Eu pensei que esse post seria sobre maravilhosos chocolates de Páscoa e chocolateiros parisienses, manchete comum, porém sempre bela e convidativa nesta época do ano.
No entanto as controvérsias foram tantas essa semana que o tema mudou. Não quero aproveitar da onda mediática sobre o fatídico incêndio da Catedral Notre Dame, mas não deixa de ser interessante saber como a França reagiu à questão uma vez passada a grande emoção.
E como é sabido a França é o país da controvérsia. Contextualizando: Há 23 semanas, desde o inicio da “crise dos coletes amarelos”, cada passo do governo tem sido auscultado pela população.
Para acalmar os ânimos da prole impaciente (tanto os prós coletes amarelos quanto os contras), Macron ou Júpiter* e sua corte tentaram “demonizar” o movimento, reprimi-lo, provocá-lo com ostensiva presença e ação policial, assim como mostraram completa indiferença frente às câmeras quanto as exigências dos incansáveis manifestantes.
Como reagir a reivindicações de mais justiça fiscal e reabilitação de imposto sobre as fortunas (ISF) quando você é o representante destas fortunas no poder? Como atender aos pedidos sobre os quais Bruxelas e grandes lobbys já decidiram o contrário e não há margem de manobra? Assim Macron ficou calado semanas até ser obrigado a criar uma distração ou uma ação marketing.
Em esperado discurso em rede nacional, sem jamais fazer menção dos coletes amarelos, convidou os cidadãos da República Francesa para participar a um grande debate nacional, através de reuniões municipais e participações on-line. Apresentou-se pessoalmente em uma ou duas reuniões municipais, foi filmado, fez alguns sermões. Sim, seus discursos não são discursos, são sermões sobre o esforço que deve ser feito (pelo povo) em prol do bem comum.
Nesta segunda-feira, muito antes do triste incêndio da Notre-Dame-de-Paris (já em vias de restaurações previstas para durar no mínimo 20 anos), a nação aguardava ansiosa as declarações oficiais de Macron concluindo o processo do Grande Debate Popular, finalizado sábado dia 13 de abril. .
Ao invés disso Macron, salvo pelo gongo, foi diante de Notre Dame ainda em chamas e prometeu uma reconstrução “mega blaster” rápida. Humm? Primeira polêmica: O governo não estava sem dinheiro?
As grandes doações começaram a cair do céu! Que caridade seletiva é essa? E a África ? E os ursos polares? Segunda polêmica!
Como o poder aquisitivo do povo desce e os milionários dispõem de tanto dinheiro? Terceira controvérsia.
As doações serão dedutíveis de impostos? Quarta polêmica
Macron subiu na “crista da onda” das doações e antes mesmo das perícias terminadas chutou 5 anos para as reconstruções! Quinta polêmica! Ele não mencionou, mas tenho certeza que para executar seu plano não hesitará em instalar um teto de vidro e “se vacilar” uma máquina de distribuição de Coca-Cola criando assim a melhor e mais rentável vista panorâmica sobre as gárgulas e o Rio Sena.
Em menos de 72 horas, um concurso internacional foi lançado para avaliação de novos projetos! Assim como foi lançada a nova polêmica que só esta começando: reconstruir ou reinventar? E você? O que acha?
Jupiter*apelido pelo qual é conhecido, fazendo alusão a uma imaginária sucessão ao Rei Sol, Luiz XIV, monarca absolutista que reinou entre 14 de maio 1643 até sua morte em 1715.
Desenhos Instagram Allan Barte – esse jovem desenhista e criador de quadrinhos tem talento e soube expressar claramente algumas questões tratadas neste post
Mesmo com tanta polêmica, quero desejar FELIZ PÁSCOA para você querido (a) leitor (a)!
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