Entendendo o “encerrado para férias”

Antes de sair de férias, floricultura faz promoção para desafogar o estoque

Parece inconcebível para os que passam por Portugal em agosto que, em pleno verão, comércios troquem turnos duplos e casas cheias de turistas endinheirados pela tranquilidade de suas próprias férias. Agosto é o mês que escancara a maneira própria dos portugueses em gerir seus negócios, algo um pouco difícil de entrar na cabeça daquele brasileiro, digamos, mais capitalista.

Por aqui, muitos e muitos bares e restaurantes são geridos por famílias. Mesmo aqueles pontos mais tradicionais, que se tornaram clássicos ou “visitas obrigatórias”, não raro têm no comando até hoje os fundadores originais ou parentes próximos. É uma mistura de orgulho, zelo e desconfiança que impede que eles deixem seus negócios nas mãos de terceiros.

Ao mesmo tempo, como qualquer bom profissional que ralou durante o ano todo – e já enfrentou (e faturou) os movimentados meses de maio, junho e julho -, há de se reservar algumas janelas do calendário para o próprio descanso, que em geral acontece ao longo do mês de agosto.

Aí que surge o conflito. Há quem, racionalmente, com números e fórmulas, irá argumentar que é preciso se manter aberto o maior tempo possível na alta. Talvez até aumentar o horário de funcionamento e contratar temporários para maximizar os lucros da temporada.

Fui almoçar e…

No outro lado da argumentação, além do cansaço acumulado por tocar uma operação em ritmo frenético nestes cerca de quatro meses, trabalhar até o fim do verão significa ter para as férias pessoais o outono (que é lindo, mas…), um período menos convidativo, de dias cada vez mais curtos e temperaturas cada vez mais baixas.

Confesso que não foi fácil entender de cara essa opção pelas férias. Mas, pessoalmente, eu respeito muito essa escolha. Fechar seu estabelecimento no meio da alta temporada é tanto um reconhecimento aos funcionários que deram duro nos meses anteriores, quanto um recado a todos de que ali há pessoas que priorizam conforto e bem-estar ao invés de dinheiro.

Dei como exemplo bares e restaurantes, mas isso acontece de uma forma meio que geral pelos mais variados tipos de serviços. Fecham-se papelarias, drogarias e floriculturas (como a da foto). É difícil encontrar dentistas ou advogados atendendo, por exemplo.

Enfim, pode ser bem frustrante dar de cara com a porta fechada e um recado comunicando a data de retorno, mas eu não vou julgar aquele que só quer tirar um tempo para descansar e estar com os seus.

Não deixe de dar uma olhada nos últimos posts e acompanhe a jornada do Viajante 3.0 pela blogosfera da PANROTAS e também pela conta no Instagram.

Bastidores da operação de um cruzeiro de luxo

Seabourn Ovation em Kotor, Montenegro

Na semana passada eu fiquei um tanto quanto ausente aqui do blog, mas quem acompanha a jornada pelo Instagram viu que eu estava a bordo do Seabourn Ovation. O novo navio da armadora de ultraluxo deixou o estaleiro da Fincantieri, em Gênova, para sua viagem inicial – e eu fui lá cobrir esse cruzeiro para a Panrotas.

A reportagem completa sobre a visita estará em breve na Revista PANROTAS. No portal PANROTAS saíram algumas notinhas com detalhes internos do navio, como o design inteligente do premiado Adam Tihany e a gastronomia de primeira linha oferecida no cruzeiro.

Aqui para o Viajante 3.0 também resolvi escrever algumas linhas sobre o Seabourn Ovation – especialmente sobre o que acontece por trás de todo o aparato de luxo criado pela companhia. Durante a viagem, pude conhecer o interior do navio e fazer dois tours extremamente interessantes: pela sala de comando e pela imensa cozinha do navio.

Olhos atentos para o mar

Bridge tour

Bridge, na linguagem marítima, é a ponte de comando de onde capitão/capitã, oficiais e marinheiros definem coordenadas, leem mapas, calculam manobras e botam a embarcação para navegar. A tecnologia envolvida é altíssima, com equipamentos de última geração auxiliando os navegadores e motores potentes dando a força necessária. Ainda assim, o olho humano tem um papel essencial. A todo instante, ao lado dos comandantes, marinheiros checam as águas com seus binóculos, atentos para qualquer detalhe que possa surgir no horizonte.

Sala de comando, a “ponte” do navio

As escalas dos oficiais são variadas mas, em geral, eles trabalham oito horas por dia, com turnos intercalados de cinco e três horas. Ao todo, contando o capitão (que no Ovation é o norueguês Stig Betten), são nove profissionais atuando na ponte de comando.

Apesar de estar longe de ser o maior dos navios de cruzeiro, o Seabourn Ovation tem um tamanho considerável – ainda mais se for levado em conta os destinos remotos pelos quais ele passa. São 12 decks e mais de 40 mil toneladas de aço em alto mar, com capacidade de transportar confortável e luxuosamente até 600 passageiros, em 300 suítes.

Uma das estações da gigantesca cozinha

Galley tour

Come-se muito e come-se bem a bordo do Seabourn Ovation. As refeições são dignas de restaurantes conceituados em terra firme e este é um dos pontos que a armadora faz questão de investir para manter seu nível de luxo.

Galley, na terminologia da navegação, é a sala de preparo das refeições. Em um navio como o Ovation, toda a operação alimentar fica reunida em um só lugar (no deck 4). Eu visitei a cozinha no período entre almoço e jantar, então coube presenciar apenas o momento mais tranquilo da rotina dos cozinheiros.

O resultado final

Nas horas mais críticas, são cinco restaurantes e o room service enviando pedidos para as estações – que são divididas por comida quente, fria, vegetariana, doce, etc. O objetivo é entregar esses pedidos entre 7 e 12 minutos, para isso o Ovation tem à sua disposição 64 chefs!

Se alguém pensou que basta decorar o modo de produção dos pratos e ser feliz, o Chef de Cuisine executivo da galley, David Whelehan, mostra a extensa biblioteca de receitas do navio, que ele garante ser capaz de produzir menus diferentes por 42 dias seguidos. Só por curiosidade, termino o texto com o dado de que, por dia, são consumidos 2,5 mil ovos e 40 quilos de avocado.

Não deixe de dar uma olhada nos últimos posts e acompanhe a jornada do Viajante 3.0 pela blogosfera da PANROTAS e também pela conta no Instagram.