Alta gastronomia voando de econômica? Na Air France é possível

Criação do Maison Lenôtre leva alta gastronomia a bordo da Air France (Divulgação/Air France)

No meu retorno temporário ao Brasil, a volta foi a bordo da Air France, como vocês viram aqui no blog quando relatei minha experiência no novíssimo VIP Lounge da aérea em Charles de Gaulle. Pois bem, se não bastasse todo o conforto que me foi disponibilizado nessa Sala VIP, durante o voo a Air France também tratou de me apresentar a um mundo novo na experiência gastronômica.

Além do tradicional (e gratuito) serviço de catering em voos de longa duração, com refeições completas e amplo menu de bebidas, a Air France disponibiliza a seus passageiros das classes Economy e Premium Economy a opção de realizar um “upgrade” na comida. Essa preciosidade se chama Menus à La Carte e, acreditem, pagar a mais pela comida no avião não é um luxo absurdo. São seis temas diferentes disponíveis para os passageiros Air France.

Opções à la carte estão disponíveis nas classes Economy e Premium Economy (Divulgação/Air France)

Aqui vou citar quais são os menus, com preço indicado, mas mais à frente vou me ater ao cardápio que eu consumi. Há lá o My Fun Menu (€ 13), a opção de hambúrguer e chips; o Le Marché de Jean Imbert (€ 21), assinado pelo popular chef com interpretações de seus pratos; o Une Sélection Lenôtre (€ 28), alta gastronomia francesa assinada por chefs da Maison Lenôtre; o Menu Tradition (€ 18), focado na culinária francesa; o Menu Océan (€ 15), inspirado nos sabores do mar; e o Menu Italia (€ 12), que é meio autodescritivo.

A minha escolha foi o Une Sélection Lenôtre, que é um menu criado por chefs da tradicional casa francesa e que varia de acordo com as estações do ano (disponível somente em voos que saem de Paris). A refeição consistia em fingers de berinjela e creme de parmesão como entrada, seguido de peito de frango com pimento de piquillo e purê de batata no prato principal. Queijo camembert e uvas acompanhavam o menu, que tinha de sobremesa o especialíssimo bolo de chocolate amargo Concerto, uma das assinaturas da Lenôtre.

Serviço de bordo, um dos pontos altos da experiência na Air France (Divulgação/Air France)

Ao escrever sobre a experiência de provar alta culinária a bordo, dois pontos me fazem defender essa escolha. O primeiro trata da refeição em si. Cardápios nas classes econômicas giram em torno de praticidade e da possibilidade de atender o maior número de gostos possível. Em geral, a entrada não dialoga com o prato principal, a sobremesa não brilha os olhos de ninguém.

No caso do Une Sélection Lenôtre, com menu criado de forma uniforme, fica claro por onde os chefs pretendiam me levar. Para mim, a delicadeza e suculência do frango ficaram mais evidentes justamente por conta da acidez da berinjela na entrada. O camembert tinha uma função ao antecipar o chocolate amargo do Concerto, e por aí vai.

O outro ponto é financeiro, já que dentro de um aeroporto você não conseguirá encontrar opções gastronomicamente tão bem trabalhadas como estas, acompanhadas de bebidas, pelos preços praticados pela Air France. O Menu Tradition, por exemplo, oferece culinária francesa por € 18, valor que, nos terminais, dificilmente cobre uma taça de vinho e entrada.

Menu Océan, que custa € 15 nas saídas desde Paris (Divulgação/Air France)

Os Menus à La Carte da companhia devem ser adquiridos de forma on-line. São três os momentos em que o passageiro pode escolher, confirmar e pagar pela refeição: na compra da passagem; entre 90 dias e 24 horas antes do voo (no menu “Suas Reservas”); ou entre 30 horas e 24 horas antes do voo (durante o check-in on-line).

Vale checar no sistema quais cardápios estão disponíveis no trecho do voo em questão. Algumas opções são exclusivas de certas regiões, como o Une Sélection Lenôtre é das saídas internacionais de Paris, ou o Menu Italia, que fica restrito a rotas da América do Norte, África e Ásia.

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Entendendo o “encerrado para férias”

Antes de sair de férias, floricultura faz promoção para desafogar o estoque

Parece inconcebível para os que passam por Portugal em agosto que, em pleno verão, comércios troquem turnos duplos e casas cheias de turistas endinheirados pela tranquilidade de suas próprias férias. Agosto é o mês que escancara a maneira própria dos portugueses em gerir seus negócios, algo um pouco difícil de entrar na cabeça daquele brasileiro, digamos, mais capitalista.

Por aqui, muitos e muitos bares e restaurantes são geridos por famílias. Mesmo aqueles pontos mais tradicionais, que se tornaram clássicos ou “visitas obrigatórias”, não raro têm no comando até hoje os fundadores originais ou parentes próximos. É uma mistura de orgulho, zelo e desconfiança que impede que eles deixem seus negócios nas mãos de terceiros.

Ao mesmo tempo, como qualquer bom profissional que ralou durante o ano todo – e já enfrentou (e faturou) os movimentados meses de maio, junho e julho -, há de se reservar algumas janelas do calendário para o próprio descanso, que em geral acontece ao longo do mês de agosto.

Aí que surge o conflito. Há quem, racionalmente, com números e fórmulas, irá argumentar que é preciso se manter aberto o maior tempo possível na alta. Talvez até aumentar o horário de funcionamento e contratar temporários para maximizar os lucros da temporada.

Fui almoçar e…

No outro lado da argumentação, além do cansaço acumulado por tocar uma operação em ritmo frenético nestes cerca de quatro meses, trabalhar até o fim do verão significa ter para as férias pessoais o outono (que é lindo, mas…), um período menos convidativo, de dias cada vez mais curtos e temperaturas cada vez mais baixas.

Confesso que não foi fácil entender de cara essa opção pelas férias. Mas, pessoalmente, eu respeito muito essa escolha. Fechar seu estabelecimento no meio da alta temporada é tanto um reconhecimento aos funcionários que deram duro nos meses anteriores, quanto um recado a todos de que ali há pessoas que priorizam conforto e bem-estar ao invés de dinheiro.

Dei como exemplo bares e restaurantes, mas isso acontece de uma forma meio que geral pelos mais variados tipos de serviços. Fecham-se papelarias, drogarias e floriculturas (como a da foto). É difícil encontrar dentistas ou advogados atendendo, por exemplo.

Enfim, pode ser bem frustrante dar de cara com a porta fechada e um recado comunicando a data de retorno, mas eu não vou julgar aquele que só quer tirar um tempo para descansar e estar com os seus.

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Os 14 patrimônios culturais da Unesco em Portugal

Os patrimônios naturais e culturais da Unesco nasceram para atestar a importância e a relevância de determinados locais e, sobretudo, para garantir sua longevidade por meio de ações de conservação. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura colocou em prática essa ideia na década de 1970 e, desde então, mais de mil áreas, em 167 países, entraram na lista.

Além do evidente ganho em preservação, entrar no grupo da Unesco também faz com que essas regiões façam uso de uma vitrine capaz, por si só, de alavancar o Turismo e atrair um público que até então desconhecia certos destinos. A cidade de Elvas é um exemplo. Listada em 2012 por hospedar uma fortaleza do século 17, em pouco mais de cinco anos a região viu o fluxo turístico local crescer 300%.

Espalhados por todos os continentes, a maior concentração de patrimônios está na Europa. Aqui em Portugal não é difícil topar com a plaquinha que identifica áreas tombadas como patrimônio pela Unesco. Por ter cruzado com algumas nos últimos meses, resolvi listar todas as 14 áreas identificadas pela entidade no país. Confira a lista abaixo (entre parênteses, o ano em que as regiões foram tombadas pela Unesco):

(Turismo Açores)

Angra do Heroísmo (1983)
No distante arquipélago dos Açores, região autônoma portuguesa no meio do Oceano Atlântico, está a cidade de Angra do Heroísmo. Parada estratégica durante as expedições ultramarinas, a cidade se desenvolveu desde o século 16. A importância de seu centro histórico e das fortificações militares fizeram de Angra do Heroísmo uma das primeiras cidades portuguesas a integrar a lista da Unesco.

(Flickr/Oscar Cuadrado Martinez)

Convento de Cristo, Tomar (1983)
O complexo do Convento de Cristo, em Tomar, é um dos maiores exemplares de construção religiosa da Europa. Com obras entre os séculos 12 e 18, o convento reúne elementos arquitetônicos românicos, góticos, manuelinos, renascentistas, maneiristas e barrocos. Um dos destaques da construção é a charola, inicialmente um oratório privativo, com o tempo o espaço se tornou a capela-mor do Convento de Cristo.

(Flickr/Pedro Caetano)

Mosteiro da Batalha (1983)
Em 1385 a Batalha de Aljubarrota definiu a vitória definitiva dos portugueses sobre os castelhanos. Para celebrar o feito e em agradecimento à Virgem Maria, o vitorioso rei D. João I mandou construir o Mosteiro da Batalha – que só foi finalizado quase dois séculos depois. A marcante presença do estilo manuelino, com traços do gótico final europeu, é a credencial para que o Mosteiro figure na lista da Unesco.

(Visit Lisboa)

Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém (1983)
Talvez o Patrimônio Cultural mais visitado pelos brasileiros em Portugal, o Complexo de Belém se divide entre a Torre, nas margens do Tejo, e o Mosteiro dos Jerónimos. Ambos datados do século 16, as edificações construídas na dinastia de Avis são uma mostra do poder de Portugal durante a Era das Descobertas: a Torre, pelo caráter defensivo; os Jerónimos, pela pomposidade da construção.

(Flickr/François Philipp)

Centro Histórico de Évora (1986)
Évora, no Alentejo, já foi a segunda cidade mais importante de Portugal. Era o século 15 e os reis desses tempos costumavam passar períodos na região, motivo pelo qual a cidade ganhou construções históricas como os conventos de Santa Clara e dos Lóios ou o Palácio de D. Manuel. Uma cidade-museu, Évora também guarda memórias de um passado longínquo, da presença dos Mouros (rua da Mouraria) e dos romanos (Templo Romano), por exemplo.

(Flickr/Angel de los Rios)

Mosteiro de Alcobaça (1989)
Em 1153 foi fundada a Abadia de Santa Maria de Alcobaça, que 20 anos mais tarde iniciou as construções de seu mosteiro. Por muito tempo a cidade no Centro de Portugal foi uma das poucas no país a hospedar um templo de arquitetura genuinamente gótica. Ficam lá os túmulos de D. Pedro I e Inês de Castro, amor proibido retratado por Camões nas páginas de Os Lusíadas.

(Visit Lisboa)

Sintra (1995)
Refúgio da aristocracia portuguesa e de ricos estrangeiros no século 19, Sintra se desenvolveu como um dos centros da arquitetura romântica na Europa. Lá estão obras tocadas pela realeza lusitana, como o Palácio Nacional de Sintra e o Palácio Nacional da Pena, mas também construções de moradores abastados, como o Palácio de Monserrate e a Quinta da Regaleira. A singularidade e a conservação dos palácios foram alguns dos motivos para que a cidade entrasse na lista da Unesco.

Centro Histórico do Porto (1996)
A Ribeira, a Ponte Luís I e o Mosteiro da Serra do Pilar compõem, juntos, o famoso cenário das tantas fotografias tiradas pelos turistas que visitam o Porto. O coração da segunda maior cidade de Portugal é tombado pela Unesco por ser a representação física, com seus prédios e construções históricas, do desenvolvimento ocasionado pela herança comercial da região.

(Flickr/Nmmacedo)

Vale do Côa e Siega Verde (1998, 2010)
Único parque arqueológico na lista portuguesa, o Vale do Côa (listado pela Unesco em 1998) e a jazida de Siega Verde (2010) ficam localizados no Norte de Portugal, próximos da fronteira leste com a Espanha. Representante do passado pré-histórico da região, foram encontrados no vale gravuras em pedra datadas do Paleolítico Superior (22 mil a 10 mil anos a.C.).

Alto Douro (2001)
Apesar do nome, a produção do vinho do Porto nunca foi feita nesta cidade. As uvas são cultivadas e o vinho processado a mais de 100 quilômetros dali, no vale do rio Douro, ou Alto Douro. As montanhas talhadas por quase dois mil anos de produção vinícola criam um cenário único, assim como é única no mundo a produção do vinho fortificado da região.

(Guimarães Turismo)

Centro Histórico de Guimarães (2001)
“Portugal nasceu aqui” é uma frase comumente ouvida em Guimarães. Não é exagero dizer que a identidade e a língua portuguesa nasceram na cidade do Norte, primeira capital do país, no século 12. O bem conservado centro histórico de Guimarães, com edificações originais que datam desde o século 10, mostra a relevância que a cidade teve em diferentes momentos da história portuguesa.

(Turismo Açores/M Rocha)

Ilha do Pico (2004)
O português é alguém intimamente ligado ao vinho. Para onde fosse o levaria e a Ilha do Pico, segunda maior do arquipélago dos Açores, é prova disso. Lá a cultura foi implementada desde o século 15 e existe até hoje. As características únicas das vinhas centenárias, que exigiam cuidados específicos como a proteção contra a água do mar, colocaram a cidade na lista da Unesco.

(Flickr/Oscar Cuadrado Martinez)

Fortaleza de Elvas (2012)
Diante de séculos de invasões mouras e muçulmanas, a estratégica cidade de Elvas, no interior de Portugal, foi ganhando importância militar com as Guerras de Reconquista. A necessidade de se defender foi traduzida na construção da maior fortificação em estrela da Europa. O complexo, que contém castelo, praça-forte, fortes, aqueduto e muralhas, é exemplar único de seu tipo no continente.

(Turismo do Centro)

Universidade de Coimbra (2013)
Os mais de 700 anos de história fazem da Universidade de Coimbra uma das mais antigas instituições de ensino superior europeias ainda em operação. Além da importância histórica e a relevância atual (são 25 mil estudantes), o complexo possui construções notáveis, como o Paço das Escolas, a Biblioteca Joanina e o Jardim Botânico.

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