Já ouviu falar em Leeuwarden (Holanda)? Neste ano, ela é Capital Europeia da Cultura

Em meio ao pôr do sol, o Achmeatoren, prédio mais alto de Leeuwarden (Flickr/Michiel Jelijs)

Este pode ser o ano para você explorar novas partes da Holanda. Se a capital Amsterdã já não é mais uma grande novidade, uma sugestão talvez seja se aventurar em cidades menores, que não estejam nos guias turísticos das grandes editoras. Um desses destinos, Leeuwarden, a capital da província de Friesland, tem motivos de sobra para receber sua atenção, já que em 2018 é uma das Capitais Europeias da Cultura.

No post anterior, expliquei como surgiu a ideia das Capitais da Cultura, falei sobre melhorias e investimentos que são feitos nas cidades e ainda analisei a programação de Valeta, em Malta, cidade que divide o título com Leeuwarden este ano. A construção de equipamentos que terão vida após o ano do título, como museus e centros culturais, e a revitalização de atrações históricas locais, representam um dos núcleos de atuação do dinheiro que é injetado nas ECoC’s, como são abreviadas. Ou seja, neste ano, as cidades Capitais da Cultura estão em sua melhor forma!

O charme da vida noturna de Leeuwarden (Divulgação/NBTC Holland)

Localizada a 140 quilômetros de Amsterdã (1h30 de carro ou 2h de trem), Leeuwarden tem 100 mil habitantes e é capital da província de Friesland além de ser uma das Capitais Europeias da Cultura. Em um ano tão especial como este, as cidades nomeadas colocam em ação um calendário com rica programação para toda a temporada, o que faz com que as Capitais ganhem força no radar turístico europeu.

Neste post, irei abordar a agenda de eventos que, segundo a organização, se baseará em um conceito de Comunidade Aberta, tendo como temas Dare to Dream (Ouse Sonhar), Dare to Act (Ouse Agir) e Dare to be Different (Ouse Ser Diferente). Para isso, chega ao público mais de 800 projetos que tocam áreas como a música e o teatro, mas também pintura, ópera e esporte. No fim das contas, o objetivo de Leeuwarden é ampliar o entendimento sobre diferenças culturais.

O Fries Museum expôe a trajetória de Mata Hari durante 2018 (Divulgação/Fries Museum)

Uma das filhas mais notórias da região, Mata Hari terá programação especial em sua homenagem. Até 2 de abril, o Fries Museum oferece uma exposição completa (€ 3 a € 38,50) sobre a trajetória da dançarina que fez nome na França mas que era original de Friesland.

Entre 19 e 22 de julho, a música vai rolar em Leeuwarden. O anual Welcome to The Village (€ 10 a € 109) terá edição especial dentro da programação da Capital da Cultura. Uma “minissociedade”, como dizem, é criada durante os dias do festival, que reunirá em seu palco artistas como Mark Lanegan Band, Mykki Blanco, Motorpsycho, Thomas Azier, Torres, Warhaus, Strand of Oaks.

O 8 de julho terá um simbolismo importante para o calendário de Leeuwarden. O oitavo dia (ou 8th Day) reunirá na cidade eventos das 9h às 23h. Performances de dança e trabalhos musicais, construção e esporte, toda essa mescla de temas pretende acionar na comunidade uma reação em cadeia para agir (e, claro, se entreter).

A programação holandesa da Capital Europeia da Cultura já está rolando a todo vapor e irá durar até o mês de novembro. No portal da iniciativa, você pode conferir com detalhes o calendário e organizar sua visita.

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Porque esse é o ano para conhecer Valeta (Malta), a Capital Europeia da Cultura

A enseada de Valeta, em Malta (Viewing Malta/Peter Vanicsek)

A cada ano, um par de cidades é definido como as Capitais Europeias da Cultura. Um calendário com rica programação é desenvolvido para toda a temporada, o que faz com que as cidades que ostentam o título ganhem força no radar turístico europeu. As capitais de 2018 são Valeta (Malta) e Leeuwarden (Holanda), levando ao público centenas de eventos e projetos, que envolvem também intercâmbio com artistas de diversos países e obras de infraestrutura.

A iniciativa de criar Capitais Europeias da Cultura ano a ano nasceu, em 1985, da cabeça da então ministra de cultura grega, Melina Mercouri. A ideia era reunir a comunidade em uma programação que exaltasse o senso de coletividade europeu, o compartilhamento de ideais e da história por si só.

Rua central da cidade de Valeta (Viewing Malta/Gregory Iron)

Nas cidades designadas como Capitais da Cultura, são realizados grandes investimentos na construção de equipamentos que terão vida após o ano do título, como museus e centros culturais, além de serem realizadas diversas obras de revitalização de atrações históricas locais. Ou seja, as cidades Capitais da Cultura estão em sua melhor forma!

Neste espaço, vou apresentar as Capitais Europeias da Cultura de 2018 e comentar a programação de cada cidade. O primeiro post falará da capital da pequena ilha de Malta. Destino de verão com suas belíssimas praias banhadas pelo Mediterrâneo e ensolaradas praticamente o ano todo, Malta tem em Valeta uma das menores capitais da Europa, com apenas 0,8 quilômetros quadrados de área e pouco mais de 6 mil habitantes. Dado seu tamanho, Valeta é uma cidade para se conhecer a pé.

Tendo em vista a nomeação de Capital Europeia da Cultura, Valeta ganhou o The Valletta Designer Cluster. Além da criação desse grupo de estudos em Design, a sua sede foi reflexo de uma obra de revitalização em il-Biċċerija – reformas deram nova vida ao prédio do Velho Abatedouro, localizado em uma área residencial negligenciada.

Além disso, foram consequência da nomeação as reformas no mercado da cidade, o Is-Suq tal-Belt, a transformação da viela Strait Street em um hub cultural e a criação do museu de arte MUŻA, em construção nas dependências do Auberge d’Italie.

Mas não é só de infraestrutura que são feitas as Capitais Europeias da Cultura. Ao longo de todo o ano, Valeta reunirá 140 projetos e outros 400 eventos em uma programação que contará com cerca de mil personalidades locais e internacionais, dentre artistas, curadores, performers, promotores de workshops, escritores, designers, corais e cineastas.

Foram escolhidos três temas principais para nortear os espetáculos, divididos em Island Stories (Contos da Ilha), Future Baroque (Barroco do Futuro) e Voyages (Jornadas). Em 18 e 19 de maio, a cidade recebe o Malta World Music Festival, que terá extensa programação, estrelada por Afro Celt Sound System, Cushion, Refugees for Refugees e Ana Alcaide.

Capital Europeia da Cultura em 2018, a pequenina Valeta é casa de apenas 6 mil habitantes (Viewing Malta)

Um dos destaques da temporada é o Malta Jazz Festival (16 a 21 de julho), que terá participação de nomes como Chick Corea, Christian McBride, Karim Ziad e até mesmo do brasileiro João Bosco. Além de apresentações, serão ministradas aulas e workshops de música com especialistas.

Dentre as exposições, chama a atenção o intercâmbio cultural entre Malta e Japão este ano. A mostra fotográfica European Eyes on Japan (Olhos europeus no Japão) mostra o resultado da residência da fotógrafa maltesa Alexandra Pace e da holandesa Alice Wieling no país asiático. Os trabalhos estarão expostos no Spazju Kreattiv Upper Galleries de 31 de março a 29 de abril.

A já agitada vida em Malta este ano ganhou motivos a mais para os turistas rumo à ilha mediterrânea, já que apesar dos eventos se concentrarem na capital, toda a ilha promoverá atividades diversas. A programação completa do projeto 2018 de Valeta como Capital Europeia da Cultura pode ser acessada neste link.

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20 horas em Amsterdã; uma visita expressa à capital holandesa

A bela estação de Amsterdam Centraal

Não há muito consenso na indústria da aviação sobre qual é o tempo ideal para a conexão entre voos. Na prática, a gente bem sabe que ficamos longe do que seria esse ideal e, para conseguir melhores ofertas ou chegar àquele destino remoto, enfrentamos horas a fio de espera em saguões de embarque.

Nessa situação, sair do aeroporto para dar uma volta surge como a opção perfeita. Cada cidade tem sua especificidade que deve ser levada em conta, como distância do aeroporto para o centro, oferta e custo do transporte de/para o aeroporto e facilidade de se locomover uma vez na cidade. Mais importante do que tudo isso é saber se o país em questão permite a saída com o passaporte que você possui (se é exigido visto ou se é necessário o pagamento de alguma taxa, por exemplo). Portanto, sempre cheque esses pontos antes de cogitar a saída de um aeroporto.

De trem, o percurso Schiphol-Centraal demora cerca de 20 min

A caminho do Porto desde Guarulhos, minha conexão (daquelas bem longas) foi em Amsterdã. É verdade que eu tinha um propósito, que era testar o assistente pessoal da KLM – eu contei como foi neste post. Mas mesmo assim eu aproveitei as 20 horas ociosas na capital holandesa para simplesmente caminhar, sem muito rumo, sem grandes programações.

A ligação do aeroporto de Amsterdã-Schiphol com o centro da cidade é tão simples que é possível aproveitar conexões mesmo não tão extensas quanto a minha – eu diria que, a partir de 6 horas de conexão, é possível fazer um passeio tranquilo sem medo de perder o próximo voo.

A viagem entre Schiphol e Amsterdam Centraal (estação principal, próxima de diversos pontos de interesse da cidade) leva menos de 20 minutos. A passagem (€ 5,30) pode ser comprada em máquinas ainda nas esteiras de bagagem ou no saguão de desembarque. Como os bilhetes não especificam o horário do trem, apenas o dia a ser utilizado, uma sugestão é comprar de uma vez a ida e a volta para evitar outra fila no retorno ao aeroporto.

Compra de passagens é feita em guichês na saída do aeroporto

Há a opção de passes ilimitados para todo o sistema público de transportes de Amsterdã (€ 16 para um dia), mas como a ideia aqui é realizar passeios curtos e próximos da estação Centraal, eu preferi fazer esses trajetos a pé.

É impressionante a quantidade de atividades que pode ser feita em uma raio de 2 km de distância de Amsterdam Centraal. Sendo o tempo um limitador vou me conter a essa distância, por isso não citarei atrações como o Van Gogh Museum, o Rijksmuseum, o Vondelpark e o Heineken Experience, alguns dos queridinhos dos turistas na cidade.

Mesmo assim, dentro deste limite estipulado ficam museus, praças, monumentos, ruas e canais que dão um panorama bem abrangente do que é a Amsterdã turística. Pode soar contraditório, mas a dica aqui é não ter pressa. Na minha opinião, é melhor escolher duas ou três atrações e conhecê-las com profundidade do que tentar ticar toda uma lista de atividades que em ritmo normal necessitariam três dias de visita.

A Casa Anne Frank (1,7 km de Centraal) é a primeira sugestão. A oeste da estação central, o museu aborda a ocupação nazista na Holanda sob o olhar da pequena Anne Frank, garota que, escondida em casa com sua família, retratou em um diário a realidade do que era ser judeu em Amsterdã durante a guerra. É importante notar que, por conta de reformas, a venda de ingressos (€ 9 adultos; € 10 a partir de 1º de maio) está sendo feita exclusivamente pela internet.

Centro Velho de Amsterdã (Reprodução/Google Maps)

Para quem prefere se manter ao ar livre, a Dam Square (800 m de Centraal) é o lugar. A grande praça reúne artistas locais, possui um monumento para as vítimas da 2ª Guerra Mundial e ainda hospeda suntuosas construções como o Palácio Real. A caminhada rumo a Dam é uma atração à parte, com suas ruas estreitas, pavimentadas por paralelepípedos e exclusivas para pedestres.

Na sequência da visita a Dam Square, a sugestão é ir em direção ao Red Light District (1 km de Centraal). Conhecido por ser a zona de prostituição da cidade, com suas icônicas profissionais em vitrines, a região é também casa de uma porção de bares e opções de alimentação – seja durante o dia ou durante a movimentada noite.

Se for a sua, uma visita aos coffee shops de Amsterdã pode ser o complemento de sua rápida visita. Eles estão espalhados por todo o centro e não será difícil cruzar com um nas ruelas no entorno da Dam Square ou nos becos de Red Light. Só não perca a noção do tempo, o próximo voo da conexão não tarda.

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