Estação Rio do Braço: a fascinante decadência do ciclo do cacau

Tendo sido uma das cidades mais ricas e poderosas da Bahia, a região de Ilhéus reúne tesouros que apenas olhares mais atentos conseguem perceber em meio ao relativo caos que ganhou a paisagem nos últimos anos. O cacau, responsável pela opulência do lugar na primeira metade do século XX, entrou em declínio acelerado após a famigerada praga da vassoura-de-bruxa, e com isso, fazendas e vilarejos inteiros chegaram a ser totalmente abandonados, numa fuga desesperada da população em busca de novas fontes de renda.

Antes que você interprete o título de maneira equivocada, um esclarecimento: não houve nada de fascinante na decadência da economia cacaueira. O caso foi sério, repercute até hoje, inspira as mais diversas teorias conspiratórias e impactou direta e indiretamente na vida de milhares de pessoas. Agora, se você for um apaixonado por História, assim como eu, e não controla a emoção ao conhecer locais antigos, precisa marcar uma visita à Estação Rio do Braço na sua próxima viagem a Ilhéus.

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O povoado praticamente parou no tempo, como se tivesse sido evacuado da noite para o dia – quase uma versão ilheense de Pompeia, a famosa cidade destruída pelo vulcão Vesúvio. Originalmente, a estação de trem foi inaugurada em 1911, como mais uma opção para escoar a produção do cacau, e veio a ser desativada na década de 60, duas décadas antes da praga que devastou as plantações do Sul da Bahia. O casario ficou em ruínas, e até pouco tempo atrás, o silêncio ensurdecedor só era cortado por um ou outro latido de cachorro, galope de cavalo ou algum carro que cruzasse a estradinha da vila. Sabe cidade fantasma, de filme de terror ou de faroeste, com direito a mansão com cara de mal assombrada? Pois é exatamente isso.

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Um projeto que vem movimentando o povoado começou com a recuperação da antiga estação de trem. A Estação Rio do Braço foi reformada e transformada num centro de lazer e gastronomia, com restaurante, parque infantil e palco onde se apresentam bandas de forró. Com o apoio do SEBRAE, da TV Santa Cruz (afiliada da Rede Globo) e uma soma de forças que teve início a partir do sonho do proprietário da fazenda, Lucas Kruschewsky, o lugar está recebendo turistas de várias cidades da região.

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Uma curiosidade: por ser quase uma cidade cenográfica, o distrito de Rio do Braço foi escolhido como locação para a novela ‘Renascer’, de 1993.

INFORMAÇÕES

Estação Rio do Braço

Rodovia Ilhéus-Uruçuca, Km 25, Distrito do Rio do Braço

Horário de Funcionamento: sábados e domingos, das 11h às 18h

Contato: (73) 99926-6175 / (73) 99924-5739 / contato@estacaoriodobraco.com.br

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Iuri Barreto

Iuri Barreto é formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia e Gerente de Comunicação da Grou Turismo. É baiano de alma, nascimento e profissão, e também o autor do Guia do Soteropobretano, blog com mais de 130 mil seguidores nas redes sociais.

7 thoughts on “Estação Rio do Braço: a fascinante decadência do ciclo do cacau

  1. Acabei de ir neste local (07/01/2018 – 13:00) e voltei sem ter visto nada de mais, muito pelo contrário. Nenhuma estrutura de turismo e nem básica.
    Estrada de chão batido, cheia de buracos e duas pinguelas pouco confiáveis.
    Fazenda e restaurante fechados.
    Não há acesso fácil ao rio para banho.
    “Programa de índio”.

  2. Muito legal a matéria.Morei no sul da Bahia,era repórter da TV Santa Cruz.Sempre GUI fascinada pelo cacau e pela mata Atlântica.Conhecia Rio do braço das matérias que fazia sobre o cacau e sempre sonhei com a revitalização do local,principalmente das casas antigas.Se isso acontecer Sera,sem duvida ,um grande point de turismo ecológico e histórico cultural mundial.Feliz por Rio do Braço.😀

  3. Esse lugar fez parte da minha infância,o casarão da Fazenda foi abandonado pelo dono com tudo dentro!prataria móveis caro piano de calda louças de porcelana tudo!como sei disso?entrei no casarão e vi ,era criança mas achei estranho,entrei para ajudar a limpar!os únicos moradores morcegos!Minha mãe contava uma história assombrosa que ela vivenciou do porque do abandono do antigo dono Eduardo Catalão!

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