Broadway, em Nashville

A Rota da Música nos EUA – Nashville, a capital do country

Country, jazz e blues com um bom tempero de rock and roll. Essa é a receita que os amantes de um trecho muito especial do sul dos Estados Unidos: a Rota da Música. Ela é formada pelas cidades de Nashville e Memphis, no Tennessee, e Nova Orleans, na Luisiana.

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Na Rota da Música, o passado e o presente dos quatro gêneros musicais promovem uma imersão na história, complementada por muito conhecimento e infindável diversão. Em Nashville, impera a música country: suas origens, seu passade e seu presente.

Memphis, para surpresa de muitos, é a capital mundial do blues. Eu mesma, sem conhecimento nenhum, cheguei à cidade do Tennessee acreditando que iria encontrar um universo 100% voltado ao rock and roll.

Mas, se você prefere esse estilo, não vai se decepcionar. Em Memphis, está um dos berços do rock and roll, e parte das origens desse gênero que começou a incendiar o mundo nos anos 50, para nunca mais parar.

Restaurante The Standard: ótima gastronomia e muita história

E Nova Orleans? Eu cheguei à mais famosa das três cidades acreditando ser aquela a capital do blues. Não me decepcionei, pois há muito blues nas ruas de seu mais famoso bairro, o French Quarter. Porém, oficialmente Nova Orleans é a capital mundial do jazz.

A Rota da Música tem muitas atrações em cada uma das cidades. Por isso, vou dividir essa reportagem em três partes. Na primeira, vamos falar de Nashville.

A capital do Tennessee foi meu ponto de partida para percorrer da Rota da Música.

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Como percorrer a Rota da Música

O trecho total entre as três cidades é de 900 km. São 300 km de Nashville a Memphis e outros 600 da capital do blues até Nova Orleans. A melhor maneira de percorrer essa distância é de carro. As estradas são impecáveis.

Além disso, você ainda terá a oportunidade de ver as incríveis vias suspensas da Luisiana. Primeiro, elas estão sobre pântanos. Na aproximação a Nova Orleans, sobre o Golfo do México. Outra vantagem de ir de carro é que fazer uma road trip nos Estados Unidos é uma experiência que todo fã de viagens deveria viver. Especialmente no sul.

Johnny Cash Museum, em Nashville, na Rota da Música
Johnny Cash Museum, em Nashville, na Rota da Música

Aqueles hotéis e restaurantes de rodovias tão comuns em road movies se proliferam aos montes por todo o trajeto, em um cenário que parece nos transportar ao cinema. Porém, se a vida ao volante não é seu negócio, há grandes aeroportos nas três cidades. Dá para voar.

O ideal é começar o roteiro por Nashville ou Nova Orleans, principalmente se a escolha for percorrê-lo de carro, pois Memphis fica no meio do caminho. Não há voos diretos do Brasil para nenhuma das três. Os locais mais próximos com voos sem conexão são Miami, na Flórida, e Atlanta, na Geórgia.

Porém, com conexão todas as companhias americanas oferecem boas opções para Nashville, Nova Orleans e Memphis – além da brasileira Latam e da panamenha Copa Airlines.

Quando ir


E quanto aos preços das passagens? Depende da época. Em abril, por exemplo, os preços de São Paulo a Nashville, e vice-versa, partem de R$ 5.600 – classe econômica, de Delta, com conexão em Atlanta. E por falar em época, dê preferência aos períodos de abril a meados de junho, e entre setembro e novembro.

No inverno do Hemisfério Norte, de dezembro a março, não há grandes programações de festivais de música, gastronomia e cultura que são típicos das cidades. Já no verão (meados de junho a meados de setembro), o calor é mais forte que na maior parte das cidades do Brasil.

Na Broadway, em Nashville, na Rota da Música, festa é 24 horas
Na Broadway, em Nashville, na Rota da Música, festa é 24 horas

Nos meses de abril e, especialmente, maio e junho, também faz calor, mas não tão intenso quanto no alto verão. Já no outono do Hemisfério Norte, você pode encontrar temperaturas um pouco mais baixas, mas não como em outras regiões dos Estados Unidos. O clima nas três cidades é bem parecido com o da Flórida, mais conhecida pelos brasileiros.

No inverno, porém, pode fazer frio de verdade nas cidades da Rota da Música – e há até anos em que Memphis, por exemplo, registra neve. Não é a condição ideal para a Rota da Música, cujas atrações mais legais exigem caminhar ao ar livre.

Destaques de Nashville

Já falei do lado festivo de Nashville aqui, em uma comparação com Nova Orleans e Las Vegas. E ele é mesmo muito forte. A Broadway, rua musical do centro da cidade, tem shows de country praticamente 24 horas por dia.

Os bares, que se estendem por três quarteirões, têm entre dois e três andares, cada um com uma banda diferente. Muitos oferecem rooftops, com apelo especial para ver o por do sol e observar a brilhante e colorida Broadway, cujo estilo das construções remete às décadas de 40, 50 e 60, principalmente.

A noite na Broadway

Mas a conexão de Nashville com a música country vai muito além da festa da Broadway. Lá, estão museus dedicados a dois dos maiores nomes da história do gênero, Johnny Cash e Patsy Cline. Eles ocupam o mesmo prédio e um ingresso (US$ 20) dá acesso a ambos.

Outro programa imperdível é visitar o Hall da Fama da Música Country (Country Music Hall of Fame, fundado em 1961), também no centro. O museu tem partes dedicadas a muitos de seus 149 membros. Entre eles, estão o já citados Cash e Cline, os pioneiros Hank Williams e Jimmy Rogers, a Carter Family, Dolly Parton e até Elvis Presley.

Country Music Hall of Fame, o hall da fama da música country

O mais novo integrante do Hall da Fama da Country Music é Jerry Lee Lewis, que foi também um dos pioneiros do rock and roll e faleceu no mês de outubro, aos 87 anos.

Music Row e Opryland

Dá para combinar a visita a esse museu com a entrada no estúdio B da gravadora RCA (com apenas um ingresso), onde grandes nomes não apenas do country, mas de outros gêneros, já fizeram gravações. Quem? Elvis Presley e Dolly Parton estão entre eles.

Porém, o prédio do estúdio B da RCA não está no centro, e sim no Music Row. A simpática região é o berço das gravadoras e dos estúdios de gravação de Nashville. Por lá, as ruas têm nomes de astros do gênero.

No mesmo prédio estão os museus dedicados a Johnny Cash e Patsy Cline

Também fora do centro da cidade, em uma área chamada Opryland – a cerca de 10 km – está o Grand Ole Opry House. Vale a pena assistir a um show no local, que é sede de um concerto semanal de country (de mesmo nome) transmitido pelo rádio – trata-se do mais antigo programa de rádio dos EUA.

Fora do circuito da música, visite o descolado bairro The Gulch, a cerca de um quilômetro da Broadway. Lá, você vai encontrar muita arte de rua e bares e lojas mais sofisticados. Nashville, aliás, é um ótimo local para comprar artigos de couro, como casacos e botas.

Hotéis em Nashville

Como quase tudo acontece no centro de Nashville, este é o lugar para se hospedar. Por lá, há hotéis sofisticados como o 1 Hotel (diárias a US$ 369) e o Four Seasons (US$ 592). Os preços são sempre para o mês de abril e não incluem impostos.

Outras boas opções no centro são o Hyatt Centric (US$ 250), o Hilton (US$ 370 e o mais bem localizado para quem quer curtir a Broadway) e o descolado Dream (US$ 275).

The Gulch

No Music Row, há hotéis um pouco mais em conta que no centro, como o quatro-estrelas Hutton (US$ 180) e o Best Western (US$ 140), que já é também bem mais simples. Para quem procura sofisticação nessa área, a melhor opção é o Conrad Nashville (US$ 390).

Há ainda bons hotéis no The Gulch. Entre eles, o destaque é o badalado W Hotel, por US$ 314 a diária.

Próximo ao Grand Ole Opry, há o resort e centro de convenções Gaylord Opryland (US$ 330), além de opções mais em conta (e simples) como Quality Inn, Comfort Inn e Best Western.

Os preços desses hotéis mais simples partem de US$ 75 a diária. E, para quem está de carro, muitos têm estacionamento gratuito. No centro, os valores desses serviços, nos hotéis, são de no mínimo US$ 30 por dia.

Outras informações

Para fazer a Rota da Música com calma, apreciando a imersão cultural e histórica, o ideal são dez dias. No caso de Nashville, uma visita rápida vai exigir pelo menos duas noites.

Mas, como a Broadway é muito legal, e você provavelmente vai querer visitá-la todos os dias, vale a pena ficar três noites na capital do Tenneessee.

O bar do The Standard

Para jantar, a dica é o The Standard. Mais do que os pratos de culinária internacional com uma pegada do sul dos EUA, o que chama a atenção é o prédio que o sofisticado restaurante ocupa.

O The Standard está em um edifício que era ponto de encontro de soldados da União durante a Guerra Civil Americana. O prédio foi preservado para ser mantido praticamente como era na época. O restaurante tem diversos ambientes. O mais interessante é o nostálgico bar.

Nova Orleans

Nova Orleans x Nashville x Las Vegas: festa o dia todo

Há três cidades nos Estados Unidos em que têm em comum a principal atração turística: o ritmo de festa. Las Vegas, Nashville e Nova Orleans são diferentes na essência, mas atraem um perfil de visitante pela mesma razão: a badalação 24 horas por dia.

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Se em Vegas imperam as “pool parties” (festas à tarde na piscina) e casas noturnas com música eletrônica, em Nashville os amantes da música country encontram um ambiente perfeito. Já Nova Orleans é a capital do jazz, mas dá espaço a outros ritmos, como blues e rock and roll.

Veja qual das três cidades festeiras dos Estados Unidos faz mais seu estilo.

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Las Vegas

A cidade de Nevada é a capital mundial do entretenimento. O epicentro dessa Disney para adultos são os hotéis da avenida Las Vegas Boulevard, mais conhecida como Strip. Muitos procuram Vegas pelos espetáculos, como Cirque du Soleil, e pelos shows de grandes astros da música – alguns fazem temporadas por lá. Há quem aprecie a ampla oferta de restaurantes estrelados e, claro, os apreciadores dos jogos de azar.

Mas a juventude invade Vegas à procura de casas noturnas e, de abril a outubro, pool parties. Quase todos os hotéis da Strip têm a seu beach club, separados das piscinas destinadas aos hóspedes.

Las Vegas Boulevard, também conhecida como Strip

Por ali, a tarde comandada por DJs é uma variação de música eletrônica, pop e hip hop, entre outros ritmos que fazem a cabeça da juventude. O mesmo tipo de música domina as casas noturnas, também instaladas nos hotéis da Strip.

Emendar dia e noite é algo comum em Vegas, principalmente para a juventude. E o ambiente dos cassinos dos hotéis contrubui para essa realidade alternativa. Na maioria, não há relógios, e a iluminação é a mesma a qualquer hora.

Como diz a música “Viva Las Vegas”, que se tornou um hino da cidade, “Eu gostaria que o dia tivesse mais de 24 horas”.

VEREDITO: Las Vegas é um local construído para o entretenimento. Pode parecer meio fake, e realmente é. Por isso, é preciso entrar no clima e entender que, ali, a ordem é diversão. Esqueça cultura! Quanto à parte mais festeira da cidade, ela é mais voltada aos jovens. Mas adultos têm muitas outras formas de se divertir em Vegas.

Nashville

O Grand Ole Opry é o templo da country music norte-americana. Todos os grandes nomes da música já passaram por lá, e ainda se apresentam constantemente na casa de show. O Opry, no entanto, fica a cerca de 15 km do centro de Nashville.

E é no centro que está o clima de festa incessante da capital do Tennessee, no sul dos Estados Unidos. Por ali, o visitante vai encontrar o museu dedicado ao maior nome da country music americana, Johnny Cash. O astro surgiu em Memphis, no mesmo Estado, revelado pela lendária gravadora Sun Records (leia mais abaixo).

Broadway

Posteriormente, se mudou para a região de Nashville. No centro da cidade, também há o Hall da Fama dedicado à música country. Ao sair desses dois programas, inevitavelmente o visitante vai cair na Broadway, uma rua com construções coloridas que abrigam os mais variados bares.

Os sets começam ainda pela manhã e se estendem madrugada adentro. De bar em bar, ao longo de três quarteirões, há variações sobre o mesmo tema, e uma banda a cada andar (geralmente são três, com direito a rooftop para ver o por do sol). Do country clássico ao contemporâneao, a música ao vivo não para.

Para não dizer que não escutei nada além de country na Broadway, em um dos bares houve dois grandes hits do rock and roll (“Sweet Child O’ Mine, do Guns N’ Roses, e “Don’t Stop Believin’, da banda Journey). Tudo isso em um cenário de grande preservação histórica combinada a prédios modernos, porque o centro de Nashville respira progresso.

A entrada nos bares é gratuita. As bandas passam com um balde ao final dos sets, buscando gorjetas (e pega bem contribuir).

VEREDITO: Se Vegas é fake, Nashville é pura realidade. Um local para aprender a história da música americana, ver museus e construções seculares e, nessa imersão cultural, curtir boas apresentações de ótimas bandas.

Não deixe de conhecer o restaurante The Standard, a cerca de 1 km da Broadway. Ele ocupa um prédio histórico que era ponto de encontro das tropas da União durante a Guerra Civil Americana, no século XIX. Quanto ao público festeiro, Nashville é para todos. Há desde jovens a adultos de todas as idades curtindo música nos bares.

Nova Orleans

Dizem por aí que Nova York não é Estados Unidos. Nova Orleans também não. A cidade mais importante da Luisiana é França, Espanha e até EUA. A influência afro-americana é um ingrediente fundamental nessa miscelânia cultural, musical, artística, gastronômica e histórica.

Se Nashville é country, Nova Orleans (também conhecida como Nola) é jazz de todos os estilos, mas não apenas isso. Dá para escutar, de bar em bar, variados tipos de música, passando pelo blues, rock e até a bossa nova.

French Quarter em Nova Orleans
French Quarter

O French Quarter, com impressionante preservação histórica na arquitetura e influência francesa em todas as linhas, é o epicentro cultural de Nova Orleans. Sua principal rua – e também a mais turística – é a famosa Bourbon, mas não é apenas nela que ação acontece.

Os bares estão por toda a região, e os melhores são na parte mais alta do Quarter, especialmente na Frenchman Street. A música ao vivo não para: é literalmente 24 horas, e pode ser curtida a céu aberto também, seja em paradas nas ruas ou sets ao ar livre.

A entrada nos bares é gratuita, como em Nashville, e gorjetas não são apenas bem vistas, como muitas vezes essenciais. E, a exemplo de Vegas, dia e noite se confundem. Não há a iluminação artificial dos cassinos, mas é comum ver a juventude com seus drinks pelas ruas às 8h da manhã, sinal de que a noitada ainda não terminou.

Bourbon Street em Nova Orleans
Bourbon Street

Uma curiosidade: Nova Orleans é uma das poucas cidades dos Estados Unidos que permitem consumo de bebida alcóolica nas ruas.

VEREDITO: Nova Orleans é candidata à cidade mais cultural e artística dos Estados Unidos. Há tanta história para ver e ouvir, e tanto a aprender, que farei um post exclusivo para Nola. Aqui, o objetivo foi falar apenas da festa incessante que ela oferece a seus visitantes.

Como em Nashville, o público é de todas as idades, mas os jovens parecem preferir Nola à capital do Tennessee.

Claro que Vegas, Nashville e Nola têm perfis diferentes. Mas, se eu tivesse de escolhar uma das três para festejar, não teria dúvidas: Nova Orleans.

Menção honrosa: Memphis

Memphis não é uma cidade de festa incessante, como as demais. O que, então, ela está fazendo aqui? É o seguinte: ela fica entre Nashville e Nova Orleans e, para quem está viajando de carro pela região, é obrigatório parar na capital do blues.

Beale Street

Lá, também há a rua do música, a Beale, que é um tanto decadente quando comparada à Broadway e ao French Quarter. Porém, vale visitá-la por seu papel na história da música: nomes como B.B. King já tocaram na Beale. Além disso, o local contribuiu para a formação musical de Elvis Presley.

Os sets de blues começam no fim da tarde, e terminam no início da madrugada. Vale conferir os do bar B.B. King, batizado em homenagem a um dos mais ilustres moradores de Memphis. Além do blues, a cidade tem seu lado rock and roll na gravadora Sun Records, aberta à visitação.

Além de Presley e de Johnny Cash, a Sun também revelou ao mundo Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Roy Orbison. E, já que você está em Memphis, não deixe de visitar Graceland, a casa de Elvis, e o museu dedicado ao artista.

Mesmo para quem não é fã de Presley a visita vale a pena – especialmente ao museu -, pois é uma aula sobre a música norte-americana do século XX.