FORUM ABRACORP – SAIBA COMO FOI O PRIMEIRO EVENTO PRESENCIAL DE 2020

Sim, fizemos um evento presencial.

Havia também a possibilidade de assisti-lo remotamente ao vivo, mas foi um dos primeiros, senão o primeiro, evento do mercado de viagens corporativas com todos os painelistas (eram 8) e plateia presencial (+/-60 pessoas), durante o período da pandemia.

Obviamente foram cumpridos todos os protocolos recomendados pelos órgãos de saúde e mais alguns, da própria Abracorp, sempre focada na segurança e no compliance.

Com apoio do Hotel Transamerica, infraestrutura da Hoffmann e patrocínio da Localiza, o 6o. Forum Abracorp abordou temas interessantes e fugiu um pouco do ufanismo de celebrar uma retomada que ainda demora (falta a vacina) e tratou do assunto com responsabilidade social (saúde em primeiro lugar), olho nos negócios (todos dependemos das vendas) e visão prospectiva (como será 2021 em diante).

Os CEOs das 3 principais cias. aéreas em operação no Brasil (Gol, Azul e Latam), das 2 maiores locadoras de automóveis (Localiza e Movida) e de 2 das mais relevantes redes hoteleiras do mercado corporativo (Blue Tree e Atlantica) debateram por 90 minutos, moderados pelo CEO do Experience Club.

8 CEOs reuniram-se para debater no evento presencial 6o. Forum Abracorp 2020: Gol, Azul, Latam, Blue Tree, Rede Atlantica, Localiza e Movida, moderados pelo Experience Club

Aprendizado

Vale muito assistir ao vídeo do evento no canal Abracorp no Youtube, mas separei aqui alguns trechos do que ouvi dos painelistas, não precisamente da forma como está escrito, mas da maneira como captei a mensagem, como um verdadeiro aprendizado:

“Estamos vivendo o maior desafio profissional de nossas vidas. Não acrediro em especialistas de situações inéditas.”
Paulo Kakinoff, da Gol, sobre o real tamanho do problema.

“Há previsões de consultores sobre a plena recuperação do mercado de viagens e turismo somente em 2022 ou 2023. Nós nos recusamos a acreditar nisso.”
Eduardo Giestas, da Rede Atlantica, contrariando os pessimistas.

“Eu fiz dois dias de home-office durante toda a pandemia e vou te dizer: foi difícil. Eu acredito no time atuando junto.”
Renato Franklin, da Movida, sentindo falta do escritório

“Parabenizo a Abracorp por estar mostrando aqui hoje, que é possível viajar, reunir pessoas e fazer eventos. Nós somos a prova de que já é possível sim.”
Chieko Aoki, da Blue Tree, afirmativa.

“Este tema da vacina é igual ao tema da economia, são temas polêmicos que só aumentam o cenário de incertezas.”
Jerome Cadier, da Latam, assegurando que ninguém tem todas as respostas para a pandemia.

“Cumprindo os protocolos, voar, viajar é absolutamente seguro.”
Paulo Kakinoff, da Gol, sobre a segurança dos voos durante a pandemia.

“Alguns agentes estão prevendo vendas da ordem de 70% a 80% do volume de 2019, já no segundo semestre de 2021.”
Bruno Lasanski, da Localiza, otimista realista.

“Temos um otimismo prudente, racional, com muita cautela. Os grandes eventos só retornarão com a vacina, imunidade de rebanho ou terapias bem sucedidas. Protocolos não funcionam em mega-eventos.”
Eduardo Giestas, da Rede Atlantica, otimista cauteloso.

“Estamos recebendo muitos eventos pequenos, intimistas, que trazem os CEOs para falar e inspirar suas equipes. Percebemos uma demanda por reaproximação das pessoas.”
Chieko Aoki, da Blue Tree, analisando o comportamento dos clientes corporativos.

“O melhor do meu call center é a preparação das pessoas para assumirem novos desafios na empresa. Isso tem que ser presencial !”
Renato Franklin, da Movida, valorizando a cultura criada no dia-a-dia do escritório.

“O que eu sei é que tem banco comercial viajando cinco vezes mais do que seus concorrentes. Eu diria aos demais bancos: abre o olho porque estão visitando seus clientes.”
John Rodgerson, da Azul, estimulando as viagens corporativas.

“Brasil era 50% da operação da Latam antes da pandemia. Agora, o Brasil representa 80% de todas as nossas operações.”
Jerome Cadier, da Latam, explicando o impacto da pandemia nos voos na America Latina.

“Os EUA não tem muito para ensinar ao Brasil neste momento, mas acho que os brasileiros deveriam amar, defender e vender bem o seu país como os americanos fazem.”
John Rodgerson, da Azul, cada vez mais brasileiro.

“Eu sou argentino, admito o avanço do Brasil nos últimos anos e acho que este é o melhor lugar para se viver. Espero que esta live não seja vista na Argentina…”
Bruno Lasanski, da Localiza, apoiando Rogerdson no amor ao Brasil.

“Meu maior preparo para enfrentar esta pandemia é o fato de eu ser brasileiro, com resiliência para encarar esta crise, que vai demorar algum tempo ainda.”
Jerome Cadier, da Latam, que apesar do nome, é brasileiro mesmo.

Evento presencial e a felicidade de reencontrar os amigos Marcello Restivo, da Tivolitur, Peterson Prado, da Avipam e Luiz Srauss, da Promotional, entre muitos outros.

Foi uma tarde incrível, quando pudemos olhar pra frente enquanto mantemos os pés no chão e atestamos o real significado da estagnação econômica, gerada pela pandemia, no mercado de viagens, ao mesmo tempo em que planejamos como será o próximo ano, quando as vendas provavelmente ainda estarão algo abaixo da força de 2019.

Que venha a vacina, chinesa, russa, americana, inglesa ou brasileira, mas que esteja testada e atestada, para podermos vislumbrar, a longo de 2021, a possibilidade de voltarmos a crescer e sonhar com o patamar de negócios que ralamos muito para conquistar em outros tempos.

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O QUE O GOVERNO VAI CONSEGUIR COM A CENTRAL DE COMPRAS

Desculpem se sou ácido, mas não consigo tapar o sol com a peneira e não vejo motivos para as recentes comemorações pela retomada, um conceito desejado por todos (onde naturalmente me incluo), mas distante de tornar-se realidade.

Não bastasse a conhecida desunião das categorias profissionais, com raras e nobres exceções, refiro-me não aos discursos (onde somos sempre unidos) mas aos interesses individuais que tendem a prevalecer sobre os coletivos, típico de um Brasil de sempre, agravado por um Brasil pandêmico.

Não bastasse a tendência pela desintermediação, um esforço não coordenado que une clientes e fornecedores num mesmo objetivo, equivocado sobre diversos pontos de vista, mas que sobrevive e avança a cada dia.

Não bastasse a auto-desvalorização do próprio agente de viagens corporativas, que precifica seu serviço ao mesmo tempo que o desvaloriza, oferece crédito sem ser agente financeiro (e sem lastro), concorre de forma sanguinária e autofágica, além de focar na venda do produto (que favorece fornecedores) quando deveria focar no serviço ao passageiro (que conquista clientes).

Não bastasse a pandemia do coronavírus, que além de prejudicar a economia global, feriu gravemente todas as atividades relacionadas a viagens e turismo, impactando todas as transportadoras (aéreas, terrestres e marítimas), todos os meios de hospedagem (de todos os tipos e segmentos) e toda a rede de distribuição, criando a tempestade perfeita, uma crise simultânea de oferta e de demanda.

Não bastasse este cenário de terra arrasada para todo o turismo brasileiro, em especial para as viagens corporativas, vem agora o governo federal aproveitar este momento de absoluta fragilidade do setor, para ressuscitar o fatídico projeto do governo Dilma, a Central de Compras, objeto de processos e prisões no antigo ministério do Planejamento do PT, à época sob a batuta do ex-ministro Paulo Bernardo (que também foi preso), sendo que esta iniciativa atualmente está ligada ao ministério da Economia.

Partindo das mesmas premissas equivocadas, a Central de Compras pretende substituir a expertise de toda uma indústria de gestão de viagens corporativas (especialidade conquistada pela capacitação, experiência e investimentos em tecnologia de centenas de agências de viagens corporativas ao longo dos últimos 20 anos), através da estatização da atividade, contratação de centenas de colaboradores, a preços de servidores públicos, um custo seguramente maior do que o praticado pelas TMCs que atuam no setor.

Sobre este mesmo tema (Central de Compras), postei aqui em julho de 2014, durante o governo Dilma:

Também tratei do assunto em post de julho de 2016, também durante o governo Dilma:

Já no governo Bolsonaro, postei aqui em abril de 2019 (há pouco mais de 1 ano), sobre esta mesma iniciativa, fomentada pelos burocratas do extinto ministério do Planejamento, atualmente alocados no ministério da Economia:

Fato é que nada mudou, sob o argumento político falacioso de reduzir gastos com passagens aéreas, o governo conseguirá, numa só tacada:

1) Estatizar a atividade de agenciamento de viagens: ponto para o corporativismo dos servidores públicos.

2) Aumentar o valor do ticket médio das passagens aéreas: ponto para as cias. aéreas.

3) Centralizar nas mãos de burocratas e políticos a negociação com as cias. aéreas e com a empresa privada de tecnologia que prestará este serviço ao ministério da Economia (a mesma empresa desde 2014): ponto para a velha política, que sobrevive a avança, mesmo confrontando os conceitos liberais do atual governo.

A Central de Compras representa a estatização da atividade de agenciamento de viagens, incluindo todas as suas conhecidas desvantagens

Todas essas 3 consequências resultam em óbvias perdas aos cofres públicos, essa fonte de recursos intangível que pertence a toda a sociedade, mas é gerida pela classe política e, neste caso, fomentado por burocratas de esquerda ainda hospedados no atual ministério, que buscam alargar a participação do estado na economia, na contramão do atual governo, que promete exatamente o oposto.

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O PRESIDENTE FOI MAL ORIENTADO

Verdade seja dita: o ministro Marcelo Álvaro Antonio tem se empenhado em destravar importantes gargalos ao desenvolvimento do mercado de viagens e turismo brasileiro.

A liberação do visto para americanos, australianos, japoneses e canadenses e a participação de até 100% de capital estrangeiro nas cias. aéreas nacionais são alguns destes acertos, além da aprovação da Lei Geral do Turismo, engavetada há anos sabe-se lá em qual gaveta…

Na ânsia de promover ações assertivas em diversas áreas nestes primeiros 100 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro foi levado ao erro de acreditar que o governo economizará através da compra direta de passagens aéreas pelos órgãos públicos do governo federal.

Esta iniciativa, originada no governo Dilma, provou-se um verdadeiro fracasso devido ao descontrole sobre as tarifas aéreas, quando reservadas e emitidas sem a devida consultoria de uma agência de viagens corporativas (ou TMC).

Sobre este assunto, postei aqui no Blog em 19/07/2016, sobre a desastrosa iniciativa do PT de criar a central de compras de passagens aéreas, incluindo denúncia contra equipe do MPOG Paulo Bernardes, no texto COMPRA DIRETA DE BILHETES AÉREOS PELO GOVERNO FRACASSA

Neste texto, provo matematicamente que o preço médio dos bilhetes aéreos emitidos pela tal central de compras do MPOG foi mais caro do que o preço médio dos bilhetes aéreos emitidos pelas agências de viagens corporativas no ano anterior, apesar da divulgação equivocada do MPOG na época.

Acrescente-se a isto os óbvios custos extras proporcionados pela equipe contratada (ou desviada de função) da central de compras, além do custo da tecnologia (online booking tool) contratada para este projeto e de sua integração ao SCDP (sistema de concessão de diárias e passagens do MPOG).

Governo do PT estatizou a atividade de agenciamento de viagens para servidores do MPOG
Governo do PT tentou estatizar a atividade de agenciamento de viagens para servidores do MPOG e o governo atual caiu neste engodo

Coincidência ou não, a área responsável pelo desenvolvimento deste projeto de estatização no governo do PT, foi a Assessoria Especial para Modernização da Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, cujo titular à época era Valter Correia da Silva, que comandou a “modernização” da gestão do MPOG, de nov/2012 a fev/2015, quando saiu para assumir a Secretaria Municipal de Gestão do prefeito Fernando Haddad.

Em 2016, Valter Correia da Silva, ex-assessor do ministro Paulo Bernardo e ex-secretário do prefeito Haddad, foi preso na Operação Custo Brasil, que apura desvios de mais de R$ 100 milhões em propinas, entre 2010 e 2015, de contratos no Ministério do Planejamento, relacionados a serviços do sistema de empréstimos consignados aos servidores federais.

Como afirmei, o mais provável é que tenha sido “mera coincidência” o fato de que a iniciativa de “modernização” (que culminou com a estatização do agenciamento de viagens e resultou em preço médio de passagem mais caro), tenha sido implementada pelo mesmo assessor especial e pelo mesmo ministro que estão presos por outro projeto de “modernização” de gestão, o dos empréstimos consignados, este também alardeado como uma iniciativa de grande alcance social, com um sistema de controle que traria “muitas vantagens” para a administração pública…

Por tudo isso, reafirmo que o presidente Bolsonaro não foi tecnicamente informado por quem entende do assunto, sobre as desvantagens da compra direta pelos órgãos públicos, da mesma forma que tal iniciativa não encontra sucesso entre as empresas privadas que a implementam.

Não foi à toa que as principais associações de agências de viagens, direta e injustamente impactadas pela medida, reagiram através de correspondência diretamente à Presidência da República, casos da ABAV-DF em 28/03/19, da ABAV Nacional em 29/03/19 e da ABRACORP em 29/03/19 e ABRACORP novamente em 01/04/19.

O jornalista Claudio Humberto também opinou a respeito, em sua coluna no Diario do Poder, atribuindo a lobistas a informação equivocada consumida pelo presidente.

Ok, o governo mudou e o Brasil mudou, mas alguém precisa mostrar ao presidente que a compra direta, através da estatização da atividade de agenciamento de viagens, gera prejuízos aos cofres públicos e não combina com um governo liberal.