prática de esportes náuticos.

Desportista náutica que sou e habilitada com Arrais Amador, sempre conduzi embarcações de recreio (barcos motorizados) mas trazia comigo a curiosidade de conduzir barco de vela. Bastou apenas um convite do Sr. Edmar para eu vestir o colete salva-vidas, aprender á armar a vela e partir para o mar. Em pouco tempo, lá estava eu navegando em águas claras, impulsionada pelo vento da bacia abrigada. Em poucos minutos, realizei as primeiras manobras, me sentindo aprendiz de Torben Grael. Por fim, atraquei nas areais amareladas, de frente á Praça dos Namorados, querendo mais.

Mas se você pensa que esse foi meu único contato com a água, se engana. Não resisti e subi no caiaque para remar meio aos barcos ancorados na baia e em torno das rochas que despontam no mar. Ainda mais, após saber que a Praia da Guarderia integra a Área de Proteção Ambiental Baía das Tartarugas. Mergulhadora que sou, não poderia deixar de perder a chance de avistar tartarugas enquanto remava por lá. Lindo, lindo e lindo!

O CNC também oferece experiências e aulas de Stand Up Paddle, WindSurf, natação em águas abertas e canoa havaiana.

Na orla, é possível avistar praticantes de caminhada, corrida e bike. Vale também dizer que a praia em si é pequena, tem pouca estrutura e não conta com muitos quiosques e restaurantes a sua frente. Embora não tenha comércio, é bem provável que você encontre vendedores ambulantes por lá no período de alta temporada e finais de semana. Assim como pessoas alugando guarda-sóis e cadeiras de praia.

Outra opção de “água” é o mergulho … assunto para o futuro.

elemento 2: ar

Há quase 90km dali, o município de Alfredo Chaves marcou definitivamente a minha vida.

Vista aérea de Alfredo Chaves, na região das Montanhas Capixabas em Espírito Santo – Crédito: Rodolpho Cavalini

Muito procurado por turistas, o município de Alfredo Chaves possui uma paisagem exuberante formada pela Mata Atlântica, refletida em suas serras e cachoeiras. Recentemente passou a integrar as Montanhas Capixabas. Ali, reside o piloto de parapente, Rodolpho Cavalini, detentor do recorde capixaba de voo livre por 196,4km – 7h40min. Fundador da AVLAC (Associação de Voo Livre de Alfredo Chaves) e do espaço TakeOff Adventure Co, o brasileiro que acumula prêmios por todo o Mundo, colocou o Espírito Santo no cenário internacional da modalidade. E o parapente nas vivências da minha vida.

Sim, isso mesmo que você leu! Cacá Filippini voou por aproximadamente 11 minutos, em voo duplo com Rodolpho Cavalini. Ali, pude viver a adrenalina e a sensação de voar como um pássaro em uma paisagem que não sai da minha lembrança.

Confesso que até o momento de me desprender do chão, o nervoso tomava conta de mim. Rara foram as vezes que senti minhas pernas tremerem tanto, a ponto de achar que não conseguiria ficar em pé. Mas Rodolpho que iniciou sua história com os voos em 1995, de forma tranquila e voz calma, fez com que eu me sentisse cada vez mais segura e com vontade de viver aquela experiência. Aliás, saltei com 121 batimentos por minuto (bpm) e tão logo estava voando, registrei 82bpm. Logo, eu realmente me entreguei aquele cenário esplêndido e me senti muito bem voando. Com uma linda cachoeira, montanhas nos rodeando preenchidas de 50 tons de verde e um companheiro de voo, cheio de histórias para contar, a experiência foi singular. Estava tão radiante ali em cima que a vontade não era que acabasse. Vale conferir um trecho do meu voo aqui.

E adivinhe? Trago na mala o gostinho de “quero mais” e a promessa de que volto para conhecer outros “ares” locais.

Espírito santo no circuito internacional de voo livre

Espírito Santo entra para o Circuito Internacional de Voo Livre – Imagem de divulgação

Rampas de voo livre e beleza natural não faltam na região das Montanhas Capixabas. Outro município que se destaca e sedia campeonatos regionais e até internacionais, é Castelo, na região do sul do Estado do Espírito Santo. Em 2023, Castelo recebeu atletas de 25 países. Começando pelo Open Castelo/CCVL, seguindo pela etapa do Campeonato Britânico de Parapente, e finalizando com a Copa do Mundo de Parapente (PWC). Foi literalmente um colorido lindo no céu do Vale de Ubá.

Pancas, Mantenópolis e Cachoeira Alta, são alguns outros locais com rampas naturais para o voo livre em solo Capixaba. Ou seja, cenário e pessoas habilitadas para receber turistas aventureiros, é o que não falta!

elemento 3: terra

E por falar em Montanhas Capixabas, a região inclui diversas cidades e vilas montanhosas – cada uma com sua própria personalidade e atrações naturais. Portanto, um destino popular para amantes da natureza e aqueles que buscam uma experiência de montanha única no Brasil. Tendo como cartão postal capixaba, a formação rochosa que se destaca no horizonte, chamada: Pedra Azul.

A montanha tem esse nome devido à tonalidade azulada que assume em determinadas condições de luz e umidade. Mas, de acordo com a época do ano e a incidência solar, a rocha pode ganhar cores com tonalidades que vão do laranja ao rosa.

Vista do Patrimônio Geológico Brasileiro formado por Pedra Azul, Pedra das Flores e Pedra do Lagarto. E registro da subida de Cacá Filippini na Pedra Azul, ES

Ademais, Pedra Azul com seus 1822m de altura compõe patrimônio geológico brasileiro, junto á Pedra das Flores e a `Pedra do Lagarto.

Vale dizer que a Pedra Azul está dentro do Parque Estadual da Pedra Azul e também dá nome ao distrito que pertence ao Munícipio de Domingos Martins. A área do parque se estende por 1240 hectares e possui um circuito de trilhas autoguiadas (percurso sinalizado sem a necessidade de guias) que permite conhecer atrativos como: mirantes, piscinas naturais, formações rochosas, vegetação e animais silvestres. Apesar de termos acesso só a 5% da área do Parque, a visita vale á pena. Por isso, programe-se com antecedência. O Parque recebe apenas 150 pessoas por dia, distribuídas em grupos de até 30 pessoas. A entrada é gratuita e o agendamento deve ser feito aqui

Sobretudo, para os trilheiros, a região é um convite. Ali pertinho, temos o Parque Estadual de Forno Grande. Nomeado após o Pico do Forno Grande – montanha mais alta do estado do Espírito Santo, atingindo cerca de 2.039 metros de altitude. Acima de tudo, o Parque abrange uma área significativa de floresta tropical, riachos e rios, criando um ambiente rico em biodiversidade com trilhas bem conservadas que levam os visitantes a pontos de vista panorâmicos espetaculares. É dali que temos a vista panorâmica das Montanhas Capixabas e das áreas circundantes. Verdadeiramente deslumbrante!

Lá é possível fazer escalada. Todavia, lembro que a prática de escalada em rocha é um esporte que exige experiência do praticante e o uso de equipamentos de segurança, caso não seja um praticante regular, é necessária a contratação de um guia de escalada com certificação comprovada. O acesso geral é limitado á 20 pessoas com saídas diárias entre as 6 e 6h30. De modo que, o agendamento deve ser feito aqui.

trilhando novas experiências

Por outro lado, não posso deixar de mencionar a Gruta do Limoeiro, em Castelo. Uma formação rochosa que se destaca por suas estalactites e estalagmites, criando uma paisagem subterrânea espetacular. Acessada por meio de uma trilha cênica que leva os visitantes a uma jornada pelas paisagens montanhosas da região, a experiência na gruta surpreende pelas belezas das formações calcárias, e pelo ambiente misterioso e fresco que contrasta com o calor das montanhas capixabas.

Imagens de Divulgação – Formações da Gruta do Limoeiro, Castelo – ES

Não muito distante dali, a Cachoeira de Matilde é mais um atrativo de encher os olhos. Há 18km do Centro de Alfredo Chaves, é também conhecida como Cachoeira Engenheiro Reeve e tem aproximadamente 70m de queda. Para visitar, há uma taxa de entrada de R$5,00. No percurso de descida, pontos “instagramáveis” para fotos. A trilha é bem segura, pois é feita com bloquetes e alguns degraus, porém não há acessibilidade á cadeirantes. Do mesmo modo, para aqueles que querem ir além da contemplação, atividades como rapel, bungee jumping e pendulo jumping estão disponíveis desde que haja agendamento prévio. Mais informações aqui.

O Estado do Espírito Santo se destaca pela quantidade de Parques Estaduais onde o verde é protagonista. Além dos mencionados nessa matéria, temos os Parques Estaduais: Cachoeira da Fumaça, Itaúnas, Mata das Flores e Paulo César Vinha, que valem a menção.

hospedagem com experiências

Tendência em alta, o turismo de experiência, vem ganhando cada vez mais os holofotes quando o assunto é viajar. Por consequência, os hotéis e pousadas capixabas estão caprichando na experiência de seus hóspedes.

Um bom exemplo disso é o complexo Hotel Fazenda China Park , no Munícipio de Domingos Martins, há 51km da capital capixaba. O local possui 140 unidades para hospedagem entre chalés e suítes. Teleférico, Tirolesa, Arvorismo, Parque Aquático, Trenzinho, Pesca Esportiva, Recreação, Mini fazenda, Caiaques, Pedalinhos, Trilhas ecológicas, Mirante, piscinas aquecidas, cinema, salão de jogos, restaurantes buffet e a la carte, lanchonetes, centro de eventos, campo society, e muito verde em mais de um milhão de metros quadrados, agradam viajantes de todos os tipos.

Cacá Filippini aproveita a estrutura do Hotel Fazenda China Park e se aventura na maior tirolesa do Espírito Santo

Com 107 m de altura e 669 m de extensão, a tirolesa do China Park é a maior do Espírito Santo e terceira maior do Brasil. O aventureira chega por meio de um teleférico individual e acessa a plataforma. Ali, preenche termo de responsabilidade, recebe instruções, se equipa e sente o coração acelerar ao se deparar com toda a vista área e a imensidão do horizonte. São 60 segundos de percurso com velocidade de até 65 km/h. Uma baita experiência. Foi o aquecimento para o meu voo livre, que aconteceu 2 dias depois.

Essa atração é gerida por uma empresa terceirizada. Portanto, o valor do ingresso não está incluso no passaporte (day use) ou hospedagem. Importante ressaltar que ás sextas-feiras a atração permanece fechada para manutenção semanal. Para mais informações, acesse aqui.

Uma outra experiência, com menos adrenalina porém, repleta de emoções, é o Banho de Floresta na Reserva Natural Águia Branca, quintal do Natureza Eco Lodge, em Vargem Alta, ES. Com a proposta de desacelerar e se conectar ao aqui e agora, a atividade nos possibilita uma pausa para o que nos rodeia. O banho de floresta, ou shinrin-yoku, é uma técnica japonesa de terapia florestal que consiste em passar algum tempo em contato com a natureza e ao ar livre. A técnica foi desenvolvida em 1982 pela Agência Florestal do governo japonês, que buscava encorajar as pessoas a saírem de casa e passarem algum tempo fazendo imersão na natureza.

Cacá Filippini vivencia o Banho de Floresta na Reserva Natural Águia Branca, no Natureza Eco Lodge em Vargem Alta, ES (Arquivo pessoal)

A Reserva Ambiental Águia Branca foi criada em 2017 para proteger o maior remanescente florestal de Mata Atlântica da região. Possui mais de 2.225 hectares e uma riquíssima biodiversidade, com registro de várias espécies da fauna e de flora, algumas raras e ameaçadas de extinção. E além da experiência de Banho de Floresta, também oferece trilhas aos seus hóspedes, desde que agendadas previamente.

experências para todos

Se pensa você que viver experiência é sinônimo de gastar dinheiro, se engana. Não é preciso muito para experimentar contemplar o nascer do Sol. Precisa ter disposição!

Uma trilha de esforço médio (cerca de 30min), chão de terra, pedras e erosões, nos leva ao topo Morro do Moreno, em Vila Velha, há 184m de altura. Local de encontro de trekking, trail run (corrida de trilha) e mountain bike em plena cidade. O presente pela chegada ao topo, é uma vista 360, onde de um lado você se depara com o Convento da Penha, maior o símbolo turístico do Espírito Santo. Fundado em 1558 e localizado no alto de um morro de 154m, no tranquilo bairro da Prainha. Cercado pela Mata Atlântica, tem uma vista incrível e é um passeio imperdível para quem visita Vitória e Vila Velha. E do outro lado, é possível admirar a beleza da Terceira Ponte, bem como toda a baía de Vitória. Além desses locais, o visitante ainda pode contemplar as belezas da praia de Camburi contrastando com o mar de Vila Velha. De longe, você também verá a Ilha do Frade, a Ilha do Boi e o Porto de Tubarão, com suas chaminés.

Embora eu tenha visitado o local para comtemplar o nascer do Sol, o pôr do sol é o período mais escolhido dos visitantes.

Para não perder a oportunidade, contemplei o entardecer bem no centro de Vitória, no Parque Estadual Fonte Grande. Com área equivalente a 218 campos de futebol, o parque é composto pela maior área de remanescentes de Mata Atlântica protegida por Lei em área urbana do país. É um respiro da agitação da cidade que eu desconhecia até então.

Mesmo localizado em um terreno acidentado ele atende também quem gosta de um parque natural, mas não quer ou não pode fazer muito esforço. As trilhas mais tranquilas começam na sede do parque que apesar de ficar no alto de 300m, chega-se facilmente de carro por uma estrada calçada de aproximadamente 3km. No caminho á sede, fizemos nossa primeira parada de carro no Mirante Mochuara.

 

Vista a partir do Parque Estadual de Fonte Grande em Vitória, ES

Atrás da sede tem início a Trilha da Pedra da Batata com 320m. Uma trilha calçada e fácil de ser feita em meio a mata terminando no Mirante Sumaré. Há também a trilha que leva ao Mirante da Cidade de onde se tem uma vista panorâmica voltada para outro lado da cidade e litoral. E uma terceira trilha, que está em frente a sede. A Trilha do Caracol sem calçamento, porém fácil. De lá é possível observar a extensão do parque com vegetação rupestres, arvores centenárias, fauna variada, mirantes naturais, trilhas mais difíceis e fontes de água que dão nome ao parque. Esta área deve ser explorada com guias de turismo ou condutores ambientais.

Por fim, como vocês podem ver, são tantas possibilidades que uma única viagem é pouco para se viver tudo que o Estado do Espírito Santo oferece. O destino que até pouco tempo não tinha muito destaque quando o assunto era turismo, fez a lição de casa e começará um 2024 escrevendo uma história promissora e oferecendo aos visitantes o melhor que tem. Belezas naturais, o jeito capixabear de ser, cores de cenários exuberantes e muitos atrativos, lançam Espírito Santo como o mais novo destino de Turismo no Brasil.

Portanto, não perca tempo e programe agora mesmo a sua próxima viagem!

O que fazer em Chicago antes da Maratona

Cacá Filippini e mais 48.500 maratonistas de todos o Mundo, cruzaram a linha de chegada da 45ª Maratona de Chicago em 08/10/2023

No último dia 08, aconteceu a 45ª Maratona de Chicago. A corrida de 42km195m faz parte da World Marathon Majors e acontece anualmente no mês de outubro. Reunindo corredores profissionais e amadores de todas as partes do Mundo, essa edição contou com 48.500 maratonistas concluintes. Fomos 2022 brasileiros.

Surpreendentemente, o queniano, Kelvin Kiptu de 23 anos, cruzou a linha de chegada na marca espetacular de 2h00m35s. Ao mesmo tempo, marcou o novo recorde mundial em Maratonas.

Contudo, a palavra “recorde” esteve presente também, em outros momentos da prova. A atleta dos Países Baixos, Sifan Hassan de 30 anos, venceu a modalidade feminina, ao passo que estabeleceu novo recorde da prova, ao terminar em 2h13m44s. Sifan obteve duas vitórias nas duas maratonas que participou. Por fim, ainda pudemos assistir, o paratleta  Marcel Hug escrever história, também na modalidade de cadeiras de roda, concluindo a corrida em 1h25m20s.

Sobre a maratona de chicago

Chicago, é uma das maiores cidades dos EUA. Às margens do lago Michigan, no Estado de Illinois, é também conhecida como Cidade dos Ventos. De ruas mais planas, a Maratona de Chicago é conhecida como a 2ª mais rápida dentre as 6 mais importantes, perdendo apenas para Berlim.

O clima, porém, nem sempre ajuda. Nesses 45 anos, algumas maratonas aconteceram em dias quentes, outros chuvosos e outros de extremo frio. Contudo, no último domingo, nós maratonistas, fomos afortunados com um clima ameno e muito favorável á corrida.

Além disso, o percurso se destaca por cruzar 29 dos 77 bairros de Chicago. E contar com o apoio de 1.7 milhões de espectadores que invadem às ruas para torcer por quem conhecem ou simplesmente, por quem passa a sua frente.

Uma característica da Maratona de Chicago é a falha constante no GPS dos monitores usados pelos maratonistas. Talvez para aqueles que estão á passeio, isso não seja um problema tão sério. Apenas motivo de algumas “panes” ao usar aplicativos de mapas ou de mobilidade. Contudo, para nós corredores que calculamos distância, tempo e velocidade, isso se torna um ponto de atenção bem importante.

Essa dificuldade e instabilidade de sinais de GPS se dá pelas grandes construções que compõe a arquitetura de Chicago.

Arquitetura de chicago

Arquitetura de Chicago é destaque dentre as atrações turísticas

Famosa por sua arquitetura ousada, a cidade tem uma linha do horizonte repleta de arranha-céus, como o famoso John Hancock Center, a Willis Tower (antigamente chamada de Sears Tower), com 1.451 pés de altura, e a neogótica Tribune Tower. Assim, muitas das atrações turísticas, exploram este contraste arquitetônico que faz de Chicago, uma cidade singular, com prédios modernos e outros centenários.

Uma forma de observar a arquitetura, é sem dúvida caminhar pela cidade. Mas, quando a visita ao destino, tem como principal objetivo correr a famosa Maratona de Chicago e seus 42,195km, os dias que antecedem o evento, precisam ser de menos andanças. Sim, andar cansa e poupar as pernas, é de extrema importância para cada corredor. Por isso, o passeio de barco pelo Rio Chicago, pode ser uma excelente opção para quem está sozinho ou viajando em família.

navegando pelo rio chicago

O Cruzeiro Arquitetônico Chicago´s First Lady é o único liderado por docentes especialistas do Chicago Architecture Center. O passeio tem duração de 1h30min, para grupos de até 250 pessoas. Falado em Inglês, tem tradução para Coreano, Japonês, Francês e Espanhol. A embarcação – Chicago´s Firts Lady – foi projetada para passeios turísticos, em qualquer clima, com assentos ao ar livre no convés e uma cabine interna climatizada e banheiros a bordo.

Optar pelo passeio de barco pelo Rio Chicago, é uma excelente opção para aqueles que irão correr a Maratona

São mais de 50 edifícios e suas histórias em um itinerário que contempla: Chicago Architecture Center, Navy Pier, Marina City, Trump International Hotel & Tower Chicago, 330 N Wabash Ave, 150 N Riverside Plaza, 100 N Riverside Plaza, Skydeck Chicago – Willis Tower, Merchandise Mart, Chicago Mercantile Exchange (CME) e o Chicago Tribune Freedom Center.

Os passeios podem ser adquiridos on line ou próximo às docas de partida, na 112 E Wacker Dr, Chicago, IL 60601, EUA , a partir de R$295. Recomendo que, faça a compra e o agendamento antecipado, pois como há limite de pessoas por grupo e horários pré-estabelecidos de saídas, você pode não conseguir embarcar assim que chegar na bilheteria.

Há acessibilidade para cadeirantes, e por conseguinte, animais de serviço, como cães guias, são aceitos nas embarcações.

Dias de Sol deixam o cenário muito mais bonito, e dias em que o vento está um pouco mais forte, pedem um cachecol ou um casaco mais pesado para garantir o conforto durante todo o percurso.

Chicago das alturas

Se por baixo o visual de Chicago é arrebatador, por cima ele fica ainda melhor. 

Duas outras visitas que eu recomendo pré-maratona e valem não apenas para observar a arquitetura das alturas sem andar muito, como também, fazer fotos bem legais, é subir nos 2 mais altos edifícios de Chicago.

Bora começar pelo observatório situado no 103º andar da Willis Tower, o prédio mais alto da cidade e quarto do mundo com 412 metros de altura.

SKYDECK

Com uma vista de 360 graus da cidade, no Skydeck os visitantes observam os prédios se distribuindo a partir do Lago Michigan em contraste com o grande centro.

Em um cubo de vidro, no 103º, Cacá Filippini e o marido Antonio Dib, eternizam sua conquista e se divertem fazendo muitas fotos no prédio mais alto de Chicago

A maior parte dos visitantes se concentra nos espaços conhecidos como The Ledge : cubos de vidro projetados a cerca de 1,5 metro para fora da fachada da torre, formando uma sacada com chão transparente.

O acesso ao The Ledge está incluído no valor do ingresso regular do Skydeck de U$42 para adultos e US$33 para crianças de 3-11 anos. Quem vai sozinho ou com mais uma pessoa tem um minuto para tirar fotos. Em contrapartida, casais tem 90 segundos e grupos com três ou mais pessoas tem 2 minutos. Nada impede que você vá mais de uma vez, desde que encare a fila novamente.

360 chicago

Em outro lado da cidade, O observatório 360 Chicago situado no John Hancock Center, que mencionei no início dessa matéria. O ingresso regular permite ir até o 94º andar e observar Chicago e suas diversas praias à beira do lago. Mas traz também, um pouco mais de emoção para aqueles que curtem uma adrenalina.

Cacá Filippini e milhares de maratonistas aproveitam os observatórios para fazer fotos com as medalhas da Maratona de Chicago

A experiência chamada TILT, permite se apoiar em uma espécie de porta de vidro, que inclina alguns graus pra fora do edifício, de tal forma que, você tem a sensação de que vai cair lá de cima. Eu, particularmente, estive 2 vezes no observatório e ainda, não tive a coragem. A atração é cobrada á parte. A altura mínima para essa atração é de 1,06m.

Para o observatório, os ingressos são de US$30 adultos e US$20 até 12 anos e se você quiser incluir o TILT os ingressos serão de US$39 e US$29 respectivamente. E as visitas precisam ser agendadas previamente. Embora, uma vez lá no topo, não há um tempo máximo de permanência. Por isso, é comum que muitos cheguem no final do dia, vejam o pôr-do-Sol e contemplem a vista noturna. Mas, se o seu objetivo é fazer fotos, talvez essa não seja a melhor opção, já que o Sol invade as grandes vidraças e as fotos ficam contraluz e escuras.

Tanto o Skydeck, quanto o 360 Chicago são excelentes escolhas para os dias que antecedem à corrida. Mas ter uma foto nas alturas, com a medalha no peito, também é um desejo daqueles que querem eternizar suas conquistas em um cenário tão especial. E claro, que comigo não diferente. Subi e garanti as minhas fotos!

pré maratona

Chegar em um destino novo, pode ser muitas vezes um grande desafio. Para nós maratonistas, é importante que todas as possíveis dificuldades sejam remediadas antes da hora “H”. Por isso, é muito comum que cheguemos ao local da prova, com alguma antecedência.

Geralmente, o maior fluxo de chegada, acontece na quinta e sexta-feira que antecede a Maratona.

Primeiramente, a adaptação ao fuso horário. E segundo lugar, a possibilidade de descansar e não estar enfrentando longos voos e deslocamentos, horas antes dos 42km. Ademais, temos alguns afazeres antes do grande dia, como por exemplo: retirar os kits da corrida.

expo maratona

Se não retirarmos o kit de corrida, não participaremos do evento!

Isso acontece porque, o kit inclui o chamado BIB: número de peito de cada corredor. Esse número é individual e intransferível. É como se fosse a identidade do corredor durante a Maratona. Por isso, o mesmo só pode ser entregue ao participante inscrito, mediante apresentação do passaporte – documento oficial que comprova a sua identidade.  

No BIB também há informações como o grupo de largada. Geralmente, dividido em ondas (cores) e currais (letras). E é a partir desse grupo escrito no BIB, que são determinados os locais de acesso à área da largada, bem como, o horário em que você deve largar.

A retirada dos kits acontece na Expo da Maratona. Mesmo local em que centenas de marcas esportivas expõem e vendem seus produtos dedicados á corrida. De modo geral, esse evento acontece de quinta á sábado em horários pré-definidos pela organização e em um local específico para grandes feiras.

Em todas as 6 maratonas Majors, a dinâmica é a mesma. Nesse sentido, muitas outras grandes maratonas pelo mundo, seguem o mesmo padrão. Por isso, o terceiro e talvez mais importante ponto que devemos observar pré-Maratona, inclui: onde devo estar, a que horas e como chegar lá no dia da prova?

grant park

No caso de Chicago, a área de largada é muito organizada, de fácil acesso e muito bem definida de acordo com cada curral. Todos os anos, a largada e a chegada acontecem no Grant Park, um grande parque público.

O parque que ocupa grande parte da área do Loop (bairro de Chicago), também concentra as maiores atrações turísticas. Por isso, enquanto você se familiariza com o local em que deverá se apresentar no dia da corrida, você pode conhecer o Millennium Park um dos dois principais corações verdes da cidade (o outro que vale conhecer é o Lincoln Park, à beira do Lago Michigan).

O principal Parque de Chicago, Grant Park sedia a Maratona, muitos eventos e diversas atrações turísticas

Aliás, a área concentra diversos cartões-postais, como a Gate Cloud, escultura criada pelo artista indiano Anish Kapoor e que lembra um feijão com superfície espelhada, capaz de exibir reflexos dos prédios vizinhos e dos visitantes que caminham ao lado ou passam por baixo da obra. Igualmente conhecido como The Bean (O feijão). Atualmente fechado para reforma.

Ademais, o famoso “feijão” divide espaço com a divertida Crown Fountain. Um par de colunas de concreto que projeta retratos gigantes de moradores de Chicago e espirra água em quem passa. Inegavelmente no verão, a diversão no local é garantida!

ao ar livre

O circuito de monumentos inclui ainda o Lurie Garden, um jardim de lavandas elevado. Bem como, o futurista Jay Pritzker Pavilion, espaço de shows abertos ao público, assinado pelo arquiteto Frank Gehry. Eu mesma, já tive a oportunidade de curtir um dos shows da vasta programação do local. Por isso, vale consultar a grade de eventos.

Assim também, no Grant Park, está a famosa Buckingham Fountain. Inspirada na fonte Latona do Palácio de Versalhes, que representa alegoricamente o lago Michigan. Ela é ligada todos os dias às 9h e conta com 133 canhões, que lançam água de maneira coreografada a uma distância de mais de 40 metros para cima.

De fato, o Grant Park costuma sediar muitos eventos, como o Taste of Chicago, Lollapalooza, sessões de cinema ao ar livre gratuitas durante o verão e shows de luzes nas demais estações do ano. 

visite Chicago em família

Se você é do tipo Maraturista que leva a família com você, e como resultado, precisa equilibrar os passeios e o descanso, essa dica é pra você. Aqui elenco 3 passeios em família, que não demandam muitos das pernocas e, ademais, também estão no Grant Park.

O Field Musuem, na minha opinião é o mais legal dos 3. Se trata de um grande museu de história natural, com exposições de dinossauros, múmias e culturas antigas. Além disso, um grande acervo de artefatos de todo o mundo está exposto ali. São mais de 24 milhões de itens, dentre eles o incrível esqueleto do dinossauro “Sue” (considerado o maior e mais completo de um Tiranossauro Rex já encontrado no planeta) e 23 múmias do Antigo Egito.

“O Field Museum é o passeio que mais gosto em Chicago!” – afirma, Cacá Filippini

No total, o Museu de História Natural Field é dividido em mais de 20 alas, como, por exemplo, a “Evolving Planet”, que mostra a história do planeta desde os seres de uma célula até os dinossauros, a “Underground Adventure”, onde os visitantes podem ficar do tamanho de um inseto para descobrir o mundo subterrâneo, a “Ancient Egypt”, onde você pode entrar em uma tumba egípcia, a “Ancient Americas”, um espaço no qual é possível aprender sobre 13 mil anos de história do homem nas Américas, e a “DNA Discovery Center”, que mostra como o DNA funciona e o que ele pode dizer sobre a vida na Terra. Ingressos a partir de US$30.

do mar ás estrelas

O Sheed Museum é um dos maiores aquários do mundo, com mais de 32 mil animais marinhos, como baleias, tubarões, pinguins, e muitos outros. As espécies são abrigadas em seus habitats naturais e os visitantes podem vê-los de pertinho. O aquário conta com shows fantásticos e filmes em 4D diariamente, o que tornam a experiência ainda mais completa para toda a família. O ingresso custa a partir de US$35,20 para adultos e as tarifas variam de acordo com o dia escolhido para visitar.

Logo ao lado do lago Michigan, está o planetário Adler.  Seu nome é em homenagem a Max Adler, que o fundou na década de 1930. Dedicado ao estudo da astronomia e da astrofísica, o local é um dos melhores pontos turísticos em Chicago. Lá são exibidos alguns filmes e exposições que fazem com que você se sinta em uma viagem ao espaço, como se estivesse vendo o universo bem de perto. A entrada mais 1 show, custa a partir de US$28 adulto e US$17 de 3-11 anos.

Estilo de ser: chicago

Se você não for correr, sair as ruas e assistir à Maratona, pode ser uma boa opção para você vivenciar o estilo Chicago de ser. Mas sem dúvida nenhuma, sendo maratonista ou não, eu fortemente recomendo que você assista uma partida de Hóquei, Basquete ou Futebol Americano.

Chicago se destaca por algumas equipes esportivas bem famosa, como: Blackhawks- NHL, Chicago Bulls- NBA e Bears -NFL

Eu particularmente, amo a energia dos estádios americanos. Super organizados, seguros e para toda a família, os eventos esportivos são experiências bem bacanas para incluir no roteiro. Por isso, tão logo tenha agenda em algum destino nos Estados Unidos, já busco o calendário de partidas e adquiro meu ingresso.

Uma sugestão pré-maratona, é assistir a um dos jogos dos Blackhawks, equipe de hóquei de Chicago, que acontecem no United Center. Ainda mais que o local é de fácil acesso, não demanda muita caminhada e é considerado a casa dos Hawks.

Jogo de pré-temporada do Blackhawk agita Chicago 3 dias antes da Maratona e Cacá Filippini esteve lá com seu marido, Antonio Dib e o mascote do time, Tommy Halk

Um programa super familiar e muito divertido. Com o propósito de aproveitar o jogo do começo ao fim, sugiro que cheguem cedo. Do mesmo modo, saborei os quitutes tipicamente dos estádios americanos, a cada intervalo. Momento esse também, que você poderá ser surpreendido por Tommy Hawk, o mascote da equipe, que adora colocar o bico na cabeça dos torcedores e posar para fotos.

Ah, e antes que me esqueça, esteja sempre atento ao telão, afinal, você pode ser flagrado e ter seu rosto exibido em todas as telas do estádio. Uma boa dica para quem quer surpreender o parceiro, pedindo em casamento ou se declarando publicamente.

visite mais, pague menos

A cidade de Chicago oferece muitas atrações turísticas, a diferentes preços. Com o Real desvalorizado em relação ao dólar, o valor de ingressos pode ser um impeditivo para nós brasileiros. Por isso, planejar nosso roteiro com antecedência, é sempre a melhor opção.

Uma forma de economizar muito é adquirir o chamado Chicago CityPASS® . Dessa forma, você poupa mais de 49% do valor que pagaria se adquirisse os ingressos individuais e ainda conhece as atrações mais legais da cidade de forma prática e confortável, sem precisar esperar nas longas filas das bilheterias. Logo, você não precisa visitar tudo de uma vez. São 9 dias consecutivos de validade, incluindo o primeiro dia de uso. De tal maneira, você pode escolher quais os dias e a ordem em que visitará os pontos turísticos. 

Lá no Skydeck, por exemplo, o City pass dá acesso às filas exclusivas ao The Ledge!

O passe inclui praticamente, todas as atrações que mencionei aqui: Skydeck Chicago, Sheed Aquarium, Field Museum, 360 Chicago Observation Deck, Adler Museum, Shoreline Sightseeing Architecture River Tour (similar ao First Lady), Art Institute of Chicago e Museum of Science and Industry por US$134 adultos ou US$104 de 3-11 anos.

maratona de chicago 2024

A edição 46 da Maratona de Chicago, acontecerá no dia 13 de outubro de 2023. De tal forma que as inscrições já estão abertas!

Portanto, que tal aproveitar o desafio de correr 42km195m na cidade dos Ventos e curtir o melhor de Chicago?

Em nosso próximo encontro, trarei dicas de gastronomia, shows, outros passeios e tudo de melhor para celebrar o pós Maratona. Dessa forma, fiquem de olho! Nos vemos em breve….

Viagem inclusiva ao Pantanal Sul

Turismo inclusivo: registros da estada na Pousada Xaraés, Pantanal Sul (arquivo pessoal)

O Pantanal Sul Matogrossense é um lugar de beleza indescritível, um paraíso natural que encanta os olhos e a alma de todos que têm o privilégio de visitá-lo. Localizado no coração do Brasil, é a maior área alagada contínua do planeta. Portanto, um dos ecossistemas mais ricos e diversos do mundo.

É ali que se encontram algumas das espécies mais icônicas e ameaçadas do continente, como a onça-pintada, o tuiuiú, a arara-azul, o jacaré e o tamanduá-bandeira. A diversidade de aves é especialmente impressionante. De modo que são mais de 650 espécies registradas, fazendo do Pantanal um verdadeiro paraíso para os observadores de pássaros. E um local repleto de sons, que formam o que chamo de “o barulho do silêncio”.

Especificamente, esse foi o cenário que acolheu a mim, meu marido, nosso caçula Rafael (14, que tem TEA) e nosso outro filho, Allan (17) por 5 dias. Na região banhada pelo rio Abobral, munícipio de Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, em uma fazenda de 400 hectares que recebe hóspedes e leva o nome de Pousada Xaraés.

Como chegar

Nosso ponto de partida, Aeroporto de Congonhas – SP, com voo direto à Bonito. Antes de tudo, é importante dizer que desde 2 de dezembro/21, a Gol Linhas Aéreas mantém voos diretos com duas frequências semanais para a cidade do Mato Grosso do Sul, sem escalas, às quintas e aos domingos. Nos dois dias, os voos têm saídas e chegadas previstas: de Congonhas (CGH) às 12h40, com pouso no Aeroporto Regional de Bonito (BYO) às 13h40; e, no sentido contrário, da cidade do Mato Grosso do Sul às 14h20, para desembarque na capital paulista às 17h10.

Logística é um item bastante importante, uma vez que estamos falando de viagem em família com autista. Consequentemente, menos tempo de percurso aéreo ou rodoviário são sempre bem-vindos para o Rafael (14, autista).

Trajeto rodoviário (Google Maps), Cacá e família navengando no Rio Abobral, Pantanal Sul (Arquivo Pessoal), trajeto por águas (Strava) e foto área da Pousada Xaraés (divulgação)

De Bonito à Nhecolândia, ainda tínhamos 261km pelas rodovias MS-178 e BR-262 , o que acrescentou pouco mais de 3h30min ao nosso deslocamento. Além do mais, visitamos o Pantanal no começo do mês de maio, época em que muitas das estradas ficam alagadas, por isso, não conseguimos chegar ao nosso destino final, de carro. De modo que, os últimos 16km, viraram 18km via Rio Abobral, o que resultou em 1h15min á mais. Trecho esse, que embora pudesse ser uma perrengue de viagem, foi nossa primeira experiência imersiva no Pantanal de Corumbá.

Regiões do Pantanal

No Brasil, o Pantanal se divide entre os Estados de Mato Grosso do Sul (MS) e Mato Grosso ((MT). De modo que são 10 as principais regiões pantaneiras sul: Corumbá (nosso destino), Aquidauana, Miranda, Ladário, Porto Murtinho, Coxim, Rio Verde de Mato Grosso, Anastácio, Bonito e Botoquena. Região conhecida também por Pantanal Sul ou Pantanal Maior.

Contudo, vale dizer que o Pantanal também se distribui em outros 2 países além do Brasil: Paraguai e Bolívia.

O Pantanal é conhecido por seus ciclos sazonais de inundação e seca, e os períodos de cheia e vazante são características desse ecossistema. Entretanto, a região acumulava alguns anos de seca constante e incêndios frequentes. Em dezembro de 2022, tive a oportunidade de conhecer a região de Aquidauana e Miranda, em uma viagem solo, e me deparei com rios praticamente secos, animais dividindo o que restava de água e campos com mata amarelada, castigada pela seca.

Em maio, ao retornar com minha família, me deparei conheci um outro Pantanal, cheio de rios transbordados, áreas baixas alagadas e muitas cores.

Arquivo pessoal de imagens feitas por Cacá Filippini no Pantanal Sul – abril/23

Assim, vale dizer que essas imensas áreas alagadas, abrigam uma grande variedade de plantas aquáticas, como vitórias-régias e aguapés, que embelezam ainda mais a paisagem, harmonizadas perfeitamente com as matas ciliares e as áreas de cerrado.

A cheia no Pantanal é um momento crucial para a vida selvagem e para o ecossistema como um todo. As áreas alagadas fornecem alimento, abrigo e condições de reprodução para a diversidade de espécies, incluindo peixes, aves, répteis e mamíferos.

Imersão no pantanal

Temos que combinar que para aqueles que vivem nas grandes cidades, sufocados pelas filas quilométricas de carros, transporte público lotado, relógios cronometrados segundo á segundo e em estado de alerta constante, escapar um pouco para uma cidade de interior, já é um alívio.

Agora imagina um local onde o silêncio é preenchido com os sons da natureza e ao invés de prédios, mais de 50 tons de verde, árvores centenárias, uma cartela de cores distribuídas nos pássaros, flores e frutos, enchem os nossos sentidos. Um local onde o tempo é regido pelo nascer e o pôr do Sol. Não há necessidade de relógios. E os celulares funcionam apenas quando conectados á um ponto de wi-fi fixo. É um convite para conectar-se a si e ao ambiente que nos cerca.

Tenho que confessar que me arrisquei ao levar dois adolescentes para o meio do nada. Mas, para a minha surpresa, ouvi do Allan (17), que essa havia sido a viagem mais transformadora de sua vida! E de Rafael, que gostaria de voltar durante as férias escolares!

Benefícios do contato da Natureza para pessoas Autistas

De uma forma bastante resumida, podemos elencar pelo menos 6 benefícios que uma experiência imersiva à natureza, proporciona à pessoa autista:

  1. Estímulo sensorial controlado: A natureza oferece uma variedade de estímulos sensoriais que podem ser mais previsíveis em comparação aos ambientes urbanos e fechados, dando mais conforto e equilíbrio ao autista;
  2. Redução do estresse e ansiedade: A atmosfera tranquila, os sons suaves da natureza e a beleza serena do ambiente, acalmam e relaxam;
  3. Estímulo ao processamento cognitivo e atenção: a natureza oferece uma variedade de estímulos visuais, sonoros e táteis. Isso pode ajudar na concentração, observação e interação com o ambiente natural, promovendo o aprendizado e a exploração;
  4. Estímulo à comunicação e interação social: Passeios ao ar livre, atividades em grupo e experiências compartilhadas na natureza, podem facilitar a comunicação verbal e não verbal. Com isso, promovem interação social de forma mais confortável e natural;
  5. Estímulo à exploração sensorial e interesse pelo que o cerca: A natureza é um mundo muito rico, com texturas, aromas, cores e sons. Isso pode despertar o interesse e curiosidade da pessoa autista, encorajando-o a explorar o ambiente e se envolver com a natureza de maneiras únicas;
  6. Oportunidade de aprendizado e desenvolvimento de habilidades: Atividades ao ar livre, estimulam habilidades motoras e de resolução de problemas, orientação espacial e compreensão do ambiente que o cerca. Além de aprendizado a cerca da biodiversidade, ecologia e sustentabilidade.

Vivências pantaneiras na Pousada Xaraés

Chegamos na pousada, como dito anteriormente de barco. No comando, Alex, funcionário da fazenda, responsável por uma série de tarefas que compõe à rotina do lugar. Localmente, recebe o nome de peão. De baixa estatura, trajado literalmente como peão, Alex carregava seu chapéu na cabeça, facão e amolador na cintura de sua calça jeans. Inicialmente, de pouca fala, Alex chamava nossa atenção para animais que cruzavam o nosso caminho e algumas espécies de plantas e árvores locais.

Ao chegarmos na Pousada, descemos em um píer e fomos recebidos por Sandra, proprietária da fazenda que deixou Maringá-PR para realizar o sonho de viver no Pantanal e Marcelo, conhecido de Sandra também do Paraná, que mudou-se com a esposa para administrar a Pousada, distante 340km da capital Campo Grande. Consequentemente, um presente para nós! Nos integramos rapidamente ao local, aos funcionários e á rotina.

Arquivo pessoal: Regsitros de Alex, Rafael e Allan durante a imersão no Pantanal Sul

Apesar de nossos filhos mal terem tido contato próximo com vacas e cavalos, em pouco tempo, os dois estavam á vontade nos estábulos, alimentando-os. Estes mesmos meninos, acostumados com computador, celular e video-game, entraram mata acompanhados de Alex, que se tornou nosso guia e referência para eles, e lá foram colher plantas para criar pastos artificias, nas áreas secas, para que os animais pudessem se alimentar. Os adolescentes, que sentam-se diariamente em carros com janelas fechadas e ar condicionado ligado, estavam ali, cavalgando cada um em “seu” cavalo, nas áreas pantaneiras secas e alagadas.

Tudo acontecia de forma genuína e orgânica. Ora, visualizava Rafael em meio as vacas, ora brincando de pega-pega com as cabras. Em outros momentos, lá estava ele, conversando com as Araras ou abraçado á um porco Cateto (nome popular que se dá ao Caititu).

Arquivo Pessoal: Registros de Rafael interagindo com animais na Pousada Xaraés, Pantanal Sul, MS

Rafael literalmente estava realizado. Feliz, interagia com tudo e todos. Estava curioso, com sede de aprender e viver novas experiências. Foi incluído por todos, em especial, por Alex, que se mostrou extremamente paciente e parceiro do Rafa, ajudando-o nas realizações daquilo que o interessava, guiando-o quando necessário e respeitando-o seus momentos de regulação.

Ali, vi nossos filhos remarem uma canoa ao pôr-do-Sol. Observei-os criando conexões com a natureza. Testemunhei 2 jovens acordarem sozinhos antes das 6 da manhã, para ajudar na alimentação dos animais da fazenda. Conheci uma nova versão, disposta á cortar, carregar e sentar por cima da palha em trajeto de barco, sem frescura, sem preguiça, simplesmente, como parte daquele ecossistema.

dicas de viagem com autistas

Viajar com uma pessoa autista pode trazer desafios únicos, mas também pode ser uma oportunidade incrível de vivenciar o mundo de uma forma diferente e enriquecedora. É claro que é importante compreender as necessidades e características individuais da pessoa autista para tornar a jornada mais tranquila e prazerosa para todos.

Primeiramente, é essencial ter em mente que cada indivíduo é único e que o autista, por estar em um espectro, também não tem padrões. Por isso, antes da viagem, é fundamental conversar com a pessoa autista. Em casa, sempre falamos das possibilidades e ouvimos suas preferências. E entendemos que nem sempre o “não” dito naquele momento, será “não” durante a viagem também, assim, vice-versa.

Informar àqueles que irão nos receber, também é de extrema importância. Autismo não tem cara e ninguém é obrigado a saber ou entender do assunto, como nós.

Por fim, destinos como o Pantanal, podem ser uma experiência bastante positiva para a família que viaja com autista. A natureza, oferece um ambiente acolhedor, rico e terapêutico que contribui para o bem-estar, de pessoas típicas e atípicas. Em resumo, é uma excelente opção como turismo inclusivo.

Por conseguinte, o Pantanal Sul Matogrossense é uma verdadeira joia do Brasil. Suas belezas naturais, sua fauna exuberante, suas águas cristalinas e seus pores do sol deslumbrantes tornam esse lugar único no mundo. É um destino imperdível para quem busca se encantar com a natureza em sua forma mais selvagem e preservada. Uma visita ao Pantanal é uma experiência transformadora, capaz de despertar um profundo senso de admiração e respeito pela riqueza natural que o nosso planeta tem a oferecer.

Para mais informações, visite www.visitms.com.br , nosso apoiador principal nessa aventura!