United Polaris

Como é voar na classe executiva United Polaris

Foram dois anos e meio sem sair do Brasil, por causa da pandemia de covid-19. Meu retorno a territórios estrangeiros foi no início do mês de março, com destino a Las Vegas e conexão em Houston, nos Estados Unidos. Para chegar ao destino escolhi a United Polaris, classe executiva da companhia americana.

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Das três maiores dos EUA, nunca havia voado de United em trechos internacionais – apenas dentro do território americano. Já havia voado nas classes executivas da Delta e da American Airlines, então dá para compará-las à da concorrente.

O que não dá é para comparar os atuais serviços da United com os oferecidos antes da pandemia. Sabemos que tudo mudou muito na aviação por causa dos protocolos de prevenção à covid-19.

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Escolha do voo

Dois fatores me levaram a escolher a United para meu voo a Las Vegas. O primeiro foi o preço. Comprei o ticket em data próxima à partida e paguei R$ 7 mil pelo trecho, já com impostos.

Pode parecer muito, mas as demais companhias tinham bilhetes que chegavam a R$ 20 mil para conexões com duração semelhante. Este, aliás, foi o segundo fator de escolha.

A United oferecia a conexão mais curta a Las Vegas, via Houston. Havia a opção, pelo mesmo preço, de fazer a parada em Nova Jersey. Mas, nesse caso, além do trecho internacional mais longo, o voo nacional é de cinco horas.

Poltrona ímpar

De Houston a Vegas são 3 horas de voo. E de São Paulo à cidade do Texas, cerca de nove horas e meia. A conexão durou uma hora e 40 minutos, tempo exato para os demorados processos nos aeroportos norte-americanos.

Quase sempre (e isso não mudou) há imensas filas na imigração e na checagem de segurança, um processo bem minucioso. Em Houston, os deslocamentos entre terminais também são longos, demorados e podem exigir transporte em monorail (meu caso).

Em resumo, fazer conexão em aeroportos americanos é um processo desgastante. Infelizmente, no meu caso era inevitável. Não há voos diretos de São Paulo a Las Vegas.

Compra do bilhete da United Polaris

A compra do bilhete foi no site da companhia. O preço era um pouco melhor que no de parceiros como Decolar, Submarino e Viajenet. No 123 Milhas, saía por R$ 300 a menos, mas apenas para pagamento no pix ou boleto.

Então decidi não fazer essa economia, pois perderia tanto as milhas do voo (no 123, os tickets já são emitidos com milhas) quanto as do cartão de crédito. Além disso, só o site da United oferece opção de cancelamento gratuito em até 24 horas.

Há menos privacidade nas poltronas pares da united polaris
Há menos privacidade nas poltronas pares

Por falar em milhas, o programa da United é o MileagePlus. No Brasil, dá para pontuar os voos da companhia americana no Tudo Azul.

Eu optei por usar o Miles&More, da Lufthansa, da qual era passageira frequente antes da pandemia. A United, como a companhia alemã, faz parte da aliança Star Aliance.

Check-in e salas vips da United Polaris

Logo após a compra do bilhete, a United envia um formulário para apresentação de documentos necessários para o check-in. Entre eles, o teste de covid, que deve ser feito no dia anterior à data do voo – não necessariamente 24 horas antes. Pode ser RT-PCR ou antígeno. Essa é uma das exigências para entrada aos Estados Unidos.

Como é preciso inserir as informações do visto e o meu, de emergência, saiu poucas horas antes de meu voo, deixei para fazer todo o processo de check-in no balcão, no aeroporto de Guarulhos.

Lounge do Banco Safra

Graças ao atendimento preferencial para os passageiros da United Polaris, foi tudo bem rápido e sem burocracia. Apresentei o teste de covid e o certificado internacional de vacinação, outra exigência dos EUA – além de passaporte com visto. Passageiros da United Polaris têm direito a despachar gratuitamente duas malas até 32 kg.

Em poucos minutos já havia passado pela checagem de segurança e a imigração no moderníssimo Terminal 3 de Cumbica, em que a United opera. Não há fila preferencial para passageiros de classe executiva de nenhuma companhia aérea nesse aeroporto. Porém, todos os processos são rápidos.

A sala VIP da United em Cumbica é a do Banco Safra, que antigamente era a da Star Alliance. Esta “fechou” durante a pandemia, mas a nova administração não fez nenhuma mudança. A decoração é a mesma, assim como o layout. Quase todas as companhias da aliança fizeram parceria com o espaço.

A vista no lounge do Banco Safra

No lounge do Banco Safra há diversos ambientes. Entre eles, salas com TV e sofás, poltronas com vista panorâmica para a área de compras do terminal de embarque, cadeiras com mesinhas semelhantes às de avião e uma área com mesas de restaurante. Outro destaque fica por conta do bar e das cabines com chuveiros.

O buffet inclui lanches rápidos e uma variedade de pratos quentes. Já a carta de bebidas tem vinhos, champagne, drinks variados e destilados.

Em Houston, os passageiros que chegaram ao destino de United Polaris têm acesso ao lounge de mesmo nome, mas não tive a oportunidade de conhecê-lo. Não havia nenhum em meu terminal de embarque, o C. Acabei usando uma sala VIP United Club, mais simples, mas muito bem equipada, à espera de meu voo para Las Vegas.

United Club

De acordo com a United, os lounges Polaris são apenas para passageiros voando de classe executiva ou primeira classe em voos internacionais de longa duração – sejam eles realizados com a própria companhia ou com outras empresas da aliança Star Alliance. Nos EUA, são seis lounges United Polaris, que oferecem uma experiência mais exclusiva: Houston, Nova York (Newark), Washington, Chicago, São Francisco e Los Angeles.

Para passageiros voando de primeira classe ou executiva em voos dentro dos EUA, ou internacionais de curta distância, os lounges disponíveis são United Club. Há 45 salas espalhadas pelos principais aeroportos dos Estados Unidos.

Cabine e poltrona da United Polaris

O embarque foi rápido, pois quem viaja de United Polaris tem prioridade. A cabine apresenta layout 1-2-1, com acesso de todos os passageiros ao corredor. Nas duas poltronas do meio, há uma divisória para garantir a privacidade. Porém, ela pode ser removida, caso os dois ocupantes estejam viajando juntos.

Já nas poltronas das extremidades, o melhor negócio é reservar as ímpares (como a minha, 5L). Além de ficar mais próximo à janela, o passageiro conta com um console que o deixa afastado do corredor, garantindo mais privacidade.

Posição cama na United Polaris
Posição cama

Nas poltronas pares, a posição é invertida. O console fica ao lado da janela e o passageiro, mais exposto. Mas nem tanto, pois há uma espécie de “casulo” para garantir privacidade.

As poltronas da United Polaris têm três posições pré-definidas: pouso e decolagem, descanso e cama. Porém, dá para fazer qualquer combinação entre o apoio para os pés integrado ao assento e o encosto.

Manta e travesseiro são da Saks 5th Avenue na United Polaris
Manta e travesseiro são da Saks 5th Avenue

A poltrona vira uma cama flat bed, ficando a 180 graus, sem aquela posição de tobogã de outras classes executivas. Assim é chamada a posição em que os pés ficam para baixo. Felizmente, atualmente é cada vez mais rara.

O apoio para os pés à frente da poltrona, no entanto, afunila. Isso, para mim, não é um incômodo, mas costuma ser para passageiros altos ou com pés maiores.

Entretenimento e amenidades

Há um pequeno controle para comando remoto das telas individuais da United Polaris, mas elas também são sensíveis ao toque. Rápido e fácil de usar, o sistema apresenta um amplo catálogo de filmes e séries, muitos deles com opção de legendas em português.

O legal de viajar nessa época do ano é que dá para ver diversos filmes indicados ao Oscar que ainda podem estar no cinema. Entre eles, “Spencer”, “King Richard” e “Casa Gucci” (que não está na premiação, mas era um dos destaques).

Cada cabine da United Polaris tem abajur com controle de iluminação e uma grande mesinha que pode ser movimentada para o fundo mesmo com as bandejas sobre ela – o que facilta a saída da poltrona após as refeições, antes que a louça seja recolhida. Há ainda diversos porta-objetos, tomada e entrada USB.

A cabine conta com armário, onde são colocadas água e o kit de amenidades da United Polaris – que vem em uma bolsinha de couro. Traz máscara de dormir, cremes, álcool em gel e outros mimos. Já a manta oferecida aos passageiros é da Saks 5th Avenue.

Kit de amenidades da United Polaris
Kit de amenidades

Serviço de refeições

Esse foi o ponto crítico do voo na United Polaris. Não havia cardápio. Então, antes da decolagem, os comissários diziam aos passageiros quais eram as opções de prato principal e anotavam os pedidos.

O serviço começou logo após o aviso de cinto de segurança ser apagado, com bebidas. Havia vinhos, champagne, destilados, drinques e licores, além de água, refrigerantes e suco. Para acompanhar, castanhas e amendoas.

A refeição veio logo a seguir, sem toalhas para forrar a mesa. Foi servido tudo de uma vez, em uma bandeja, sem possibilidade de escolher a entrada, que era a mesma para todos. Sobremesa elaborada? Qua nada! Havia um bolinho industrial apenas.

E nada de cestinha com pãozinhos quentes. Foi servido um pão embalado, acompanhado por manteiga. Reflexos da pandemia. Ao menos, diferentemente do que ocorria na retomada dos voos antes do início da vacinação, os talheres não eram de plástico.

Em classes executivas, antes da pandemia, as refeições eram servidas em passos, com opção de entradas, sobremesas, queijos. Agora, ao menos na United Polaris, tudo mudou. O lado positivo é que o serviço terminou rapidamente e sobrou mais tempo para dormir.

Durante a noite, as galerias são abastecidas com água, refrigerantes, sanduíches, batatas Ruffles e doces. E, se o serviço de refeições deixou a desejar, com a tripulação, cordial, prestativa e eficiente, foi o contrário.

De acordo com a United, a companhia está retomando aos poucos os serviços de bordo aos níveis de pré-pandemia. Ainda conforme a empresa, alguns exemplos são o retorno do drink de boas-vindas e da louça no jantar e café da manhã. “Ainda não temos, no entanto, uma data para retorno do serviço completo, que está sendo avaliado de acordo com a retomada das viagens”, informou a United.

Na retirada de bagagens, já em Las Vegas (após conexão em Houston), a esteira demorou quase 40 minutos para começar a girar. Porém, o selo de prioridade das bagagens foi respeitado – a minha foi uma das primeiras entregues.

A United opera diariamente voos de São Paulo para Houston, Nova York e Chicago, e do Rio de Janeiro para Houston. A rota entre São Paulo e Washington é operada três vezes por semana.