Nova classe executiva da Copa Airlines: os prós e contras

Voar de classe executiva da Copa Airlines é a mesma coisa que ir de econômica. Certo? Isso era uma ideia não muito distante da realidade. Porém, apenas até a estreia da Dreams, a nova business class da companhia aérea do Panamá.

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Na verdade, a nova classe executiva da Copa Airlines não é assim tão nova. Estreou no Brasil pouco antes da pandemia. Mas aí veio a crise sanitária global, e a aviação só começou a voltar a ser o que era a partir de 2022. Foi naquele ano que tentei ter minha primeira experiência na Dreams. Não rolou.

Em 2023, consegui, mas acabei não escrevendo a resenha. O que foi ótimo, pois em janeiro de 2024 voei novamente na classe executiva da Copa Airlines e pude comparar as experiências. Que foram idênticas.

Mas o que é a Dreams? É o produto classe executiva oferecido pela Copa Airlines em suas cerca de 20 aeronaves 737 MAX 9, com poltronas que viram cama. Nos demais aviões (737-800), as poltronas são mais largas que as da classe econômica, e reclinam um pouco mais.

Algumas trazem apoio para os pés. Porém, é isso. Nos 737-800, a experiência de classe executiva semelhante à de companhias que voam com aeronaves maiores não existe. E é isso que a Dreams se propõe a oferecer.

E o veredito vem antes mesmo de entrar nos detalhes: a Dreams é inferior às classes executivas da Latam e companhias aéreas norte-americanas. As concorrentes da Copa Airlines são essas, uma vez que os destinos mais comuns da panamenha a partir do Brasil são Caribe e Estados Unidos.

Aqui, vale uma pontuação. A Azul também faz voos aos EUA, a partir de Campinas. E, por fotos e relatos que já vi, li e escutei, acredito que tenha uma ótima classe executiva. Porém, não posso opinar, pois nunca fiz um voo internacional com a aérea.

De volta à Copa Airlines: mesmo sendo um produto inferior, a Dreams vale a pena? Em algumas situações, vale muito a pena. Muito mesmo. Aqui, eu vou mostrar quais são os prós e os contras dessa classe executiva.

Outras resenhas de classes executivas

Dreams: bom produto da Copa Airlines

A Copa Airlines tem alta frequência de voos no Brasil, partindo de diversas cidades com destino à Cidade do Panamá, na América Central – hub da companhia. A partir do Aeroporto de Guarulhos, todos os cinco voos diários são com o 737 MAX 9 – ou seja, equipado com a classe executiva Dreams.

Já em voos partindo de outras cidades do Brasil, a empresa também usa o 737-800 (classe executiva antiga). Mais adiante, vou ensinar como saber se o produto adquirido é ou não é Dreams.

Nessa classe executiva, as poltronas viram camas confortáveis, garantindo uma boa noite de sono ao viajante. Porém, não há milagre. Aqui estamos falando de uma aeronave de médio porte e apenas um corredor.

copa airlines classe executiva

Por isso, a disposição é 2-2. São duas poltronas à direita, uma ao lado da outra, e duas à esquerda. Quem viaja na janela não tem acesso direto ao corredor. E quem embarca em voo solo vai necessariamente se sentar ao lado de um desconhecido.

Isso é exclusivo da Copa? Não é. Nos 787 da Aeromexico que fazem a rota entre a capital mexicana e São Paulo a cabine da classe executiva é 2-2-2, também tirando o acesso ao corredor dos passageiros que vão ao lado da janela.

A Latam também tem o 787 na configuração 2-2-2 para algumas rotas – entre elas, São Paulo (GRU) – Cidade do México. Já para os Estados Unidos, a maioria dos aviões usados pela companhia binacional (brasileira e chilena) é com a nova classe executiva, 1-2-1.

Isso garante acesso de todos os passageiros ao corredor e privacidade para quem está viajando sozinho. O mesmo ocorre com os voos partindo de São Paulo de todas as companhias americanas que operam no Brasil (Delta, United e American Airlines).

Contra: entretenimento de bordo

As poltronas da Dreams são sim um ponto positivo. Se o objetivo do viajante que adquire o produto é ter conforto e uma noite de sono razoável (afinal, são apenas sete horas de voo), está garantido com esse produto da Copa Airlines.

copa airlines classe executiva

Mas, se espera mais, vai se decepcionar. O entretenimento de bordo, apesar da tela de boa resolução e sensível ao toque, mas também com comando remoto, é muito limitado. Poucas opções de filmes e séries e sem títulos novos interessantes.

Ou seja: tem entretenimento e dá sim para passar o tempo com ele. Mas o pacote é muito inferior ao da Latam e companhias americanas. Ah, vale ressaltar que a Gol, apesar de ter alguns voos diretos para EUA e América Central, não oferece classe executiva. Por isso, não está sendo considerada nas comparações desse review.

Serviço de econômica em ‘traje’ de executiva

O serviço deixa a desejar. Dependendo da configuração da aeronave, a Dreams pode ter 12 ou 16 passageiros. E há apenas um comissário de bordo para todos eles. Se o serviço oferecido é café da manhã (o que ocorre na maior parte dos voos partindo do Brasil, que são na madrugada), funciona.

Porém, se é almoço ou jantar, é lento, pois antes o comissário serve castanhas e bebidas. Depois, prepara a bandeja de cada passageiro. E só então começa a servir.

Em um de meus voos de 2023 (Panamá a São Paulo, à noite) levou quatro das sete horas de viagem para o serviço ser concluído (uma turbulência após a decolagem contribuiu para a demora). Isso acabou deixando pouco espaço para dormir no trajeto (como eu queria escrever review e estava produzindo o vídeo que você vê abaixo, precisei esperar o jantar).

copa airlines classe executiva

E por falar em serviço, há apenas um completo na classe executiva da Copa Airlines. De São Paulo e Panamá, em janeiro de 2024, era café da manhã. Como o voo partia de madrugada, foram servidas bebidas (a variedade é até boa, mas os vinhos oferecidos naquele dia eram ruins) e um sanduíche pequeno, frio e muito ruim.

Na aproximação ao Panamá, foi servido um café da manhã razoável, com omelete e tomates, mas sem pães quentinhos. Já na experiência de 2023, era jantar. Opções: carne ou frango. Eu queria carne mas, como estava na última fileira, tive de me contentar com frango – sem graça, servido com legumes.

Não há cardápio na classe executiva da Copa Airlines. Então, como na econômica, você escolhe entre carne ou frango no jantar e almoço, omelete ou panqueca no café da manhã. Qualidade e apresentação são de razoáveis para ruins.

Ou seja: serviço e gastronomia de classe econômica com louça de classe executiva e bebidas alcoólicas e não alcoólicas à vontade. Aqui, é importante pontuar que, em minha opinião, um serviço completo apenas é aceitável para um voo de apenas sete horas.

Mas não é minha opinião que conta. É preciso olhar para o que a concorrência está fazendo. O voo de São Paulo a Miami leva também cerca de sete horas. A American Airlines oferece dois serviços completos, jantar e café da manhã.

Quem quiser dormir mais pode simplesmente recusar um, ou ambos. Mas fato é que tem a opção.

Principal ponto positivo: conexão

A Copa Airlines é a melhor conexão para o Caribe. Trata-se da maneira mais rápida e menos distante de chegar às atrações dessa região da América Central. E também pode ser um ótimo negócio para quem está viajando para os Estados Unidos.

A partir de São Paulo, a Latam oferece voos diretos a Miami e Nova York diariamente. Boston, Los Angeles e Orlando têm duas ou três frequências por semana. De American Airlines, dá para chegar sem conexão a Miami, Dallas e Nova York, partindo do aeroporto de Guarulhos.

Nova York também é um destino atendido por United Airlines e Delta, a partir de São Paulo. A primeira voa ainda a Houston, Chicago e Washington. A segunda, a Atlanta. A Azul voa de Campinas a Miami (Fort Lauderdale).

Se seu destino final não for nenhum desses, o melhor negócio é ir de Copa Airlines. Eu voltarei a escolher a companhia até mesmo para Los Angeles (algo que fiz recentemente), se os dias não coincidirem com o voo direto da Latam.

A Copa Airlines também é boa opção para Las Vegas, Orlando e Boston (em dias sem voo direto). A companhia voa ainda do Panamá a São Francisco, Tampa, Denver, Baltimore e Raleigh, além dos destinos que têm conexão direta com o Brasil.

A vantagem é a rapidez da conexão, que acaba também reduzindo o tempo total da viagem. Como são muitos voos a partir do Brasil, em horários diversos, o passageiro terá quase sempre paradas rápidas no Panamá.

Em uma das experiências, fiquei apenas 50 minutos no aeroporto, e sem risco de perder o voo. Os portões não costumam ser distantes uns dos outros (com raras exceções) e não é preciso passar por imigração.

Além disso, quando há checagem de segurança (nem sempre é necessária), é feita no próprio portão de embarque. Os passageiros de classe executiva têm acesso preferencial. Portanto, não precisam enfrentar filas nesse processo.

Igual a conexão nos Estados Unidos, né? Só que não. Conectar em um aeroporto norte-americano é quase sempre um grande contratempo. O procedimento de imigração é muito demorado, mas inevitável – seja em voo que partiu do Brasil ou do Panamá.

Só que a imigração pode levar até duas horas. E, para quem vai fazer conexão, em seguida ainda há o procedimento de segurança. Alguns aeroportos, como o de Las Vegas, oferecem prioridade a passageiros de executiva e primeira para esse processo. Outros, não.

Mas mesmo com prioridade, o procedimento, demorado e minucioso, pode demorar até uma hora. Ou seja: para não correr risco de perder a conexão, a parada tem de ter no mínimo duas horas, na chegada aos EUA – mas é melhor que seja de três horas. Isso aumentará muito o tempo de viagem. Fora o perrengue.

Na volta a conexão não precisa ser tão longa, pois não há imigração (só checagem de segurança). A não ser que você esteja conectando nos EUA no retorno de outro país, coisa que já fiz. Voei Cidade do México – Dallas – Guarulhos.

A imigração demorou tanto em Dallas que tive de ir pedindo gentilmente ao pessoal da fila para passar na frente. Se não tivesse feito isso, perderia meu voo internacional – só haveria outro no dia seguinte.

Segundo trecho com mais conforto

Voar a Los Angeles leva cinco horas a partir de Miami, cinco horas e meia de Nova York, quatro horas de Chicago e três horas de Dallas e Houston. Voando de primeira classe (nome que as companhias americanas dão à classe executiva doméstica), as poltronas são mais largas que na econômica, mas não há apoio para os pés.

Na maior parte desses voos, feitos por companhias aéreas americanas, não há entretenimento de bordo. Mas claro que você pode dar sorte. Já voei de Dallas a Miami em um 777-200 da American Airlines, com classe executiva de voo internacional (poltronas que viram camas, entretenimento completo, etc). É raro. Muito raro. Mas acontece.

copa airlines classe executiva
Classe executiva da Copa Airlines no 737-800 (trecho entre Cidade do México e Panamá

Mas mesmo nessa aeronave, o serviço é o de primeira classe doméstica. Uma refeição que pode ser quente ou fria e bebidas (pode haver ou não oferta de alcoólicas). Tudo depende do horário do voo. E a qualidade é bem inferior a de voos internacionais.

Voar do Panamá a Los Angeles leva seis horas. E você vai de Dreams, na poltrona que vira cama. O serviço é o de voo internacional da Copa Airlines. Pior que o das americanas em trechos de e para o exterior? Sim! Mas superior àquele oferecido por American, Delta, United e outras companhias dos EUA em voos domésticos.

Mas nem sempre o produto oferecido pela Copa Airlines para os EUA é com a Dreams. A maioria dos voos, na verdade, é com o 737-800. Isso porque, no geral, as distâncias são bem mais curtas que o trecho do Brasil ao Panamá.

Ainda assim, a classe executiva “antiga” da Copa Airlines oferece mais conforto que a primeira classe doméstica das americanas. As poltronas são mais largas e, em algumas aeronaves, com um bom apoio para os pés.

Além disso, grande parte dessas aeronaves oferecem entretenimento de bordo individual. E o serviço é sempre de voo internacional. Por isso, no segundo trecho, de classe executiva da Copa Airlines você vai mais confortável que na primeira classe das americanas.

Sala VIP

A sala VIP da Copa Airlines no aeroporto do Panamá era trágica. Quente, pequena, com poucas opções de comidas e bebidas. Mas a empresa criou um novo lounge, que ficou belíssimo, espaçoso e com serviços de qualidade.

Não que necessariamente você vá conseguir usar, porque as conexões são muito rápidas. Porém, se houver tempo, vale dar uma passada no lounge de dois andares, com vista panorâmica para o terminal, chuveiros e comidas e bebidas variadas.

Até piscina o lounge tem (aberta em alguns períodos do ano). E não se assuste com a fila na porta, tá? É que a Sala VIP pode ser acessada por integrantes de clubes, sejam eles associados ou não a cartões de créditos (Lounge Key, Dragon Pass, Priority Pass – não sei exatamente quais são filiados, mas basta checar nos apps de seu cartão).

Porém, há duas filas separadas. A grande é para o pessoal do cartão do crédito. Já o acesso para passageiros da executiva é exclusivo (na minha experiência, não tinha fila).

Em Guarulhos, a Copa Airlines utiliza o lounge do Banco Safra (Terminal 3, de onde partem os voos da aérea), como outras companhias da Star Alliance, aliança da qual a panamenha faz parte. Aqui, vale uma informação. Dá para creditar pontos no programa da aliança ou de outras parceiras, como United, TAP e Lufthansa – caso você não queira se filiar ao da própria Copa.

E dá também para pontuar no programa Smiles, da Gol, que é parceira da companhia aérea do Panamá. De volta aos lounges, nem tudo é festa, tá? No aeroporto de Cidade do México, por exemplo, a Copa Airlines não tem parceria com nenhuma Sala VIP. Eu tive de usar meu cartão de crédito para acessar a da Aeromexico.

Preço da classe executiva da Copa Airlines

E aqui vai a vantagem definitiva de voar Copa Airlines. Preço. A companhia é uma aérea de baixo custo e, quase sempre, tem tarifas bem mais interessantes que a de outras empresas que fazem os mesmos trechos. Isso vale também para a classe executiva?

Não necessariamente. Há situações em que a business da Copa Airlines é até mais cara. Porém, se reservar com antecedência, você provavelmente vai encontrar não apenas a viagem no menor tempo, mas também com o melhor preço (muito melhor, em alguns casos).

Fiz uma simulação de São Paulo a Las Vegas, com partida em 8 de maio, e retorno no dia 15 do mesmo mês. Ida e volta com a Copa Airlines, de classe executiva, sai por R$ 16.846 – tempo total de viagem na ida é de 15h59min e na volta, 15h18 min.

copa airlines classe executiva

Na opção mais interessante (e também mais barata) da Delta para as mesmas datas, de classe executiva, o tempo sobe para 18h20 na ida. Na volta, é mais rápido que a Copa Airlines: 14h35min. O valor é de R$ 20.663 e a conexão, em Atlanta.

Para essas datas, preços e tempo total de voo na ida e na volta na American Airlines são, respectivamente: R$ 22.034, 17h19 min (duas conexões, em Dallas e Phoenix), 13h55 min (conexão em Dallas). Há opção com uma parada apenas na ida. Só que, no período de pesquisa, a partir de R$ 60 mil.

Na United a opção mais interessante sai por R$ 33.880, com conexões em Houston nos dois trechos. Na ida há um bilhete com tempo total de 14h50min. Porém, arriscada, por ter apenas uma hora e meia de conexão. É mais seguro pegar a opção de 17h, pelo mesmo preço. Na volta, a viagem dura 13h50min.

Fiz também uma simulação com datas mais adiante, de 24 a 31 de outubro, de São Paulo a Los Angeles (ida e volta), em classe executiva. Veja os resultados:

Copa Airlines (conexões no Panamá)

Ida 15h19
Volta 14h50
R$ 15.612

Opção mais em conta da Copa Airlines (porém, mais demorada)

Ida – 15h29
Volta – 18h19
R$ 12.486

Latam

Ida (voo direto) – 12h35min
Volta (conexão em Lima) – 14h55min
R$ 20.851
OBS: de Lima a São Paulo o voo é de 5 horas em premium economy do A320 (assentos comuns, com o do centro bloqueado e serviço superior ao oferecido na econômica tradicional)

United Airlines (conexões em Houston)
Ida – 15h37
Volta – 14h
R$ 26.353

American Airlines (conexões em Miami)
Ida – 15h41
Volta – 14h56
R$ 18.552

Como saber se é Dreams

Quando postei detalhes das minhas viagens de classe executiva da Copa Airlines em meu perfil no Instagram, houve uma pergunta recorrente: como saber se é Dreams? Isso é fácil.

Ao reservar o bilhete, verifique qual é a aeronave. Se for 737 MAX 9, é Dreams. Mas, se quiser assegurar, entre no mapa de assentos. As poltronas da nova classe executiva da Copa Airlines têm posição conhecida como espinha de peixe, na diagonal.

Além disso, à frente do desenho da cabine você vai ler a palavra “Dreams”. Já as poltronas da classe executiva do 737-800 têm posição normal, direcionadas para a frente da aeronave.

Veredito final

Para facilitar, aqui vai um resumo de prós e contras.

Voe na classe executiva Dreams da Copa Airlines sem medo se:

  • O preço estiver mais interessante;
  • O destino final for o Caribe;
  • O destino final for Las Vegas, Austin, Baltimore, Raleigh, São Francisco, Tampa e, dependendo do dia do voo, até mesmo Boston, Orlando e Los Angeles;
  • Uma boa noite de sono for seu principal objetivo ao adquirir o produto business class;
  • Passar perrengue em conexões é algo que você sempre prefere evitar.

Não voe na classe executiva Dreams da Copa Airlines se:

  • Você é desses que não dorme em avião (nem na classe executiva) e faz questão de entretenimento de bordo variado;
  • Serviço rápido e eficiente a bordo é fundamental para você;
  • Classe executiva só é classe executiva se a comida for de qualidade;
  • Ao viajar sozinho, você faz questão de ter privacidade em sua poltrona;
  • Seu destino EUA for uma cidade com voos diretos e diários a partir de São Paulo (Miami, Nova York, Dallas, Houston, Atlanta, Washington e Chicago). Isso, obviamente, se você não fizer questão de economizar no valor do bilhete.
Atlanta Buckhead

O que fazer em Atlanta em 24 horas

Desde “E o Vento Levou”, Atlanta tem sido cenário de muitos filmes de Hollywood e séries de TV americanas. É também lá que nasceu um dos maiores símbolos dos Estados Unidos, a Coca-Cola. A capital da Geórgia é ainda sede da gigante do jornalismo CNN.

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Atlanta é também um local de grande trânsito de pessoas em direção a outros locais dos EUA e do mundo. Seu aeroporto internacional, Hartsfield-Jackson, é o maior daquele país. É hub da Delta, que tem voos diretos a partir do Brasil.

Sede da CNN

A Copa Airlines lançou recentemente seu voo para lá – com conexão na Cidade do Panamá. A vantagem é a conexão de várias cidades do Brasil ao destino, sem necessidade de passar por São Paulo ou Rio de Janeiro. É fácil chegar à capital da Geórgia, e vale fazer um stop-over para conhecer suas atrações.

Por isso, aqui eu mostrarei a você o que fazer em Atlanta em 24 horas. Mesmo que superficialmente, dá para conhecer boa parte da cidade nesse tempo. Apesar de moderna e cosmopolita, ela não é muito espalhada, e seus três principais bairros são conectados tanto por metrô (coisa rara nos EUA) quanto por uma rodovia de trânsito rápido (Interstate, ou interestadual).

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Onde se hospedar em Atlanta

Eu passei duas vezes por Atlanta em uma longa viagem pelos Estados Unidos. Na primeira, logo que cheguei, hospedei-me em Buckhead, no norte da cidade. A área é um misto de zona de negócios e impressionantes prédios residenciais. Lá, também ficam as mais belas casas da capital da Geórgia.

World of Coca-Cola., em Atlanta
World of Coca-Cola

Para atender esse público, Buckhead é repleto de restaurantes sofisticados, além de muitos bares. Há também hotéis para todos os gostos e bolsos. Para economizar, eu recomendo o moderno Hampton Inn & Suites, por US$ 120 no mês de julho.

O três-estrelas tem quartos amplos, banheiros bem equipados e fica próximo a vários centros comerciais de Buckhead – por ali você vai encontrar tanto a popular TJ Maxx quanto a sofisticada Saks Fifth Avenue. Mas se o objetivo é explorar a noite do bairro, a melhor pedida é a área que fica a cerca de 1 km desta.

Por lá, estão a maior parte dos bares e restaurantes sofisticados de Buckhead. E também os melhores hotéis de Atlanta. Entre os destaques, há o The St. Regis (US$ 550 no mesmo período), o Thompson (US$ 330) e o Waldord Astoria (US$ 450).

Georgia Aquarium Atlanta
Georgia Aquarium

Midtown é outra boa opção de hospedagem. Se Buckhead é um bairro em que as pessoas andam bastante de carro, este é um local em que dá para circular a pé com tranquilidade. Os bares e restaurantes por lá são mais descolados.

Hospedagem em Midtown e aeroporto

Por lá, uma opção interessante é o quatro-estrelas The Georgian Terrace, recheado de história (falarei mais sobre ele abaixo). Já a hospedagem em Downtown eu não recomendo. Embora tenha algumas das principais atrações da cidade, é deserto à noite. Acessar essa área é fácil, seja de carro ou de metrô, que a conecta diretamente a Midtown e Buckhead.

Casas clássicas em Midtown Atlanta
Casas clássicas em Midtown Atlanta

Outra opção para quem quer ficar em Atlanta 24 horas é o aeroporto. Caso conhecer a noite da cidade não seja um objetivo, basta pegar o metrô para chegar às principais atrações. Eu escolhi o Renassaince Concourse (US$ 190) em minha segunda passagem, em que ficaria apenas uma noite antes de partir para Nova York.

Tive um problema de cobrança irregular em meu cartão de crédito (resolvido depois de muito debate por e-mail), mas gostei da hospedagem. O mais legal? A maioria dos quartos tem uma varanda com vista para a pista do aeroporto. Dá para ver aeronaves decolando e pousando. Não, o barulho não incomoda. Há proteção acústica nos vidros.

Gone With the Wind Museum, em Marietta

O que fazer em Atlanta

Comece a visita por Downtown. Ao descer na estação de metrô, você vai dar de cara com o Mercedes-Benz Stadium. O moderno estádio é casa do Atlanta Falcons (futebol americano) e do Atlanta United FC (futebol, que os americanos chamam de soccer).

Mercedes-Benz Stadium Atlanta
Mercedes-Benz Stadium

Alguns metros à frente está a sede da CNN. Antigamente, dava para fazer um tour pelos estúdios, mas a atração agora está permanentemente fechada. Então, a dica é só tirar uma foto em frente ao edifício.

Ao lado, está o moderno Centennial Park, com uma ampla área verde, uma roda gigante e vistas para o skyline deslumbrante de Downtown Atlanta. O parque foi construído quando a cidade foi sede dos jogos olímpicos de 1996.

Centennial Park foi construído para os jogos olímpicos de Atlanta
Centennial Park foi construído para os jogos olímpicos de Atlanta

Em seguida, você chegará à praça que concentra o aquário de Atlanta (Georgia Aquarium, com ingressos a US$ 40) e o World of Coca-Cola (US$ 20). Esta atração ao estilo Disney é muito focada no segredo da fórmula do refrigerante. A parte mais interessante é a sala de degustação de bebidas que a marca produz por todo o mundo.

Midtown e Buckhead

Em Midtown está o parque mais bonito de Atlanta, o Piedmont. Ao estilo Ibirapuera, também tem vista para o skyline de Atlanta e um belíssimo Jardim Botânico. Ao lado e em frente, um pouco da preservação histórica da cidade, que apesar de ter sido um ponto central da Guerra Civil americana, guarda muito pouco daquela época. A capital da Geórgia é pura modernidade.

Piedmont Park Midtown Atlanta
Piedmont Park

Mas rodar pelas ruas no entorno do parque é muito legal. A impressão é de ter sido transportado para a Rua Peachtree de “E o Vento Levou”. O estilo das casas é idêntico, e a trilha sonora do filme não sai de nossa cabeça durante a caminhada.

Aqui, cabe uma curiosidade. Há diversas “Peachtree” em Atlanta. Rua, avenida, alameda, rodovia. Gera uma certa confusão na cabeça do visitante. Um motorista de Uber nos explicou que a capital da Geórgia é a “Peachtree City” (cidade dos pessegueiros), mas que não tem os melhores pêssegos dos EUA. Eles estão na Califórnia.

Já Buckhead, como expliquei acima, é para compras, gastronomia e vida noturna.

A noite em Atlanta em Buckhead

Atlanta tem muitos restaurantes sofisticados, e um dos mais bem avaliados é o Aria. O ambiente é sofisticado, o cardápio é baseado em carnes nobres e há um ótimo bar. É preciso fazer reserva (no próprio site do restaurante e em “terceiras partes”, como o Open Table).

Mas cuidado. Os restaurantes em Atlanta abrem cedo (17h30) e encerram suas atividades no horário em que o paulistano, por exemplo, está saindo de casa para jantar. Dependendo do dia, varia de 20h30 a 21h.

The Iberian Pig

Outra opção sofisticada é o Atlas, que fica no hotel Saint Regis. Para algo mais casual, experimente o descolado Louisiana Bistreaux, inspirado em Nova Orleans tanto no ambiente quanto no cardápio de gastronomia cajun e creole da cidade que homenageia.

Os frutos do mar são o carro-chefe e a carta de vinhos tem boas opções da Califórnia, a preços interessantes. É um jantar para gastar menos de US$ 50 comendo muito bom e bebendo bons vinhos. Diferentemente do Atlas e do Aria, em que a conta vai passar facilmente dos US$ 100 por pessoa.

Bares

O Industry Tavern, misto de bar e restaurante, tem pratos simples, mas saborosos, e uma deliciosa jukebox, que mantém o ambiente bem animado. Mas uma das melhores descobertas foi o The Iberian Pig.

Ele fica no mesmo quarteirão do The St. Regis, que é repleto de restaurantes e bares para todos os gostos. O The Iberian Pig é um bar instalado em um ambiente muito sofisticado, com muitas diversas opções de tapas e drinks tipicamente espanhóis. O melhor momento para visitá-lo é o happy hour.

Industry Tavern  Atlanta
Industry Tavern

Para terminar a noite, escolha o bar Blue Martini, principalmente se sua passagem por Atlanta for no fim de semana. Nesses dias, há shows de música ao vivo. A cantora que se apresentou em minha passagem por lá tinha um timbre de voz muito parecido com o da diva Tina Turner.

A artista e sua banda fizeram um set de blues, R&B, country e rock com uma pitadinha de pop. Foi um dos melhores shows que vi no sul dos Estados Unidos (e isso vale muito, pois depois passei pelas capitais da música Nashville, Memphis e New Orleans). O couvert artístico custa US$ 20, mas só depois das 19h. Quem chega antes não paga.

E a preservação histórica?

Por ter desempenhado um papel tão importante na Guerra Civil e no fortalecimento dos direitos civis dos EUA, nos anos 60, eu esperava mais preservação histórica em Atlanta. Há pouca coisa com esse tema para ver.

De todas as cidades que visitei (e, além das citadas acima, houve ainda locais em Kentucky, Mississipi e Alabama), Atlanta foi a que menos preservou sua história. A cidade tomou um banho de modernidade ao longo das décadas.

The Georgian Terrace

Uma das possibilidades é visitar a casa do ativista dos direitos civis Martin Luther King, que nasceu em Atlanta. Já o parque de preservação histórica, em Midtown, estava temporariamente fechado quando passei por lá, em maio.

O jeito foi tentar encontrar algo sobre a história da cidade no filme “E o Vento Levou”. Mas também não há muito o que ver. A casa de Margareth Mitchell, autora do livro que deu origem ao longa, fica no parque de preservação histórica. Ou seja: não pude vê-la.

O hotel Georgian Terrace hospedou todo o elenco na pr-e-estreia do filme, que ocorreu em Atlanta, em 1939. Há uma placa na entrada explicando isso. Mas só. Hoje, não há nada na propriedade que remeta a esse capítulo da história.

Marietta

Por fim, fui até Marietta, a 30 km de Downtown Atlanta, para ver o “Gone With the Wind Museum”. Como estava de carro, foi um deslocamento tranquilo, de 25 minutos. O estacionamento é gratuito e a entrada custa US$ 7.

Os vestidos de Scarlett O’Hara

Lá, há a primeira edição do livro e vestidos que a atriz Vivien Leigh usou no filme (réplicas e originais), em que interpretou a protagonista Scarlett O’Hara. Outros destaques são mobiliário do teatro que sediou a pré-estreia e itens pessoais dos atores.

Esse programa, no entanto, não cabe no tempo de quem vai ficar apenas 24 horas em Atlanta. Para fazê-lo, é preciso passar um período um pouco maior na cidade.