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Como é voar na nova classe executiva da Lufthansa (Boeing 787-900)

A Allegris, nova cabine das aeronaves na Lufthansa, vem sendo divulgada nos últimos anos, e ganhou repercussão no início do mês, com a apresentação da nova primeira classe. O produto, que também trará novidades para econômica, econômica premium e business class, ainda não foi lançado – algo que deverá ocorrer a partir de meados deste ano. Mas você sabia que a Lufthansa já tem uma nova classe executiva em operação?

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Ainda não é a classe executiva da cabine Allegris, mas já representa um grande upgrade ante o produto atual, que tem a disposição 2-2-2 (seis assentos por fileira, distribuídos aos pares). Essa configuração deixa os passageiros da janela sem acesso direto ao corredor.

Na nova classe executiva da Lufthansa, na qual voei em fevereiro, a configuração da cabine é 1-2-1. São quatro poltronas por fileira, e há pares apenas nas do centro. As da janela são individuais. Com isso, todos os passageiros da business class têm acesso ao corredor.

Essa nova classe executiva está disponível em apenas dois 787-900, que fazem rotas de Frankfurt (Alemanha) a Toronto, no Canadá, e Newark, em Nova Jersey, nos EUA – este é um dos três aeroportos que atendem a cidade de Nova York. A operação começou em dezembro de 2022. Porém, a Lufthansa comprou outros três modelos dessa aeronave com a mesma configuração de classe executiva.

Lufthansa adota solução temporária

Os cinco Boeing 787-900 comprados pela Lufthansa foram preparados para a chinesa Hainan Airlines, que acabou desistindo da compra. Por isso, a companhia alemã ficou com as aeronaves com a cabine feita para a empresa asiática. Houve apenas uma adaptação de cores.

A Lufthansa fez isso pois a entrega de suas novas aeronaves com a cabine Allegris atrasou muito. São modelos 777 e 787, da Boeing, e A350, da Airbus. O novo produto vem sendo mostrado desde 2017, e até agora não entrou em operação – aviões que já estão na frota, como o B747 que faz São Paulo – Frankfurt, serão renovados com a nova estrutura.

Agora, a expectativa é de que a Allegris entre em operação ainda em 2023, mas a total renovação de aeronaves só deve ser concluída em 2025 – oito anos após a apresentação do produto. Com todo esse atraso, os 787-900 da Hainan foram a solução da Lufthansa para começar a oferecer um produto mais moderno.

Porém, essa nova classe executiva só estará disponível nas cinco aeronaves 787-900 – as duas em operação e as três que começam a ser operadas em breve. Os demais aviões, inclusive os dois que operam no Brasil, vão receber a cabine Allegris. Além de SP – Frankfurt, a Lufthansa também faz Rio de Janeiro Munique – com um Airbus A350.

O meu voo na nova classe executiva da Lufthansa

Voei na nova classe executiva da Lufthansa em uma condição atípica: de Munique a Frankfurt. São apenas 40 minutos de voo, e a rota é feita regularmente com um Airbus A320.

Quando há muita demanda, a Lufthansa estuda a possibilidade de entregar aeronaves maiores para cumprir a rota. Mas, além disso, outra razão pode ter contribuído para a mudança: naquela semana, havia caos nos aeroportos alemães, com voos cancelados por causa de greve dos funcionários da companhia.

Apoio para os pés afunila Lufthansa classe executiva
Apoio para os pés afunila

Filas imensas se formavam na central de serviços tanto na área de check-in quanto no terminal de embarque do aeroporto de Munique. Como fiz uma rota doméstica, o que contarei aqui é como é a nova cabine. Isso porque os serviços são de classe executiva, mas para voos locais, não internacionais.

Serviços de alimentação e Sala VIP

Falarei dessa parte brevemente pois, como expliquei acima, os serviços não podem ser avaliados como os de um voo internacional. Recebemos uma torta doce e eu pedi um refrigerante, mas havia opções como vinhos e cervejas para os passageiros da business class.

Era um voo rápido e na parte da tarde. Em rotas domésticas e de curta distância dentro da Europa, a Lufthansa costuma oferecer refeições leves no almoço e no jantar – como carpaccios, saladas e sanduíches quentes.

Sala VIP da Lufthansa em Munique

Já a Sala VIP do aeroporto de Munique tem poucas mudanças entre as rotas internacionais e nacionais. Há o lounge da primeira classe, o Senator (para integrantes de níveis mais avançados do programa de fidelização Miles&More) e o para passageiros da classe executiva, o mais “humilde” dos três.

É uma Sala VIP sem excessos, mas com conforto e serviços de alimentação que se espera desse tipo de produto. Há refeições quentes, diversidade de saladas e aperitivos e doces. Entre as bebidas, refrigerantes, sucos, café, chá e variedade de opções alcóolicas de qualidade.

O lounge tem sofás, poltronas, mesas para alimentação, área de trabalho e chuveiro. Não faltam tomadas para recarga de aparelhos eletrônicos. Já em Frankfurt, em alguns terminas as Salas VIPs da Lufthansa seguem o mesmo padrão.

Porém, no Terminal C, de onde partem os voos de empresa rumo ao Brasil, é diferente. Cada portão de embarque tem seu próprio lounge de classe executiva. O embarque é feito diretamente desta sala, que tem ponte para conectar-se às aeronaves.

A contrapartida é que os lounges conectados são mais simples tanto em relação ao conforto quanto aos serviços de alimentação. Não há, por exemplo, cabines com chuveiros – quem precisar tomar banho tem de se dirigir ao terminal B, o mais próximo.

Poltrona da nova classe executiva da Lufthansa

Como já expliquei, a disposição é 1-2-1. Eu voei em uma das poltronas das extremidades. Em todas, o console fica entre elas e a janela. Em muitas cabines que adotam essa solução, há uma alternância entre as fileiras pares e ímpares.

Pouso e decolagem Lufthansa
Pouso e decolagem

O mais comum é em uma fileira o console ficar ao lado da janela e, na seguinte, próxima ao corredor, garantindo mais privacidade ao passageiro. Mas, no caso da nova classe executiva da Lufthansa, não há problema. O casulo que envolve as poltronas é grande o suficiente para que seu ocupante não seja visto, principalmente quando está dormindo.

Além disso, as poltronas são mais largas que o convencional para esse tipo de configuração. Chama a atenção o amplo espaço para as pernas.

A poltrona se reclina a 180 graus, transformando-se em uma cama larga e com cerca de 2 metros de comprimento. Porém, o apoio de pés à frente afunila levemente, algo que pode prejudicar passageiros mais altos.

Posição cama Lufthansa
Posição cama

Do lado esquerdo, há uma pequena tela sensível ao toque com os comandos da poltrona. Há três pré-programadas: pouso e decolagem, descanso e cama. Porém, as combinações também entre encosto e assento também podem ser feitas pelo próprio passageiro.

Outros detalhes

Gostei muito da mesinha de madeira, que fica quase embaixo da tela do entretenimento. Para puxá-la, basta acionar uma trava na parte de baixo. O lado bom é que, ao terminar as refeições, não há necessidade de esperar que os comissários retirem louças e talhares.

Entretenimento Lufthansa

Basta empurrar a mesinha para frente. Assim, haverá espaço suficiente para o passageiro acessar o corredor, se houver necessidade. A tela de entretenimento é grande e sensível ao toque. Há mais de cem filmes disponíveis, entre lançamentos e clássicos, além de séries, músicas e programações para crianças.

Chama a atenção o sistema que mostra informações sobre o voo, com muitas ferramentas de interatividade. O entretenimento também pode ser comandado por controle remoto, que tem uma segunda tela. Dá para ver uma programação nela e outra no sistema de entretenimento.

Outro destaque da nova classe executiva da Lufthansa é a quantidade de porta-objetos no console. Dos grandes aos pequeninos, há espaço para armazenar todo tipo de objeto – de smartphones a sapatos e bolsas. Tomadas e entradas USB também estão disponíveis.

classe executiva da lufthansa

como é voar na classe executiva da lufthansa

A Lufthansa é uma das companhias aéreas em que voo com mais frequência. Recentemente, a empresa retomou o voo de Guarulhos a Munique, e vice-versa, no Airbus A350. A resenha, porém, é do voo do mesmo aeroporto a Frankfurt (e vice-versa), o principal aeroporto da Alemanha, no Boeing 747, uma das maiores aeronaves do mundo.

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A classe executiva tem cerca de 60 lugares, nas seções da frente do primeiro andar e no segundo piso. Pela primeira vez, voei no segundo andar (de Frankfurt a Guarulhos), cuja configuração é 2-2. No primeiro, ela é 2-2-2.
Está aí o principal problema da companhia alemã: a falta de privacidade. Muitas empresas aéreas que reconfiguraram suas classes executivas adotaram a configuração 1-2-1.

Isso é bastante importante para quem viaja sozinho. O passageiro solitário pode desfrutar de mais privacidade nas poltronas das extremidades, sem ninguém ao lado.

Também faz falta entre as poltronas da Lufthansa uma divisória, algo que também reforçaria a privacidade. Porém, fora isso, não há muitas críticas negativas sobre a experiência de voar na executiva da companhia. Veja os destaques.

SERVIÇO EM TERRA

No Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos, o check-in da executiva costuma ter um pouco mais de fila do que o de outras companhias. Fácil de explicar: entre as empresas europeias, a classe executiva da Lufthansa é uma das maiores.

Ainda assim, as filas não são demoradas. O atendimento nunca demora mais do que dez minutos. Em Frankfurt, não há esse problema. A companhia tem diversos guichês de atendimento espalhados por todo o aeroporto. É bem raro ter alguém à sua frente na hora do check-in.

Em Frankfurt, os passageiros da executiva têm prioridade tanto na imigração quanto no scanner (que substituiu o Raio-X simples naquele aeroporto). Até 2016, essa prioridade, não ajudava muito.

O terminal dos voos para o Brasil tinha poucos aparelhos, e as filas eram inevitáveis. Esse problema, no entanto, foi resolvido. Agora, há mais scanners, e o processo ficou bastante rápido.

Tanto em Frankfurt quanto em Guarulhos, a entrega das malas também foi rápida. Quando cheguei à esteira, elas já estavam lá.

SALA VIP DA LUFTHANSA

Sinceramente, não sei porque elogiam tanto as salas VIPs da Lufthansa em Frankfurt. Até acredito que a da primeira classe seja espetacular, assim como a destinada a quem tem status Senator no programa Miles & More. Já as da executiva não têm nada demais.

São muito simples, com algumas poltronas confortáveis, mas também bancos que lembram os das salas de embarque convencional.

O serviço de alimentação é correto. Há sempre uma sopa, algumas entradinhas e um prato principal (salsichas e batatas são os mais comuns). A qualidade das bebidas é muito boa, com variedade e, para os amantes de cerveja, os melhores tipos do mundo (afinal, estamos falando de Alemanha).

O grande diferencial da sala vip da Lufthansa em Frankfurt no terminal C (de onde partem os voos para São Paulo e Rio) é que cada portão tem uma. Com isso, o passageiro já sai da sala diretamente para a aeronave, o que é bastante prático.

Mas faltam serviços como chuveiros. Quem quiser essa comodidade tem de se locomover à sala VIP do terminal B, um tanto distante. Além disso, tem de passar duas vezes pelo processo de scanner.

Em Guarulhos, a sala vip é a da Star Alliance. Eu a considero a melhor do Terminal 3. Os serviços de alimentação e bebidas são iguais, ou semelhantes, aos das demais. Porém, a sala é mais bem decorada, aconchegante e espaçosa.

POLTRONAS

Apesar da falta de privacidade, as poltronas são muito confortáveis. O espaço é excelente, tanto em relação à da frente quanto na largura.

Há três ajustes padrões: pouso e decolagem, descanso e cama. Porém, dá configurar as posições em múltiplas combinações.

Na hora de dormir, a poltrona se reclina em 180° e se une ao apoio para os pés, largo, formando uma cama grande, boa mesmo para pessoas mais altas.

É possível mudar as posições da mesa, empurrando-a para a frente, por exemplo. Com isso, não é preciso esperar os comissários tirarem os pratos para se levantar.

SERVIÇO DE BORDO

O serviço começa em solo, com champanhe, sucos e águas de boas vindas. Após a decolagem, são servidas bebidas alcoólicas e não alcoólicas, junto com aperitivos (castanhas, geralmente).

O serviço vem em etapas: primeiro a entrada, depois a salada e o prato principal e, por fim, a sobremesa.

Há pelo menos três opções de pratos principais, sempre bem elaborados, mas fáceis de agradar a um público variado. A comida na executiva da Lufthansa é, no geral, muito saborosa e os carros-chefes costumam ser carnes, peixes e massas.

A companhia não investe muito na culinária tipicamente alemã durante os voos. Porém, costuma ter em sua carta de bebidas as cervejas mais badaladas do país.

Como o voo sai no fim da tarde, são dois serviços: jantar e café da manhã. Este costuma incluir pães, frios, geleias, manteiga, iogurte, cereais e um prato quente (panquecas e omeletes são os mais comuns).

DETALHES

O entretenimento de bordo é vasto, com séries, filmes e ebooks, entre outras atrações. Na lista de filmes, há sempre entre seis e dez opções recém-saídas dos cinemas, além de outros, ainda recentes, e diversos mais antigos.

Muitos filmes e séries têm opção de dublagem em português. Mais raras são as opções com legenda em nosso idioma (mas sempre há uma ou duas).

A tela individual é sensível ao toque, mas, como fica bem longe da poltrona, pode ser comandada por controle remoto. É bem fácil e intuitiva.

Ao redor das poltronas há alguns compartimentos – um, grande, pode acomodar sapatos ou bolsas, por exemplo. Cada passageiro tem direito a uma tomada e duas entradas USB.

O atendimento a bordo e em solo é um dos pontos altos da Lufthansa. Os comissários e funcionários de terra são eficientes e sempre muito solícitos.

Eu gosto bastante da companhia, que, em resumo, até fica devendo em sofisticação, mas é como se abrisse mão dessa característica para privilegiar a praticidade, o conforto e o bem estar dos passageiros.

E A ECONÔMICA PREMIUM?

Entre a executiva e a econômica convencional, a Lufthansa oferece uma opção intermediária. Trata-se da econômica premium, que, aliás, atualmente faz parte da oferta da maioria das companhias aéreas.

Na aeronave, entre a cabine da executiva e a da econômica premium, há três fileiras da econômica convencional. Não entendi por que, mas acredito que seja para que a premium comece na saída de emergência, dando mais espaço aos passageiros.

A econômica premium tem cerca de cinco fileiras, cada uma com seis poltronas. A configuração é 2-4-2 (a “economy” convencional é 3-4-3).

As poltronas são muito mais largas. Os passageiros não ficam esbarrando um no outro em hipótese nenhuma. Além disso, há um console grande entre elas.

Na primeira fileira há um apoio para os pés integrado à poltrona. Para os passageiros das demais fileiras, o apoio para os pés está na parte de trás do assento da frente, uma solução bem menos confortável.

Por isso, vale a pena marcar antes o lugar (para essa classe, a marcação é gratuita) e tentar pegar a primeira fila (que, aliás, é a que oferece melhor espaço).

Por falar em espaço, o para as pernas também é mais amplo que na econômica. Porém, nada que permita a um passageiro do meio se levantar sem pedir licença a quem estiver no assento do corredor.

A inclinação também é bem mais ampla – algo entre 45° e 90°. Em resumo, dá para ter uma noite de sono bem mais confortável nessa classe que na econômica convencional.

O serviço é bem semelhante ao da econômica. A diferença é que são servidos água e sucos ainda em solo, e há um cardápio para que o passageiro possa escolher o seu prato antecipadamente.

Também não há prioridade para check-in, nem bagagens. É possível usar as salas vips mediante pagamento de taxas.

Em resumo, a econômica premium é uma econômica com mais conforto. Para quem tem dificuldades de enfrentar voos longos, achei que vale a pena sim. É uma maneira de ter mais bem estar a bordo sem ter de pagar mais que o triplo.