Nova classe executiva da Copa Airlines: os prós e contras

Voar de classe executiva da Copa Airlines é a mesma coisa que ir de econômica. Certo? Isso era uma ideia não muito distante da realidade. Porém, apenas até a estreia da Dreams, a nova business class da companhia aérea do Panamá.

No Instagram: @rafaelatborges

Na verdade, a nova classe executiva da Copa Airlines não é assim tão nova. Estreou no Brasil pouco antes da pandemia. Mas aí veio a crise sanitária global, e a aviação só começou a voltar a ser o que era a partir de 2022. Foi naquele ano que tentei ter minha primeira experiência na Dreams. Não rolou.

Em 2023, consegui, mas acabei não escrevendo a resenha. O que foi ótimo, pois em janeiro de 2024 voei novamente na classe executiva da Copa Airlines e pude comparar as experiências. Que foram idênticas.

Mas o que é a Dreams? É o produto classe executiva oferecido pela Copa Airlines em suas cerca de 20 aeronaves 737 MAX 9, com poltronas que viram cama. Nos demais aviões (737-800), as poltronas são mais largas que as da classe econômica, e reclinam um pouco mais.

Algumas trazem apoio para os pés. Porém, é isso. Nos 737-800, a experiência de classe executiva semelhante à de companhias que voam com aeronaves maiores não existe. E é isso que a Dreams se propõe a oferecer.

E o veredito vem antes mesmo de entrar nos detalhes: a Dreams é inferior às classes executivas da Latam e companhias aéreas norte-americanas. As concorrentes da Copa Airlines são essas, uma vez que os destinos mais comuns da panamenha a partir do Brasil são Caribe e Estados Unidos.

Aqui, vale uma pontuação. A Azul também faz voos aos EUA, a partir de Campinas. E, por fotos e relatos que já vi, li e escutei, acredito que tenha uma ótima classe executiva. Porém, não posso opinar, pois nunca fiz um voo internacional com a aérea.

De volta à Copa Airlines: mesmo sendo um produto inferior, a Dreams vale a pena? Em algumas situações, vale muito a pena. Muito mesmo. Aqui, eu vou mostrar quais são os prós e os contras dessa classe executiva.

Outras resenhas de classes executivas

Dreams: bom produto da Copa Airlines

A Copa Airlines tem alta frequência de voos no Brasil, partindo de diversas cidades com destino à Cidade do Panamá, na América Central – hub da companhia. A partir do Aeroporto de Guarulhos, todos os cinco voos diários são com o 737 MAX 9 – ou seja, equipado com a classe executiva Dreams.

Já em voos partindo de outras cidades do Brasil, a empresa também usa o 737-800 (classe executiva antiga). Mais adiante, vou ensinar como saber se o produto adquirido é ou não é Dreams.

Nessa classe executiva, as poltronas viram camas confortáveis, garantindo uma boa noite de sono ao viajante. Porém, não há milagre. Aqui estamos falando de uma aeronave de médio porte e apenas um corredor.

copa airlines classe executiva

Por isso, a disposição é 2-2. São duas poltronas à direita, uma ao lado da outra, e duas à esquerda. Quem viaja na janela não tem acesso direto ao corredor. E quem embarca em voo solo vai necessariamente se sentar ao lado de um desconhecido.

Isso é exclusivo da Copa? Não é. Nos 787 da Aeromexico que fazem a rota entre a capital mexicana e São Paulo a cabine da classe executiva é 2-2-2, também tirando o acesso ao corredor dos passageiros que vão ao lado da janela.

A Latam também tem o 787 na configuração 2-2-2 para algumas rotas – entre elas, São Paulo (GRU) – Cidade do México. Já para os Estados Unidos, a maioria dos aviões usados pela companhia binacional (brasileira e chilena) é com a nova classe executiva, 1-2-1.

Isso garante acesso de todos os passageiros ao corredor e privacidade para quem está viajando sozinho. O mesmo ocorre com os voos partindo de São Paulo de todas as companhias americanas que operam no Brasil (Delta, United e American Airlines).

Contra: entretenimento de bordo

As poltronas da Dreams são sim um ponto positivo. Se o objetivo do viajante que adquire o produto é ter conforto e uma noite de sono razoável (afinal, são apenas sete horas de voo), está garantido com esse produto da Copa Airlines.

copa airlines classe executiva

Mas, se espera mais, vai se decepcionar. O entretenimento de bordo, apesar da tela de boa resolução e sensível ao toque, mas também com comando remoto, é muito limitado. Poucas opções de filmes e séries e sem títulos novos interessantes.

Ou seja: tem entretenimento e dá sim para passar o tempo com ele. Mas o pacote é muito inferior ao da Latam e companhias americanas. Ah, vale ressaltar que a Gol, apesar de ter alguns voos diretos para EUA e América Central, não oferece classe executiva. Por isso, não está sendo considerada nas comparações desse review.

Serviço de econômica em ‘traje’ de executiva

O serviço deixa a desejar. Dependendo da configuração da aeronave, a Dreams pode ter 12 ou 16 passageiros. E há apenas um comissário de bordo para todos eles. Se o serviço oferecido é café da manhã (o que ocorre na maior parte dos voos partindo do Brasil, que são na madrugada), funciona.

Porém, se é almoço ou jantar, é lento, pois antes o comissário serve castanhas e bebidas. Depois, prepara a bandeja de cada passageiro. E só então começa a servir.

Em um de meus voos de 2023 (Panamá a São Paulo, à noite) levou quatro das sete horas de viagem para o serviço ser concluído (uma turbulência após a decolagem contribuiu para a demora). Isso acabou deixando pouco espaço para dormir no trajeto (como eu queria escrever review e estava produzindo o vídeo que você vê abaixo, precisei esperar o jantar).

copa airlines classe executiva

E por falar em serviço, há apenas um completo na classe executiva da Copa Airlines. De São Paulo e Panamá, em janeiro de 2024, era café da manhã. Como o voo partia de madrugada, foram servidas bebidas (a variedade é até boa, mas os vinhos oferecidos naquele dia eram ruins) e um sanduíche pequeno, frio e muito ruim.

Na aproximação ao Panamá, foi servido um café da manhã razoável, com omelete e tomates, mas sem pães quentinhos. Já na experiência de 2023, era jantar. Opções: carne ou frango. Eu queria carne mas, como estava na última fileira, tive de me contentar com frango – sem graça, servido com legumes.

Não há cardápio na classe executiva da Copa Airlines. Então, como na econômica, você escolhe entre carne ou frango no jantar e almoço, omelete ou panqueca no café da manhã. Qualidade e apresentação são de razoáveis para ruins.

Ou seja: serviço e gastronomia de classe econômica com louça de classe executiva e bebidas alcoólicas e não alcoólicas à vontade. Aqui, é importante pontuar que, em minha opinião, um serviço completo apenas é aceitável para um voo de apenas sete horas.

Mas não é minha opinião que conta. É preciso olhar para o que a concorrência está fazendo. O voo de São Paulo a Miami leva também cerca de sete horas. A American Airlines oferece dois serviços completos, jantar e café da manhã.

Quem quiser dormir mais pode simplesmente recusar um, ou ambos. Mas fato é que tem a opção.

Principal ponto positivo: conexão

A Copa Airlines é a melhor conexão para o Caribe. Trata-se da maneira mais rápida e menos distante de chegar às atrações dessa região da América Central. E também pode ser um ótimo negócio para quem está viajando para os Estados Unidos.

A partir de São Paulo, a Latam oferece voos diretos a Miami e Nova York diariamente. Boston, Los Angeles e Orlando têm duas ou três frequências por semana. De American Airlines, dá para chegar sem conexão a Miami, Dallas e Nova York, partindo do aeroporto de Guarulhos.

Nova York também é um destino atendido por United Airlines e Delta, a partir de São Paulo. A primeira voa ainda a Houston, Chicago e Washington. A segunda, a Atlanta. A Azul voa de Campinas a Miami (Fort Lauderdale).

Se seu destino final não for nenhum desses, o melhor negócio é ir de Copa Airlines. Eu voltarei a escolher a companhia até mesmo para Los Angeles (algo que fiz recentemente), se os dias não coincidirem com o voo direto da Latam.

A Copa Airlines também é boa opção para Las Vegas, Orlando e Boston (em dias sem voo direto). A companhia voa ainda do Panamá a São Francisco, Tampa, Denver, Baltimore e Raleigh, além dos destinos que têm conexão direta com o Brasil.

A vantagem é a rapidez da conexão, que acaba também reduzindo o tempo total da viagem. Como são muitos voos a partir do Brasil, em horários diversos, o passageiro terá quase sempre paradas rápidas no Panamá.

Em uma das experiências, fiquei apenas 50 minutos no aeroporto, e sem risco de perder o voo. Os portões não costumam ser distantes uns dos outros (com raras exceções) e não é preciso passar por imigração.

Além disso, quando há checagem de segurança (nem sempre é necessária), é feita no próprio portão de embarque. Os passageiros de classe executiva têm acesso preferencial. Portanto, não precisam enfrentar filas nesse processo.

Igual a conexão nos Estados Unidos, né? Só que não. Conectar em um aeroporto norte-americano é quase sempre um grande contratempo. O procedimento de imigração é muito demorado, mas inevitável – seja em voo que partiu do Brasil ou do Panamá.

Só que a imigração pode levar até duas horas. E, para quem vai fazer conexão, em seguida ainda há o procedimento de segurança. Alguns aeroportos, como o de Las Vegas, oferecem prioridade a passageiros de executiva e primeira para esse processo. Outros, não.

Mas mesmo com prioridade, o procedimento, demorado e minucioso, pode demorar até uma hora. Ou seja: para não correr risco de perder a conexão, a parada tem de ter no mínimo duas horas, na chegada aos EUA – mas é melhor que seja de três horas. Isso aumentará muito o tempo de viagem. Fora o perrengue.

Na volta a conexão não precisa ser tão longa, pois não há imigração (só checagem de segurança). A não ser que você esteja conectando nos EUA no retorno de outro país, coisa que já fiz. Voei Cidade do México – Dallas – Guarulhos.

A imigração demorou tanto em Dallas que tive de ir pedindo gentilmente ao pessoal da fila para passar na frente. Se não tivesse feito isso, perderia meu voo internacional – só haveria outro no dia seguinte.

Segundo trecho com mais conforto

Voar a Los Angeles leva cinco horas a partir de Miami, cinco horas e meia de Nova York, quatro horas de Chicago e três horas de Dallas e Houston. Voando de primeira classe (nome que as companhias americanas dão à classe executiva doméstica), as poltronas são mais largas que na econômica, mas não há apoio para os pés.

Na maior parte desses voos, feitos por companhias aéreas americanas, não há entretenimento de bordo. Mas claro que você pode dar sorte. Já voei de Dallas a Miami em um 777-200 da American Airlines, com classe executiva de voo internacional (poltronas que viram camas, entretenimento completo, etc). É raro. Muito raro. Mas acontece.

copa airlines classe executiva
Classe executiva da Copa Airlines no 737-800 (trecho entre Cidade do México e Panamá

Mas mesmo nessa aeronave, o serviço é o de primeira classe doméstica. Uma refeição que pode ser quente ou fria e bebidas (pode haver ou não oferta de alcoólicas). Tudo depende do horário do voo. E a qualidade é bem inferior a de voos internacionais.

Voar do Panamá a Los Angeles leva seis horas. E você vai de Dreams, na poltrona que vira cama. O serviço é o de voo internacional da Copa Airlines. Pior que o das americanas em trechos de e para o exterior? Sim! Mas superior àquele oferecido por American, Delta, United e outras companhias dos EUA em voos domésticos.

Mas nem sempre o produto oferecido pela Copa Airlines para os EUA é com a Dreams. A maioria dos voos, na verdade, é com o 737-800. Isso porque, no geral, as distâncias são bem mais curtas que o trecho do Brasil ao Panamá.

Ainda assim, a classe executiva “antiga” da Copa Airlines oferece mais conforto que a primeira classe doméstica das americanas. As poltronas são mais largas e, em algumas aeronaves, com um bom apoio para os pés.

Além disso, grande parte dessas aeronaves oferecem entretenimento de bordo individual. E o serviço é sempre de voo internacional. Por isso, no segundo trecho, de classe executiva da Copa Airlines você vai mais confortável que na primeira classe das americanas.

Sala VIP

A sala VIP da Copa Airlines no aeroporto do Panamá era trágica. Quente, pequena, com poucas opções de comidas e bebidas. Mas a empresa criou um novo lounge, que ficou belíssimo, espaçoso e com serviços de qualidade.

Não que necessariamente você vá conseguir usar, porque as conexões são muito rápidas. Porém, se houver tempo, vale dar uma passada no lounge de dois andares, com vista panorâmica para o terminal, chuveiros e comidas e bebidas variadas.

Até piscina o lounge tem (aberta em alguns períodos do ano). E não se assuste com a fila na porta, tá? É que a Sala VIP pode ser acessada por integrantes de clubes, sejam eles associados ou não a cartões de créditos (Lounge Key, Dragon Pass, Priority Pass – não sei exatamente quais são filiados, mas basta checar nos apps de seu cartão).

Porém, há duas filas separadas. A grande é para o pessoal do cartão do crédito. Já o acesso para passageiros da executiva é exclusivo (na minha experiência, não tinha fila).

Em Guarulhos, a Copa Airlines utiliza o lounge do Banco Safra (Terminal 3, de onde partem os voos da aérea), como outras companhias da Star Alliance, aliança da qual a panamenha faz parte. Aqui, vale uma informação. Dá para creditar pontos no programa da aliança ou de outras parceiras, como United, TAP e Lufthansa – caso você não queira se filiar ao da própria Copa.

E dá também para pontuar no programa Smiles, da Gol, que é parceira da companhia aérea do Panamá. De volta aos lounges, nem tudo é festa, tá? No aeroporto de Cidade do México, por exemplo, a Copa Airlines não tem parceria com nenhuma Sala VIP. Eu tive de usar meu cartão de crédito para acessar a da Aeromexico.

Preço da classe executiva da Copa Airlines

E aqui vai a vantagem definitiva de voar Copa Airlines. Preço. A companhia é uma aérea de baixo custo e, quase sempre, tem tarifas bem mais interessantes que a de outras empresas que fazem os mesmos trechos. Isso vale também para a classe executiva?

Não necessariamente. Há situações em que a business da Copa Airlines é até mais cara. Porém, se reservar com antecedência, você provavelmente vai encontrar não apenas a viagem no menor tempo, mas também com o melhor preço (muito melhor, em alguns casos).

Fiz uma simulação de São Paulo a Las Vegas, com partida em 8 de maio, e retorno no dia 15 do mesmo mês. Ida e volta com a Copa Airlines, de classe executiva, sai por R$ 16.846 – tempo total de viagem na ida é de 15h59min e na volta, 15h18 min.

copa airlines classe executiva

Na opção mais interessante (e também mais barata) da Delta para as mesmas datas, de classe executiva, o tempo sobe para 18h20 na ida. Na volta, é mais rápido que a Copa Airlines: 14h35min. O valor é de R$ 20.663 e a conexão, em Atlanta.

Para essas datas, preços e tempo total de voo na ida e na volta na American Airlines são, respectivamente: R$ 22.034, 17h19 min (duas conexões, em Dallas e Phoenix), 13h55 min (conexão em Dallas). Há opção com uma parada apenas na ida. Só que, no período de pesquisa, a partir de R$ 60 mil.

Na United a opção mais interessante sai por R$ 33.880, com conexões em Houston nos dois trechos. Na ida há um bilhete com tempo total de 14h50min. Porém, arriscada, por ter apenas uma hora e meia de conexão. É mais seguro pegar a opção de 17h, pelo mesmo preço. Na volta, a viagem dura 13h50min.

Fiz também uma simulação com datas mais adiante, de 24 a 31 de outubro, de São Paulo a Los Angeles (ida e volta), em classe executiva. Veja os resultados:

Copa Airlines (conexões no Panamá)

Ida 15h19
Volta 14h50
R$ 15.612

Opção mais em conta da Copa Airlines (porém, mais demorada)

Ida – 15h29
Volta – 18h19
R$ 12.486

Latam

Ida (voo direto) – 12h35min
Volta (conexão em Lima) – 14h55min
R$ 20.851
OBS: de Lima a São Paulo o voo é de 5 horas em premium economy do A320 (assentos comuns, com o do centro bloqueado e serviço superior ao oferecido na econômica tradicional)

United Airlines (conexões em Houston)
Ida – 15h37
Volta – 14h
R$ 26.353

American Airlines (conexões em Miami)
Ida – 15h41
Volta – 14h56
R$ 18.552

Como saber se é Dreams

Quando postei detalhes das minhas viagens de classe executiva da Copa Airlines em meu perfil no Instagram, houve uma pergunta recorrente: como saber se é Dreams? Isso é fácil.

Ao reservar o bilhete, verifique qual é a aeronave. Se for 737 MAX 9, é Dreams. Mas, se quiser assegurar, entre no mapa de assentos. As poltronas da nova classe executiva da Copa Airlines têm posição conhecida como espinha de peixe, na diagonal.

Além disso, à frente do desenho da cabine você vai ler a palavra “Dreams”. Já as poltronas da classe executiva do 737-800 têm posição normal, direcionadas para a frente da aeronave.

Veredito final

Para facilitar, aqui vai um resumo de prós e contras.

Voe na classe executiva Dreams da Copa Airlines sem medo se:

  • O preço estiver mais interessante;
  • O destino final for o Caribe;
  • O destino final for Las Vegas, Austin, Baltimore, Raleigh, São Francisco, Tampa e, dependendo do dia do voo, até mesmo Boston, Orlando e Los Angeles;
  • Uma boa noite de sono for seu principal objetivo ao adquirir o produto business class;
  • Passar perrengue em conexões é algo que você sempre prefere evitar.

Não voe na classe executiva Dreams da Copa Airlines se:

  • Você é desses que não dorme em avião (nem na classe executiva) e faz questão de entretenimento de bordo variado;
  • Serviço rápido e eficiente a bordo é fundamental para você;
  • Classe executiva só é classe executiva se a comida for de qualidade;
  • Ao viajar sozinho, você faz questão de ter privacidade em sua poltrona;
  • Seu destino EUA for uma cidade com voos diretos e diários a partir de São Paulo (Miami, Nova York, Dallas, Houston, Atlanta, Washington e Chicago). Isso, obviamente, se você não fizer questão de economizar no valor do bilhete.
Polignano

7 cidades e vilarejos na Puglia (e imediações) que são visitas obrigatórias

No segundo capítulo sobre a região de Puglia (Apúlia), na Itália, o tema são as cidades e vilarejos que merecem ser visitados. Eu selecionei seis, e mais um que não fica nessa província, e sim na vizinha, Basilicata.

No Instagram: @rafaelatborges

Trata-se de Matera, um local tão incrível que acabou se tornando obrigatório para quem vai à Pugllia e é apaixonado por história. Para relembrar, o primeiro capítulo da série sobre essa belíssima região italiana mostrou as praias mais legais.

Já quando pensamos em cidades e vilarejos, tudo vai depender de quantos se pretende ficar, e de que tipo de viajante você é. Eu dediquei sete noites à Puglia (considerando uma passada em Matera).

Como era fim de verão, fiz aquele tipo de programa lento, começando o dia sempre na piscina ou em uma praia e me dedicando às cidades e vilarejos de meados da tarde em diante.

Por isso, faltaram locais que eu gostaria de ter visto, como Ostuni, Manduria e Taranto, além da capital Bari e de algumas praias na oeste (banhado pelo Mar Jônico, enquanto as do leste ficam no Adriático). Acabei também não explorando Monopoli, apesar de estar hospedada em suas imediações. Só fui ao centro jantar em uma das noites.

Assim, poderia ter ficado tranquilamente em Puglia durante dez dias, ou mais, sem repetir a programação. Por outro lado, no outono e no inverno, em sete dias dá para fazer o meu programa e ainda acrescentar os locais que não visitei. Isso porque a piscina sai do “cardápio”, e as praias nessas épocas são só para ver, não desfrutar.

A Puglia é dividida em regiões. Salento é ao sul, e tem Lecce como principal cidade. Mais ao norte, o Vale D’Itria tem como destaques Monopoli e Polignano al Mare, e fica nas imediações de Bari. Por isso, fazer duas bases é fundamental.

Eu acabei fazendo três, por incluir Matera no programa. A cidade da Basilicata, porém, pode ser visitada a partir da mesma base usada para Manduria e Taranto (nas quais não fui). E como se locomover entre elas? A melhor opção é alugar um carro. Mas todo o serviço sobre Puglia ganhará um capítulo dedicado no final dessa série.

Vale destacar que, em todas os locais visitados, além das atrações exclusivas, há diversas lojas para vendas de produtos típicos de Puglia – azeites e vinhos Primitivo e Negroamaro, entre outros. Sorveterias também são item de série.

Alberobello e as trulli de Puglia

Muitos chamam o local de cidade dos smurfs. Seu centro histórico é composto pelas trulli (plural de trullo), casinhas brancas com tetos cônicos que formam um dos cenários urbanos mais peculiares do mundo.

Alberobello, Puglia

Há diversas teorias para a origem das trulli. A mais comum é que surgiram como moradia de camponeses na época do Reino de Nápoles, ainda no período feudal. Há quem defenda que têm a arquitetura de teto cônico para que estes fossem fáceis de remover.

Assim, não poderiam ser classificados como moradia e ficariam livres de impostos. Essa teoria, porém, é menos aceita. Fato é que, atualmente, as trulli abrigam hotéis, lojas, bares e galerias de arte. São Patrimônio da Unesco desde 1996.

Matera

A cidade não está na Puglia, embora fique na divisa com essa região. Na Basilicata, Matera tem distância entre uma e duas horas dos destinos do “salto da bota”.

Matera é, oficialmente, a terceira cidade mais antiga da Itália. Porém, seu centro histórico (Sassi de Matera) é considerado um dos locais habitados mais antigos do mundo. Isso porque abriga pessoas desde 7.000 AC (período estimado), ainda na era pré-histórica.

A Sassi de Matera é composta por fachadas construídas em cavernas. Dividida entre Sasso Caveoso e Sasso Barisano, pode ser vista de vários observatórios nas praças da cidade, ao lado de igrejas e museus. Inclusive, o por do sol nesses locais é uma experiência única – e há artistas de rua executando músicas clássicas, o que dá ainda mais beleza ao evento.

Restaurante dentro de caverna na Sassi de Matera

Nos anos 50, a Sassi de Matera foi considerada o local mais miserável da Itália. Então, o governo levou seus moradores para conjuntos habitacionais modernos, e deu início à revitalização do local.

Agora, na Sassi, as cavernas abrigam restaurantes (inúmeros recomendados pelo Guia Michelin), galerias de arte, lojas de especialidades da região e bares Speakyease (a la Nova York e Chicago, escondidos sobre fachadas de outros estabelecimentos). Há ainda os hotéis, inclusive opções de luxo, que oferecem a possibilidade de hospedagem dentro das grutas – o esquisito é que a entrada dos quartos e suítes fica na área pública.

A gastronomia é tão festejada em Matera que há quem passe dias na cidade apenas para experimentar seus restaurantes. Além daqueles dentro das cavernas, há os com vista para a Sassi, mais legais no almoço. Desde 1993, o local é Patrimônio Mundial da Unesco.

Polignano a Mare, boa base para o norte de Puglia

A cidade das praias de grutas é cheia de belezas naturais combinadas a um lindo centro histórico. Ele tem vários decks de observação do mar esverdeado, no Adriático.

Polignano a Mare, Puglia

Em Polignano estive em dois dos restaurantes mais legais da Puglia: Grotta Palazzese (aquele da gruta; leia mais aqui) e Meravigloso. É considerado um dos locais mais importantes para se visitar na região, e escolhido por muitos como base para explorar o Vale D’Itria.

Polignano é terra de alguns grandes nomes da cultura italiana. Entre eles, o cantor Domenico Modugno. Há até um monumento dedicado ao artista ao lado do centro historico murado.

Lecce

É a cidade mais importante de Salento (a parte sul de Puglia). Marcada pela arquitetura barroca, tem diversas igrejas e catedrais nesse estilo, que formam um verdadeiro oásis de preservação histórica.

Porém, é preciso pagar para entrar nessas igrejas e catedrais. O preço é de 7 euros por uma e 11 euros por quatro. Lecce tem também um anfiteatro romano e diversos restaurantes e bares descolados.

Lecce, Puglia

Outro destaque? De todos os locais que visitei, é o único da Puglia com lojas mais conhecidas (lembrando que não fui a Bari, uma grande cidade italiana) – como Sephora, por exemplo. Nas demais, o comércio é mais voltado para produtos locais.

Otranto

A cidade mais oriental da Itália tem também uma das orlas mais lindas do país. Aqui, a cor do Adriático é encantadora. Além disso, o entorno de Otranto, que fica em Salento, tem algumas das praias mais lindas de Puglia.

No centro, à noite, os bares com músicas eletrônicas leves animam o clima a atraem os jovens. A catedral é uma aula de história, e uma lembrança da invasão otomana que castigou a cidade no século XV.

Otranto

Na capela, há vidros com crânios que podem perturbar os desavisados. Eles pertencem aos mártires italianos assassinados durante a invasão, considerados heróis pelo povo da cidade.

Locorotondo

A cidade branca lembra bastante as vilas da Grécia e chama a atenção pelos restaurantes e cafés com jazz, blues e até MPB ambiente.

É um bom local para degustação de vinhos de Puglia. Há muitas casas especializadas no produto para o visitante conhecer. Delas, também saem tours para as vinícolas das imediações.

Locorotondo, Puglia

Outro destaque de Locorotondo: do alto da cidade murada, há uma vista magnifíca do Vale D’Itria, com direito a algumas trulli. As casinhas brancas cônicas estão mais concentradas em Alberobello, mas podem ser vistas em diversos locais do vale.

Gallipoli

É a principal cidade da parte da Puglia banhada no Jônico. O centro murado fica em uma ilhota que começa com um belíssimo castelo.

Gallipoli

A orla é legal ao por do sol, com vários bares que oferecem vista privilegiada. Vale conferir o fenômeno no Cafe del Mar. Apesar de tocar músicas eletrônicas que nos levam a pensar que trata-se de uma filial da famosa casa de Ibiza, além do nome a de Gallipoli nada tem a ver com a espanhola.

E isso fica bem claro no final do evento de por do sol no Cafe del Mar. O eletrônico é substituído por alegres músicas italianas, dando um tom mais local e tradicional para o bonito fim de tarde.

Polignano a Mare

Puglia: seis praias incríveis para visitar na região italiana

Este blog começa agora uma série de reportagens sobre a Puglia, na Itália. Região menos famosa entre os brasileiros que Toscana, Veneto, Costa Amalfitana, Sicília e Sardenha, a Puglia vem ganhando mais evidência nos últimos anos. E glamour, com hotéis badalados e até um desfile inesquecível da grife Dolce & Gabbana, na primeira metade de 2023.

No Instagram: @rafaelatborges

A Puglia é encantadora, oferecendo ao viajante uma combinação que é irresistível para quem visita a Itália: história, gastronomia e praias paradisíacas. Por isso, é tanto um destino de verão quanto de outras temporadas, diferentemente de locais como Costa Amalfitana e Sardenha, que atraem mais pelo litoral.

Localizada no salto da bota que é o mapa italiano, a Puglia é banhada por dois mares: o Adriático e o Jônico, um braço do Mediterrâneo. É também sua localização a responsável por parte importante da história multicultural que se vê nos costumes e arquitetura.

Área arqueológica de Rocca Vecchia, na Puglia
Área arqueológica de Rocca Vecchia, na Puglia

Ponto mais ao leste da Itália, já foi ocupada, ou povoada, por vários povos dessa parte da Europa, como turcos e gregos. Tem também influência germânica e normanda. Os centros históricos de algumas cidades são Patrimônio Mundial da UNESCO, e têm peculiaridades que não se vê em nenhuma outra região italiana.

A localização é uma importante influência também na gastronomia, com constante combinação de frutos do mar à clássicos da culinária italiana. O azeite é fundamental. Puglia é uma das principais referências mundiais quando o assunto é o produto.

O blog dividirá esta série entre praias, cidades e vilarejos, hotéis e gastronomia. Para começar, vamos falar do litoral.

Veja também

A Puglia das praias paradisíacas

Os clubes de praia são uma tradição em diversos locais da Europa, inclusive na Itália. Oferecem boa infraestrutura para quem quer passar o dia à beira mar sem perrengue – e sem superlotação. Há diversas opções em Puglia.

Mas há também as belíssimas praias públicas, algumas de fácil acesso, outras que exigem caminhadas mais longas, e até trilhas leves. São mais cheias, mas valem a visita nem que seja para conhecer.

Pescoluse, praia na costa da Puglia banhada pelo Jônico
Pescoluse, praia na costa da Puglia banhada pelo Jônico

Há lindas praias por toda a Puglia. Cavernas e falésias são comuns na paisagem do litoral da região. O sul, na região de Salento, é interessante para conhecer opções no Jônico, que tem águas mais mornas que o Adriático. Mas, do lado oposto, também há praias lindíssimas, especialmente nas imediações de Otranto.

Mais ao norte da Puglia, uma região de praia interessante é Monopoli, próxima a Polignano a Mare – que é um dos locais mais conhecidos e turísticos da região. Abaixo, considerei seis praias que visitei e valem a visita – entre públicas e privadas.

Baia dei Turchi

A Baia dei Turchi é uma praia pública a 5 km do centro de Otranto. Para chegar, anda-se 1 km desde o estacionamento privado mais próximo (4 euros), sendo 300 metros por uma trilha linda (e, fique tranquilo: bem fácil). Dá para parar no início dessa trilha, em um estacionamento público. Mas é preciso chegar muito cedo para conseguir uma das poucas vagas.

A praia também tem história. Otranto passou por uma invasão de turcos otomonos no século XV, e as marcas desse capítulo triste e sangrento estão até hoje presentes no centro da cidade (falaremos mais disso no capítulo sobre vilarejos). Foi pela Baia dei Turchi que eles chegaram à região.

O local é belíssimo, com falésias, pedras e uma pequena faixa de areia branquinha (nenhuma das praias que visitei na Puglia é de pedras). E as cores do Adriático nessa praia são de um verde cristalino impressionante.

Não há grande infraestrutura. Por isso, é recomedável levar comidas e bebidas se for passar o dia. Mas ficar na Baia dei Turchi por muitas horas pode não ser uma ideia das melhores, pois a visitei às 17h, e ainda estava lotada. Se você é avesso a lugares cheios, o ideal é ir só conhecer, tomar um banho de mar e partir para o próximo programa.

Grotta della Poesia

É uma piscina natural em uma formação arqueológica no Adriático que garante uma paisagem espetacular. A praia, repleta de cavernas, é pública, mas para chegar à gruta paga-se 3 euros.

Não há faixa de areia. Ali, o legal é mergulhar nas águas cristalinas da piscina. Muitos gostam de pular das pedras mas, para os menos destemidos, há escadas de acesso.

A Grotta della Poesia está em uma área conhecida como Rocca Vecchia e é um dos lugares mais lindos da Puglia. Fica em Melendugno, entre Otranto e Lecce. Dá para programar sua parada no deslocamento entre as duas cidades. O estacionamento é público, com parquímetro – de 0,50 a 0,80 centavos de euros a cada meia hora, dependendo do dia e horário.

Lido Santo Stefano

Clubes de praia geralmente não ficam em faixas de areia paradisíacas. O Lido Santo Stefano é exceção. Está ao lado de um castelo, cercado por carvernas e o mar esverdeado e cristalino é quase uma piscina natural.

Em minha opinião, esse é um dos segredos mais bem guardados da Puglia. Inclusive, o público é bem italiano. São poucos os estrangeiros presentes. O local fica escondidinho em uma baía na região dos clubes de praia de Monopoli. É também muito legal para a prática de atividades como stand up paddle.

Passar o dia na infraestrutura do clube parte de 60 euros para duas pessoas, e ainda paga-se 8 euros por cada toalha (o estacionamento é gratuito). Esse é o ponto negativo, pois o preço é o mesmo (ou até mais alto) dos clubes mais sofisticados da Puglia, mesmo sem oferecer sofisticação.

Há banheiros limpos, mas simples, assim como os trocadores. O serviço não é dos melhores. Mas as cadeiras de sol são bastante confortáveis e, a melhor parte: não há superlotação no local mesmo no alto verão.

Na mesma área, o clube de praia mais badalado é o Lido Bambu, com excelente restaurante e cadeiras e camas de sol muito confortáveis. Parte de 60 euros para duas pessoas (na parte do jardim). Na praia, paga-se 90 euros.

O problema é que a faixa de areia é pequena em um local de mar cheio de pedras, e sujo nas imediações. É mais legal para badalar, comer bem e ser bem atendido do que para pegar praia.

Pescoluse

Pescoluse é uma das praias legais para visitar e passar o dia na parte do Mar Jônico. Não tem grutas, não tem falésias, mas tem águas cristalinas e morninhas. Além disso, os clubes de praia são bem legais.

Passei o dia no confortável e lindíssimo Le Cinque Vele, a partir de 55 euros para duas pessoas. O atendimento é excelente e a infraestrutura, bonita, luxuosa e confortável. O restaurante tem alta qualidade, com destaque para os pratos baseados em frutos do mar típicos da Puglia.

O estacionamento é gratuito. Fica bem ao sul da Puglia, a cerca de 30 minutos de Gallipoli, que é uma das principais cidades da costa jônica da região.

Praias urbanas na Puglia

As praias urbanas não são muito legais para passar o dia. Estão quase sempre cheias e nem sempre a faixa de areia (muitas vezes pequena) é limpa. Mas há duas em que vale passar mesmo que seja para dar uma olhada. Além de belas, ficam nos centros históricos.

Spiaggia della Puritá, na Puglia
Spiaggia della Puritá, na Puglia

Em Gallipoli, a Spiaggia della Purità (no Jônico) tem areias claras e mar esverdeado. Fica em uma uma avenida do centro histórico repleta de restaurantes e bares com música ambiente animada, bem legais para ver o belíssimo por do sol.

Lama Monachile, praia urbana na Puglia
Lama Monachile, praia urbana na Puglia

Em Poligano a Mare, a Lama Monachile está entre cavernas, aos pés do centro histórico da cidade. É belíssima para se ver dos observatórios à beira dos precipícios disponíveis nesse local. Altamente instagramável.

Grotta Palazzese

Grotta Palazzese: vale a pena pagar R$ 1.000 pela experiência no restaurante dentro da caverna?

O Grota Palazzese é uma atração turística da Puglia. Há quem visite a região tendo como principal objetivo conhecer o restaurante de Polignano a Mare instalado dentro de uma gruta escavada em um penhasco, com vista impressionante para o Mar Adriático.

No Instagram: @rafaelatborges

O local, usado para festas e banquetes desde o século XVIII, já foi eleito o restaurante mais romântico do mundo. É também considerado um dos mais belos. Fato é que trata-se de uma experiência inusitada. E, por causa do preço, também bem exclusiva.

Não dá para simplesmente visitar o Gruta Palazzese. Para conhecer o restaurante, é preciso viver toda a experiência gastronômica no local. Caso contrário, o máximo que você vai conseguir é contemplá-lo a partir de um dos observatórios para os penhascos de Polignano a Mare.

No Grotta Palazzese, são servidos apenas menus fechados. Não se trata de degustação, e sim das tradicionais refeições italianas de no mínimo três pratos. Os preços partem de 195 euros, ou pouco mais de R$ 1.000.

Para quatro pratos, são 235 euros e para cinco, 350 euros. Todos incluem sobremesa. Para comparação, o Due Camini, com uma estrela Michelin e um dos melhores restaurantes da Puglia, cobra 180 euros por seu menu degustação com inúmeros passos.

Grotta Palazzese está dentro de uma gruta escavada em um penhasco
Grotta Palazzese está dentro de uma gruta escavada em um penhasco

Na internet, há inúmeras resenhas de visitantes criticando a qualidade gastronômica do Grotta Palazzese. Mas será que essas impressões condizem com a realidade? E como é a experiência nesse restaurante? Eu a vivi, e conto agora cada detalhe.

LEIA TAMBÉM

O início: reserva obrigatória

No auge do verão europeu, entre julho e agosto, a recomendação é fazer reserva no Grotta Palazzese (que é o restaurante do hotel de mesmo nome, no centro de Polignano a Mare) com pelo menos dois meses de antecedência. Caso contrário, é grande a chance de não conseguir uma vaga. Já em setembro, eu obtive a minha de um dia para o outro.

Mas não foi assim tão simples. Talvez eu tenha dado sorte. Havia um único horário disponível nos três dias que eu passaria nessa região da Puglia: 21h30 de 14 de setembro. Não era exatamente o que queria. Minha intenção era conseguir o primeiro turno, às 18h30.

É um horário atípico para o jantar do brasileiro. Mas a intenção era conferir o por do sol no Adriático. Porém, topei aquela única chance, e efetuei a reserva por meio do site. É necessário usar cartão de crédito para pré-autorização de 75 euros.

O cancelamento sem custo pode ser feito até 48 horas antes do turno marcado. Se ocorrer depois disso, o valor pré-autorizado será cobrado. O restaurante funciona no almoço, a partir de 12h, e no jantar, com início às 18h30. Cada turno de refeição pode durar no máximo duas horas.

Não existe dress code definido, mas estão vetados chinelos e bermudas para os homens. As crianças só são recebidas no almoço e no primeiro turno do jantar. Para elas, o valor do menu é de 100 euros. Todas essas orientações estão no site do Grotta Palazzese, e é preciso aceitar os termos.

Após a reserva efetuada, é enviado um e-mail de confirmação, com a localização do estacionamento gratuito do restaurante – a cerca de 1 km -, para quem vai de carro. Vans de transporte estão sempre disponíveis, na ida e na volta, para levar os clientes dessa área até a entrada do hotel.

O ambiente do Grotta Palazzese

Duas checagens de reserva são feitas, uma ainda no estacionamento e outra na chegada ao hotel Grotta Palazzese. Após confirmada pela hostess, desci uma escada que parece não ter fim. Ao final, uma viradinha à esquerda e, logo à frente: uau!

A visão inicial do Grotta Palazzese realmente impressiona. O salão principal fica na parte mais baixa, e há outras mesas em um piso mais alto. À frente, as águas esmeralda Mar Adriático.

Se não havia mais sol para ver se por àquele horário, a noite também traz luzes para deixar o ambiente mais bonito. O prédio ao lado do Grotta Palazzese, sobre as grutas, é iluminado de azul. Enquanto isso, o fundo do restaurante traz uma coloração verde.

Descrevendo, pode parecer brega, mas ao vivo não é. A iluminação forma um bonito contraste com o ambiente escuro da gruta.

O ponto negativo da ambientação do Grotta Palazzese é a música, cujo objetivo é incrementar o clima de romance do jantar à luz de velas. Na prática, o saxofonista usa como acompanhamento bases pré-gravadas em órgão, a la churrascaria. Cafona? Demais!

Uma curiosidade: o Grotta Palazzese é o local na Puglia em que mais encontrei brasileiros. Ao meu redor, pelo menos quatro mesas eram formadas por compatriotas, em casais ou grupos.

Menu de três pratos

As refeições do Grotta Palazzase são esplêndidas. Isso mesmo: esplêndidas. Talvez os críticos de internet se revoltem tanto em relação a ela porque, de fato, a experiência meramente gastronômica não vale o que cobra. Come-se bem melhor na Puglia por muito menos.

Entrada do menu de carnes no Grotta Palazzese
Entrada do menu de carnes no Grotta Palazzese

Por isso, se optar por ir ao Grotta Palazzese, tenha em mente que não é apenas sobre gastronomia. O valor é por toda a experiência. Outra dica é optar pelo menu de três pratos. Como expliquei, não é menu degustação.

São pratos mesmo, de tamanho normal. O menu de entrada tem três opções: uma mais baseada em peixes e frutos do mar, outra que investe mais nas carnes e a vegatariana. Nos dois seguintes, há uma opção de cada. Só o topo de linha traz preparação com trufas brancas e seleção de caviar.

Combinei o menu de carnes com o primeiro prato de peixes de frutos do mar no Grotta Palazzese.
Combinei o menu de carnes com o primeiro prato de peixes de frutos do mar no Grotta Palazzese.

O caviar, no entanto, é usado na preparação de pratos desde o menu de entrada – assim como as trufas negras, ou tartufo. Quanto à definição do cardápio, não dá para dizer que é tipicamente pugliese. Traz muito elementos da região, bem como de outras partes da Itália e de outros paises. Está mais para internacional com leitura moderna e criativa.

Combinação

Para quem opta pelo menu de entrada, dá para fazer uma fusão de pratos – é o que o Grotta Palazzese chama de a la carte. É possível escolher, por exemplo, entrada e sobremesa do menu de peixes e primeiro e segundo pratos do de carnes. As combinações são livres.

Eu optei pelo menu de carnes, mas com o primeiro prato do de peixes e frutos do mar. Antes, é servido um couvert com pão italiano quentinho, focaccia, taralli (biscoito com óleo e vinho típico da Puglia), manteiga trufada, azeites da Puglia e outras delícias.

Minha entrada foi rosbife recheado com laranja, damasco e azeite, acompanhado por um creme de cenoura. A combinação ficou deliciosa. O primeiro prato também mereceu aplausos: ravioli com camarão e caviar. O principal foi um filé mignon alto em ponto perfeito combinado à batata trufada empanada e coberta por caviar.

Segundo prato do meu menu Grotta Palazzese
Segundo prato do meu menu

Este foi o melhor da experiência, e me arrependi por não ter comido porções menores dos dois primeiros, já que não consegui finalizá-lo. Só não gostei da sobremesa, um doce cítrico com rum e gosto para lá de esquisito.

A adega do Grotta Palazzese é riquíssima, com rótulos de qualidade de toda a Itália. Já os vinhos servidos por taça têm apenas três opções, todas da Puglia – com as uvas Primitivo e Negroamaro.

Cada taça custa 20 euros, valor bem mais alto que a média dos bons restaurantes da região para vinhos semelhantes – entre 8 e 12 euros. Não é possível harmonizar o menu de entrada com vinhos. Isso só ocorre a partir do intermediário (paga-se mais 165 euros).

Já para quem pede o topo de linha, a opção é uma garrafa de champanhe Cristal brut por 1.000 euros.

Grotta Palazzese: vale ou não vale?

O Grotta Palazzese vale a pena. Digo isso pois não me arrependi de ter investido. Simplesmente adorei a experiência. Tive uma excelente refeição em um ambiente único, excêntrico, até emblemático. Desses que dificilmente você vai ver em outro lugar.

Há locais que precisamos conhecer, mesmo com alto investimento, e o Grotta Palazzese é um deles. Mas eu iria de novo? Não! Como expliquei, a comida é muito boa, mas não é memorável.

Então, para mim, está visto. Mas, se você ainda não foi, definitivamente precisa ver. Só acho que podiam cortar o saxofonista com base de órgão pré-gravada. Destoa do ambiente. Um saxofonista apenas, sem o efeito churrascaria, seria muito mais legal.

Baja Califórnia Sur

Um retiro de corpo e alma na sofisticada Baja Califórnia Sur

O Caribe é o destino de praia mais popular do México, e atrai turistas de todo o mundo, especialmente os americanos. Do lado oposto do país, há um destino de praia bem mais exclusivo. O turista dos EUA é o visitante mais frequente também, mas aquele que está à procura de experiências mais sofisticadas. Trata-se da Baja Califórnia Sur.

No Instagram: @rafaelatborges

Coberta pelo Pacífico e pelo Golfo da Califórnia, repleta de belas praias e desertos, a região é um hotspot mexicano. Nos últimos anos, seu mercado imobiliário vem passando por expansão, impulsionada por californianos endinheirados à procura de um destino longe do turismo de massa.

As impressionantes casas de veraneio ao estilo Malibu e Calabasas (nas imediações de Los Angeles) vêm ganhando destaque no cenário da Baja Califórnia Sur. A região, no entanto, oferece também opções sofisticadas para quem ainda não tem uma propriedade para chamar de sua.

Uma delas está na pequena vila Todos Santos, a cerca de uma hora e meia dos dois aeroportos que servem a região (La Paz, a capital, e Los Cabos). Trata-se do hotel Paradero Todos Santos, construído no deserto e com diárias a partir de R$ 3,5 mil (valor sem taxas).

Veja também

Retiro no deserto da Baja Califórnia Sur

O conceito do Paradero Todos Santos é de retiro do corpo e alma. Para quem está acostumado a hotéis e resorts de luxo cheios de amenidades, o local pode causar certo estranhamento logo de cara, com seu conceito rústico chique.

Localizado no deserto da Baja Califórnia Sur, tem design impressionante, com amplo uso de madeira e cimento. A ideia é que tudo no Paradero Todos Santos remeta a um santuário. Spa e academia (não há aparelhos eletrônicos, apenas aqueles que auxiliam a usar o próprio corpo no exercício) estão instalados em tendas.

Diariamente, há atividades como ioga, meditação, caminhadas na praia (Palm Beach, a 200 metros do hotel) e passeio de catamarã (em grupo ou exclusivos). O conceito de alimentação e bebidas investe em ingredientes saudáveis. Os pães, por exemplo, são de fermentação natural.

Os refrigerantes, por sua vez, não estão disponíveis no hotel – que os substitui por sucos naturais combinados a água com gás. Bebidas alcóolicas, no entanto, estão disponíveis, com direito a drinks autorais e criativos e uma bela carta de vinhos.

Experiências

A restrição a alimentos não saudáveis não torna a gastronomia um problema. Pelo contrário: os pratos são saborosos e criativos, uma perfeita interpretação de um prazeroso detox. O café da manhã é outra experiência impressionante.

A la carte, tem algumas opções e sugestões. Porém, o fato é que a cozinha é capaz de preparar, de maneira criativa, qualquer especialidade de café da manhã que o cliente deseje, combinando ingredientes como pães, ovos, legumes e vegetais e queijos, por exemplo.

As amplas suítes impressionam, mas também causam estranheza em um primeiro momento (leia mais abaixo). Nelas, menos é mais. A piscina de borda infinita é climatizada e tem uma linda vista para o deserto e montanhas, além de uma segunda parte, aquecida.

Ao final de 24 horas os hóspedes já começam a se sentir revigorados. A combinação de atividades revigorantes, contato com a natureza e a alimentação saudável geram, de fato, um detox de corpo e alma e uma extrema sensação de paz.

Suítes

O Paradero Todos Santos tem 30 suítes, divididas entre garden (jardim) e mountain (montanha). As do primeiro grupo, térreas, têm 60 metros quadrados. Há opção com ou sem ofurô na varanda.

A minha hospedagem foi na categoria mountain, de 72 metros quadrados e três níveis. No primeiro está apenas a entrada. O segundo começa com uma varanda com vista para os cactus. Do lado direito está o quarto e do esquerdo, o banheiro.

Sim, é preciso atravessar a varanda ao ar livre para ir de um a outro, e no deserto, as temperaturas são muito baixas à noite. Roupões quentinhos, no entanto, estão nos quartos, para resolver esse problema.

E por falar em quartos, não há TV, nem minibar, nem telefone. O contato para solicitação de serviços é feito via WhatsApp, acessado por um QR code entregue junto com a chave, no check-in. Mas há uma deliciosa cama king size, travesseiros e plumas e enxoval de altíssima qualidade.

No quarto, além da cama, há balcões, tapete de ioga, gavetas, espelho e vistas panorâmicas para o deserto.

O banheiro, rústico, tem poucas amenidades, como xampu, sabonete líquido e secador. O box tem parede de vidro, para que o hóspede possa tomar banho observando a paisagem do deserto e montanhas.

O terceiro andar é um terraço com cadeiras de sol e uma rede para observação de estrelas. Na região desértica, elas têm um brilho impressionante, é apreciá-las antes de dormir (de preferência, muito bem agasalhado) é uma atração à parte.

Highlights sobre a Baja Califórnia Sur

Minha visita à Baja Califórnia Sur foi no início de junho, primavera nessa região do mundo. As manhãs e noites são geladas. Já os dias são quentes, com temperaturas que podem ultrapassar facilmente os 30 graus.

A aproximação à Baja Califórnia Sur por La Paz é um espetáculo à parte, com uma linda vista para o Golfo da Califórnia. Por lá, se observa diversas marinas com barcos impressionantes. Impressionantes também são as suntuosas aeronaves particulares no pátio do aeroporto.

A Baja Califórnia Sur tem a praia que é considerada a mais bonita do México, Balandra, no golfo. Fica próxima a La Paz. Por lá, foi inventada uma das bebidas mais tradicionais do país, a margarita.

A Aeroméxico e todas as companhias americanas têm voos para La Paz ou Los Cabos, com conexões em Cidade do México ou outros diversos destinos dos EUA. Eu voei com a American Airlines. Na ida, fiz conexão em Miami. Na volta, em Dallas.

Apesar de as diárias no Paradero Todos Santos partirem de R$ 3,5 mil, há algumas promoções em sites de viagem. No booking.com, por exemplo, há descontos que reduzem o valor inicial para cerca de R$ 2,5 mil no próprio mês de junho. O café da manhã é incluído.

Stockyards

Stockyards: uma viagem ao Velho Oeste de verdade

Imagine uma cidade que parece ter saído de um filme de faroeste? Isso pode ser fácil de encontrar em visitas a estúdios de Hollywood, ou a parques temáticos de Orlando. Mas se este local for de verdade, não apenas uma locação ou atração montada? E se for carregado de história? É isso que você encontrará no Stockyards.

No Instagram: @rafaelatborges

O Velho Oeste de verdade existe e está em Fort Worth, no Texas. O Stockyards fica a cerca de 60 km de Dallas, uma das mais importantes cidades do Texas. O grande centro empresarial e sede de empresas AT&T e AECOM, até tem um atrações que remetem ao mundo dos cowboys.

Mas, para quem quer mesmo fazer uma imersão no Velho Oeste, o ideal é alugar um carro e dirigir até a vizinha Forth Worth, a mesma cidade cujo aeroporto é hub da American Airlines – e que é sede da companhia aérea. Na região norte está o Stockyards, uma verdadeira vila de cowboys.

Já assistiu “Era uma vez em Hollywood”, de Quentin Tarantino? Há uma cidade cenográfica que é cenário para a gravação do filme do ator interpretado pelo protagonista Leonardo di Caprio. É exatamente aquilo que você encontrará no Stockyards.

Veja também

O que é o Stockyards

Nada do que existe no Forth Worth Stockyards foi montado para atrair turistas. O local é um antigo ponto de encontro de vaqueiros e de comércio de gado, construído no fim do século XIX. Em 1976, foi declarado patrimônio histórico do Texas, e hoje é um importante ponto turístico para quem quer fazer uma imersão na cultura do Velho Oeste.

Nos quarteirões históricos e charmosos do Stockyards, há diversos estabelecimentos comerciais no estilo saloon, com decoração típica. Entre eles, restaurantes, bares e variadas lojas. As que mais chamam a atenção são as de artigos de couro, que têm produtos de qualidade a preços justos.

Além disso, há a arena de rodeios, com um ativo calendário de competições. Outra atração é o “John Wayne: An American Experience”, um museu que faz tributo ao ator que foi ícone dos filmes de faroeste. São mais de 400 objetos relacionados a Wayne.

Ao lado, o visitante vai encontrar o Texas Cowboy Hall of Fame (o hall da fama dos cowboys do Texas) e, logo em frente, o Billy Bob’s. Este é considerado o maior bar country do mundo, com dois palcos para shows. Toda noite, há atrações musicais no local.

Mas não é preciso esperar a noite para ouvir música country de qualidade no Stockyards. Há apresentações nos diversos saloons da área durante todo o dia.

Loja de artigos de couro no Stockyards
Loja de artigos de couro no Stockyards

Como chegar ao Stockyards

Tanto para quem está em Dallas quanto em Fort Worth, a maneira mais rápida de chegar ao Stockyards é de carro. Da primeira, os 60 km são percorridos em 40 minutos, dependendo do tráfego. A maior parte do trecho é feito pela Rodovia I30, de trânsito rápido.

Ao chegar a Fort Worth, o motorista passará pelo belo e bem preservado centro da cidade, antes de percorrer os últimos 5 km até o Stockyards. De downtown até a área histórica, há opção de ir de ônibus e até trem. Mas, nesse caso, a viagem levará pelo menos 20 minutos (de carro, são dez, no máximo).

Música ao vivo no Stockyards também tem sessões durante o dia
Música ao vivo no Stockyards também tem sessões durante o dia

No Stockyards, há diversas opções de estacionamento. A maioria dos bolsões está na East Exchange Avenue. Um deles, localizado do lado da avenida oposto à entrada na vila, é gratuito.

Como o Stockyards é uma área histórica nas ruas da cidade, o acesso é livre. O visitante pagará para ingressar aos museus e assistir rodeios. A maioria dos saloons com shows ao vivo, porém, tem entrada gratuita – o Billy Bob’s é uma das exceções (com ingressos a partir de US$ 5, dependendo do horário da visita).

Para conhecer o Stockyards, uma manhã e tarde bastam. Mas vale a pena ficar à noite para ver as atrações que só ocorrem nessa parte do dia. Nesse caso, uma boa opção é passar a noite no local (confira sugestões abaixo).

Hospedagem

Em Dallas, um dos melhores locais para hospedagem é o centro da cidade. Eu escolhi o charmoso hotel de design Lorenzo, bem próximo ao centro de convenções Kay Bailey Hutchinson, cuja arena tem constantes shows com artistas renomados. Pelo palco do histórico local já passaram nomes como The Beatles, Rolling Stones e Elvis Presley.

Hotel Lorenzo

O Lorenzo tem diárias a partir de US$ 150 em junho. Mas fique atento: os constantes eventos no centro de convenções tendem a inflacionar os preços de toda rede hoteleira de Dallas. No hotel, o estacionamento é de US$ 20 ao dia mas, se a lotação não estiver máxima, dá para negociar na recepção a isenção da tarifa – eu consegui.

Outras boas opções no centro são o Thompson (US$ 340), o bem localizado Adolphus (US$ 440) e o Omni (US$ 270). Já o Fairmont (US$ 240) fica próximo a um dos restaurantes fundamentais para conhecer entre as inúmeras boas opções de Dallas, o rooftop Monarch.

Já para quem prefere ficar em Uptown, a área mais empresarial da cidade, há opções como o Le Meridien (US$ 380), o W Dallas (US$ 380) e o Ritz-Carlton (US$ 710). Para passar a noite em Fort Worth, uma dica é o charmoso Drover, que combina elementos contemporâneos à decoração inspirada no Velho Oeste e fica no epicentro da área. As diárias partem de US$ 380.

Hotel Drover

Há, porém, opções mais em conta, como o Hyatt Place (US$ 180). Os valores dos hotéis não incluem impostos. Para chegar, a American Airlines tem voos diários e diretos entre São Paulo e Dallas Forth Worth.

Rota do Bourbon

A rota do bourbon e do whiskey em Kentucky e Tennessee

O sul dos Estados Unidos é conhecido por ser o epicentro da música americana, e também por locais que marcaram a história do país. Mas há um roteiro ainda pouco conhecida e explorada pelos brasileiros: a Rota do bourbon.

No Instagram: @rafaelatborges

Assim como o Nappa Valley, na Califórnia, atrai os amantes de vinho, os Estados de Tennessee e Kentucky formam um circuito para os apaixonados pelo bourbon – e o Tennessee Whiskey (entenda abaixo a diferença). Há inúmeras destilarias abertas à visitação.

No roteiro, o visitante aprende como é produzido a bebida. Mas não é só: há degustação de bourbon, exposições que contam a história das destilarias e até experiências gastronômicas.

Exposição na destilaria Jack Daniels

Bourbon X Tennessee Whiskey

O bourbon é uma bebida norte-americana da mesma família do whisky, originalmente escocês. Tem mais de 40% de teor alcoólico e é produzido a partir do milho. As estradas da rota são dominadas por plantações do grão.

95% das destilarias de bourbon dos Estados Unidos estão em Kentucky, onde a bebida foi criada, no século 18. Nesse Estado, também surgiu o mais famoso frango frito dos EUA, KFC (Kentucky Fried Chicken, ou frango frito do Kentucky).

Barris na destilaria Maker's Mark, na Rota do bourbon
Barris na destilaria Maker’s Mark, na Rota do bourbon

Atualmente, o Estado tem mais de 70 destilarias de bourbon. Dessas, 17 estão abertas à visitação.

Ali do lado, no Tennessee, também há diversas destilarias. Porém, a bebida produzida em muitas delas é chamada de Tennessee Whiskey (com essa grafia, diferente usada para o produto de origem escocesa).

E qual é a diferença? O processo de produção. O do Tennessee Whiskey usa carvão. O do bourbon, não.

Rota do bourbon e do whiskey tem belíssimos trechos rodoviários
Rota do bourbon e do whiskey tem belíssimos trechos rodoviários

Tennessee

Comecei a Rota do bourbon em Nashville, no Tennessee. Epicentro da country music, é um local que vale a pena conhecer. Repleta de bares especializados nesse gênero musical em sua rua central, a Broadway, a próspera capital do Estado também se destaca pela preservação histórica.

Em Nashville, a melhor opção de hospedagem para quem quer explorar a cidade é o centro. Entre os destaques estão o Hilton (Avenida 4th, 121; US$ 470 por dia), bem ao lado da Broadway, e o hotel de design Dream (Avenida 4th, 210; US$ 315 a diária).

Para economizar, a região do aeroporto, a 10 km do centro, oferece inúmeras opções de hotéis confortáveis com preços entre US$ 100 e US$ 150. É uma boa opção para quem está de carro, pois a maioria tem estacionamento gratuito.

Visitar a mais famosa destilaria dos EUA, a Jack Daniels (Lynchburg Highway, 133), é um dos passeios de destaque para quem visita Nashville. A fábrica fica em Lynchburg, a 120 km da capital do Tennessee. A viagem leva pouco mais de uma hora.

Na Jack Daniels, fabricante de Tennessee Whiskey, há três opções de ingressos. O tour custa US$ 20 e mostra as instalações da fábrica e todo o processo de produção da bebida.

O ingresso de US$ 30 dá direito a degustação de produtos da Jack Daniels. Por US$ 5 extras, o visitante pode experimentar também os whiskeys topo de linha da marca. Outra atração é o museu, que conta a história da fabricante por meio de objetos, documentos e até carros.

Kentucky: qual é a melhor base da Rota do Bourbon?

A Rota do bourbon está nas imediações de grandes cidades, como Louisville (280 km percorridos a partir de Nashville) e Lexington (340 km). Para quem quer viver uma experiência de cidade grande, ambas podem ser boas bases.

Em Louisville, há opções de acomodação interessantes no centro, como o moderno Omni (Rua 2nd, 400; US$ 230 a diária) ou o hotel de design histórico 21c Museum (Rua Main, 700; US$ 260 por dia). As cotações são sempre para o mês de julho.

O bar do hotel Omni, em Louisville Rota do bourbon
O bar do hotel Omni, em Louisville

A cidade de Louisville, a maior do Kentucky, tem uma famosa destilaria, a Evan Williams (Rua Main, 528). Além do tour tradicional para conhecer o processo de produção da bebida e de experiências de degustação, o local tem um bar subterrâneo, o ON3, que é da época da Lei Seca.

Os tours na Evan Williams partem de US$ 18, já com degustação de bebidas incluída.

A principal atração turística de Louisville é o Muhammad Ali Center (Rua N 6th, 144). O museu é dedicado ao astro do boxe, que nasceu na capital na cidade. Os ingressos custam US$ 18.

No entanto, Louisville pode representar uma viagem longa até algumas destilarias, pois há muitas estradas secundárias, de pista simples (e belíssimas) no trajeto. O mesmo ocorre com Lexington.

Experiência imersiva na Rota do bourbon

Por isso, se a intenção é fazer apenas uma base – e também viver uma experiência mais imersiva na Rota do bourbon -, as melhor opção é ficar nas pequenas cidades do roteiro. O destaque é Bardstown, cujo centro tem jeito de Velho Oeste.

Bardstown se autodenomina a capital mundial do bourbon. Tem bares que nos remetem a filmes de faroeste, com música ao vivo durante as noites, e bons restaurantes típicos, a exemplo do Mammy’s Kitchen & Bar (Avenida Stephen Foster, 116), especializado em gastronomia norte-americana.

Bardstown Rota do Bourbon
Mammy´s, restaurante no epicentro da Rota do Bourbon

O Mammy’s é um dos principais pontos de parada para almoço na Rota do bourbon, atraindo inclusive quem não está hospedado em Bardstown.

Há algumas opções de hotéis de grandes redes próximas ao centro. Porém, em frente ao Mammy’s, está a hospedagem mais charmosa da cidade. Trata-se do bed & breakfast Jailer’s Inn, que funciona no prédio de uma antiga prisão, construído em 1819.

O Jailer’s (Avenida Stephen Foster, 111) tem quartos aconchegantes e bem decorados, e mantém as características do edifício original. É uma atração turística da cidade, e tours para não hóspedes são permitidos. As diárias partem de US$ 190.

Destilarias

Bardstown tem também a sua destilaria, aberta à visitação. Trata-se da Bardstown Bourbon Company (Parkway Drive, 1.500), que oferece diversas experiências a partir de US$ 25. No local há um restaurante, o Kitchen & Bar, com opção de menus harmonizados com bourbon.

Outra destilaria com opção de jantar harmonizado é Jim Beam (Rodovia Happy Hollow, 568), uma das mais famosas do roteiro. Lá, é recomendável agendar as experiências (www.beamdistilling.com), pois há número limitado de participantes por grupo.

A Jim Beam é uma das que oferecem a opção de apenas fazer a degustação, sem o tour pela fábrica. Nesse caso, o preço é de US$ 12. Para acrescentar o tour para entender a processo de produção, o ingresso sobe para US$ 22.

Sala de degustação na Jim Beam Rota do Bourbon
Sala de degustação na Jim Beam

A experiência que inclui harmonização de bourbon com criações culinárias custa US$ 50 e é realizada não no prédio principal, mas no restaurante da destilaria, o Kitchen.

Por lá, o visitante também pode desfrutar almoço com pratos a la carte. Não há, porém, opção de jantar, pois o restaurante fecha às 17h, junto com a destilaria.

A Jim Beam fica em Clermont, a 30 minutos de Louisville e 40 min de Bardstown (que é mais próxima em quilômetros, mas tem percurso exclusivo por estrada de pista simples, que atrasa a viagem). Sua via de acesso, a Happy Hollow, concentra algumas outras destilarias do roteiro.

Maker’s Mark

Já a Maker’s Mark (Rodovia Burks Spring, 3.350) produz um dos bourbons mais exclusivos do mundo e tem um tour mais intimista. Há apenas uma opção, por US$ 20. Inclui passeio guiado pela propriedade e degustação de todos os cinco bourbons produzidos pela casa.

O agendamento (www.makersmark.com) é obrigatório, pois os grupos são pequenos e as vagas, limitadas. Vale reservar com bastante antecedência. Apesar de não ter opções variadas de experiência, como nas demais destilarias visitadas, a Maker’s Mark é a que ofereceu o tour mais elucidativo.

Além disso, o cenário de suas instalações é belíssimo. E a estrada que dá acesso à destilaria, em Loretto, é muito bonita, rodeada por bonitas casas de campo típicas dessa região dos Estados Unidos.

Etapa de produção na Maker's Mark Rota do bourbon
Etapa de produção na Maker’s Mark

A Maker’s Mark fica a apenas 30 minutos de Bardstown. Já para chegar à destilaria a partir de Louisville, o visitante leva cerca de uma hora e meia.

Serviço

Os tours são permitidos a pessoas de qualquer idade. Na Jack Daniels, inclusive, havia crianças no grupo. A degustação, no entanto, é só para maiores de 21 anos.

Quanto ao tempo de visita, depende das expectativas. Para ver apenas as destilarias mais importantes, três dias são suficientes. Já para fazer o roteiro completo, será necessária pelo menos uma semana.

No entanto, conhecer o processo em todas é um tanto repetitivo, pois eles são bem parecidos. Vale escolher no máximo três preferidas para fazer o tour completo, e ir às demais para conhecer as instalações, fazer degustação ou simplesmente comprar a bebida – que tem preços mais interessantes em suas fábricas que em outros locais.

Como chegar à Rota do Bourbon

Não há voos diretos do Brasil para Louisville ou Nashville. Porém, todas as companhias americanas que atuam no País, além da panamenha Copa Airlines, oferecem opções para a cidade com um ou duas conexões.

Os preços estão em torno de 6 mil para ambas as cidades, no mês de julho, auge do verão nos EUA. Em outubro, já no outono norte-americano e dos períodos mais populares de visitação – e com temperaturas mais amenas -, o valor médio cai para cerca de R$ 5 mil.

Aventoriba Lodge

Aventoriba Lodge é gLamping cheio de charme no coração da Mantiqueira

Você já ouviu falar em glamping? Trata-se de uma categoria de hospedagem cuja popularidade é relativamente nova. Para explicar por meio do significado da palavra, são campings com glamour. Ou, para ser mais clara, acampamentos com uma certa dose de requinte. Embora o Aventoriba Lodge não se classifique assim, foi essa minha impressão na experiência de hospedagem na propriedade.

No Instagram: @rafaelatborges

Mas o que é o Aventoriba Lodge? É a nova investida do tradicional – e luxuoso – hotel Toriba, em Campos do Jordão. Foi feita em parceria com o proprietário de uma área ao lado do parque Horto Florestal, onde está localizado.

Aventoriba é a marca de aventura do Toriba. Trata-se de um programa que oferece aos hóspedes – e, embora com menos frequência, a pessoas não hospedadas no hotel – experiências exclusivas em trilhas e cachoeiras e programas como passeio de cavalo. A maior parte das opções inclui gastronomia, como piquenique ao por do sol ou almoço em restaurante badalado.

E foi como Aventoriba que o Toriba decidiu batizar o conjunto de cabanas no Horto que oferece aos hóspedes uma experiência em contato com a natureza e com ótimas pitadas de boa gastronomia.

O conceito do Aventoriba Lodge

O Horto Florestal tinha casas de estilo colonial que foram reformadas para dar espaço ao Aventoriba Lodge. Há opções a partir de 30 metros quadrados, mais adequadas para casais. Já o maior lodge tem quase 80 metros quadrados e acomoda até nove pessoas. É próprio para famíias e grupo de amigos.

Lodge Sanhaço Aventoriba Lodge
Lodge Sanhaço

Os lodges ficam espalhados em uma parte alta do Horto. Muitos estão na mesma casa, como em que me hospedei, o Sanhaço. Ele “faz fronteira” com o Tico-Tico. Dependendo da demanda, podem ser integrados para formar uma opção de hospedagem para até oito pessoas.

O Tico-Tico tem uma suíte e o Sanhaço, dois quartos. Mas existe uma suíte extra que pode ser usada por ambos, dependendo do número de hóspedes.

Quarto de casal no lodge Sanhaço

Com a reforma, os lodges ganharam mobiliário moderno e artesanal, camas confortáveis e banheiros com aquecimento central. Chama também a atenção a qualidade das toalhas e roupas de cama. Porém, quem espera encontrar as mesmas amenidades de banho oferecidas no Toriba pode se decepcionar. Há apenas sabonetes nos banheiros, por exemplo.

O início da experiência

Antes da partida rumo ao Aventoriba Lodge, recebi uma mensagem via WhatsApp da concierge, me dando instruções sobre a chegada e passando a localização, que coloquei no Waze para chegar. O Horto fica a cerca de 10 km de Capivari, e a 20 km da entrada principal (portal) de Campos do Jordão.

Do portal, são cerca de 40 minutos para chegar ao parque. As chaves do lodge são deixadas na primeira recepção, antes da entrada de fato no parque. Junto com ela, mimos como chocolates e café.

Daí em diante a estrada é de terra, mas a trilha é leve. Qualquer carro pode passar. A localização enviada pela concierge me levou exatamente a meu lodge. Antes, passei pela recepção do parque.

Como o estacionamento é cobrado, basta informar que é hóspede do Aventoriba Lodge, para não ter de pagar pela estadia do carro. Diante de cada lodge há uma área para estacionar os automóveis.

O lodge Sanhaço

Embora no site do Toriba o lodge Sanhaço apareça descrito como uma acomodação de 42 metros quadrados, este é o tamanho da configuração de dois quartos, que acomoda quatro pessoas. Porém, a acomodação pode receber um terceiro, que serve tanto o ao lado, Tico-Tico, quanto este lodge – depende do número de pessoas em cada um.

Minha hospedagem foi na configuração com três quartos, para seis pessoas. São dois de solteiro e um de casal. Nesse caso, o Sanhaço fica com dois banheiros, o principal e o segundo, que faz parte do quarto extra.

Sala do lodge Sanhaço, no Aventoriba Lodge
Sala do lodge Sanhaço, no Aventoriba Lodge

No banheiro dessa suíte, além do acabamento de madeira em comum com o principal, chama a atenção a claraboia (teto de vidro) sobre o box, para garantir iluminação natural durante o dia. Uma coisa em comum em todos os quartos é a presença de grandes janelas de vidro, mas a ausência de cortinas blackout.

Estratégia para que os hóspedes acordem cedo e aproveitem a aventura? Eu, sinceramente, não gostei. É sempre importante oferecer a opção para quem quiser dormir até mais tarde.

Além da sala, o Sanhaço tem uma cozinha, mas não completa. Não há fogão, apenas microondas, cafeteira, chaleira e sanduicheira, além de uma pequena geladeira. Que, por sinal, é vazia; não há minibar. No PDF de orientação aos hóspedes entregue antes da chegada, a sugestão é tomar água da pia, que é potável.

Cervejaria Gard

Mas a cozinha tem louça de qualidade, caso os hóspedes queiram curtir refeições no lodge (leia mais sobre gastronomia abaixo). Elas são feitas, aliás, na varanda da acomodação, com uma grande rede de madeira.

O lodge tem Wi-Fi, que é bem rápido, e bem-vindo, pois Internet pega mal no Horto. Assim, é possível tirar uns dias para fazer home office junto à natureza. E também assistir filmes e séries em aparelhos eletrônicos, para passar o tempo – não há TV na acomodação.

Também não há ar-condicionado, apenas aquecedores portáteis (um na sala e um em cada quarto). Durante minha estadia, estava frio. Porém, no verão, a ausência do aparelho refrigerador pode incomodar. Campos do Jordão também tem seus períodos de calor.

Gastronomia no Aventoriba Lodge

A gastronomia é um objetivos da experiência no Aventoriba Lodge. Mas, como a propriedade não oferece serviços (leia mais abaixo), a ideia é aproveitar a excelente estrutura de restaurantes do Horto, parque que está em concessão. Os que ficam no “centrinho” da reserva ambiental estão a uma pequena caminhada dos lodges.

Alguns restaurantes oferecem descontos variáveis para hóspedes do Aventoriba Lodge. É o caso dos 10% do Café do Parque, ideal para café da manhã. Com ambiente inspirado em bibliotecas (há, inclusive, livros nas mesas) e decoração com móveis de madeira, serve sanduíches com ingredientes típicos da Serra da Mantiqueira, sucos naturais e doces.

Café do Parque fica a uma curta caminhada do Aventoriba Lodge
Café do Parque fica a uma curta caminhada do Aventoriba Lodge

Por lá, também há a possibilidade de comprar produtos típicos da Serra da Mantiqueira. Entre os destaques estão variados tipos de queijos e azeites.

Já o Dona Chica, também a uma curta caminhada, é considerado um dos melhores restaurantes de Campos do Jordão. Em seu ambiente rústico sofisticado, também há privilégio aos pratos com produtos típicos da Serra, como a truta e o pinhão.

Além de descontos para os hóspedes do lodge, o Dona Chica oferece serviço de entrega gratuito. Há um cardápio especial nas acomodações, com entradas, sopas, pratos principais e bebidas, além do telefone e WhatsApp para encomendar os pedidos. A carta de vinhos, com produtos da Mantiqueira, inclui o Gaspari, mais premiado rótulo brasileiro.

Cervejaria Gard

Fora do parque, mas a uma curta distância, há outra atração legal com descontos para os hóspedes do Aventoriba. Trata-se da Cervejaria Gard. Em meio à natureza, a ideia é degustar cervejas artesanais de vários tipos, produzidas pela própria cervejaria.

No cardápio, destaque para os burgers e as tábuas, como as de frios e a com uma deliciosa linguiça da Mantiqueira. Além dos restaurantes e bares parceiros do Aventoriba Lodge, o Horto tem outras opções. Entre eles, destaque para o Alto do Horto, que tem uma varanda com lindas vistas para as montanhas.

Aventura

No centro do parque há algumas opções de atividade, como o aluguel de bikes para explorar o Horto. E há também um quiosque do Aventoriba para os hóspedes do lodge. Mas não é preciso ir até ele para agendar uma das opções do programa.

A Marina, responsável pelo Aventoriba no Horto, entra em contato com os hóspedes para passar as opções e agendar os horários, que são bem flexíveis. As experiências são pagas à parte.

Mirante Gravatá

Há diversos tipos de trilha, com baixa, média e alta dificuldade, e durações variadas. Algumas passam por cachoeiras e outras levam a vistas incríveis. Há aquelas feitas com cavalos e as combinadas com opções gastronômicas, como piquenique ao ar livre ou experiência em um restaurante do Horto.

Eu optei pela que levava até o Mirante Gravatá, a 1600 metros de altitude. Aqui, as vistas são o prato principal, com montanhas e floresta de Araucária em destaque. A parte difícil fica por conta dos 200 metros finais, uma subida íngreme.

Serviços do Aventoriba Lodge

O único serviço oferecido pelo Aventoriba Lodge é o concierge, que pode ser acessado por WhatsApp e telefone para solucionar pequenos problemas. Mas a acomodação não tem limpeza diária, arrumação de camas nem mesmo retirada de lixo – há uma área específica na parte de fora do lodge em que este pode ser colocado.

Por isso, quem está acostumado com a qualidade do serviço do Toriba pode se decepcionar. Mas aqui, o conceito é diferente do oferecido no hotel.

Cardápio do restaurante Dona Chica no Lodge

A ideia é contato com a natureza com conforto e charme, mas sem luxo. Porque não dá para falar em hospedagem de luxo sem serviço. A ideia é o isolamento – tanto que muitos lodges ficam afastados uns dos outros. Eu curti muito a experiência.

Os preços do Aventoriba Lodge partem de R$ 450 a diária para o lodge Tico-Tico, de 30 metros quadrados e para duas pessoas.

No Sanhaço, são R$ 900 a configuração com dois quartos, para quatro pessoas. Para oito, são R$ 1.800. De acordo com o site do Aventoriba Lodge, essa acomodação ocupa uma casa construída há 80 anos.

Bourbon Street

A Rota da Música: Nova Orleans é a cidade mais interessante dos EUA

Esta é a terceira e última reportagem sobre a Rota da Música no sul dos Estados Unidos. O roteiro de cerca de 900 quilômetros entre Nashville, Memphis e Nova Orleans é uma imersão no passado e no presente de quatro gêneros musicais que incendiaram o século XX e ditaram os caminhos da arte no XXI: jazz, blues, country e rock and roll. Neste novo capítulo, saímos do Tennessee para chegar à Luisiana e à badalada, festiva, histórica e assombrada Nova Orleans.

No Instagram e Tik Tok: rafaelatborges

A viagem partiu de Nashville, a capital do country, e passou por Memphis, a terra do blues e um dos berços do rock and roll. Agora, em Nova Orleans, o tom é de jazz. Na teoria. Na prática, a cidade da Luisiana é um universo de vários gêneros musicais.

Preservation Hall Nova Orleans
Preservation Hall

Nas peculiares ruas do Frech Quarter (Bairro Francês), dá para escutar um pouco de muitos ritmos. Até música brasileira. Nova Orleans, no entanto, é conhecida como a capital do jazz.

Na primeira reportagem, sobre Nashville, eu expliquei como percorrer a Rota da Música, a época melhor para visitar a região, as maneiras de voar do Brasil a esses locais e outras informações importantes para quem pretende fazer o roteiro. Aqui, você confere todos os detalhes.

O PERCURSO

De Memphis, parada intermediária do circuito, a Nova Orleans, temos o trecho mais longo da Rota da Música. São 632 km que, sem paradas, podem ser vencidos em cerca de cinco horas e meia – note que há fuso horário entre as duas cidades.

É praticamente uma descida pelo Rio Mississipi, que passa por Memphis e termina em Nova Orleans. Mas quem quiser vê-lo terá de desviar da estrada principal.

Por falar em estrada, ao sair do Tennessee e entrar na Luisiana, nota-se que a qualidade do asfalto começa a piorar. Ao menos, no início do trajeto. Logo passamos por Baton Rouge que, embora não seja a cidade mais conhecida e importante, é a capital do Estado.

Estrada suspensa na aproximação de Nova Orleans
Estrada suspensa na aproximação de Nova Orleans

A cerca de 80 km de Nova Orleans, começa o espetáculo: a rodovia suspensa. Ela está sobre os pântanos da Luisiana e, depois, sobre o deslumbrante Golfo do México. É uma vista impressionante ao por do sol.

Quando o Golfo do México surge, ainda estamos a cerca de 40 km de Nova Orleans. Porém, os prédios do centro da cidade já podem ser vistos, bem como as luzes, ao cair do sol.

As estradas suspensas já mostram um pouco do que é Nova Orleans. Uma cidade cercada por pântanos e muita água, tanto do rio quanto do golfo. A umidade é uma das marcas registradas de Nola.

MIX DE CULTURAS em nova orleans

Africanos, franceses, espanhóis e norte-americanos de diferentes origens e raças. A influência de todos esses povos forma o caldeirão cultural que caracteriza Nova Orleans, e a torna peculiar. Essa miscigenação também está em aspectos como arquitetura e gastronomia.

A cidade é parte do sul dos EUA, onde a escravidão só foi abolida no século XIX, com a Guerra Civil. Passou por um período de influência espanhola e, junto com toda a Luisiana, por um longo domínio francês – antes de ser incorporada definitivamente aos Estados Unidos.

Não é à toa que a área mais conhecida de Nola se chama French Quarter – Bairro Francês, em tradução livre. A arquitetura peculiar, com as casas de tijolos e sacadas repletas de vasos de flores, é inspirada na França.

Arquitetura do French Quarter, em Nova Orleans
Arquitetura do French Quarter, em Nova Orleans

No French Quarter, há diversas lojas sobre o vudu, prática religiosa que é herança dos africanos. É do vudu que vêm alguns mitos sobrenaturais da cidade, como a bruxaria. Nola também é considerada uma morada de vampiros, uma lenda que ganhou impulso com romances da escritora Anne Rice, que se passavam na cidade e no Estado da Luisiana.

A conexão entre vampiros e Nova Orleans já foi muito explorada no cinema americano, em filmes como “Entrevista com o Vampiro”, baseado no romance de Rice. E também por séries como “The Originals” e “True Blood”.

Para conhecer melhor a interessante cultura que que é o vudu, além das lojas do Quarter vale uma visita aos belíssimos cemitérios da cidade. Entre eles há o Lafayette e o St. Louis – cobra US$ 25 de ingresso.

French Quarter

Antes de embarcar na música, vamos fazer um giro por Nova Orleans? Há muita coisa para conhecer. Começamos pelo French Quarter. A famosa Bourbon Street está lá. É uma concentração de bares e de pessoas festejando na própria rua.

É comum ver paradas de bandas tocando desde jazz a hits de Elvis Presley na Bourbon, a qualquer momento do dia ou noite, atraindo multidões. Por lá, em fevereiro, também ocorre o Mardi Gras, o famoso carnaval de Nova Orleans.

Bourbon Street Nova Orleans
Bourbon Street

Outra rua famosa do Quarter é a Royal, com seus antiquários, lojas de móveis, joias e artesanato. Uma visita imperdível na região é a Catedral de Nova Orleans, também conhecida como Catedral St. Louis. De estilo francês, fica na bonita praça Jackson (Jackson square). Outra igreja importante da cidade é a St. Patrick.

Essas igrejas e catedrais católicas são fruto da influência francesa. Chamam ainda mais a atenção por serem raras nos EUA. O catolicismo não é dominante no país.

Catedral de Nova Orleans
Catedral de Nova Orleans

Bem próximo à catedral, o Mercado Francês (French Market) tem culinária típica da cidade e muito artesanato. Lá, um dos destaques são as representações das cabeças de crocodilos, comuns nos pântanos ao redor de Nova Orleans.

Já a Canal Street, que delimita o Bairro Francês, tem os melhores hotéis da cidade e butiques de marcas de luxo. Há ainda um shopping com direito às lojas de departamento americanas que todos adoram, como a sofisticada Saks 5th Avenue.

Royal Street

Além dos bares, a região do French Quarter também tem muitos restaurantes especializados em crawfish (lagostim) e Gumbo, pratos típicos da região (leia mais sobre culinária de Nola abaixo). Mas os melhores estão fora do Bairro Francês.

Outras atrações em Nova Orleans

Fora do French Quarter, a arquitetura muda, e o local a se visitar é o Garden District. Algumas plantações pré-Guerra Civil ficavam lá. Depois, se tornou local em que os plantadores, antes do conflito, construíram suas propriedades urbanas.

Royal Street

As casas, muitas delas restauradas, são inspiradas nas de plantações. Sabe Tara e Twelve Oaks, as fazendas do à época aclamado e agora polêmico filme “E o Vento Levou”? São propriedades assim que você vai encontrar no Garden District.

A maioria das casas foram construídas nos séculos XVIII e XIX. O distrito fica a cerca de 5 km do Bairro Francês.

Garden District

As imediações de Nova Orleans também são uma grande atração. Há tours para visitas aos pântanos e também às tradicionais plantações de algodão – com mansões construídas antes da Guerra Civil.

A música em Nova Orleans

A música é a principal atração de Nova Orleans. Você vai querer reservar pelo menos um dia para passar a tarde e a noite rodando de bar em bar, para escutar bem executadas variações de jazz e outros ritmos. Mas, antes de entrar nessa programação, da qual é difícil querer sair, vá ao Preservation Hall.

Trata-se de uma casa com apresentações de jazz a cada 45 minutos. Nomes importantes do ritmo se apresentam no local diariamente. Os ingressos, a partir de US$ 25, podem ser obtidos no site ou na hora, por meio de um QR code que dá acesso ao link de compra.

Arquitetura francesa em Nova Orleans

Já os bares da Bourbon Street são de acesso livre – pega bem pagar gorjeta às bandas, que sempre a requisitam. Por lá, há sets de jazz, mas também de blues, rock and roll, músicas latinas e até brasileiras. Nas ruas das imediações, os bares com bandas ao vivo também são inúmeros.

A ordem é ir de bar em bar, escutando estilos e bandas variadas. Mas, para ver o que Nova Orleans oferece de melhor quando o assunto é música, o local é a Frenchmen Street.

Lafitte’s

Marigny

Embora a arquitetura do local seja a mesma do French Quarter e a região, vizinha, a Frenchmen Street fica em uma área chamada Marigny, bem menos turística e tumultuada que o bairro francês.

Marigny

Na Frenchmen, comecei o dia com uma sessão de jazz contemporâneo no Spotted Cat Music Club. Atravessando a rua, parti para o Cafe Negril, para escutar um set com hits de Frank Sinatra, Amy Winehouse e até Garota de Ipanema. A banda tinha um guitarrista brasileiro e vocalista mexicana.

Em seguida, fui ao Bamboula’s, em que a espetacular arquitetura remete ao início do século XX e o jazz clássico era o prato principal. Após o jantar (veja abaixo), o dia, já noite, terminou em um mix de blues e rock no 30°/-90°.

Também na área de Marigny está aquele que é considerado o bar mais antigo dos Estados Unidos ainda em operação. É o Lafitte’s, construído em 1732. Por lá, não há música ao vivo o dia todo. Apenas história. No passado, porém, foi um piano bar.

Gastronomia

A gastronomia de Nova Orleans tem influência afro-americana, norte-americana, francesa e espanhola, e é chamada de cajun e creole. Temperos apimentados fazem parte da tradição, e os frutos do mar dominam o cardápio.

O lagostim pescado nos pântanos da Luisiana (crawfish) é um hit, assim como o Gumbo. Trata-se de um ensopado de frutos do mar (também pode ser de carnes) acompanhado de arroz. É o prato mais tradicional da culinária cajun.

August

Outro hit de Nola é o Beignet, um pão açucarado surpreendentemente delicioso. Para comer um excelente, há diversas unidades do Café Beignet pelo French Quarter. Outro local famoso é o Cafe du Monde.

Já a culinária creole tem seu maior representante do Commander’s Palace, o restaurante mais tradicional de Nova Orleans – e também o mais renomado. Fundado no século XIX, fica no Garden District.

Traz os tradicionais frutos de mar, mas com a influência do sul dos Estados Unidos que caracterizam a culinária creole. As carnes, portanto, também são carro-chefe.

Beignet

Para desfrutar a tradicional culinária francesa, com pato e foie gras, uma ótima pedida é o bistrô August, nas imediações da Canal Street. Em Marigny, o Paladar 511 é um local descolado com opção de pizzas e cardápio de carnes. Experimente o wagyu (o melhor que já comi). Mas tome cuidado com a carta de vinhos, especialmente com os estranhos rótulos da Califórnia.

Onde ficar em Nova Orleans

Os hotéis mais luxuosos de Nova Orleans estão nas imediações da Canal Street. Entre eles há o Ritz-Carlton (a partir de US$ 386), o Four Seasons (US$ 320) e o Roosevelt/Waldorf Astoria (US$ 296). Os valores são sempre para o mês de maio de 2023.

Mas há também opções muito charmosas no French Quarter, no estilo arquitetônico francês que marca o bairro, e hospedadas em prédios históricos. Nesse grupo, destaque para o Omni Royal (US$ 200) e o W New Orleans (US$ 212).

Paladar 511

Porém, o French Quarter não é muito amigável para quem está fazendo a Rota da Música de carro. Por isso, escolhi o Le Meridien (US$ 130), nas imediações da Canal Street. O hotel tem ótimo custo-benefício, é bem localizado e requintado.

Tem piscina no rooftop, algo que faz a diferença em Nova Orleans, e um bar com ótimos drinks, além de quarto e banheiro amplos. O ponto negativo é o café da manhã com buffet limitado e sem graça. Como é pago, a melhor opção é desfrutar a primeira refeição do dia nos inúmeros restaurantes bacanas próximos à Canal.

O estacionamento, no entanto, é sempre caro – no mínimo US$ 30 por dia -, seja dentro ou fora do French Quarter. Só vai economizar quem quiser ficar longe do centro, o que é uma péssima ideia em Nova Orleans. A cidade, como Nova York, foi feita para percorrer a pé, pois quase tudo o que importa é próximo e as ruas são boas para andar.

Parada na Bourbon Street

Por isso, para quem está fazendo a Rota da Música de carro, fica a dica. Alugue o veículo em Nashville, percorra todo o circuito e, em Nova Orleans, vá às plantações e pântanos das imediações no primeiro dia, usando o automóvel.

Ao fim desse dia, devolva o veículo na locadora. Você economiza nas diárias do carro e do estacionamento. A partir de então, percorra Nola a pé e seja feliz! E, para ser feliz em Nova Orleans, fique pelo menos quatro dias.

Cinema e TV

É sempre legal pegar algumas referências sobre a cidade a ser visitada no cinema e na TV. E não faltam filmes e séries ambientadas em Nova Orleans. “King Creole” (1958) – “Balada Sangrenta” no Brasil – começa com um belo dueto de jazz entre Elvis Presley e Kitty Whit

A música não poderia ter nome mais apropriado: Crawfish. A cena mostra o French Quarter, e fica claro que ele mudou muito pouco, ou nada, dos anos 50 para cá.

French Market Nova Orleans
French Market

“The Originals” (2013 a 2018), a série, é como King Creole toda ambientada em Nova Orleans. Mais especificamente, no Frech Quarter. Bourbon Street, bares e restaurantes típicos da cidade, as igrejas e cemitérios são praticamente parte do elenco. Uma bela forma de explorar Nola antes de conhecê-la.

Na quinta temporada de “True Blood” (2008 a 2014), a maior parte da ação se passa em Nova Orleans. Em um dos episódios, os vampiros circulam pelas ruas e bares do French Quarter. Já “Entrevista com o Vampiro” (1994) mostra Nola ao longo de 200 anos de trajetória de Louis (Brad Pitt), o personagem principal. Do século XVIII ao XX.

Em “Risco Duplo” (1999), Nova Orleans é cenário da parte final do longa. Ali, estão o French Quarter e um hotel localizado em um prédio histórico. Uma das cenas mais emblemáticas e perturbadoras do longa é no Cemitério Lafayette.

Lufthansa

Como é voar na nova classe executiva da Lufthansa (Boeing 787-900)

A Allegris, nova cabine das aeronaves na Lufthansa, vem sendo divulgada nos últimos anos, e ganhou repercussão no início do mês, com a apresentação da nova primeira classe. O produto, que também trará novidades para econômica, econômica premium e business class, ainda não foi lançado – algo que deverá ocorrer a partir de meados deste ano. Mas você sabia que a Lufthansa já tem uma nova classe executiva em operação?

Instagram e Tik Tok: rafaelatborges

Ainda não é a classe executiva da cabine Allegris, mas já representa um grande upgrade ante o produto atual, que tem a disposição 2-2-2 (seis assentos por fileira, distribuídos aos pares). Essa configuração deixa os passageiros da janela sem acesso direto ao corredor.

Na nova classe executiva da Lufthansa, na qual voei em fevereiro, a configuração da cabine é 1-2-1. São quatro poltronas por fileira, e há pares apenas nas do centro. As da janela são individuais. Com isso, todos os passageiros da business class têm acesso ao corredor.

Essa nova classe executiva está disponível em apenas dois 787-900, que fazem rotas de Frankfurt (Alemanha) a Toronto, no Canadá, e Newark, em Nova Jersey, nos EUA – este é um dos três aeroportos que atendem a cidade de Nova York. A operação começou em dezembro de 2022. Porém, a Lufthansa comprou outros três modelos dessa aeronave com a mesma configuração de classe executiva.

Lufthansa adota solução temporária

Os cinco Boeing 787-900 comprados pela Lufthansa foram preparados para a chinesa Hainan Airlines, que acabou desistindo da compra. Por isso, a companhia alemã ficou com as aeronaves com a cabine feita para a empresa asiática. Houve apenas uma adaptação de cores.

A Lufthansa fez isso pois a entrega de suas novas aeronaves com a cabine Allegris atrasou muito. São modelos 777 e 787, da Boeing, e A350, da Airbus. O novo produto vem sendo mostrado desde 2017, e até agora não entrou em operação – aviões que já estão na frota, como o B747 que faz São Paulo – Frankfurt, serão renovados com a nova estrutura.

Agora, a expectativa é de que a Allegris entre em operação ainda em 2023, mas a total renovação de aeronaves só deve ser concluída em 2025 – oito anos após a apresentação do produto. Com todo esse atraso, os 787-900 da Hainan foram a solução da Lufthansa para começar a oferecer um produto mais moderno.

Porém, essa nova classe executiva só estará disponível nas cinco aeronaves 787-900 – as duas em operação e as três que começam a ser operadas em breve. Os demais aviões, inclusive os dois que operam no Brasil, vão receber a cabine Allegris. Além de SP – Frankfurt, a Lufthansa também faz Rio de Janeiro Munique – com um Airbus A350.

O meu voo na nova classe executiva da Lufthansa

Voei na nova classe executiva da Lufthansa em uma condição atípica: de Munique a Frankfurt. São apenas 40 minutos de voo, e a rota é feita regularmente com um Airbus A320.

Quando há muita demanda, a Lufthansa estuda a possibilidade de entregar aeronaves maiores para cumprir a rota. Mas, além disso, outra razão pode ter contribuído para a mudança: naquela semana, havia caos nos aeroportos alemães, com voos cancelados por causa de greve dos funcionários da companhia.

Apoio para os pés afunila Lufthansa classe executiva
Apoio para os pés afunila

Filas imensas se formavam na central de serviços tanto na área de check-in quanto no terminal de embarque do aeroporto de Munique. Como fiz uma rota doméstica, o que contarei aqui é como é a nova cabine. Isso porque os serviços são de classe executiva, mas para voos locais, não internacionais.

Serviços de alimentação e Sala VIP

Falarei dessa parte brevemente pois, como expliquei acima, os serviços não podem ser avaliados como os de um voo internacional. Recebemos uma torta doce e eu pedi um refrigerante, mas havia opções como vinhos e cervejas para os passageiros da business class.

Era um voo rápido e na parte da tarde. Em rotas domésticas e de curta distância dentro da Europa, a Lufthansa costuma oferecer refeições leves no almoço e no jantar – como carpaccios, saladas e sanduíches quentes.

Sala VIP da Lufthansa em Munique

Já a Sala VIP do aeroporto de Munique tem poucas mudanças entre as rotas internacionais e nacionais. Há o lounge da primeira classe, o Senator (para integrantes de níveis mais avançados do programa de fidelização Miles&More) e o para passageiros da classe executiva, o mais “humilde” dos três.

É uma Sala VIP sem excessos, mas com conforto e serviços de alimentação que se espera desse tipo de produto. Há refeições quentes, diversidade de saladas e aperitivos e doces. Entre as bebidas, refrigerantes, sucos, café, chá e variedade de opções alcóolicas de qualidade.

O lounge tem sofás, poltronas, mesas para alimentação, área de trabalho e chuveiro. Não faltam tomadas para recarga de aparelhos eletrônicos. Já em Frankfurt, em alguns terminas as Salas VIPs da Lufthansa seguem o mesmo padrão.

Porém, no Terminal C, de onde partem os voos de empresa rumo ao Brasil, é diferente. Cada portão de embarque tem seu próprio lounge de classe executiva. O embarque é feito diretamente desta sala, que tem ponte para conectar-se às aeronaves.

A contrapartida é que os lounges conectados são mais simples tanto em relação ao conforto quanto aos serviços de alimentação. Não há, por exemplo, cabines com chuveiros – quem precisar tomar banho tem de se dirigir ao terminal B, o mais próximo.

Poltrona da nova classe executiva da Lufthansa

Como já expliquei, a disposição é 1-2-1. Eu voei em uma das poltronas das extremidades. Em todas, o console fica entre elas e a janela. Em muitas cabines que adotam essa solução, há uma alternância entre as fileiras pares e ímpares.

Pouso e decolagem Lufthansa
Pouso e decolagem

O mais comum é em uma fileira o console ficar ao lado da janela e, na seguinte, próxima ao corredor, garantindo mais privacidade ao passageiro. Mas, no caso da nova classe executiva da Lufthansa, não há problema. O casulo que envolve as poltronas é grande o suficiente para que seu ocupante não seja visto, principalmente quando está dormindo.

Além disso, as poltronas são mais largas que o convencional para esse tipo de configuração. Chama a atenção o amplo espaço para as pernas.

A poltrona se reclina a 180 graus, transformando-se em uma cama larga e com cerca de 2 metros de comprimento. Porém, o apoio de pés à frente afunila levemente, algo que pode prejudicar passageiros mais altos.

Posição cama Lufthansa
Posição cama

Do lado esquerdo, há uma pequena tela sensível ao toque com os comandos da poltrona. Há três pré-programadas: pouso e decolagem, descanso e cama. Porém, as combinações também entre encosto e assento também podem ser feitas pelo próprio passageiro.

Outros detalhes

Gostei muito da mesinha de madeira, que fica quase embaixo da tela do entretenimento. Para puxá-la, basta acionar uma trava na parte de baixo. O lado bom é que, ao terminar as refeições, não há necessidade de esperar que os comissários retirem louças e talhares.

Entretenimento Lufthansa

Basta empurrar a mesinha para frente. Assim, haverá espaço suficiente para o passageiro acessar o corredor, se houver necessidade. A tela de entretenimento é grande e sensível ao toque. Há mais de cem filmes disponíveis, entre lançamentos e clássicos, além de séries, músicas e programações para crianças.

Chama a atenção o sistema que mostra informações sobre o voo, com muitas ferramentas de interatividade. O entretenimento também pode ser comandado por controle remoto, que tem uma segunda tela. Dá para ver uma programação nela e outra no sistema de entretenimento.

Outro destaque da nova classe executiva da Lufthansa é a quantidade de porta-objetos no console. Dos grandes aos pequeninos, há espaço para armazenar todo tipo de objeto – de smartphones a sapatos e bolsas. Tomadas e entradas USB também estão disponíveis.