Parapente

Parapente: como é voar saltando de uma montanha

Na França, um grupo de alpinistas decidiu, após escalar uma montanha, que a melhor maneira de descer era de para-quedas. Esse foi o embrião do parapente, atividade que atrai diversas pessoas à procura de adrenalina.

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A história sobre a França foi contada por Daverson Marin, proprietário da escola de parapente O Mundo Eh Bão, em Atibaia. Por lá, o local mais procurado para a prática da atividade é a Pedra Grande.

Atibaia é um dos locais mais próximos a cidade de São Paulo para quem quer praticar o parapaente. Mas há diversas outras localizações famosas no Estado entre os adeptos da atividade, como cidades do litoral e da Serra da Mantiqueira.

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O que é parapente

A atividade de saltar de uma montanha e aterrissar em uma superfície plana é conhecida como voo de parapente. Este é nome do equipamento em formato de vela usado para a atividade.

O equipamento também pode ser chamado de paraglider, e custa a partir R$ 17 mil (modelos nacionais), podendo chegar a R$ 30 mil (produtos importados). Mas não é preciso comprar um paraglider para saltar.

Parapente

Para quem quer conhecer a atividade, basta pagar por um salto duplo, oferecido por diversas empresas e escolas. Nessa modalidade, a pessoa salta acompanhada por um instrutor, que vai controlar o equipamento.

O que o cliente precisará fazer é apenas correr junto com o instrutor, dependendo do local do salto e das condições do vento. Na O Mundo Eh Bão, o salto duplo custa R$ 380 e dura cerca de 25 minutos.

Já na Ascendent Paragliding, custa R$ 450 e tem duração mais longa, que pode chegar a uma hora. A empresa faz voos no Pico Agudo, em Santo Antônio do Pinhal, na Serra da Mantiqueira. A montanha está a 1.600 metros.

Detalhes sobre o parapente

O voo de parapente permite planar, e até chegar acima da montanha que serviu como base para o salto. Tudo isso é controlado por meio de fios conectados à imensa vela. Diferentemente do para-quedas, o paraglider já decola aberto.

Parapente no Pico Agudo
Vista a partir do Pico Agudo, na Serra da Mantiqueira

De acordo com Marin, da O Mundo Eh Bão, é levado um para-quedas no salto, para eventuais emergências. Ele também usa um equipamento de localização e um rádio para contato com pessoal de solo.

Voo solo

Para realizar voos solos, é necessário fazer cursos em escolas de parapente. Na O Mundo Eh Bão, há aulas teorias, práticas e acompanhamento do aluno durante seus vinte primeiros voos desacompanhado.

O curso para fazer voos solo de parapente custa R$ 4 mil. O telefone da escola em Atibaia é 011 947278545. Já o da Ascendent Paragliding é 012 99717 7958.

Pedra do Baú

Programas ao ar livre na Serra da Mantiqueira

Em tempo de retomada gradual do turismo, os passeios ao ar livre são o carro-chefe da programação de quem quer dar uma escapada de casa. No terceiro capítulo da série sobre turismo na Serra da Mantiqueira, listei algumas atrações que podem ser visitadas em segurança, sem aglomeração e fugindo dos tradicionais programas do bairro de Capivari, em Campos de Jordão.

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Há picos para vistas panorâmicas, gruta, cachoeira… Confira.

Pico do Diamante

A 1.850 metros de altitude, oferece uma vista panorâmica para diversas cidades do Vale do Paraíba, aos pés da Serra da Mantiqueira. Fica a cerca de 2 km do hotel Toriba, onde me hospedei em Campos do Jordão.

A estrada é de terra, mas a trilha é leve. Mesmo carros baixos e sem pneus próprios para o off-road podem vencê-la.

Pico do Diamante, na Serra da Mantiqueira

Lá de cima, em dias sem neblina, dá para ver até a cidade de Aparecida, quase na divisa com o Estado do Rio de Janeiro. E, para evitar neblina, vá depois das 10h. São cerca de 10 minutos de trilha na terra.

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Pico do Imirim

Também a 1.850 metros de altitude, oferece vista panorâmica para Campos do Jordão e belezas naturais da Serra da Mantiqueira. A trilha, de cerca de meia hora, é mais difícil, própria apenas para carros altos, como picapes e alguns SUVs.

Pico do Imirim

De vários pontos da trilha, é possível avistar a Pedra do Baú, umas das montanhas mais belas e famosas da região.

Gruta dos Crioulos

A cerca de 10 minutos do Pico do Imirim, é um conjunto de pedras que guarda um capítulo da história da região. Por ali, se refugiavam escravos fugidos das plantações no Vale do Paraíba, nos séculos de escravidão.

Gruta dos Crioulos, na Serra da Mantiqueira

Trilha Mata Comprida

É uma trilha para trekking exclusiva do programa Aventoriba (12 99747 1332), do hotel Toriba. São 2 km de caminhada, a maior parte em mata fechada.

A trilha é leve, com poucas subidas. Permite observação de pássaros e há parada em uma cachoeira no caminho.

Trilha da Mata Comprida

Termina no alto de uma montanha, com vista para araucárias centenárias e um piquenique com queijos, pães e vinhos, ao por do sol. Custa 250 reais por pessoa.

Hotel Toriba

Hotel Toriba investe em atrações ao ar livre na retomada

Aos poucos, os hotéis em algumas regiões do Brasil começam a reabrir, seguindo protocolos de segurança no período de pandemia. Em Campos do Jordão, o Toriba, que está operando com 60% da capacidade, investe em uma programação de viagem consciente para atrair hóspedes, uma vez que, neste momento, os bares e restaurantes do famoso bairro do Capivari estão fechados – a previsão é de que reabram nas próximas semanas.

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O destaque dessa programação é o Aventoriba, com atividades ao ar livre para hóspedes de todas as idades – uma vez que o hotel tem forte pegada familiar, e muito entretenimento para crianças. O Aventoriba está também aberto a não-hóspedes, mas nesse período, os programas coletivos estão ocorrendo no fim de semana.

Durante a semana, a prioridade são saídas com grupos individuais, que incluem apenas quem está viajando junto – casais, famílias ou grupos de amigos, entre outros. Os programas do Aventoriba incluem esportes, aventura e gastronomia – leia detalhes abaixo.

Hospedei-me no hotel, localizado em uma das partes mais altas de Campos do Jordão, próxima à entrada da cidade, no fim do mês passado. Da chegada a Campos até a entrada do Toriba, é preciso fazer uma grande escalada (de carro, em piso asfaltado). No percurso, a temperatura já ficou dois graus mais baixa. O hotel está a 1.800 metros de altitude e, segundo seu site, é o mais alto do Brasil.

Chalés ficam distribuídos no bosque do hotel

Vale a pena. Por causa de sua localização, as vistas do hotel septuagenário – foi fundado em 1943 – são espetaculares, e há uma grande área de vegetação em todo seu entorno. Isso favorece uma vida ao ar livre, em contato com a natureza, excelente para quem está procurando viver uma experiência muito além do bairro do Capivari – do qual, aliás, o Toriba é cerca de 5 km distante.

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Além disso, as noites estreladas oferecem um espetáculo à parte para os hóspedes do hotel – que, por enquanto, não têm muito o que fazer em Campos do Jordão durante a noite, além de desfrutar de suas atrações gastronômicas e culturais.

O Toriba em tempos de pandemia

Há seis anos, o hotel Toriba, fundado por Luiz Dumont Vilares, foi comprado por Aref Farkouh, arquiteto de São Paulo, que deu início à sua reformulação ainda não concluída. Os quartos originais, no prédio ao estilo de chalés dos alpes suíços, estão passando por reforma – alguns, como aqueles em que me hospedei, já estão prontos.

Além disso, teve início a construção de modernos chalés. Hoje, os chalés e quartos já estão no hotel em mesmo número – cerca de 25 para cada categoria. Ao chegar ao hotel, é preciso se identificar, para checagem da reserva. Não-hóspedes não podem usar as instalações do Toriba nem mesmo para almoçar e jantar nesse período. Os restaurantes do hotel, no entanto, estão fazendo entregas na cidade.

Era um domingo, dia em que o fluxo costuma ser de saída, e não de chegada a Campos do Jordão. Porém, o Toriba estava com sua capacidade máxima de ocupação, que foi mantida durante toda a semana.

Isso ocorre porque, com restrições a viagens internacionais e o receio de usar transporte aéreo para atingir locais mais distantes, muitos paulistanos estão passando suas férias em regiões próximas à capital do Estado, como a Serra da Mantiqueira – onde está localizada Campos do Jordão.

Área externa do restaurante

De acordo com a gerência, o hotel já estava com reservas esgotadas para o fim de semana até meados de agosto. E eram poucas as opções de hospedagem em quartos e chalés mesmo durante a semana.

Todos os funcionários utilizam máscaras em qualquer ambiente do hotel. As refeições dos três restaurantes estão sendo servidas no salão principal do hotel, com mesmas bem distantes umas das outras.

Gastronomia

Nos meus dois primeiros dias hospedada por lá, o cardápio estava bem restrito. Havia os sanduíches do Estação Toriba (paninis e hambúrgueres, a partir de R$ 25), que fica ao lado do hotel em uma réplica de um antigo trem. Está fechado, mas preparando as refeições para entrega no salão principal do hotel.

Outra opção era o menu de fondue (R$ 250). Quantos aos demais pratos, que incluíam carnes, peixes e massa (preços entre R$ 50 e R$ 90), havia apenas três opções por dia – fora entrada, sobremesa e menu kids. Considerei este um dos principais problemas do hotel, principalmente por estarmos em um período sem possibilidade de saída.

Salão principal para refeições

No entanto, de acordo com a gerência, a decisão foi tomada por segurança – entre as razões, há a restrição do número de funcionários por turno. De todo modo, em meu último dia de hospedagem, o cardápio já havia sido ampliado, trazendo mais variedade.

Além disso, todos os pratos que experimentei por lá (hambúrguer, carpaccio e peixe com salada) estavam saborosos e bem apresentados.

O café da manhã está sendo servido a la carte – em períodos normais, é no estilo buffet. Embora o serviço seja rápido, achei bem restrito, com frios, sucos, cesta de pães, bolos e opções de pratos quentes que incluem sanduíches simples, tapiocas e alguns tipos de ovos. Faltaram iogurtes, cereais e uma variedade maior de frutas.

Em tempos normais, o Toriba opera com opções de café da manhã incluído, ou pensão completa. A segunda modalidade não está disponível em tempos de pandemia. Em meu período de hospedagem, o perfil da maioria dos hóspedes era composto por casais com filhos (crianças e pré-adolescentes).

Além do salão principal, as refeições no Toriba também podem ser feitas em um jardim externo, com mesas grandes e vistas para o bosque. Pinturas e obras de arte que datam do período da construção do hotel são os destaques da decoração.

Estação Toriba

O quarto Panorama

Minha hospedagem foi em um quarto da categoria Panorama, a mais alta. Acima dela, estão os chalés. O apartamento foi reformado recentemente e tem 30 metros quadrados. No quarto específico, número 110, há uma cama de casal king e uma de solteiro.

As camas são bastante confortáveis, e o quarto ganhou toques contemporâneos, com muitos toques de madeira, em constraste com um aspecto retrô (visto no armário, nas cortinas e na porta original de acesso à grande sacada).

Quarto Panorama tem 30 metros quadrados

Original também é a janela do banheiro, que permite vista para a Serra da Mantiqueira durante o banho. Essa vista, mais ampla, pode ser desfrutada do balcão, com duas cadeiras de madeira. Além da serra, há muitos exemplares da Araucária, a bela árvore típica da região, que domina o bosque do hotel Toriba.

Para não dizer que adorei tudo no quarto, dois aspectos prejudicam um pouco a apresentação. O primeiro é o frigobar, daqueles brancos que vemos em toda categoria de hotel, e não combinam com uma hospedagem de luxo como o Toriba. Colocá-lo em um armário de madeira deixaria o ambiente mais bonito.

O quarto de um dos chalés

Os quadros de flores nas paredes também não combinaram com o ambiente. Para esse período de pandemia, o hotel aprimorou a rede Wi-Fi, com o objetivo de atrair pessoas que queiram passar por lá a semana, fazendo seu home office enquanto as crianças se divertem. De fato, o serviço funcionou muito bem para quase todas as atividades – até mesmo reprodução de filmes em streaming.

Para hospedagem em meados de setembro, o quarto Panorama tem tarifas a partir de R$ 900. Os mais simples partem de R$ 600.

Sala do mesmo chalé

Os novos chalés

Os chalés do Toriba são bem superiores aos quartos do edifício principal. Eles ficam espalhados pelo bosque do hotel. Construídos a partir do zero, sem necessidade de preservar as características originais do hotel, são luxuosos, contemporâneo e com aspecto sustentável.

Em comum, todos têm o amplo uso de madeira e ferro, que ressaltam a aparência contemporânea. Cada chalé tem entre dois e quatro quartos e suítes, que podem ser reservados separadamente.

Há um grande cuidado com os banheiros. Alguns usam porcelanato. Outros mármore. Em um dos chalés, o imenso boxe tem direito a banheira em estilo Provençal e até ao tronco de uma Araucária, que se estende pelo teto até o exterior.

Um dos chalés que visitamos, em um bloco de dois, tem quarto, sala e uma imensa sacada. No outro, de dois andares, o terraço é integrado ao quarto. Ambos oferecem uma imersão na natureza, no meio do bosque.

Para meados de setembro, as diárias dos chalés partem de R$ 1.050.

O que fazer no Toriba

Por determinação estadual para a região em que está Campos do Jordão, o amplo spa do hotel, by Loccitane, não está funcionando. Então, o hóspede não pode desfrutar de diversos tipos de banhos oferecidos.

Spa do hotel Toriba

Porém, as massagens podem ser realizadas em áreas abertas, com amplo processo de higienização entre o atendimento aos hóspedes. Ao lado do spa, há uma academia com janela panorâmica e vista para o bosque. A piscina, com opção aquecida, também está fechada por enquanto.

Em frente ao hotel, uma ampla área de floresta exclusiva para os hóspedes tem diversas opções de trilhas, que podem ser feitas a pé ou de bike. Para os pequenos, o Toriba preservou o escarregador que data de sua inauguração. Bem radical, ele dá acesso à brinquedoteca, que está quase sempre vazia.

Isso porque são diversas as opções de entretenimento para a criançada. A principal é a Fazendinha, espaço rural de entretenimento com monitores que tem animais como coelhos criados soltos, para a diversão da meninada.

Aventoriba

O programa de aventuras foi criado há dois anos com foco em levar os hóspedes para fora do hotel para curtir trilhas a pé, passeios equestres e até aventuras radicais de escalada à Pedra do Baú. Quase todas as modalidade incluem encerramento com almoço ou piquenique, dependendo do horário.

Há uma área para trilhas em frente ao hotel Toriba

Fiz o programa Aventoriba Por do Sol, uma trilha pela Mata Comprida. Ela fica em uma propriedade particular e parte do bairro Alto da Boa Vista. O encerramento é no alto de uma montanha, no mesmo bairro, com piquenique e por do sol.

O cardápio inclui vinho, queijos e frios e pães diversos. É acesa uma fogueira e a programação se estende até a noite. A vista é espetacular, com exemplares seculares da Araucária e muitas espécies de pássaros. No meio do caminho, há uma pequena cachoeira.

A trilha é de baixa dificuldade para quem já está levemente habituado. A mata é quase toda fechada, e dá para avistar algumas espécies peculiares de pássaros pelo caminho – aliás, há um programa exclusivo para esse fim.

Aventoriba Por do Sol

Os guias especializados que nos acompanharam por todo percurso informam que criança a partir de dois anos estão aptas para fazer a trilha. Mas, como há alguns trechos escorregadios, e uma ampla subida no final, eu certamente não levaria meu sobrinho de dois anos. Mas, certamente, consideraria um programa muito legal para os de seis, sete e oito.

O Aventoriba Por do Sol tem preço de R$ 250.

Vale a pena viajar durante a pandemia?

Ao chegar ao Toriba, minha primeira parada de um projeto de viagem consciente pela Serra da Mantiqueira, fiquei um pouco desanimada. Com todas as restrições, viajar, a princípio, pareceu algo um pouco banal.

Mas, após três dias no hotel, respirando ar puro, curtindo as boas opções gastronômicas e desfrutando diversas atividades ao ar livre, mudei completamente de ideia. De acordo com os guias do Aventoriba, a procura pelos programas tem sido cada vez mais altas, pois as pessoas estão descobrindo que existe vida e diversão fora de shoppings, restauramtes, bares e centros de compras.

Fazendinha do Toriba

De fato, acredito que esse período de pandemia tem sido, nesse aspecto, positivo. E que a o turismo ao ar livre, mais saudável e, na maioria das vezes, muito mais deslumbrante, é uma tendência que veio para ficar mesmo quando a vida voltar ao normal. O contato com a natureza é, hoje, a razão principal para se fazer viagens.