Polignano

7 cidades e vilarejos na Puglia (e imediações) que são visitas obrigatórias

No segundo capítulo sobre a região de Puglia (Apúlia), na Itália, o tema são as cidades e vilarejos que merecem ser visitados. Eu selecionei seis, e mais um que não fica nessa província, e sim na vizinha, Basilicata.

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Trata-se de Matera, um local tão incrível que acabou se tornando obrigatório para quem vai à Pugllia e é apaixonado por história. Para relembrar, o primeiro capítulo da série sobre essa belíssima região italiana mostrou as praias mais legais.

Já quando pensamos em cidades e vilarejos, tudo vai depender de quantos se pretende ficar, e de que tipo de viajante você é. Eu dediquei sete noites à Puglia (considerando uma passada em Matera).

Como era fim de verão, fiz aquele tipo de programa lento, começando o dia sempre na piscina ou em uma praia e me dedicando às cidades e vilarejos de meados da tarde em diante.

Por isso, faltaram locais que eu gostaria de ter visto, como Ostuni, Manduria e Taranto, além da capital Bari e de algumas praias na oeste (banhado pelo Mar Jônico, enquanto as do leste ficam no Adriático). Acabei também não explorando Monopoli, apesar de estar hospedada em suas imediações. Só fui ao centro jantar em uma das noites.

Assim, poderia ter ficado tranquilamente em Puglia durante dez dias, ou mais, sem repetir a programação. Por outro lado, no outono e no inverno, em sete dias dá para fazer o meu programa e ainda acrescentar os locais que não visitei. Isso porque a piscina sai do “cardápio”, e as praias nessas épocas são só para ver, não desfrutar.

A Puglia é dividida em regiões. Salento é ao sul, e tem Lecce como principal cidade. Mais ao norte, o Vale D’Itria tem como destaques Monopoli e Polignano al Mare, e fica nas imediações de Bari. Por isso, fazer duas bases é fundamental.

Eu acabei fazendo três, por incluir Matera no programa. A cidade da Basilicata, porém, pode ser visitada a partir da mesma base usada para Manduria e Taranto (nas quais não fui). E como se locomover entre elas? A melhor opção é alugar um carro. Mas todo o serviço sobre Puglia ganhará um capítulo dedicado no final dessa série.

Vale destacar que, em todas os locais visitados, além das atrações exclusivas, há diversas lojas para vendas de produtos típicos de Puglia – azeites e vinhos Primitivo e Negroamaro, entre outros. Sorveterias também são item de série.

Alberobello e as trulli de Puglia

Muitos chamam o local de cidade dos smurfs. Seu centro histórico é composto pelas trulli (plural de trullo), casinhas brancas com tetos cônicos que formam um dos cenários urbanos mais peculiares do mundo.

Alberobello, Puglia

Há diversas teorias para a origem das trulli. A mais comum é que surgiram como moradia de camponeses na época do Reino de Nápoles, ainda no período feudal. Há quem defenda que têm a arquitetura de teto cônico para que estes fossem fáceis de remover.

Assim, não poderiam ser classificados como moradia e ficariam livres de impostos. Essa teoria, porém, é menos aceita. Fato é que, atualmente, as trulli abrigam hotéis, lojas, bares e galerias de arte. São Patrimônio da Unesco desde 1996.

Matera

A cidade não está na Puglia, embora fique na divisa com essa região. Na Basilicata, Matera tem distância entre uma e duas horas dos destinos do “salto da bota”.

Matera é, oficialmente, a terceira cidade mais antiga da Itália. Porém, seu centro histórico (Sassi de Matera) é considerado um dos locais habitados mais antigos do mundo. Isso porque abriga pessoas desde 7.000 AC (período estimado), ainda na era pré-histórica.

A Sassi de Matera é composta por fachadas construídas em cavernas. Dividida entre Sasso Caveoso e Sasso Barisano, pode ser vista de vários observatórios nas praças da cidade, ao lado de igrejas e museus. Inclusive, o por do sol nesses locais é uma experiência única – e há artistas de rua executando músicas clássicas, o que dá ainda mais beleza ao evento.

Restaurante dentro de caverna na Sassi de Matera

Nos anos 50, a Sassi de Matera foi considerada o local mais miserável da Itália. Então, o governo levou seus moradores para conjuntos habitacionais modernos, e deu início à revitalização do local.

Agora, na Sassi, as cavernas abrigam restaurantes (inúmeros recomendados pelo Guia Michelin), galerias de arte, lojas de especialidades da região e bares Speakyease (a la Nova York e Chicago, escondidos sobre fachadas de outros estabelecimentos). Há ainda os hotéis, inclusive opções de luxo, que oferecem a possibilidade de hospedagem dentro das grutas – o esquisito é que a entrada dos quartos e suítes fica na área pública.

A gastronomia é tão festejada em Matera que há quem passe dias na cidade apenas para experimentar seus restaurantes. Além daqueles dentro das cavernas, há os com vista para a Sassi, mais legais no almoço. Desde 1993, o local é Patrimônio Mundial da Unesco.

Polignano a Mare, boa base para o norte de Puglia

A cidade das praias de grutas é cheia de belezas naturais combinadas a um lindo centro histórico. Ele tem vários decks de observação do mar esverdeado, no Adriático.

Polignano a Mare, Puglia

Em Polignano estive em dois dos restaurantes mais legais da Puglia: Grotta Palazzese (aquele da gruta; leia mais aqui) e Meravigloso. É considerado um dos locais mais importantes para se visitar na região, e escolhido por muitos como base para explorar o Vale D’Itria.

Polignano é terra de alguns grandes nomes da cultura italiana. Entre eles, o cantor Domenico Modugno. Há até um monumento dedicado ao artista ao lado do centro historico murado.

Lecce

É a cidade mais importante de Salento (a parte sul de Puglia). Marcada pela arquitetura barroca, tem diversas igrejas e catedrais nesse estilo, que formam um verdadeiro oásis de preservação histórica.

Porém, é preciso pagar para entrar nessas igrejas e catedrais. O preço é de 7 euros por uma e 11 euros por quatro. Lecce tem também um anfiteatro romano e diversos restaurantes e bares descolados.

Lecce, Puglia

Outro destaque? De todos os locais que visitei, é o único da Puglia com lojas mais conhecidas (lembrando que não fui a Bari, uma grande cidade italiana) – como Sephora, por exemplo. Nas demais, o comércio é mais voltado para produtos locais.

Otranto

A cidade mais oriental da Itália tem também uma das orlas mais lindas do país. Aqui, a cor do Adriático é encantadora. Além disso, o entorno de Otranto, que fica em Salento, tem algumas das praias mais lindas de Puglia.

No centro, à noite, os bares com músicas eletrônicas leves animam o clima a atraem os jovens. A catedral é uma aula de história, e uma lembrança da invasão otomana que castigou a cidade no século XV.

Otranto

Na capela, há vidros com crânios que podem perturbar os desavisados. Eles pertencem aos mártires italianos assassinados durante a invasão, considerados heróis pelo povo da cidade.

Locorotondo

A cidade branca lembra bastante as vilas da Grécia e chama a atenção pelos restaurantes e cafés com jazz, blues e até MPB ambiente.

É um bom local para degustação de vinhos de Puglia. Há muitas casas especializadas no produto para o visitante conhecer. Delas, também saem tours para as vinícolas das imediações.

Locorotondo, Puglia

Outro destaque de Locorotondo: do alto da cidade murada, há uma vista magnifíca do Vale D’Itria, com direito a algumas trulli. As casinhas brancas cônicas estão mais concentradas em Alberobello, mas podem ser vistas em diversos locais do vale.

Gallipoli

É a principal cidade da parte da Puglia banhada no Jônico. O centro murado fica em uma ilhota que começa com um belíssimo castelo.

Gallipoli

A orla é legal ao por do sol, com vários bares que oferecem vista privilegiada. Vale conferir o fenômeno no Cafe del Mar. Apesar de tocar músicas eletrônicas que nos levam a pensar que trata-se de uma filial da famosa casa de Ibiza, além do nome a de Gallipoli nada tem a ver com a espanhola.

E isso fica bem claro no final do evento de por do sol no Cafe del Mar. O eletrônico é substituído por alegres músicas italianas, dando um tom mais local e tradicional para o bonito fim de tarde.

Polignano a Mare

Puglia: seis praias incríveis para visitar na região italiana

Este blog começa agora uma série de reportagens sobre a Puglia, na Itália. Região menos famosa entre os brasileiros que Toscana, Veneto, Costa Amalfitana, Sicília e Sardenha, a Puglia vem ganhando mais evidência nos últimos anos. E glamour, com hotéis badalados e até um desfile inesquecível da grife Dolce & Gabbana, na primeira metade de 2023.

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A Puglia é encantadora, oferecendo ao viajante uma combinação que é irresistível para quem visita a Itália: história, gastronomia e praias paradisíacas. Por isso, é tanto um destino de verão quanto de outras temporadas, diferentemente de locais como Costa Amalfitana e Sardenha, que atraem mais pelo litoral.

Localizada no salto da bota que é o mapa italiano, a Puglia é banhada por dois mares: o Adriático e o Jônico, um braço do Mediterrâneo. É também sua localização a responsável por parte importante da história multicultural que se vê nos costumes e arquitetura.

Área arqueológica de Rocca Vecchia, na Puglia
Área arqueológica de Rocca Vecchia, na Puglia

Ponto mais ao leste da Itália, já foi ocupada, ou povoada, por vários povos dessa parte da Europa, como turcos e gregos. Tem também influência germânica e normanda. Os centros históricos de algumas cidades são Patrimônio Mundial da UNESCO, e têm peculiaridades que não se vê em nenhuma outra região italiana.

A localização é uma importante influência também na gastronomia, com constante combinação de frutos do mar à clássicos da culinária italiana. O azeite é fundamental. Puglia é uma das principais referências mundiais quando o assunto é o produto.

O blog dividirá esta série entre praias, cidades e vilarejos, hotéis e gastronomia. Para começar, vamos falar do litoral.

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A Puglia das praias paradisíacas

Os clubes de praia são uma tradição em diversos locais da Europa, inclusive na Itália. Oferecem boa infraestrutura para quem quer passar o dia à beira mar sem perrengue – e sem superlotação. Há diversas opções em Puglia.

Mas há também as belíssimas praias públicas, algumas de fácil acesso, outras que exigem caminhadas mais longas, e até trilhas leves. São mais cheias, mas valem a visita nem que seja para conhecer.

Pescoluse, praia na costa da Puglia banhada pelo Jônico
Pescoluse, praia na costa da Puglia banhada pelo Jônico

Há lindas praias por toda a Puglia. Cavernas e falésias são comuns na paisagem do litoral da região. O sul, na região de Salento, é interessante para conhecer opções no Jônico, que tem águas mais mornas que o Adriático. Mas, do lado oposto, também há praias lindíssimas, especialmente nas imediações de Otranto.

Mais ao norte da Puglia, uma região de praia interessante é Monopoli, próxima a Polignano a Mare – que é um dos locais mais conhecidos e turísticos da região. Abaixo, considerei seis praias que visitei e valem a visita – entre públicas e privadas.

Baia dei Turchi

A Baia dei Turchi é uma praia pública a 5 km do centro de Otranto. Para chegar, anda-se 1 km desde o estacionamento privado mais próximo (4 euros), sendo 300 metros por uma trilha linda (e, fique tranquilo: bem fácil). Dá para parar no início dessa trilha, em um estacionamento público. Mas é preciso chegar muito cedo para conseguir uma das poucas vagas.

A praia também tem história. Otranto passou por uma invasão de turcos otomonos no século XV, e as marcas desse capítulo triste e sangrento estão até hoje presentes no centro da cidade (falaremos mais disso no capítulo sobre vilarejos). Foi pela Baia dei Turchi que eles chegaram à região.

O local é belíssimo, com falésias, pedras e uma pequena faixa de areia branquinha (nenhuma das praias que visitei na Puglia é de pedras). E as cores do Adriático nessa praia são de um verde cristalino impressionante.

Não há grande infraestrutura. Por isso, é recomedável levar comidas e bebidas se for passar o dia. Mas ficar na Baia dei Turchi por muitas horas pode não ser uma ideia das melhores, pois a visitei às 17h, e ainda estava lotada. Se você é avesso a lugares cheios, o ideal é ir só conhecer, tomar um banho de mar e partir para o próximo programa.

Grotta della Poesia

É uma piscina natural em uma formação arqueológica no Adriático que garante uma paisagem espetacular. A praia, repleta de cavernas, é pública, mas para chegar à gruta paga-se 3 euros.

Não há faixa de areia. Ali, o legal é mergulhar nas águas cristalinas da piscina. Muitos gostam de pular das pedras mas, para os menos destemidos, há escadas de acesso.

A Grotta della Poesia está em uma área conhecida como Rocca Vecchia e é um dos lugares mais lindos da Puglia. Fica em Melendugno, entre Otranto e Lecce. Dá para programar sua parada no deslocamento entre as duas cidades. O estacionamento é público, com parquímetro – de 0,50 a 0,80 centavos de euros a cada meia hora, dependendo do dia e horário.

Lido Santo Stefano

Clubes de praia geralmente não ficam em faixas de areia paradisíacas. O Lido Santo Stefano é exceção. Está ao lado de um castelo, cercado por carvernas e o mar esverdeado e cristalino é quase uma piscina natural.

Em minha opinião, esse é um dos segredos mais bem guardados da Puglia. Inclusive, o público é bem italiano. São poucos os estrangeiros presentes. O local fica escondidinho em uma baía na região dos clubes de praia de Monopoli. É também muito legal para a prática de atividades como stand up paddle.

Passar o dia na infraestrutura do clube parte de 60 euros para duas pessoas, e ainda paga-se 8 euros por cada toalha (o estacionamento é gratuito). Esse é o ponto negativo, pois o preço é o mesmo (ou até mais alto) dos clubes mais sofisticados da Puglia, mesmo sem oferecer sofisticação.

Há banheiros limpos, mas simples, assim como os trocadores. O serviço não é dos melhores. Mas as cadeiras de sol são bastante confortáveis e, a melhor parte: não há superlotação no local mesmo no alto verão.

Na mesma área, o clube de praia mais badalado é o Lido Bambu, com excelente restaurante e cadeiras e camas de sol muito confortáveis. Parte de 60 euros para duas pessoas (na parte do jardim). Na praia, paga-se 90 euros.

O problema é que a faixa de areia é pequena em um local de mar cheio de pedras, e sujo nas imediações. É mais legal para badalar, comer bem e ser bem atendido do que para pegar praia.

Pescoluse

Pescoluse é uma das praias legais para visitar e passar o dia na parte do Mar Jônico. Não tem grutas, não tem falésias, mas tem águas cristalinas e morninhas. Além disso, os clubes de praia são bem legais.

Passei o dia no confortável e lindíssimo Le Cinque Vele, a partir de 55 euros para duas pessoas. O atendimento é excelente e a infraestrutura, bonita, luxuosa e confortável. O restaurante tem alta qualidade, com destaque para os pratos baseados em frutos do mar típicos da Puglia.

O estacionamento é gratuito. Fica bem ao sul da Puglia, a cerca de 30 minutos de Gallipoli, que é uma das principais cidades da costa jônica da região.

Praias urbanas na Puglia

As praias urbanas não são muito legais para passar o dia. Estão quase sempre cheias e nem sempre a faixa de areia (muitas vezes pequena) é limpa. Mas há duas em que vale passar mesmo que seja para dar uma olhada. Além de belas, ficam nos centros históricos.

Spiaggia della Puritá, na Puglia
Spiaggia della Puritá, na Puglia

Em Gallipoli, a Spiaggia della Purità (no Jônico) tem areias claras e mar esverdeado. Fica em uma uma avenida do centro histórico repleta de restaurantes e bares com música ambiente animada, bem legais para ver o belíssimo por do sol.

Lama Monachile, praia urbana na Puglia
Lama Monachile, praia urbana na Puglia

Em Poligano a Mare, a Lama Monachile está entre cavernas, aos pés do centro histórico da cidade. É belíssima para se ver dos observatórios à beira dos precipícios disponíveis nesse local. Altamente instagramável.

Grotta Palazzese

Grotta Palazzese: vale a pena pagar R$ 1.000 pela experiência no restaurante dentro da caverna?

O Grota Palazzese é uma atração turística da Puglia. Há quem visite a região tendo como principal objetivo conhecer o restaurante de Polignano a Mare instalado dentro de uma gruta escavada em um penhasco, com vista impressionante para o Mar Adriático.

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O local, usado para festas e banquetes desde o século XVIII, já foi eleito o restaurante mais romântico do mundo. É também considerado um dos mais belos. Fato é que trata-se de uma experiência inusitada. E, por causa do preço, também bem exclusiva.

Não dá para simplesmente visitar o Gruta Palazzese. Para conhecer o restaurante, é preciso viver toda a experiência gastronômica no local. Caso contrário, o máximo que você vai conseguir é contemplá-lo a partir de um dos observatórios para os penhascos de Polignano a Mare.

No Grotta Palazzese, são servidos apenas menus fechados. Não se trata de degustação, e sim das tradicionais refeições italianas de no mínimo três pratos. Os preços partem de 195 euros, ou pouco mais de R$ 1.000.

Para quatro pratos, são 235 euros e para cinco, 350 euros. Todos incluem sobremesa. Para comparação, o Due Camini, com uma estrela Michelin e um dos melhores restaurantes da Puglia, cobra 180 euros por seu menu degustação com inúmeros passos.

Grotta Palazzese está dentro de uma gruta escavada em um penhasco
Grotta Palazzese está dentro de uma gruta escavada em um penhasco

Na internet, há inúmeras resenhas de visitantes criticando a qualidade gastronômica do Grotta Palazzese. Mas será que essas impressões condizem com a realidade? E como é a experiência nesse restaurante? Eu a vivi, e conto agora cada detalhe.

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O início: reserva obrigatória

No auge do verão europeu, entre julho e agosto, a recomendação é fazer reserva no Grotta Palazzese (que é o restaurante do hotel de mesmo nome, no centro de Polignano a Mare) com pelo menos dois meses de antecedência. Caso contrário, é grande a chance de não conseguir uma vaga. Já em setembro, eu obtive a minha de um dia para o outro.

Mas não foi assim tão simples. Talvez eu tenha dado sorte. Havia um único horário disponível nos três dias que eu passaria nessa região da Puglia: 21h30 de 14 de setembro. Não era exatamente o que queria. Minha intenção era conseguir o primeiro turno, às 18h30.

É um horário atípico para o jantar do brasileiro. Mas a intenção era conferir o por do sol no Adriático. Porém, topei aquela única chance, e efetuei a reserva por meio do site. É necessário usar cartão de crédito para pré-autorização de 75 euros.

O cancelamento sem custo pode ser feito até 48 horas antes do turno marcado. Se ocorrer depois disso, o valor pré-autorizado será cobrado. O restaurante funciona no almoço, a partir de 12h, e no jantar, com início às 18h30. Cada turno de refeição pode durar no máximo duas horas.

Não existe dress code definido, mas estão vetados chinelos e bermudas para os homens. As crianças só são recebidas no almoço e no primeiro turno do jantar. Para elas, o valor do menu é de 100 euros. Todas essas orientações estão no site do Grotta Palazzese, e é preciso aceitar os termos.

Após a reserva efetuada, é enviado um e-mail de confirmação, com a localização do estacionamento gratuito do restaurante – a cerca de 1 km -, para quem vai de carro. Vans de transporte estão sempre disponíveis, na ida e na volta, para levar os clientes dessa área até a entrada do hotel.

O ambiente do Grotta Palazzese

Duas checagens de reserva são feitas, uma ainda no estacionamento e outra na chegada ao hotel Grotta Palazzese. Após confirmada pela hostess, desci uma escada que parece não ter fim. Ao final, uma viradinha à esquerda e, logo à frente: uau!

A visão inicial do Grotta Palazzese realmente impressiona. O salão principal fica na parte mais baixa, e há outras mesas em um piso mais alto. À frente, as águas esmeralda Mar Adriático.

Se não havia mais sol para ver se por àquele horário, a noite também traz luzes para deixar o ambiente mais bonito. O prédio ao lado do Grotta Palazzese, sobre as grutas, é iluminado de azul. Enquanto isso, o fundo do restaurante traz uma coloração verde.

Descrevendo, pode parecer brega, mas ao vivo não é. A iluminação forma um bonito contraste com o ambiente escuro da gruta.

O ponto negativo da ambientação do Grotta Palazzese é a música, cujo objetivo é incrementar o clima de romance do jantar à luz de velas. Na prática, o saxofonista usa como acompanhamento bases pré-gravadas em órgão, a la churrascaria. Cafona? Demais!

Uma curiosidade: o Grotta Palazzese é o local na Puglia em que mais encontrei brasileiros. Ao meu redor, pelo menos quatro mesas eram formadas por compatriotas, em casais ou grupos.

Menu de três pratos

As refeições do Grotta Palazzase são esplêndidas. Isso mesmo: esplêndidas. Talvez os críticos de internet se revoltem tanto em relação a ela porque, de fato, a experiência meramente gastronômica não vale o que cobra. Come-se bem melhor na Puglia por muito menos.

Entrada do menu de carnes no Grotta Palazzese
Entrada do menu de carnes no Grotta Palazzese

Por isso, se optar por ir ao Grotta Palazzese, tenha em mente que não é apenas sobre gastronomia. O valor é por toda a experiência. Outra dica é optar pelo menu de três pratos. Como expliquei, não é menu degustação.

São pratos mesmo, de tamanho normal. O menu de entrada tem três opções: uma mais baseada em peixes e frutos do mar, outra que investe mais nas carnes e a vegatariana. Nos dois seguintes, há uma opção de cada. Só o topo de linha traz preparação com trufas brancas e seleção de caviar.

Combinei o menu de carnes com o primeiro prato de peixes de frutos do mar no Grotta Palazzese.
Combinei o menu de carnes com o primeiro prato de peixes de frutos do mar no Grotta Palazzese.

O caviar, no entanto, é usado na preparação de pratos desde o menu de entrada – assim como as trufas negras, ou tartufo. Quanto à definição do cardápio, não dá para dizer que é tipicamente pugliese. Traz muito elementos da região, bem como de outras partes da Itália e de outros paises. Está mais para internacional com leitura moderna e criativa.

Combinação

Para quem opta pelo menu de entrada, dá para fazer uma fusão de pratos – é o que o Grotta Palazzese chama de a la carte. É possível escolher, por exemplo, entrada e sobremesa do menu de peixes e primeiro e segundo pratos do de carnes. As combinações são livres.

Eu optei pelo menu de carnes, mas com o primeiro prato do de peixes e frutos do mar. Antes, é servido um couvert com pão italiano quentinho, focaccia, taralli (biscoito com óleo e vinho típico da Puglia), manteiga trufada, azeites da Puglia e outras delícias.

Minha entrada foi rosbife recheado com laranja, damasco e azeite, acompanhado por um creme de cenoura. A combinação ficou deliciosa. O primeiro prato também mereceu aplausos: ravioli com camarão e caviar. O principal foi um filé mignon alto em ponto perfeito combinado à batata trufada empanada e coberta por caviar.

Segundo prato do meu menu Grotta Palazzese
Segundo prato do meu menu

Este foi o melhor da experiência, e me arrependi por não ter comido porções menores dos dois primeiros, já que não consegui finalizá-lo. Só não gostei da sobremesa, um doce cítrico com rum e gosto para lá de esquisito.

A adega do Grotta Palazzese é riquíssima, com rótulos de qualidade de toda a Itália. Já os vinhos servidos por taça têm apenas três opções, todas da Puglia – com as uvas Primitivo e Negroamaro.

Cada taça custa 20 euros, valor bem mais alto que a média dos bons restaurantes da região para vinhos semelhantes – entre 8 e 12 euros. Não é possível harmonizar o menu de entrada com vinhos. Isso só ocorre a partir do intermediário (paga-se mais 165 euros).

Já para quem pede o topo de linha, a opção é uma garrafa de champanhe Cristal brut por 1.000 euros.

Grotta Palazzese: vale ou não vale?

O Grotta Palazzese vale a pena. Digo isso pois não me arrependi de ter investido. Simplesmente adorei a experiência. Tive uma excelente refeição em um ambiente único, excêntrico, até emblemático. Desses que dificilmente você vai ver em outro lugar.

Há locais que precisamos conhecer, mesmo com alto investimento, e o Grotta Palazzese é um deles. Mas eu iria de novo? Não! Como expliquei, a comida é muito boa, mas não é memorável.

Então, para mim, está visto. Mas, se você ainda não foi, definitivamente precisa ver. Só acho que podiam cortar o saxofonista com base de órgão pré-gravada. Destoa do ambiente. Um saxofonista apenas, sem o efeito churrascaria, seria muito mais legal.