A verdade sob a pirâmide invertida do Louvre

A pirâmide de entrada do Louvre está localizada no meio do pátio externo do museu, lugar este denominado pátio Napoleão. Encomendada pelo então Presidente da República François Mitterrand, em 1981, foi projetada pelo arquiteto chinês-americano Ieoh Ming Pei. Ela é composta por 603 losangos e 70 triângulos de vidro,sua estrutura é inteiramente construída em metal e pesa cerca de 100 toneladas.

Embora a pirâmide tenha suscitado muita controvérsia durante a apresentação do seu projeto,  foi inaugurada em 30 de março de 1989 e tornou-se rapidamente a terceira obra mais popular do museu após A Mona Lisa e a Venus de Milo.

Outra pirâmide quase tão famosa é a Pirâmide Invertida, situada no interior do Carrossel do Louvre, construída com a mesma lógica da polêmica e extrovertida irmã, porém menor, tendo apenas 84 losangos e 28 triângulos. Seu extremo aponta para uma pequena pedra, também de formato piramidal.

No final do livro Código Da Vinci, o personagem criado por Dan Brown, Robert Langdon descobre que esta pequena pirâmide de pedra situada sob a pirâmide invertida é o topo de uma sala que abriga o túmulo de Maria Madalena. Esta revelação totalmente fantasiosa fez o pequeno monumento  virar um mito moderno e entrar na lista de pontos turísticos da cidade. É bem verdade que a Igreja Sainte-Marie-Madeleine, localizada há 1,2 km da pirâmide invertida, conserva um relicário contendo o fêmur esquerdo de uma mulher de cerca de 50 anos de idade que morreu há 20 séculos, de tipo mediterrâneo, medindo em torno de 1m 58…Mas essa é outra história.

Dan Brown, não foi o único escritor a fazer interpretações místicas sobre a pirâmide invertida do Louvre. No livro O guia de Paris maçônica do advogado e escritor Raphaël Aurillac, o autor supõe que no Louvre haveria existido um Templo Maçônico. Também segundo Aurillac, as várias pirâmides de vidro construídas em décadas recentes proveriam o do simbolismo maçônico. Aurillac vê na pirâmide invertida apontando para a pequena pirâmide de pedra a expressão do lema V.I.T.R.I.O.L. (Visita Interiorem Terrae Rectificandoque / Invenies Occultum Lapidem, “visita o interior da terra e… você encontrará a pedra secreta”), divisa de Alquimistas e da Rosa-Cruz.

 

No entanto durante as escavações e buscas que precederam a construção das ditas pirâmides, o que foi descoberto  na verdade foi o atelier de Bernard Palissy, grande ceramista do reino durante o renascimento. Nascido em 1510, o artista, criador de um estilo próprio e precursor de técnicas mundialmente reconhecidas foi acusado de ser protestante. Protegido por Caterina de Médici, Palissy sobreviveu aos ataques da São Bartolomeu em 1572, no entanto foi preso em 1589 e condenado a morte pela “Liga” católica devido à sua crença, morreu na Bastilha de fome, frio e maus tratos.

No local onde hoje tronam a Pirâmide Invertida e a pequena pirâmide de pedra foram encontrados em 1985 pedaços de louças e artefatos domésticos, além de uma peça magistral: uma caverna encomendada por Caterina de Médici em 1565, destinada a enfeitar o jardim do extinto palácio de Tuileries. Pedaços de lagartos, sapos, serpentes e variedades de conchas desvendaram segredos de delicadas técnicas de moldagem e pintura. Os vestígios do atelier do excepcional artista condenado a morrer na Bastilha, estão atualmente expostos no Louvre e no museu d’Ecouen.

Conheça nas imagens abaixo a descoberta do atelier de Bernard Palissy e sua obra.

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Silvia Helena

Após breves passagens pela Faculdade Metodista de São Bernardo e Belas Artes de São Paulo, aos 18 anos fui estudar no Canadá, onde vivi durante 23 anos. Lá me formei em História da Arte pela Universidade de Montréal, estudei turismo no Collège Lasalle de Montréal e no Institut de Tourisme et Hôtellerie du Québec. Comecei minha carreira na área trabalhando em Cuba. Durante os anos vividos no Canadá, entre outras coisas, fui guia de circuitos pela costa leste e abri minha primeira agência de receptivo para brasileiros. Há 18 anos um vento forte bateu nas velas da minha vida me conduzindo até França. Atualmente escrevo de Paris, onde vivo e trabalho dirigindo a empresa de receptivo, LA BELLE VIE.

5 thoughts on “A verdade sob a pirâmide invertida do Louvre

  1. No seu texto você fala sobre os achados durante as escavações, ou seja, antes da remodelação atual do Louvre, mas eu fiquei curioso pra saber o que se esconde debaixo da pirâmide pedra nos dias atuais. Parece que ninguém consegue afirmar com certeza o que está ali.

    1. Oi Alex
      Obrigada por seguir o blog e deixar seu comentário. A grande piramide está sobre o hall de entrada do próprio Louvre
      Segue o que diz Wikipedia sobre a piramide invertida
      “Inaugurada em 1989, a pirâmide invertida do arquiteto chinês-americano Ieoh Ming Pei pesa 180 toneladas e mede 16 metros de um lado por 7 metros de altura.

      É em contraste com a Grande Pirâmide, que é claramente visível e marca a entrada do Louvre, enquanto a pirâmide invertida não é visível de fora se você ficar no nível do solo: na verdade, não é apenas abaixo do nível do solo, mas o centro da Praça do Carrossel onde a pirâmide invertida está localizada é inacessível e é visualmente fechada por cercas.

      O ápice da Pirâmide invertida enfrenta por simetria uma escala reduzida deste último. Esta pirâmide aparece duas vezes, no início e no final, no filme O Código Da Vinci e o túmulo de Maria Madalena deveria estar sob a reprodução de pedra no ápice da pirâmide invertida.

      Este local é servido pela Estação de Metrô Palais-Royal – Museu do Louvre.”

      Assim sendo, é muito possivel que instalações do metro se encontrem no subterrâneo.

      Quem sabe….

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