Maquiavel aprovaria

Tenho essa mania de antecipar (ou tentar antecipar) os fatos e confesso: é mais forte do que eu…

Escrevi um post em 17/09/10 – DU no internacional – sobre as novidades (ou falta de novidades) que o congresso da ABAV este ano nos traria e, como procuro fazer, fui direto ao assunto e arrisquei uma previsão:

“Este ano, ao que tudo indica, a grande novidade não será (ainda) a TASF, nem o fim da remuneração do agente embutida no bilhete aéreo e nem mesmo a equiparação das tarifas dos portais das cias. aéreas com as oferecidas pelas agências de viagens.

A grande surpresa (nem tão surpreendente assim) deverá ser a criação da taxa DU (oooops…, da RAV) nos bilhetes internacionais.”

De lá para cá, a DU no internacional foi mesmo anunciada, mas as discussões indicavam que o tema principal se resumiria ao debate sobre a TASF (que a ABAV já percebeu que não atende o interesse dos agentes de viagens), assunto também abordado aqui com certa antecedência, em post de 29/06/10: TASF: adivinha quem vai pagar esta conta…

Mas aí vem uma cia. aérea, a escolhida da vez, e corta a comissão no internacional às vésperas do Congresso da ABAV…!

O fato de ter sido anunciado às vésperas do Congresso da ABAV me lembra uma das máximas do italiano Maquiavel: ”É preciso fazer todo o mal de uma só vez a fim de que, provado em menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, a fim de que seja mais bem saboreado”.

A Alitalia faz o papel de “bad cop” da vez, como fez a American Airlines em 2003, ao ser a primeira a reduzir a comissão de 9% para 6% e a Air France em 2006, ao iniciar a cobrança, em seu website, de tarifas mais baratas do que as vendidas pelos agentes de viagens.

Nada de novo nisso: as cias. aéreas internacionais decidem em bloco, pois em bloco são mais fortes, mas agem de forma isolada, com uma delas sempre puxando o fio da meada (ou abrindo a porteira) para as demais.

Estratégia? Espírito de corpo? Ou espírito de sobrevivência?

A parceria entre cias. aéreas e agentes de viagens perdura até quando for interessante para ambos os parceiros, como qualquer parceria.

Como as cias. aéreas acreditam que precisam cada vez menos das agências de viagens, esta relação de parceria deixa de existir, para se tornar uma relação de dependência… e, é claro, os agentes de viagens, como empresários, não desejam depender de ninguém.

A realidade é que trata-se do início do ato final da morte da comissão, que nos fará, no médio prazo, entender e aceitar que se o agente de viagens presta um serviço ao cliente, este é quem deve remunerá-lo.

Mas penso que, neste caso, não é a cia. aérea internacional que deve definir quanto, quando e nem como o agente de viagens deve cobrar pelo seu serviço, pois esta é uma relação entre o agente e seu cliente e, portanto, independe do fornecedor.

Por isso, acho que os agentes de viagens devem encontrar sua própria solução de cobrança aos seus clientes e libertar-se dos TASF, RAV, DU e outras siglas e formatos estabelecidos pelos fornecedores ou, pior, pela sua associação internacional ou, ainda pior, por uma empresa com fins lucrativos criada por uma associação sem fins lucrativos…

Nosso mercado está suficientemente maduro e é capaz de encontrar esta solução, se os agentes de viagens dirigirem o foco dos debates para a outra parte envolvida nesta cobrança: o seu cliente.

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

12 thoughts on “Maquiavel aprovaria

  1. Não há bons jornalistas de aviação nos jornais diários. Eles simplesmente ignoraram essa notícia… Que é vital pros passageiros. E…melhor parar por aqui. Agora, Vabo citando Maquiavel? Isso é coisa do Vabo Jr. hein… Que eu lembre você só lia Sidney Sheldon…

  2. Não há bons jornalistas de aviação nos jornais diários. Eles simplesmente ignoraram essa notícia… Que é vital pros passageiros. E…melhor parar por aqui. Agora, Vabo citando Maquiavel? Isso é coisa do Vabo Jr. hein… Que eu lembre você só lia Sidney Sheldon…

  3. João Carlos,

    Respondo sua pergunta com outra:

    Com a redução da comissão do agente de viagens, de 6% para 1%, a Alitalia certamente reduziu todas as suas tarifas em 5%, certo?

    []’s

    Luís Vabo

  4. João Carlos,

    Respondo sua pergunta com outra:

    Com a redução da comissão do agente de viagens, de 6% para 1%, a Alitalia certamente reduziu todas as suas tarifas em 5%, certo?

    []’s

    Luís Vabo

  5. Tio Artur,

    Sou existencialista, meu estilo está mais para Sartre…, mas aprecio Maquiavel e outros.

    Também gosto de leitura despretensiosa, como Sidney Sheldon, mas prefiro Dan Brown.

    Gosto de muita coisa, mas tenho preferências entre as coisas que gosto.

    []’s

    Luís Vabo

  6. Tio Artur,

    Sou existencialista, meu estilo está mais para Sartre…, mas aprecio Maquiavel e outros.

    Também gosto de leitura despretensiosa, como Sidney Sheldon, mas prefiro Dan Brown.

    Gosto de muita coisa, mas tenho preferências entre as coisas que gosto.

    []’s

    Luís Vabo

  7. Adorei seu post, principalmente os ultimos paragrafos onde diz que o agente pode e deve sair desta discussão e focar em outro lado, o cliente. Aliás falamos sobre isso, faz + ou – uns 6 a 8 anos, não?
    bjos,

  8. Adorei seu post, principalmente os ultimos paragrafos onde diz que o agente pode e deve sair desta discussão e focar em outro lado, o cliente. Aliás falamos sobre isso, faz + ou – uns 6 a 8 anos, não?
    bjos,

  9. Pois é, Viviânne,

    O agente de viagens acostumou-se, ao longo dos anos, a negociar a forma e o valor de seu serviço, com as cias. aéreas e hotéis.

    Agora, deverá direcionar essa negociação para quem, efetivamente, pagará por seu serviço.

    []’s

    Luís Vabo

  10. Pois é, Viviânne,

    O agente de viagens acostumou-se, ao longo dos anos, a negociar a forma e o valor de seu serviço, com as cias. aéreas e hotéis.

    Agora, deverá direcionar essa negociação para quem, efetivamente, pagará por seu serviço.

    []’s

    Luís Vabo

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