Avignon

Como é explorar a Provença de carro

É uma grande alegria poder voltar ao conteúdo sobre roteiros de viagem fora do Brasil. A medida que as fronteiras da Europa vão se abrindo para brasileiros vacinados, começo a postar aqui conteúdos sobre regiões incríveis do continente. Começo pela França, um dos primeiros países a anunciar a abertura. Mais precisamente, pela Provença, o local que mais me surpreendeu nos últimos anos.

No Instagram: @rafaelatborges

Para quem gosta de fazer road trips explorando estradinhas secundárias com lindas paisagens, a Provença é um destino ideal. Conhecida pelas lavandas, os vinhos, a gastronomia e a arquitetura de estilo provençal, a região do sul da França é muito diversificada. A maioria das atrações está no interior. Porém, há também algumas cidades na praia, além de atrações naturais como cânions lindos de parar o coração.

Avignon, Proveça
Ponte de Avignon

Com cinco dias dá para ver o básico. Mas o ideal mesmo é já aproveitar a viagem e ver tudo. Eu recomendo dez dias. Fiquei onze, e não foram suficientes (mas teve GP de Fórmula 1 no meio do caminho, e dediquei três desses dias completos à competição).

É importante fazer duas ou três bases para conhecer direitinho a região, porque alguns lugares ficam distantes dos outros. Eu escolhi três: Luberon (o parque), Aix-en-Provence e Saint-Tropez.

Chegada a Fontaine-de-Vaucluse

Em minha opinião, é essencial alugar um carro para explorar a Provença. Há trens, por exemplo, em Avignon e Aix-en-Provence. Porém, no Luberon, sem carro a visita fica praticamente impossível. E esta é a parte mais legal da região.

A melhor época para ir à Provença é a segunda quinzena do mês de junho. Para quem quer ver os campos de lavanda, não há outra ocasião. E também não é tão quente nem lotado quanto em julho.

LEIA TAMBÉM

Primeira parte da Provença: Luberon

Eu fiz minha base em uma cidadezinha chamada L’isle-sur-la-sorgue, conhecida pelas feirinhas provençais e ao lado do parque Luberon.

Antes de ir ao Luberon, recomendo que você assista o filme “Um Bom Ano”. Ele mostra a essência do local, com sua vida pacata, lenta, regada a bons vinhos, culinária e paisagens deslumbrantes.

https://blog.panrotas.com.br/viagem-e-estilo/2020/05/07/filmes-de-viagem-para-desbravar-o-mundo/
Gordes, Provença

No Luberon, as estradas são estreitas, mas com ótima pavimentação. A paisagem é sempre marcada por campos de lavandas, videiras ou árvores altas. É recomendável redobrar o cuidado, pois há muitos ciclistas pelo caminho. Aliás, eles estão por quase toda a região de Provença, conhecida também pela prática do ciclismo – o tour de France passa por lá.

A cidade essencial é Gordes , um vilarejo provençal no alto de uma montanha. O local é dominado pela arquitetura típica da região, com inspiração medieval, além de hotéis e restaurantes charmosos. No primeiro caso, o mais badalado é o La Renassaince, ao lado da famosa fonte do vilarejo.

Chateau La Canorgue

No caminho de Gordes a Bonnieux, você verá alguns campos de lavanda. Visite a vinícola Chateau La Canorgue, cenário de “Um Bom Ano”. Faça degustação e escolha o vinho topo de linha, que custa 20 euros e é excelente.

Termine o dia em Lourmarin, para ver o por do sol no belíssimo Chateau de Lourmarin, visitar galerias de arte, comprar sabonetes da Provença e jantar. Eu fui ao restaurante do simpático hotel Le Moulin, um dos melhores em que já estive na vida. Paixão total.

Chateau de Loumarin, Provença
Chateau de Loumarin

Avignon: quando Roma foi à França

No segundo dia, acordei e, de bike (programa que vale muito a pena na Provença), fui até a cidade de Fontaine-de-Vaucluse. Além do caminho cheio de áreas verdes e construções medievais, o destino é um espetáculo.

Rio Sorgue

Por lá, está a nascente subterrânea do rio de águas cristalinas Sorgue, de um tom esverdeado impressionante. O trajeto de bike foi de 15 km na ida e mais 15 km na volta. Aluguei a bicicleta no hotel, por 16 euros a diária.

Palácio dos Papas

Em seguida, fui visitar a famosa cidade de Avignon, que tem como principal atração o suntuoso Palácio dos Papas. Ele fica na cidade murada, onde há outra visita imperdível, a Ponte de Avignon. A partir dela, dá para ver toda a parte histórica da cidade.

Pedras e vida noturna

Depois, fui a Les Baux-de-Provence, a 40 km de Avignon. O caminho é espetacular, com a estrada rodeada por maciços de pedras. O vilarejo, aliás, fica sobre um deles.

Antes de chegar, dá para vê-lo a partir de um observatório, e a paisagem é inesquecível. Em Les Baux, além da arquitetura medieval, há diversas lojinhas de queijos e trufas.

Les-Baux-de-Provence, Provença
Les-Baux-de-Provence

A parada seguinte foi Saint-Remy, a apenas 10 km. Cidade murada, plana, cheia de fontes, foi inspiração para alguns quadros de Van Gogh.

O ponto forte de Saint-Remy é a noite, a mais animada desta região de Provença. Em frente bares e restaurantes (excelentes para experimentar a culinária provençal), na hora do por do sol (entre 20h e 21h no verão), há bandas de estilos variados, que vão do pop ao tradicional flamenco espanhol.

Lojas de queijos artesanais são destaque em Les-Baux

As ruas viram uma festa, com pessoas dançando. É um clima muito legal.

O manhã seguinte foi dedicado às cidades de herança romana de Arles e Nimes. Na primeira há um anfiteatro que lembra o Coliseu. Na outra, pontes romanas e uma cópia do Pathernon. Depois, visitei a famosa vinícola Chateauneuf du Pape. À tarde, mudei de base.

Aix-en-Provence e Marselha

Minha segunda base foi Aix-en-Provence, a mais escolhida por quem vai à Provença. Trata-se de uma cidade média, universitária, com excelente rede hoteleira.

Seu centro histórico é um charme, cheio de lojas, restaurantes e animados bares. Nele, está a Cours Mirabeau, que carrega o apelido de “avenida mais bonita do mundo”.

Aix-en-Provence, Provença
Aix-en-Provence

Aix fica a 38 km de Marselha, a maior cidade da Provença. A chegada à região de avião é por lá. Porém, dá também para desembarcar em Nice, se o plano for combinar essa viagem com a Riviera Francesa.

Não é a base ideal, pois não tem o espírito das cidadezinhas provençais. Porém, vale a visita. Há diversos pontos históricos incríveis, como a antiga prisão Chateau D’if (para chegar, é preciso pegar um barco no porto de Marselha).

Outro ponto turístico interessante é a bela basílica Notre-Dame de la Garde. Porém, o melhor programa é o passeio às Calanques de Cassis.

Marselha

Ele também exige que se saia de barco do porto de Marselha. Optei por um programa em um barco que só leva seis pessoas, por isso paguei 60 euros (com a empresa Turquoise Calanques, que faz reservas por internet). Porém, a partir de 20 euros, há passeios em barcos maiores (e cheios), saindo tanto de Marselha quanto de Cassis, cidade ao lado.

Dá ainda para fazer uma trilha, para observar as calanques (que são cânions) de cima. A água esverdeada e cristalina entre montanhas forma um cenário deslumbrante, bom para a prática de snorkel.

Calanques de Cassis

Lavandas e mais cânion

Em toda a região de Provence, em junho e julho, dá para ver campos de lavanda. Os mais belos, no entanto, estão em Valensole, 100 km ao norte de Marselha e a 70 km de Aix.

E há ainda mais um cânion que vale a visita na região. Trata-se do Gorges du Verdon, ou Garganta do Verdon, o cânion mais profundo da Europa. A cor verde da água é impressionante.

Saint-Tropez


A badalada cidade pode ser combinada tanto com a região de Provença quanto com a Riviera Francesa. Trata-se também de um bom ponto transição para quem quer fazer as duas em uma viagem só, algo que exige entre 15 e 20 dias (apenas de carro, sem necessidade de outro tipo de transporte).

Saint-Tropez, Provença
Saint-Tropez

Saint-Tropez foi minha terceira base. A cidade litorânea é conhecida pela vida noturna, pelo porto repleto de imensos iates e pelos clubes de praia. É uma das sensações do verão europeu, e tem também um belo centro histórico. Por lá, passei três noites.

Estradas da Provença

Os preços na Provença, especialmente os de restaurantes, são bem mais baixos que os praticados em outras regiões da França, como a vizinha a Riviera Francesa.

A maior parte dos deslocamentos na Provença é feito por estradas secundárias, boas de dirigir, com muitas curvas e velocidades máximas de 100 km/h. Já as rodovias têm máxima entre 120 km/h e 130 km/h, dependendo da região.

A maioria dos pedágios tem apenas cobrança automática, e alguns guichês só aceitam cartões (os com chip muitas vezes não são aceitos). Fique atento aos letreiros no alto das cabines para passar por um com a opção de pagamento em notas ou moedas. Sempre há um ou dois guichês com essa funcionalidade.

Vida noturna em Aix-en-Provence

Tanto nas cidadezinhas medievais quanto nas maiores, é muito fácil encontrar vagas de estacionamento. Estão por toda a parte – no caso das muradas, fora delas. Os preços variam de 1 a 5 euros pelo dia todo.

GP de Mônaco

maio é mês de grandes eventos na frança – programe-se para 2021

A primeira metade do ano de 2020 já acabou para quem tinha planos de viajar a turismo. Essas viagens não vão rolar. Por isso, a hora é de já começar a pensar em projetos para o primeiro semestre de 2021, se aproveitar a primavera e o início do verão no hemisfério norte for o objetivo. E, para quem gosta de badalação, grandes eventos e figuras notáveis em diversas áreas da cultura e esporte, a França em maio é uma ótima pedida.

No Instagram: @rafaelatborges

Especialmente o sul da França, mas com uma escala na boa e velha Paris. Em maio ocorrem três dos eventos mais legais da primavera europeia: Festival de Cinema de Cannes, Grande Prêmio de Mônaco e torneio de Roland Garros.

A temporada dos eventos franceses começa em Cannes, no sul da França. Por lá, estrelas do cinema de várias nacionalidades se reúnem para o mais cultuado evento de filmes do mundo.

Festival de Cannes

Em 2020 o festival – adiado, mas ainda não cancelado – estava previsto para ocorrer de 12 a 23 de março.

Nos dias do festival, a nata do cinema mundial (atrizes, atores, diretores, roteiristas) e também de outras áreas, como a música, se reúne em diversos locais de Cannes para estreias de filmes, palestras e festas, muitas festas. Uma parte relevante da programação ocorre no Palais des Festivais, na principal avenida da cidade.

Quem percorre as imediações do centro de convenções corre um sério “risco” de topar com um grande ídolo do mundo das artes.

GRANDE PRÊMIO DE MÔNACO

De Cannes, parte da classe artística parte para Mônaco, onde a corrida mais tradicional e charmosa da Fórmula 1 ocorre, geralmente, no fim de semana de encerramento do festival. Diferentemente do evento de cinema, a prova deste ano não foi adiada, e sim cancelada. A F1 só volta para Mônaco em 2021.

Pessoas assistem a corrida dos morros que circundam a cidade, e também do alto de alguns pontos turísticos

Ir ao GP de Mônaco é um programa fantástico até para quem não gosta de automobilismo. O que ocorre na pista, na verdade, fica em segundo plano diante da pulsação eletrizante da cidade.

Apesar da aura de glamour, o GP de Mônaco é dos mais democráticos do calendário. Quem quer ver a corrida sem pagar os caríssimos ingressos encontra um bom lugar, gratuito, nos morros que circundam a cidade. Estão sempre cheios.

Além disso, apesar das diversas festas fechadas cheias de VIPs do jet set internacional, há também as festas nas ruas. Após as atividades em pista, as ruas do principado são invadidas por DJs, e a badalação rola solta até o raiar do sol do dia seguinte.

INFORMAÇÕES ÚTEIS

Claro que o GP de Mônaco e o Festival de Cannes são bons pretextos para conhecer a bela Riviera Francesa na primavera. Em maio, as temperaturas já são altas, mas não tanto quanto no verão. Dá para bater perna sem sofrer com o calor intenso, mas também para aproveitar dias nas lindas praias com mar de águas cristalinas da região.

Um guia completo com tudo o que fazer na Riviera Francesa será publicado aqui em breve. Mas, se o seu objetivo já é começar o planejamento, o melhor local para se hospedar na Côte D’Azur em maio é Nice.

LEIA TAMBÉM

Esqueça Cannes e Mônaco. Por causa dos eventos, dificilmente você encontrará hospedagem nesses locais. E, se encontrar, será com preços muito inflacionados.

Em Nice, há também a vantagem do excelente serviço de trem. Dá para usar esse meio de transporte para chegar a Mônaco, Cannes e outras cidades da região.

Se alugar um carro não é sua ideia – embora seja uma escolha acertada, pois é bacana fazer uma road trip pela Riviera Francesa -, Nice é sem dúvidas sua base.

ROLAND GARROS

Visitada a Riviera Francesa, é hora de pegar um TGV ou avião para Paris. Se estiver de carro, pare em Lyon, para conhecer uma das principais capitais gastronômicas do mundo.

Também cancelado em 2020, o torneio de tênis de Roland Garros é um dos mais charmosos do calendário. Segundo Grand Slam do ano, reúne os maiores tenistas da atualidade.

Disputado no saibro, o torneio é bem mais democrático que o aristocrático Wimbledon, um mês depois na Inglaterra. Com boa antecedência, dá para comprar ingressos a preços acessíveis para conferir jogos nas quadras principais – inclusive para as finais, algo quase impassível no torneio britânico. 

Chateau la Canorgue

Luberon, o espaço mais especial da provença

Imagine uma grande reserva, espécie de parque, cheia de videiras, plantações de lavanda, vinícolas e cidadezinhas medievais. Tudo isso em um lugar que também se destaca pela alta gastronomia.

No Instagram: @rafaelatborges

Assim é o Luberon, o lugar mais especial da bela Provença. Na região das lavandas e do vinho rosé, há muito mais a se visitar. A cidade que é campeã de hospedagem é a universitária Aix-en-Provence.

Há ainda Avignon, onde o destaque é o Palácio dos Papas. Por alguns anos, a cidade francesa foi sede do papado. Marselha, segunda maior cidade do país, é o ponto de chegada à Provença para quem desembarca de avião na região.

LEIA TAMBÉM

Por lá, também há algumas coisas a se ver, como a antiga prisão Chateau d’If, que os amantes de literatura conhecem pelo romance – também adaptado ao cinema – “O Conde de Monte Cristo”.

Já as Calanques de Cassis são um espetáculo natural raro, que reúne cânions e mar. Podem ser visitadas por meio de passeio de barco ou percorrendo trilhas leves ou pesadas.

Gordes é vilarejo no alto de uma montanha

Com tudo isso – e muito mais -, a região de Provença merece dez dias para ser explorada por completo. A melhor data? Entre o fim de junho e julho. Só assim dá para garantir que os belos campos de lavanda estarão em seu auge.

Em breve, vou preparar um guia completo de Provença. Desta vez, vou falar sobre o delicioso Luberon, que merece pelo menos dois dias de visita.

Ruas típicas dos vilarejos do Luberon

DESTAQUES DO LUBERON

Para conhecer Provença direitinho, o ideal é fazer duas bases. Uma delas pode ser no Luberon, ou nas imediações. A melhor maneira de explorar o parque é de carro, porque as opções de transporte coletivo são ruins.

Fiz minha base de L’isle-sur-la-sorgue, conhecida pelas feirinhas provençais e ao lado do Luberon. Da cidadezinha até o parque, são cerca de dez minutos de carro.

No Luberon, a primeira parada foi Gordes, que também tem algumas opções de hotéis bacanas para se hospedar. O vilarejo provençal fica no alto de uma montanha, e já pode ser visto da estradinha estreita e rodeada por videiras e lavandas que dá acesso a ele.

La Renaissance

O local é dominado pela arquitetura típica da região, com inspiração medieval, além de hotéis e restaurantes charmosos. No primeiro caso, o mais badalado é o La Renassaince, ao lado da famosa fonte do vilarejo.

A abadia e o chateau de Gordes são visitas obrigatórias.

No caminho de Gordes a Bonnieux, você verá alguns campos de lavanda. Visite a vinícola Chateau La Canorgue, cenário de “Um Bom Ano” (leia mais abaixo). Faça degustação e escolha o vinho topo de linha, que custa 20 euros e é excelente.

Chateau la Canorgue

Já Loumarin é para visitar galerias de arte, comprar sabonetes da Provença e jantar. Eu fui ao restaurante do simpático hotel Le Moulin, um dos melhores em que já estive na vida. Paixão total.

Aliás, apesar de ser marcada pela excelente gastronomia provençal, os restaurantes da Provença têm preços baixos, quando comparados aos das demais regiões do sul da França.

Loumarin

VIDA PACATA

Antes de visitar o Luberon, recomendo assistir ao filme “O Bom Ano”, com Russell Crowe e Marion Cotillard. O longa retrata bem a vida lenta e pacata que é gostosa de se degustar no parque, curtindo os detalhes sem pressa.

Por isso, se possível, vale passar até três dias por lá, entre o fim da primavera e o verão. Acordar, degustar café da manhã, curtir a piscina e depois sair para desfrutar feirinhas, lojas e diversos restaurantes é uma ótima receita. Some a isso visitas a vinícolas, para degustar vinho rosé e algumas opções de tintos.

Campos de lavanda

Tudo o que se vi no filme está no Luberon. Há as estradas estreitas e lindas, com muitas árvores e, nessa época, diversos ciclistas. O tour de France passa por lá, mas os amantes de bikes estão sempre na região.

Campos de lavanda há aos montes, e Gordes é o vilarejo que empresta seus cenários ao longa. É lá, em um restaurante, que trabalha a personagem de Marion Cotillard.

Campos de lavanda, vinhos, arquitetura provençal e vida sem pressa são destaques do parque Luberon