O Porto também tem Primavera Sound

NOS Primavera Sound é realizado no Parque da Cidade, no Porto

Quem acompanha o blog já percebeu que eu sou bem a favor de usar eventos, sejam eles esportivos ou culturais, como desculpa para viajar. As já curtas distâncias da Europa, diminuídas ainda mais pela presença de companhias aéreas ultra low cost, facilitam e muito nesse processo.

Às vésperas da entrada do verão, a Europa começa a borbulhar culturalmente, com festivais dos mais diferentes estilos. Aqui em Portugal, a despedida da estação antecessora é marcada por um dos maiores encontros musicais da alta temporada europeia.

A$AP Rocky, “cabeça de cartaz” do segundo dia de festival

O Primavera Sound, que nasceu em Barcelona e desde 2012 possui também a edição no Porto, aconteceu neste último final de semana (de 7 a 9 de junho) e foi a mostra perfeita de como eventos servem de chamariz para os turistas das redondezas.

Programação eclética e repleta de estrelas internacionais, espalhadas em seis palcos e três dias de festival, reunidos em espaço amplo com muitas opções gastronômicas e cheio de ações publicitárias. Esta parece ser a receita ideal para o sucesso do evento.

Nas “cabeças de cartaz” (como são chamados os headliners aqui em Portugal), uma progressão geracional foi proposta ao longo dos três dias de shows, variando desde a neozelandesa Lorde, passando pelo rapper A$AP Rocky e fechando com os veteranos Nick Cave & The Bad Seeds.

Entre shows, no palco principal do Primavera Sound

Obviamente que um festival não sobrevive apenas de atrações principais e o complemento da programação mostrou isso. Pessoalmente, eu curti demais assistir ao vivo as performances de Tyler, The Creator; The Breeders; Ibeyi (!!!); Thundercat e os brasileiríssimos Metá Metá.

A fórmula funciona. Os shows foram aqui no Porto, não me exigiu muito deslocamento, mas essa experiência escancara como faz sentido a união entre um festival como este aos planos de uma futura viagem.

Nos dias pré-Primavera Sound e agora nessa ressaca pós-festival, o Porto viu gente nova e do mundo todo pelas ruas. Durante o evento, a variedade de línguas faladas entre os espectadores deixava nítido que era enorme a presença de um público não-local.

Os números oficiais confirmam essa minha percepção. Segundo a organização do NOS Primavera Sound, mais de 60 países estavam representados. Pesquisa do núcleo de investigação do Instituto Superior de Administração e Gestão (ISAG) mostra que, dentre os estrangeiros, espanhois (31,7%) e ingleses (28%) foram maioria – os brasileiros (3,3%) foram a sexta nacionalidade mais presente.

Tyler, The Creator, um dos melhores shows dessa edição do festival

Pela primeira vez na edição do Porto a marca de 100 mil espectadores foi batida. Além dos 30 mil presentes em cada um dos três dias de festival, outras 30 mil pessoas se reuniram na Avenida dos Aliados em um “esquenta” para o Primavera Sound, com show gratuito do DJ Fatboy Slim. De acordo com a pesquisa, entre alojamento, alimentação, transporte e compras em geral, o impacto econômico na cidade do Porto chegou a 19,7 milhões de euros.

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Denver, a cidade que respira esporte

Estampado na cabeça o fanatismo pelo Rockies, time de beisebol da cidade (Evan Semón/CBS4)

Algumas cidades têm uma aptidão para esportes maior do que outras. Em geral, grandes centros urbanos são os responsáveis pelo sucesso de equipes nas modalidades ditas “da massa”. Mas dentro da competitiva cultura de excelência norte-americana, uma capital no meio do mapa dos Estados Unidos, em um estado que tem metade da população da cidade de Nova York, fugiu à regra.

A região metropolitana de Denver, no Colorado, não chega a ter 3 milhões de habitantes. É a cidade com menor população a ter representantes em todas as quatro grandes ligas dos Estados Unidos – MLB (Major League Baseball), NBA (National Basketball Association), NHL (National Hockey League) e NFL (National Football League). Apenas outras 12 cidades americanas, em geral bem maiores do que Denver, carregam o mesmo status.

Com médias de público respeitáveis, superando a bilheteria de cidades em grandes centros, os números deixam claro o quão importante o esporte é para a região. Para se ter uma ideia, na última temporada do futebol americano, o Denver Broncos registrou a 5ª melhor média de público dentre todos os 32 times participantes na NFL.

Sports Authority FIeld lotado para partida do Denver Broncos (Visit Denver)

Aliás, competitivamente falando, talvez o Broncos seja o melhor exemplo local na atualidade. A história recente da equipe de futebol americano é vitoriosa, com títulos do Super Bowl em 1998, 1999 e 2016. Também carregando o nome da cidade, mas com um retrospecto menos glorioso, o Denver Nuggets nunca foi campeão da NBA e ficou de fora dos playoffs nas últimas cinco temporadas. O Colorado Rockies (MLB), também sem títulos no currículo, e o Colorado Avalanche (NHL), campeão nacional em 1996 e 2001, são as duas outras equipes nos chamados “major sports”.

Além dos quatro clubes nas quatro principais ligas do país, Denver também é representada no futebol americano da NCAA (National Collegiate Athletic Association), na MLS (Major League Soccer), na NLL (National Lacrosse League) e na MLR (Major League Rugby). Com menor expressão, Colorado Mammoth e Glendale Raptors são os times de lacrosse e rugby, respectivamente.

Contando jardas no campo do Broncos, durante festa da IPW 18

Representante da disputada elite do futebol americano universitário, o Colorado Buffaloes é uma das equipes mais tradicionais do país – são 128 anos de história, sendo o longínquo ano de 1890 a primeira temporada competitiva da equipe. Diversos títulos regionais e um contestado campeonato nacional, em 1990, estão na sala de troféus da universidade.

Cada vez mais forte nos Estados Unidos, o futebol começou profissionalmente há pouco tempo e Denver faz parte desta história desde o princípio. Logo na primeira temporada da MLS, em 1996, o Colorado Rapids figurava entre os clubes fundadores da liga. De lá para cá são 22 temporadas, um título nacional (2010) e média de público atual superior a 15 mil torcedores por partida.

Como você pode ver, essa predisposição de Denver para o esporte é histórica e de fato está presente no cotidiano da cidade. Mas um fator recente, intrínseco à faceta mercadológica dos esportes profissionais nos Estados Unidos, explica um pouco esse cenário atual de múltiplas equipes em múltiplas modalidades. Esse fator responde pelo nome de Stan Kroenke.

O magnata, que tem fortuna avaliada pela Forbes em US$ 8,3 bilhões, empreende em diversas frentes nos Estados Unidos, de ranchos a shoppings. Outro mercado lucrativo para o empresário tem sido o esporte – especialmente dentro do território do Colorado.

Pepsi Center, casa do Denver Nuggets e do Colorado Avalanche, equipes do magnata Stan Kroenke (Visit Denver)

Kroenke é dono ou acionista majoritário dos já citados Denver Nuggets (NBA), Colorado Avalanche (NHL), Colorado Rapids (MLS) e Colorado Mammoth (NLL) – dos major sports, apenas Denver Broncos (NFL) e Colorado Rockies (MLB) não estão sob a batuta das holdings do investidor.

Se impulsionado pela ânsia capitalista dos bilhões de Stan Kroenke ou parte fundamental da cultura da população denveriana, o que importa é que o esporte é um dos pilares da vida na capital do Colorado.

Para quem quiser acompanhar as equipes de Denver, confira abaixo as datas da temporada regular de cada modalidade presente na cidade:

Denver Broncos (NFL, futebol americano) – 9 de setembro de 2018 a 30 de dezembro de 2018, no estádio Sports Authority Field at Mile High.

Denver Nuggets (NBA, basquete) – outubro de 2018 a abril de 2019, na arena Pepsi Center.

Colorado Rockies (MLB, beisebol) – abril de 2018 a setembro de 2018, no estádio Coors Field.

Colorado Avalanche (NHL, hóquei no gelo) – outubro de 2018 a abril de 2019, na arena Pepsi Center

Colorado Rapids (MLS, futebol) – março de 2018 a outubro de 2018, no estádio Dick’s Sporting Goods Park.

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O Porto no radar do Turismo e no mapa da United

Portão de embarque em Newark

Não são muitos os fatores capazes de evidenciar quando que um destino de fato entrou no mainstream do Turismo. Aumento no número de visitantes ano a ano, projetos de novos hotéis e interesse de companhias aéreas internacionais certamente encabeçam essa lista. Queridinho dos últimos anos na Europa, o Porto, em Portugal, tem se consolidado no mercado atraindo turistas cada vez de mais longe. Uma prova de que a cidade de fato entrou no radar do viajante internacional é a crescente oferta de voos de e para o Porto.

Atualmente o aeroporto Francisco Sá Carneiro tem ligação direta com mais de 70 cidades. O ano de 2017 terminou com recorde histórico de passageiros transportados, segundo a ANA, administradora do equipamento. No ano, 10,7 milhões de viajantes passaram pelos seus terminais, o equivalente a um aumento de 15% em relação a 2016.

Mapa da rota EWR/OPO

A tendência segue em 2018. No primeiro trimestre, o aeroporto recebeu 2,3 milhões de passageiros, aumento de 12% se comparado ao mesmo período do ano passado. Números que atraem gigantes como a norte-americana United Airlines, que iniciou em maio uma operação diária entre Porto e Nova York (Newark). Restrito à alta temporada, a rota visa encorpar a já volumosa presença de turistas norte-americanos na cidade. O voo tem oito horas de duração e é realizado a bordo de um Boeing 757-200, com capacidade de transportar 169 passageiros.

Como alguém que vive no Porto, eu posso dizer que ações como estas têm o poder de elevar o destino a um novo patamar, sobretudo em se tratando de um hub tão importante como Newark, em um mercado tão interessante como o norte-americano. Por um lado mais pessoal, esse voo não poderia ter vindo em melhor hora.

Estive recentemente nos Estados Unidos. Fui a Denver, no Colorado, para a cobertura da IPW 2018 (acompanhe na próxima edição da Revista PANROTAS). Meu voo de ida, que parava em Newark antes de chegar em Denver, saía de Lisboa e me exigiu uma desconfortável e longa viagem de trem regional pela madrugada.

United voa para o Porto a bordo do Boeing 757 (Flickr/Eric Salard)

Ao ficar sabendo dessa nova operação para o Porto, consegui com a United que mudassem meu voo (obrigado, Jacqueline Conrado e equipe!) e pude ver em ação a nova rota – especialmente, pude experimentar o conforto de chegar no seu exato destino e ainda antes do programado.

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