Um fim de semana inteiro dedicado aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ao vivo na linda Arena Central do tênis do magnífico Parque Olímpico, e pela SporTV (ninguém mais suporta o Galvão Bueno), em vários outros esportes.
Emoções de todos os tipos, mas entre tantas descobertas e constatações, nada me impressionou mais do que a vontade de vencer de alguns atletas que, independentemente de desculpas, dedicaram-se de forma obstinada para superar tudo e vencer.
Sim, os Jogos Olímpicos são sobre vencer, este é o único desejo comum a todos os atletas, mesmo os que admitem não ter chances de medalha desejam ao menos vencer um jogo, uma luta, uma competição que seja…
Por isso, nem estranhei ao ouvir algumas frases autênticas neste sábado, domingo e segunda-feira:
A torcida brasileira não tem educação.
Torcedora brasileira, reclamando do barulho durante jogo de tênis
É que a senhora não conhece os “hooligan” e os “dissidenti”.
Torcedor italiano, confundindo tênis com futebol
Vou dar um cacete nesse argentino !
Jovem brasileiro, aborrecido com os xingamentos de um argentino contra Rafael Nadal
Nos Jogos do Rio, o Brasil nadou como nunca !
Adolescente brasileiro, sobre o esforço dos nossos nadadores
E perdeu como sempre…
Colega do adolescente brasileiro, sobre os resultados não alcançados
Foi dada a largada…, Phelps fez uma volta ruim…, ultrapassa Phelps…, voando Michael Phelps…, perdeu, ganhou, perdeooooo…, ganhôôôôô Phelps !
Galvão Bueno, misturando natação com automobilismo, e errando como sempre
Medalha de ouro no Brasil é mero acaso do destino.
Comentarista esportivo, sobre a falta de planejamento esportivo no Brasil
Não existe acaso em medalha de ouro, existe é treino, esforço e muito suor.
Medalhista olímpico brasileiro rebatendo o comentarista esportivo
O time descobre que é o azarão ao ouvir os brasileiros torcendo por ele.
Atleta americana, estranhando que o brasileiro prefira torcer para o mais fraco
Não aguento mais essa cultura de perdedor.
Torcedor brasileiro, cansado da falta de atitude dos nossos atletas, que inventam desculpas quando perdem e choram quando vencem
Esse é O Cara ! Não se intimidou com a marra do francês. Foi pra cima “literalmente”, sem medo de ser feliz. E o mais importante: Não chorou quando venceu…
Torcida brasileira, unânime, sobre Thiago Braz, o novo heroi nacional
São comentários amargos, mas não há como ignorá-los…
A cultura do mais fraco
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro lançaram luz sobre um problema que reside na cultura e na história de nosso país, que tem predileção pela vítima, pelo coitado, pelo mais fraco.
Apostamos que, mesmo em condições inferiores de treinamento e de oportunidades, o pior preparado dará a volta por cima e surpreenderá o mais bem preparado, gostamos de acreditar em histórias de superação pessoal, no menino pobre que se transforma no jogador de futebol milionário, na vitória sem treinamento, no lampejo de luz, no milagre…
Acreditamos em mágicos, em salvadores da pátria, em herois, em martires…, como se, por algum momento, aquela efêmera vitória nos distanciasse da nossa dura realidade.
Enquanto isso, gostamos do Arthur Nory, da Mayra Aguiar e da Poliana Okimoto, nos orgulhamos do Felipe Wu, do Diego Hipólito, do Arthur Zanetti e do Isaquias Queiroz, e idolatramos a Rafaela Silva e o Thiago Braz.
Para você pensar
Até este momento, das 9 medalhas olímpicas conquistadas por atletas brasileiros nos Jogos do Rio, 8 são de atletas militares, apoiados pelas Forças Armadas.
Sim, dos 465 atletas brasileiros disputando os Jogos do Rio 2016, cerca de 1/3 é militar.
Veja a relação completa desses 145 atletas neste link do Ministério da Defesa.
Estará o Ministério da Defesa absorvendo o papel esperado do Ministério dos Esportes?
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Excelente abordagem e reflexão. Como sabemos “a excelência é um horizonte sem fim” e um desafio individual. Abraço ao amigo.
Pois é isso,
Para ser campeão olímpico, antes de tudo tem que querer muitooooooooooooo.
Não é sorte, não é acaso, não é milagre…
Medalha de ouro é para quem consegue reunir talento, treino e esforço, para perseguir este objetivo de forma obstinada, contra tudo e contra todos, durante as 2 semanas dos Jogos Olímpicos.
[]’s
Luís Vabo