Koningsdag, o Dia do Rei na Holanda

Ruas cheias, fantasias, celebração e muito laranja durante o King’s Day (Instagram/jessinwanderland_)

Ter a real experiência de entrar em contato com a cultura de um país é prioridade para muitos viajantes – e algo, cá entre nós, extremamente difícil de se conseguir em destinos tão descaracterizados pelo Turismo de massa. Grandes festas e celebrações locais são uma dessas raras oportunidades e, por conta disso, não vou me cansar de escrever sobre elas neste espaço.

Hoje eu volto para a Holanda, país que iniciou a trajetória do Viajante 3.0, para tratar de um dos dias mais importantes daquela terra. Oficialmente uma monarquia parlamentar, nos Países Baixos a família real mantém um respeitável peso simbólico entre a população. Prova disso é a tradicional celebração do Koningsdag (Dia do Rei).

Anualmente, no dia 27 de abril, a população se reúne para brindar a cultura da Holanda, com atividades a céu aberto e cidades (e pessoas) vestidas de laranja. O motivo da cor em abundância é porque essa representa a família real holandesa, a Casa de Orange-Nassau. Voltando para a festa, sua data, não por coincidência, cai no aniversário do Rei Willem-Alexander (ou Guilherme Alexandre se você preferir essas traduções monárquicas).

O dono da festa, Willem Alexander, e a família (Instagram/koninklijkhuis)

A celebração é nacional, ou seja, em qualquer grande cidade do país que você estiver nesse dia, certamente serão ouvidos muitos “fijne Koningsdag” (“feliz dia do Rei”) e terá um mar de enfeites e fantasias laranjas para lhe engolir. Mais que isso, a tradição pede que o Rei Willem visite uma cidade a cada ano. Hoje, então, em seu 51º aniversário, o monarca esteve em Groningen – atraindo multidão de 40 mil pessoas, segundo as autoridades.

Um dos pontos altos do Koningsdag são os vrijmarkt, mercados de pulgas com objetos vintage e colecionáveis. O Dia do Rei é o único no ano em que qualquer um pode comercializar seus bens nas ruas, sem a necessidade de alvarás ou permissões e ainda livre de imposto. Entende-se por: muita gente reunida vendendo e trocando bugiganga.

História

Um fato histórico interessante do feriado é que a celebração mudou de data ao longo das regências. A festa nasceu, em 1885, como Prinsessedag (Dia da Princesa), em homenagem à Princesa Wilhelmina (Guilhermina) – tornou-se posteriormente Koninginnedag (Dia da Rainha) com a morte de seu pai e consequente nomeação como rainha. A festa era comemorada a cada 31 de agosto, dia de seu aniversário.

Juliana, ao suceder a mãe no trono, rearranjou a data para o dia em que nasceu, obviamente: 30 de abril. Foi assim por quase 40 anos, até que Beatrix (Beatriz) se tornou rainha. Como seu aniversário cai em 31 de janeiro e o rígido inverno holandês não é assim tão convidativo para celebrações a céu aberto, ficou acertada a manutenção do 30 de abril, como homenagem à antecessora Juliana.

Ruas de Amsterdã com as cores da bandeira holandesa e, claro, o laranja (Instagram/blooolooo)

Em 2013, ao abdicar do trono e abrir caminho para a regência de seu filho, Willem, a festa mudou então de nome, de Koninginnedag para Koningsdag (de rainha para rei), e também de data. Coincidentemente, não foram necessárias grandes alterações já que Willem Alexander nasceu em 27 de abril, três dias antes da data que fora celebrada durante os 65 anos anteriores.

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20 horas em Amsterdã; uma visita expressa à capital holandesa

A bela estação de Amsterdam Centraal

Não há muito consenso na indústria da aviação sobre qual é o tempo ideal para a conexão entre voos. Na prática, a gente bem sabe que ficamos longe do que seria esse ideal e, para conseguir melhores ofertas ou chegar àquele destino remoto, enfrentamos horas a fio de espera em saguões de embarque.

Nessa situação, sair do aeroporto para dar uma volta surge como a opção perfeita. Cada cidade tem sua especificidade que deve ser levada em conta, como distância do aeroporto para o centro, oferta e custo do transporte de/para o aeroporto e facilidade de se locomover uma vez na cidade. Mais importante do que tudo isso é saber se o país em questão permite a saída com o passaporte que você possui (se é exigido visto ou se é necessário o pagamento de alguma taxa, por exemplo). Portanto, sempre cheque esses pontos antes de cogitar a saída de um aeroporto.

De trem, o percurso Schiphol-Centraal demora cerca de 20 min

A caminho do Porto desde Guarulhos, minha conexão (daquelas bem longas) foi em Amsterdã. É verdade que eu tinha um propósito, que era testar o assistente pessoal da KLM – eu contei como foi neste post. Mas mesmo assim eu aproveitei as 20 horas ociosas na capital holandesa para simplesmente caminhar, sem muito rumo, sem grandes programações.

A ligação do aeroporto de Amsterdã-Schiphol com o centro da cidade é tão simples que é possível aproveitar conexões mesmo não tão extensas quanto a minha – eu diria que, a partir de 6 horas de conexão, é possível fazer um passeio tranquilo sem medo de perder o próximo voo.

A viagem entre Schiphol e Amsterdam Centraal (estação principal, próxima de diversos pontos de interesse da cidade) leva menos de 20 minutos. A passagem (€ 5,30) pode ser comprada em máquinas ainda nas esteiras de bagagem ou no saguão de desembarque. Como os bilhetes não especificam o horário do trem, apenas o dia a ser utilizado, uma sugestão é comprar de uma vez a ida e a volta para evitar outra fila no retorno ao aeroporto.

Compra de passagens é feita em guichês na saída do aeroporto

Há a opção de passes ilimitados para todo o sistema público de transportes de Amsterdã (€ 16 para um dia), mas como a ideia aqui é realizar passeios curtos e próximos da estação Centraal, eu preferi fazer esses trajetos a pé.

É impressionante a quantidade de atividades que pode ser feita em uma raio de 2 km de distância de Amsterdam Centraal. Sendo o tempo um limitador vou me conter a essa distância, por isso não citarei atrações como o Van Gogh Museum, o Rijksmuseum, o Vondelpark e o Heineken Experience, alguns dos queridinhos dos turistas na cidade.

Mesmo assim, dentro deste limite estipulado ficam museus, praças, monumentos, ruas e canais que dão um panorama bem abrangente do que é a Amsterdã turística. Pode soar contraditório, mas a dica aqui é não ter pressa. Na minha opinião, é melhor escolher duas ou três atrações e conhecê-las com profundidade do que tentar ticar toda uma lista de atividades que em ritmo normal necessitariam três dias de visita.

A Casa Anne Frank (1,7 km de Centraal) é a primeira sugestão. A oeste da estação central, o museu aborda a ocupação nazista na Holanda sob o olhar da pequena Anne Frank, garota que, escondida em casa com sua família, retratou em um diário a realidade do que era ser judeu em Amsterdã durante a guerra. É importante notar que, por conta de reformas, a venda de ingressos (€ 9 adultos; € 10 a partir de 1º de maio) está sendo feita exclusivamente pela internet.

Centro Velho de Amsterdã (Reprodução/Google Maps)

Para quem prefere se manter ao ar livre, a Dam Square (800 m de Centraal) é o lugar. A grande praça reúne artistas locais, possui um monumento para as vítimas da 2ª Guerra Mundial e ainda hospeda suntuosas construções como o Palácio Real. A caminhada rumo a Dam é uma atração à parte, com suas ruas estreitas, pavimentadas por paralelepípedos e exclusivas para pedestres.

Na sequência da visita a Dam Square, a sugestão é ir em direção ao Red Light District (1 km de Centraal). Conhecido por ser a zona de prostituição da cidade, com suas icônicas profissionais em vitrines, a região é também casa de uma porção de bares e opções de alimentação – seja durante o dia ou durante a movimentada noite.

Se for a sua, uma visita aos coffee shops de Amsterdã pode ser o complemento de sua rápida visita. Eles estão espalhados por todo o centro e não será difícil cruzar com um nas ruelas no entorno da Dam Square ou nos becos de Red Light. Só não perca a noção do tempo, o próximo voo da conexão não tarda.

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